Pássaro Ancestral
Ilustração de Marcelo Luz
Nosso blog apresenta uma entrevista especial com a
professora Narcimária Correia do Patrocínio Luz, autora do livro para crianças e jovens “Oba
Nijô, o rei que dança pela liberdade”. Aqui ela nos fala de modo descontraído
das emoções vividas na composição dessa mais recente-publicação que tem o selo
da Editora Pallas, com o apoio e incentivo do Ministério da Cultura através da
Fundação Biblioteca Nacional (FBN) e da Secretaria de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial (SEPPIR) em 2015.
-PARTE I-
ACRA-Comecemos com uma provocação. Como é pensar e realizar
iniciativas de Educação no Brasil, defendendo o direito à alteridade
civilizatória africano-brasileira? O que isso significa?
N-Acredito que pensar Educação no Brasil, do jeito que venho
fazendo, deve-se muito ao meu envolvimento comunitário! Através dele me
aproximo das minhas origens, da ancestralidade africana e da minha descendência
africano-brasileira que me envolve em linguagens ético-estéticas singulares. Só
sei que minhas atividades científicas e acadêmicas são influenciadas por esse
envolvimento comunitário que torna possível identificar abordagens, reflexões,
proposições e iniciativas preciosas, a exemplo deste livro “Oba Nijô”.
Há um clamor das comunalidades africano-brasileiras por
políticas públicas que contemplem direitos coletivos capazes de estabelecer
espaços institucionais de combate ao racismo e suas engrenagens ideológicas,
que tendem a tragar a vida, levando-as a terem que lidar com situações marcadas
por muita dor e humilhação.
“Oba Nijô” é, portanto, uma homenagem e uma forma de
solidarizar-se com todos os povos e comunalidades africano-brasileiras que não
abrem mão do seu direito de ser, de viver seus ritos de iniciação e de passagem
nas suas instituições, elaborando as linguagens e valores que contribuem para a
expansão dos valores e linguagens características.
Oba Nijô conversando com agemó na sua iniciação na floresta
Ilustração de Ronaldo Martins
ACRA-Suas análises sobre a Universidade
são muito comentadas pois tendem a destacar
a ideologia do recalque que a organiza,estrutura e fomenta os discursos oficiais.
Como é lidar com a abordagem do direito à alteridade civilizatória
africano-brasileira dentro da Universidade?
N-Vou aproveitar esse espaço,para reafirmar uma constatação.
Me permita trazer aspectos de uma reflexão que se transformou posteriormente
num ensaio: sei que é difícil para muitos, aceitar a constatação de que as
Universidades brasileiras são atravessadas no seu cotidiano pelos entulhos
ideológicos racistas fixados nas metrópoles da Europa e EUA. Os espaços
acadêmicos são extensões geopolíticas e expansionistas dos valores e linguagens
de alguns Estados Nacionais com suas supremacias étnicas e territoriais.
Para as universidades submetidas ao manto ideológico do
racismo, suas metanarrativas e analíticas da finitude sobre a vida, só resta
reproduzir de forma metonímica “a conversa de branco” ou o arremedo dos
discursos “para inglês ver”, como diziam os/as velhos africanos da Bahia do
século XIX.
Não vamos aqui pensar ingenuamente que a intelligentsia que
organiza as nossas universidades procura estabelecer uma ética do futuro
pautada no direito à alteridade civilizatória africano-brasileira. A
intelligentsia da universidade não acredita e não consegue conceber que há uma
epistemologia africano-brasileira legítima pulsando nas suas territorialidades
negras, nas suas células comunitárias, e que contemporaneamente entra na
universidade através de gerações de afrodescendentes, desestabilizando e criando fissuras profundas no cimento
epistemológico europocêntrico.
Doutora Narcimária compõe a banca examinadora do exame de Doutorado em Educação defesa da tese da Professora Janice de Sena Nicolin .
Da esquerda para direita Professoras Nadir Nóbrega,Ana Célia da Silva,Jaci Menezes,Narcimária Luz e Inaycira Falcão dos Santos
ACRA- Há episódios nas suas vivências como professora
universitária que poderiam ilustrar um pouco sobre esses enfrentamentos que
desestabilizam e criam as fissuras
nesse cimento epistemológico
universitário?
N- Muitos episódios marcaram a minha trajetória na
Universidade(risos).
O recalque a nossa identidade, a repressão a nossa cultura
e riqueza de civilização, se encontra aqui mesmo entre nós, em “nossas
“instituições. Na Bahia territorialidade imantada pela alteridade civilizatória
africano-brasileira, vivemos um grande dilema, pois a Universidade não
conseguiu fundar nem gregos nem baianos, como diz Gilberto Gil na música Tempo
Rei.
