quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

O ÂMAGO DO RACISMO


Por Oju Oba Marco Aurélio Luz

Independência do Haiti 1804.
Imagem disponível na Internet
O presidente Trump revelou sua índole racista ofendendo os povos africanos e citando primordialmente o Haiti nas Américas.
Durante o período de luta de libertação os aldeões comandados por Dessalines, derrotaram as tropas francesas de Leclerc e em 1804, sedimentaram a independência do Haiti.
Já no exílio Napoleão revelou sobre sua intervenção no Haiti:
“...tenho de me censurar pela tentativa junto à colônia durante meu consulado. A intenção de fazê-la render-se pela força foi um grande erro. Devia ter ficado contente em governá-la por intermédio de Toussaint.”

Derrota das tropas francesas comandadas por Leclerc cunhado de Napoleão
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Os ingleses que já tinham perdido metade da Jamaica libertada,  gritaram aos quatro cantos do mundo: fim do tráfico escravista!!! Abolição da escravatura!!!
A estratégia foi de estabelecer uma política de colônias não só de exploração, mas também de povoamento de europeus, e é assim que tem início a política de branqueamento.
Com Portugal submetido aos interesses do Reino Unido, logo D. João VI abre os portos da colônia para a imigração de brancos especialmente nas regiões sudeste e sul, onde ocorrem a “caça aos bugres” os massacres dos povos Kaigang e Xokleng. Logo transformariam o “inferno verde” a Mata Atlântica”, em “campos ridentes”.
Povo Kaigang
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No Império, diante dos protestos da oligarquia agrária escravista, José Bonifácio acalma o cônsul inglês Chamberlain:
“gostaria que os ingleses capturassem todo navio negreiro...Não quero vê-los nunca mais... são a gangrena da nossa prosperidade. A população que queremos é branca”...
A preparação para a abolição consiste numa mudança de status da população negra; será a transformação da classificação pelo aparelho jurídico de Estado de “peça”, e “semovente” propriedade do senhor, em cidadão livre, ou “livre  de tudo” sem acesso aos meios de produção como disse Marx.
Agora caberá ao aparelho ideológico tentar manter uma formação social eurocêntrica. Tem início com o convite de D. Pedro II aos ideólogos do racismo o higienista conde Gobinau e o socialista arianista Lapouge.  
A Razão de Estado se alimentará das teorias científicas “psi” para estabelecer padrões de “superioridade e inferioridade racial”, para erguer o edifício racista que justificará na República, genocídios como o de Canudos, perseguições policiais às instituições do povo negro e a constituição de um imaginário de estereótipos e preconceitos que percorrem as instituições oficiais e a sociedade em geral.
O professor e psiquiatra Nina Rodrigues com a falsa “ciência da psiquiatria da época”, relacionou a doença mental da histeria à manifestação de orixá da tradição religiosa africano brasileira. Com isso, ele atacou a religião fonte da civilização e também a população negra em geral, colocando-a numa escala evolutiva patológica e inferior.
Importante também é a influência da ideologia do filósofo francês Augusto Conte, constituindo uma escala evolutiva baseada nas "etapas" da humanidade. Primeiro estágio o religioso com predominância do mito, depois o metafísico com predominância da filosofia e finalmente a etapa superior, o científico com a presença da ciência. Seu pensamento chamado de positivista muito influenciou a formatação do Estado Republicano no Brasil, e é de onde deriva o lema  "ordem e progresso", ordem eurocêntrica e progresso acima de quaisquer limites ecológicos.

Espaço sagrado das águas na religião africano brasileira
Foto Hans Olu Obi
Apesar disso a transposição pujante da civilização africana se realiza no Brasil e nas Américas, e o povo negro mantém-se íntegro na luta pelos direitos de cidadania plena.

Congraçamento em Palmares no dia da Consciência Negra, Homenagem ao herói Zumbi.
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sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Fiat Lux: Salve o Ano Novo


                                                                                Por Chico Alencar


Foto: disponível na internet

🌈: FIAT LUX!
Fogos vão cortar a noite na virada do ano. Costumamos simbolizar nossa eterna busca de felicidade com o que ilumina. Parte dessa ânsia de luz talvez venha da nossa ancestralidade: bichinhos frágeis, a escuridão da noite nos deixava ainda mais desamparados. Domesticar o fogo garantiu nossa sobrevivência de sapiens.🔥



Foto: disponível na internet

Em todas as tradições religiosas a luz tem centralidade. Nossa existência é uma constante batalha entre as sombras e a claridade. Quando nascemos há o júbilo por quem “veio à luz”.🐣

Na religiosidade de matriz africana o fogo congrega e comunica com o transcendente. No candomblé e na umbanda, os espíritos superiores são “de luz” e os trajes brancos favorecem a abertura de caminhos. Os judeus celebram sua “festa das luzes”, o Hanuká, relembrando a vitória do pequeno grupo dos macabeus sobre o poderoso exército do rei da Síria. A Menorah, seu símbolo maior, é um candelabro de sete hastes (grato, Arnaldo Bloch).  No Corão, “Alá é a Luz dos céus e da terra” e um candeeiro com o óleo da oliveira, “árvore bendita”, faz o fogo brilhar ainda mais.💥



Foto:M.A.Luz

O central no budismo é o exercício da elevação na direção da sabedoria, da iluminação. A luz da estrela de Belém conduziu os magos ao lugar perdido onde nasceu Jesus. Sua ressurreição é celebrada com a “benção do fogo novo” e o círio pascal. A bebida em rituais indígenas, vindo das plantas da floresta, ajuda a ver o invisível, alcançar a plena lucidez.☀




Foto: Narcimária Luz

Por isso, o desafio sempre atual é buscarmos a luz. “Luz, quero luz!”, clama o poeta, mesmo sabendo que “além das cortinas são palcos azuis e infinitas cortinas com palcos atrás”.                               
 Morte mesmo é a imersão na escuridão do não ser. O anúncio do profeta falando do nascimento de Cristo sempre me comove: “e o povo que vivia nas trevas viu uma grande luz!”. 🌈

Há luz no nosso caminho quando nos abrimos ao outro, combatendo a sombra do egoísmo. Há luz na nossa estrada quando, na contramão do sistema de consumo e do mercado total, valorizamos mais o ser do que o ter. Há luz no nosso dia a dia quando deixamos de lado as mesquinharias e nos convertemos a valores como a solidariedade e a justiça, traduzindo-os em atitudes concretas. Há luz em nossa existência quando, mesmo diante da perda e da dor, encontramos força para seguir viagem, alimentados pela fé – que é sempre um face-a-face no escuro. 🎇🙏🏾




Foto: Família Luz

                 A luz do amor brilha em nós quando nos colocamos, uns com os outros💗, em marcha para superar preconceitos e todas as opressões.    Mais um ano chegou: lúmen!🌄 Que seu 2018 seja um ano-luz!🌈 E para nós de reencontro, amor intenso, entusiasmo...💑