Me deparei com as
ideologias racistas,paternalistas e conservadoras produzidas por
aqueles/as que exerciam(e ainda exercem) a supremacia dos discursos totalitários,considerados os
únicos e legítimos representantes dos grandes sistemas explicativos necessários
à educação no Brasil. Mas felizmente faço parte da geração de descendentes de
africanos/as que entram na Universidade
se insurgindo aos/as donos/as das metanarrativas etnocêntricas
descolonizando e africanizando a Universidade.
Defesa de Dissertação de Mestrado em Educação da Professora Léa Austrelina Ferreira na UNEB, com os jovens do Ilê Asipá.
Na defesa pública da dissertação aconteceu a encenação do auto corográfico A Fuga de Tio Ajay de autoria de Mestre Didi.
Na minha trajetória acadêmica
concebi documentos, palestras, conferências, seminários, congressos, pesquisas,
aulas na graduação e pós-graduação, etc, procurando penetrar nesses espaços
institucionais através atitudes políticas visando afirmar o direito a alteridade civilizatória
africano-brasileira,indicando um outro continente teórico-epistemológico que
transcenda as fronteiras do racismo e legitime nossas origens negras.
Mostra de Arte Africano Brasileira Awon Esó Frutos do Prodese,
No 10º Aniversário do Programa Descolonização e Educação.
Exposição das esculturas em madeira de Marco Aurélio Luz e Pinturas de Ronaldo Martins.
Curadoria de Ronaldo Martins
Mesa de temática no evento Awon Esó comemorativo dos dez anos do PRODESE.
Da esquerda para a direita O poeta baiano Lande Onawale , Dalmir Francisco Professor da Universidade Federal de Minas Gerais,O saudoso poeta José Carlos Limeira e o Cientista Social Marco Aurélio Luz.
Doutora Narcimária foi expositora no Colóquio Muniz Sodré dedicado as discussões temáticas em torno a obra do Doutor Muniz Sodré.O Colóquio fez parte das comemorações organizadas no âmbito da Universidade Federal do Rio de Janeiro pelo aniversário de 70 anos do Doutor Muniz Sodré.
Da esquerda para a direita Doutora Narcimária Luz, Doutor Muniz Sodré, Doutor Márcio Amaral e Doutor Marco Aurélio Luz
A essas atitudes políticas como professora Universitária e
pesquisadora chamamos de descolonização, considerando importante manter condutas de recusa as relações que
tornam a Universidade uma “casa grande” e que tenta nos submeter enquanto
descendentes de africanos/as na “senzala”.
ACRA-Suponho que deve ser difícil lidar com a ideologia do
racismo e seus desdobramentos na área de Educação. Como preparar então as
gerações futuras para enfrentar esses desafios que atravessam a história das
populações negras no Brasil?
N-Essa pergunta me lembra um diálogo muito interessante que vi no filme “Selma ,uma luta pela
igualdade”.O filme aborda aspectos da organização e realização da marcha pelos
direitos civis na cidade de Selma
no Alabama em 1965.O diálogo acontece
entre Coretta King esposa de Martin Luther King e Amélia Baynton, uma liderança
feminina importante na história do movimento dos direitos civis nos EUA.
O diálogo é assim:
Coretta King:Gostaria de ter mais tempo para preparar todos
nós. Será que estou preparada?
Amélia Baynton: Somos descendentes de gente poderosa ,que
deu a civilização para o mundo. Gente que sobreviveu a navios negreiros,
através de vastos oceanos .Gente que inovou ,criou e amou, apesar das grandes
pressões e torturas inimagináveis. Estão no nosso sangue, bombeando nossos
corações a cada segundo. Eles lhe
prepararam ! Você está preparada!
Não resta dúvida! Já nascemos preparados para enfrentar,
superar e erguer com muita altivez e dignidade nosso patrimônio civilizatório
africano.
Formatura da primeira turma de Pedagogia Campus de Lauro de Freitas da UNEB homenageia a professora Doutora Narcimária Luz.
Professora Narcimária com a graduanda Cremilda Sacramento
Foto Maurício Luz
ACRA-Ainda nessa perspectiva do direito à alteridade
civilizatória africano-brasileira, como a literatura dedicada ao público
infanto-juvenil vem se comportando?
N-Franz Fanon no seu livro “Os Condenados da Terra” já alertava:
Todo povo colonizado - isto é, todo povo no seio do qual nasceu um complexo de
inferioridade devido ao sepultamento de sua originalidade cultural - toma posição
diante da linguagem da nação civilizadora, isto é da cultura metropolitana...
Quanto mais assimilar os valores culturais da metrópole,mais o colonizado
escapará de sua selva. Quanto mais ele rejeitar sua negridão,seu mato,mais
branco será...”
A abordagem institucionalizada sobre o dever ser a
literatura, repousa no reductio ad unum de Auguste Comte (isso é uma extensão
do cimento epistemológico que organiza a Universidade como já disse antes) e a
louvação às metrópoles europocêntricas.O
pior é reconhecer que há aqueles que vivem da
subjugação aos contornos ideológicos e “verdades” teóricas apresentadas
através do dever ser a literatura, disponibilizando para o público
infanto-juvenil arremedos literários cujos valores os distanciam do repertório
das nossas comunalidades africano-brasileiras.
ACRA-Como assim dever ser a literatura?
N-São “obras literárias” que se fixam em personagens
solitários, subservientes, com uma tristeza profunda devido a solidão, pois não
têm família, não vivem valores das nossas comunalidades, destituídos do direito
à alteridade,as ilustrações estão acomodadas esteticamente aos traços europocêntricos , enfim... Que
caminhos restam para as personagens
negras nos enredos? Como ser feliz nesse dever ser literário? Os enredos tendem a afastá-los da
sua origem civilizatória africano-brasileira e
“evoluir” fazendo o caminho do “mundo dos valores brancos”
(parafraseando Marco Aurélio Luz).Infelizmente essa literatura circula sem
nenhum pudor nas escolas,entrando como leitura obrigatória para adolescentes e
jovens do Ensino Fundamental e Médio. É bom lembrar que nessa fase, mais do que
nunca,os adolescentes e jovens precisam
muito se aproximar de obras literárias que apresentem a altivez das populações negras evitando que sofram o
flagelo da sua autoestima e venham sucumbir face às abordagens racistas ainda
presentes na literatura infanto juvenil.
ACRA-O que fazer professora?
N-Como lhe disse antes, há uma geração de descendentes de
africanos/as que entram na Universidade
se insurgindo aos/as donos/as das metanarrativas etnocêntricas
descolonizando. Então, vejo com satisfação as narrativas das comunalidades
africano-brasileiras entrarem nos espaços acadêmicos com muita força. Claro que
há nisso, tensões e conflitos,já que essas narrativas subvertem a ordem dos
discursos acadêmico-científicos positivistas. O acervo de contos de Mestre Didi
é um exemplo significativo e valioso de como podemos transcender o lugar comum
e equivocado dessa literatura neocolonial.Subverter! Sim. É esse o caminho.
Porque Oxalá Usa Ekodide um dos mais belos livros de contos de Mestre Didi com ilustrações de Lênio Braga.
Conheci a literatura afro-brasileira de Mestre Didi através de Marco Aurélio
Luz, cientista no âmbito da
pós-graduação. Esse aprendizado repercutiu de tal forma na minha vida
científico-acadêmica, que hoje mudou totalmente a minha visão sobre Educação.
ACRA-Qual a sua compreensão sobre literatura
infanto-juvenil?
N-Minha compreensão de literatura infanto-juvenil reconhece
e respeita as comunalidades africano-brasileiras como mananciais
socioeducativos valiosos. Escrever para
o público infanto-juvenil é ter a compreensão das histórias que expressam a
identidade profunda de populações que insistem em afirmar com muita tenacidade
a sua alteridade civilizatória. Daí investir no que considero essencial:uma
literatura infanto-juvenil afro-brasileira.
Para saber mais visitem a Revista REPERTÓRIO: Teatro & Dança - Ano 18 - Número 24 para ler sobre“Oba Nijô, Literatura Odara” por Marco Aurélio Luz. O link éhttp://www.portalseer.ufba.br/index.php/revteatro/article/view/14845
-PARTE II-
ACRA- “Oba Nijô, o rei que dança pela liberdade”, assim como
os outros de sua autoria, também apresenta Itapuã como cenário da trama. Por
que Itapuã tende a ser um lugar especial nas suas obras literárias?
N-Tenho um vínculo
profundo com Itapuã! Fui apresentada a Itapuã pelos meus pais, Narciso e
Januária, que são professores e participaram da história da educação em
Salvador de modo especial em Itapuã. Cresci em Itapuã, vivi muitas emoções que
até hoje me alimentam e me inspiram para compor histórias como “Oba Nijô”. O
mar, a “pedra que ronca”, as dunas, a lua cheia na lagoa do Abaeté...
Lagoa do Abaeté em Itapuã
Foto Maurício Luz
A lagoa
do Abaeté era extensão da minha casa! Morei em frente à lagoa! Outras
lembranças preciosas: o traçado das ruas ,a arquitetura africano-brasileira das
casas, a vegetação, o mercado, as oferendas para as águas, a puxada de rede, a
culinária que marca o sabor do lugar, as histórias contadas pelos mais velhos, as brincadeiras de rua, as
celebrações e oferendas para Yemanjá e Oxum, a riqueza musical e poética, o
verão em Itapuã... Hummmm Tudo muito especial! Odara!
Itapuã anos 1960
Foto disponível na Internet
Além desse olhar, e sentimentos que atravessaram a minha infância
e juventude, descobri como pesquisadora no campo da alteridade civilizatória
africano-brasileira a Itapuã que carrega aspectos sócio-históricos singulares
que repercutem na formação social brasileira. Então, “Oba Nijô, o rei que dança
pela liberdade”, e outras histórias que também escrevi para o público
infantojuvenil, carrega o olhar e emoção de Narcimária menina dialogando com o
repertório sócio-histórico que a
pesquisadora encontra e procura analisar.
ACRA-Não há conflitos nesse diálogo entre essa Narcimária
menina e a Narcimária pesquisadora?
N-Eu não diria que são conflitos (risos). Como cantava o
poeta Roberto Ribeiro: “Todo menino é um rei/ Eu também já fui rei/ Mas quá!/
Despertei!/... Nos meus tempos de menino/ Porém menino sonha demais/ Menino
sonha com coisas/ Que a gente cresce e não vê jamais”(Roberto Ribeiro)
Ou ainda outra canção importante para mim de Milton
Nascimento que canta assim:
Há um menino/ Há um moleque/ Morando sempre no meu coração/
Toda vez que o adulto balança/ Ele vem pra me dar a mão/ Há um passado no meu
presente/ Um sol bem quente lá no meu quintal/ Toda vez que a bruxa me
assombra/ O menino me dá a mão/ E me fala de coisas bonitas/ Que eu acredito/
Que não deixarão de existir/ Amizade, palavra, respeito/ Caráter, bondade
alegria e amor/ Pois não posso/ Não devo/ Não quero/ Viver como toda essa
gente/ Insiste em viver/ E não posso aceitar sossegado/ Qualquer sacanagem ser
coisa normal/... Toda vez que a tristeza me alcança/ O menino me dá a mão.(Milton Nascimento e Fernando Brant)
Então, tenho que
saber lidar com o sonho e o despertar dele. Difícil! São elaborações de mundo
que refletem olhares e sentimentos bem distintos, entre gerações. De um lado, o
olhar e sentir da menina que viveu a Itapuã respirando a poesia que encanta
esse lugar especial; de outro, a adulta que tem o olhar e sentir influenciados
pelos impactos da modernidade e a dinâmica do “time is money” que tende a
despir Itapuã da poesia e do encantamento. Quando falo na poesia que encanta,
estou me referindo à dinâmica estrutural, aos vínculos de sociabilidade de
Itapuã.
Antigo Mercado de Itapuã
Foto disponível na Internet
Itapuã anos 1960 antes da estrada de existir a Estrada do Farol asfaltada e antes do Colégio Estadual Governador Lomanto Júnior ser construído.
Foto disponível na Internet
Itapuã anos 1960
Foto disponível na Internet
É essa presença da menina que existe em mim, que me anima a
manter o que há de mais singular em Itapuã, como adquirir a sensibilidade para
compor histórias como a de Oba Nijô.
ACRA-A senhora poderia ilustrar um pouco dessa poesia que
encanta e comunica a dinâmica sócio-histórica de Itapuã?
N-Por exemplo: readquirir a capacidade de contemplar e
reconhecer o significado original de Ita Puã, a “pedra que ronca” como
ícone histórico-político de afirmação do lugar mais importante, (ao contrário do que aprendemos
na infância) do que o farol de Itapuã,
que representa o colonizador e as agressões que trouxeram para o Brasil.
A pedra no mar de Itapuã que dá nome ao lugar
Foto Narcimária Luz
A “pedra que ronca” adquiriu nas minhas obras o
destaque de mito fundador do lugar, ela
é a afirmação da presença fundamental do povo tupinambá na história de Itapuã.
Costumo afirmar que o “ronco” de Itapuã
é uma metáfora que carrega as projeções socioexistenciais dos povos que
foram agredidos pelas relações
coloniais e de expansão do capitalismo
industrial.
ACRA-Como nasceu a ideia de escrever esse livro?
N-Estava realizando estudos e pesquisas com apoio do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do
Ministério da Cultura através da Fundação Biblioteca Nacional; e também vivendo
com alegria a Associação Crianças Raízes do Abaeté (ACRA, 2005-2012). As
pesquisas me aproximaram de aspectos sócio-históricos e ambientais muito
instigantes envolvendo Itapuã. Depois que concluí minha pesquisa, publiquei o
livro Itapuã da Ancestralidade Africano-brasileira (EDUFBA-2012), voltado mais para
o público adulto. Mas sempre achei que muitos dos aspectos valiosos que
descobri sobre Itapuã mereciam ser apresentados para as crianças. Foi daí que
comecei a selecionar, sistematizar temas, episódios, fatos históricos,
ambientais, adaptando-os para as
crianças.
Para saber mais verno site da EDUFBA o
Espaço do autor no linkhttp://www.edufba.ufba.br/2012/07/narcimaria-correia-do-patrocinio-luz/
ACRA-Quais os aspectos sócio-históricos que lhes motivaram a
escrever pensando no público infanto-juvenil?
N-As crianças precisavam saber que Itapuã era local de
embarque e desembarque de povos africanos. Para cá vieram pessoas que exerciam
lideranças importantes no continente africano: pessoas que tinham conhecimento
sobre os astros, botânica, biologia, navegação, medicina; guerreiros,
sacerdotes, ferreiros, arquitetos, oleiros; artistas, como escultores,
dançarinos, dramaturgos, músicos, filósofos, agricultores etc. A força da
civilização africana era representada por povos de distintas regiões da África
que vieram capturados pelo sistema escravista para as Américas durante três
séculos. Mesmo com todas as agressões sofridas na escravidão, os povos
africanos não abriam mão de sua dignidade e conseguiram com muita coragem
trazer para as Américas de modo especial para o Brasil suas formas de viver e
manter a riqueza da sua civilização.
Puxada de rede em Itapuã
Anos 1950
Foto disponível na Internet
Itapuã também tem na sua história a organização territorial
de muitos quilombos inspirados no modo de vida africano que se expandiram em
áreas estratégicas, a exemplo das dunas envolvendo a lagoa do Abaeté e toda a
sua extensão.
Dunas e vegetação na Lagoa do Abaeté
Foto disponível na Internet
ACRA-E a Associação Crianças Raízes do Abaeté-(ACRA), ajudou
a senhora a realizar essas adaptações?
N-Sim. Mas minha participação na ACRA foi inspirada na experiência de educação pluricultural da Mini
Comunidade Oba Biyi (1976-1986), concebida por Deoscoredes Maximiliano dos
Santos o saudoso Mestre Didi
Mestre Didi, Fundador da experiência pedagógica inovadora Mini Comunidade Oba Biyi
A filosofia da Mini Comunidade Oba Biyi e suas
proposições didático-pedagógicas eram alicerçadas nos contos de Mestre Didi,
que apelava para as formas de comunicação da comunidade envolvendo
dramatização, dança, música, cenários, figurinos etc.
Apresentação do auto coreográfico A Chuva Dos Poderes de Mestre Didi no festival de Arte Integrada Mini Comunidade Oba Biyi.
Foi estudando o
pensamento de Mestre Didi, que reconheço como um educador contemporâneo, e as
características que ele imprimiu no currículo da Mini Comunidade Oba Biyi,que
que pude fundamentar o meu trabalho no campo da ancestralidade
africano-brasileira e na educação. Oba Nijô é um dos desdobramentos desse legado.
ACRA-E sua participação na ACRA?
N-ACRA foi uma iniciativa institucional de José Luís Correia
do Patrocínio, o Contra Mestre Luís Negão que é meu irmão caçula, com o apoio
dos nossos pais entusiastas na área da Educação: Narciso José do Patrocínio e
Professora Januária Avelina Correia do Patrocínio.
Crianças da ACRA dramatizam o auto coreográfico "A Canção do Infinito" de autoria de Narcimária Luz
A ACRA nasceu em 2005 no
bairro de Itapuã, no município de Salvador, e foi referência nacional como
“ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da Cultura. Essa Associação,
durante oito anos, proporcionou a crianças e jovens espaços socioeducativos que
legitimassem o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
Capoeira de componentes da ACRA e do grupo Oxford Abolição do Contra mestre Luis Negão
Foto do acervo da ACRA
A ACRA se tornou um espaço socioeducativo muito importante
para mim, pois me mobilizava a desenvolver modos e formas de comunicação que
pudessem abordar as referências sócio-históricas que eu estava encontrando
sobre Itapuã, transformando-as e/ou adaptando-as para a linguagem
infanto-juvenil
Apresentação dos participantes da ACRA na encenação do auto coreográfico "A Canção do Infinito" de autoria de Narcimária Luz com orquestra de berimbaus sob a orientação do professor Sidney Argolo.
Foto do acervo da ACRA
Através da ACRA, e a
equipe de pesquisadores/as do Programa Descolonização e Educação (Prodese),
grupo de pesquisa que coordeno, fomentou várias iniciativas institucionais, a
exemplo de publicações: eventos nacionais e internacionais, participações
exitosas em editais, concursos, oficinas, festivais etc. – vinculadas à
presença africana em Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores, lavadeiras e ganhadeiras, que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.
Apresentação de dança das crianças da ACRA "A Canção do Infinito" sob a coordenação da Professora Eliana dos Santos .
É através desses vínculos de
comunalidade africana que a ACRA desenvolveu suas atividades, abrindo perspectivas de valores e linguagens para que
as crianças tivessem orgulho de ser e pertencer as suas comunalidades.
Xequeré Instrumento musical ligado a Oxum Mãe Ancestral
Instrumentos confeccionados pelas crianças da ACRA sob a orientação do educador Sidney Argolo
ACRA- “Um rei que dança pela liberdade”? Explique esse
título.
N-Como já expliquei, tudo foi desdobramento dos estudos e
pesquisas que realizei durante cinco anos. Relendo na época os livros de João
Reis “Rebelião Escrava no Brasil”, e “Liberdade por um fio”, fiquei muito
mobilizada pela Rebelião de 1814 em Itapuã, que tinha como lideranças Francisco
e sua esposa Francisca, escravizados por Manoel Ignácio da Cunha, dono de uma
armação de pesca. Procurei aprofundar mais um pouco e fui me envolvendo cada
vez mais...
Todos os africanos escravizados nas armações de pesca, no
contexto da escravidão perdiam seus nomes próprios africanos e recebiam um nome
católico português. Então esses nomes, Francisco e Francisca, não correspondiam
aos nomes africanos dessas pessoas. Nos arquivos da polícia da província da
Bahia, Francisco é considerado um “babalorixá subversivo e presidente das
danças de sua nação, protetor e agente delas”.
Além disso, Francisco e Francisca eram considerados “rei” e “rainha”
pelos africanos escravizados nas armações de pesca.
Foi aí que tive a ideia: O rei que dança! Então como se escreve em yorubá? Obá Nijô! O
rei que dança! Acrescentei: o rei que dança pela liberdade! Francisco, africano
escravizado na armação de pesca em Itapuã, receberá de mim o título honorífico
de “Oba Nijô, o rei que dança pela liberdade”.
ACRA-A dança então é
a força desse rei?
N-Sim! A dança é a linguagem fundamental da nossa
personagem. Para compor as características de Oba Nijô, me inspirei nos estudos
que fiz das obras de Marco Aurélio Luz que apresentam um pensamento singular
sobre a dinâmica da civilização africana.
Encenação de trechos do livro Oba Nijo pelo grupo Teatral ODEART coordenado pela Doutora Janice Nicolin durante o lançamento do livro no espaço da Livraria Cultura.
ACRA-O que, por exemplo?
N-Marco Aurélio chama a atenção de que a dança ocupa um
lugar fundamental para os povos africanos, pois proporciona a comunicação com o
sagrado e reúne a comunidade estabelecendo formas de comunicação participativa,
direta pessoal ou intergrupal. Por exemplo, no meu livro Itapuã da
Ancestralidade Africano-brasileira (EDUFBA-2012) quando introduzo a rebelião de
1814 e faço a análise do trecho do arquivo da polícia da província da Bahia,
que se refere a Francisco como um líder muito respeitado por ser “presidente
das danças” e um “babalorixá subversivo”, cito Marco Aurélio Luz para destacar
que: “...um dos valores mais altos da realeza é a dança.
Apresentação de Oba Nijô por componentes do Grupo de Teatro ODEART no lançamento do livro
no espaço da Livraria Cultura
Tradicionalmente, o
rei deve ter o dom de dançar, ser um magnífico dançarino, pois a dança é um dos
meios mais significativos para a interação entre esse mundo e o além. Também no
culto aos ancestrais, a cultura religiosa possui essas mesmas características.”
ACRA-Então, Oba Nijô realmente existiu?
N-A liderança de Francisco existiu sim. Mas chamo bem
atenção de que eu criei um título honorífico “Oba Nijô”. Estamos falando de uma
obra baseada num fato histórico, através de uma leitura sintomal que
desenvolvi, tendo um recorte dos arquivos de polícia da província da Bahia no
século XIX.
Capa do livro
Ilustrado por Ronaldo Martins
Esse livro tem uma abordagem ficcional.
ACRA-Como foi a experiência de escrever o livro?
N-Foi muito saborosa! Todo o processo da escrita teve a
escuta cuidadosa e atenciosa de meu filho Marcelo, que na época tinha oito
anos, meu marido Marco Aurélio e meus pais Januária e Narciso. Foi uma escrita
tranquila e devagar, pois tinha que transformar as abordagens que fazia para o
imaginário infantil. E Marcelo me ajudou muito! Ele me alertava sobre os
caminhos que o protagonista fazia, os diálogos, os desfechos das situações. Nas
leituras que ele ia fazendo, íamos identificando as alegrias, as satisfações e
insatisfações, as tristezas... Por exemplo: quando Oba Nijô entra na floresta,
esqueci-me de informar ao leitor/a sobre as preocupações dos pais dele. Marcelo
foi enfático! Como é que Oba Nijô vai para a floresta e os pais dele não
ficaram preocupados?
Aí eu tive que abrir uma janela explicando. Quando a
primeira versão ficou pronta, ampliei as escutas e procurei compartilhar com
alguém que desde o início desejei que fosse o ilustrador da história: o artista
plástico e educador Ronaldo Martins. Ele leu e, animado com a história e o
convite que lhe fiz para criar as ilustrações, sugeriu que eu compartilhasse
também com uma amiga muito querida dele que foi Moema Augel. Através da escuta
generosa e incentivadora de Moema Augel, realizei uma releitura mais cuidadosa
sobre o texto, lapidando-o até a versão final.
ACRA-Fale um pouco da sua parceria com o ilustrador Ronaldo
Martins.
N-No processo da composição pelo porte e envergadura da
linguagem lúdica e estética que imprimia, sempre pensei em Ronaldo como um
ilustrador capaz de captar essas emoções que atravessavam a história. Quando
conclui a composição (ainda sem a lapidação), quis de imediato compartilhar com
ele convidando-o para ser o ilustrador.
A autora Narcimária Luz e o ilustrador Ronaldo Martins
O convite foi feito por conhecer a
trajetória dele como educador, artista plástico talentoso, sensível e muito
respeitoso ao repertório da tradição africano-brasileira. Ronaldo participava
do Programa Descolonização e Educação (Prodese), e foi através do grupo que
realizamos algumas parcerias boas envolvendo exposições, onde ele assumiu a
curadoria no âmbito da Universidade e publicações científico-acadêmicas. Quando
o livro “Oba Nijô, o rei que dança pela liberdade” foi aprovado e indicado pela
Editora Pallas para participar do edital do Ministério da Cultura através da
Fundação Biblioteca Nacional (FBN), que visava à valorização da literatura
brasileira e da produção cultural, artística, literária e científica de autores
negros, a Pallas colocou à minha disposição a indicação de sua equipe de
ilustradores. Na oportunidade, falei do convite que fiz a Ronaldo no processo
da escrita por reconhecer a riqueza do processo de criação nas suas obras.
Toda a composição foi regada, como dizem os ancestrais, “a
fé okan” (em yorubá significa nós amamos de coração) “acreditamos com todo
coração” e nos ensinamentos de Mestre Didi “trabalhando feito cupim” e sabendo
ainda, que “a fruta só dá no tempo”.(risos)E ainda como diz meu pai Professor Narciso:“cada dia
sua agonia”(risos).
ACRA-Qual foi o maior desafio?
N-Fazer o glossário. Nessa parte a perspectiva poética fica
um pouco de lado, e a perspectiva técnica fica mais pronunciada. Tive que ir
garimpando o vocabulário no texto, inclusive as semânticas da tradição africana
e adaptá-las para o público infanto juvenil.
Eu pensava: como explicar isso para
uma criança? Lembrei-me da fase dos “por quês” dos meus filhos que parece ser
infinita, de tanta curiosidade sobre o mundo (risos). Procurei então escrever
como se estivesse conversando, fazendo alusões. Isso foi um grande desafio!
ACRA-Quais os
desafios que os professores terão ao adotar o livro?
N- “Oba Nijô” é um livro que tende a contrariar a maneira
como as pessoas lidam com esse canal impresso de comunicação. Primeiro que não
é um livro que entra nos espaços socioeducativos para colocar as crianças
sentadas, inertes, solitárias em silêncio, usando apenas o “olho e cérebro”
(parafraseando Marco Aurélio Luz). É um livro que apela para todos os sentidos
do corpo! Tato, paladar, olfato, visão... Como o próprio título anuncia: dança
pela liberdade. Então é uma história que promove a alegria de saber sobre o
mundo para além dos espaços fechados, mobilizando muito quem lê. O livro
convida todos a dançar! Para aqueles/as professores que têm dificuldade em
manter um grupo de alunos submetidos às “normas disciplinares”, quietos... Acho
que vai ser um grande problema. (risos)
Fundação Pedro
Calmon/Secretaria de Cultura do Estado homenageou em março de 2016 "em suas Redes Sociais, o Dia Internacional do Contador de Histórias, Dia Nacional
contra a Discriminação e o Dia da Infância com postagens de cards comemorativos
ilustrando obras infantis que tematizam histórias de combate ao preconceito
racial. Serão enfatizados livros infantis com temática indígena, negra e que
tenham em suas páginas histórias que combatam a ideologia da discriminação".
ACRA-Que condutas
didáticas e pedagógicas a senhora destacaria para os professores que
adotarão o livro?
N-Não diria “condutas”, porque a abordagem do livro recusa o
lugar comum da rotina curricular que recalca a pulsão de vida para além da
escola. Entendo o livro como uma dinâmica de linguagens muito próximas do viver
cotidiano das nossas comunalidades africano-brasileiras.
Por exemplo: a
primeira parte abordando o mercado; ali o professor se depara com uma riqueza
ético-estética que o convida a entrar no clima do mercado. São tantas iguarias!
Paladar, olfato, tato, audição, visão... Todos esses sentidos vão ser
mobilizados. Iguarias antigas, sabores para além dos fast foods e propagandas
de alimentos que atendem a geografia etnocêntrica da TV ou mesmo da INTERNET.
Por que não aproximar as crianças desses outros sabores, texturas, cores e
odores?
ACRA-Que propostas então podem ser desenvolvidas?
N-O livro cria canais importantes para o aprendizado. Todos
os campos de conhecimento (matemática, geografia, português, ciências naturais
etc.) se intercambiam através das linguagens lúdico-estéticas apresentadas. Tem
que ter sensibilidade para deixar vivas as perspectivas que sempre vão aparecer
no decorrer das leituras.
Ler “Oba Nijô” é fácil. Tem que saborear cada passagem
dramatizando, cantando, dançando... O forte do livro é a sua estrutura e forma
dramatizável e plástica.
Agora o professor precisa estar disposto a viver essas emoções.
Graduandos/as de Pedagogia dramatizaram Oba NiJô O Rei que Dança pela Liberdade
I Oficina Literária com Contos Africanos realizada pelas graduandas em Pedagogia do Instituto Superior de Educação Ocidemnte – ISEO oficina foi orientada pelo Professor Diego Rodrigues Brandão(ao centro) na Disciplina Literatura Infanto-Juvenil.
ACRA-Então é um “prato cheio” para as várias disciplinas que
compõem o currículo do Ensino Fundamental e Médio?
N-Sim! Com certeza! Principalmente nos dias de hoje em que
se agudizam tantas tensões e conflitos que nascem da falta de respeito aos
direitos individuais e coletivos.
ACRA- “Oba Nijô, o rei que dança pela liberdade” tem tudo
para se tornar um dia uma peça de teatro voltada para o público infanto
juvenil. O que a senhora acha dessa ideia?
N-Seria maravilhoso! Sinto “Oba Nijô, o rei que dança pela
liberdade” como uma grande “ópera” africano-brasileira! Um auto coreográfico,
digamos assim. Imagine um corpo de baile, encenando a dança guerreira de Oba
Nijô! O cenário da feira, a dança com as Iyás, a floresta! Magnífico!
Dramatização realizada no curso de Pedagogia Instituto Superior de Educação Ocidemnte
ACRA-Quais a suas expectativas como autora?
N-Que as danças de Oba Nijô inspirem coreografias que
promovam entre o público infanto-juvenil força e altivez para viver. É uma
dança que ensina que não podemos baixar a cabeça! Cabeça erguida! Orgulho de
ser! É isso que as nossas crianças e jovens estão precisando. Logo no início do
livro eu enfatizo que a dança é uma
dramatização da vida, agrega pessoas, transmite afeto, solidariedade, alegrias,
ensinando valores que promovem alianças e trazem a harmonia para as
comunidades.
Momento lúdico e criativo inesquecível!
Crianças da ACRA e 2011 envolvidas nos ensaios preparatórios para a encenação do auto-coreofráfico "Itapuã quem te viu e quem te vê" de Narcimária Luz
ACRA-Deixe uma mensagem para os futuros leitores de “Oba
Nijô, o rei que dança pela liberdade”.
N-Vou usar um pensamento poético que escrevi há algum
tempo...Através dele compus algumas
histórias para nossas crianças.
Contar histórias para mim é realizar movimentos como a água
corrente dos rios, que brotam na terra, nas dunas, nas pedras em lugares
inimagináveis; compondo cachoeiras, córregos e promovendo o encontro infinito
com o mar. Contar histórias para mim é executar como as águas correntes dos
rios, linguagens que invocam a plasticidade de movimentos, sons, cores, luzes,
odores; culminando com a magnitude do ciclo de evaporação que ergue o arco-íris
no céu. Contar histórias, portanto, é a alegria e emoção que nos envolve como a
surpresa que temos ao ver o arco-íris erguido no céu.
É essa a sensação que
me toma quando me aproximo de crianças e jovens prisioneiros de espaços que se
recusam a admitir a existência do arco-íris, que metaforicamente representa sua
ancestralidade; os seus direitos de ser, de existir e de expressar sua
alteridade civilizatória, que constitui princípios da diversidade, o ciclo
vital.
São instantes importantes, porque sei que cada história que
apresento carrega a emoção e sabedoria que atravessa tempos imemoriais e podem
promover, nem que seja um pouquinho, momentos capazes de fazer transbordar
vidas, sonhos, canções, sopros de esperanças e projeções de futuro que nos anime
a encontrar caminhos que nos permita ter o direito de expandir a existência...
Nunca foi tão urgente passar para as gerações futuras
histórias que as transportem no tempo, toquem os seus corações e tirem-nas da
mediocridade que as leva à inércia e apatia diante das inúmeras violências que
sucumbem a humanidade. As histórias podem erguer imponentes arco-íris que
fecundam vida e respeito.
Foto disponível na Internet
A seguir o vídeo criado pelo jornalista Maurício do Patrocínio Luz para divulgação do livro "Oba Nijô o Rei que Dança pela Liberdade" e algumas músicas que embasam e emolduram a trajetória da nossa entrevistada. Para visualizar os vídeos clique logo abaixo em postagens antigas.