sábado, 26 de setembro de 2009

Atividades no ACRA: Capoeira, Orquestra de Ritmos e Sons, Dança Afro, Grafitagem e Inglês

CAPOEIRA

Um dos aspectos principais do trabalho com a capoeira é a conscientização de seu valor como patrimônio cultural nas comunalidades africano-brasileiras e pelo que representa enquanto resistência dos povos africanos e africano-brasileiros e como referência do bairro de Itapuã e da cidade de Salvador, Ba.

No período de 13 a 25 de julho de 2009, a Associação Crianças Raízes do Abaeté, recebeu a visita do seu idealizador, contra-Mestre Luis Negão, e alunos/as do grupo Capoeira Abolição Oxford, sediada na cidade de Oxford, Inglaterra. O intercâmbio ACRA/Brasil com a Inglaterra se estabeleceu há cinco anos envolvendo também crianças e jovens da África do Sul. Através desse intercâmbio as crianças e jovens do ACRA têm a oportunidade de interagir com outras culturas comunicando as linguagens da tradição da capoeira da Bahia. Em 2008 a ACRA com o Grupo Capoeira Abolição Oxford criou as condições para a ida do professor Rupi e o aluno Jair "Teimoso" para à Áfirca do Sul e de dois jovens da África do Sul compartilharem suas experiências da cultura da capoeira na Bahia. São momentos muito especiais no contexto dos ciclos de culminância dos semestres na ACRA. Jair, que viajou para a África, disse ter gostado muito da viagem e das pessoas, que são muito "amigáveis". Após esse intercâmbio ele afirmou ter começado a pensar mais no seu futuro e de se dedicar mais aos estudos. Destacou que através da capoeira ele aprendeu a ser mais disciplinado e a respeitar os mais velhos.

Ainda em 2009 a ACRA está criando as condições para que a aluna Joice "Abelha" e o aluno Jair realizem o intercâmbio com a Inglaterra.

Em entrevista realizada pela equipe PRODESE/DAYÓ Joice, cujo apelido na capoeira é "abelha" comentou: “no futuro eu quero... pretendo ser uma bela capoeira e quero ensinar pras crianças também capoeira... e da viajem que vai ter [...] pra Inglaterra [...] além de conhecer o país, né... vou jogar capoeira lá, conhecer outras tradições, outras pessoas, outros lugares”.

Durante a culminância do primeiro semestre de 2009 o contra-mestre Luís Negão estabeleceu várias atividades em parceria com o professor Rupi e os integrantes do Grupo de Capoeira Abolição Oxford. Na oportunidade foram apresentados alguns resultados das oficinas que constituem o cotidiano da ACRA, a saber:

ORQUESTRA DE RITMOS E SONS

A orquestra de ritmos e sons, sob a responsabilidade do professor Sidney Argolo, articula o saber musical africano que envolve os berimbaus, xequerês, tambores e outros instrumentos da composição musical a partir de elementos da cultura de raiz. O Professor Sidney desenvolve ações em que os alunos constroem seus próprios instrumentos, conhecem sua história e a maneira correta de retirar o material da natureza sem agredí-la.

O desenvolvimento da musicalidade está vinculado às canções de domínio público e outras canções que fazem referência à cultura africana, ao cotidiano dos pescadores, das lavadeiras, das ganhadeiras e mantém vivos os valores comunais característicos da territorialidade do bairro de Itapuã e da cidade de Salvador-Bahia-Brasil. E neste momento dedicam-se a criação da música e coreografia para a história "Itapua, a Canção do Infinito" de autoria da professora Narcimária C. P. Luz. Vale ressaltar que "Itapuã, a Canção do Infinito" vem sendo elaborada também com a equipe PRODESE/DAYÓ formada por Paula Grejianin, Rosângela Accioly, Jacqueline P. Amor Divino e Daniela Cidreira. "Itapuã, a Canção do Infinito" será apresentada de modo itinerante pelo bairro de Itapuã e a cidade de Salvador promovendo o reconhecimento dos valores e linguagens que constituem a história de Itapuã.


DANÇA AFRO-BRASILEIRA

A atividade de dança promovida pela educadora Eliana dos Santos também está apoiada na tradição africana com coreografias que abraçam a corporeidade rítmica com vivências de preparação lúdico-estética. Nesta mobilidade, estão intrínsecos os traços da civilização africana que advém das vivências acumuladas pelas tradições, por sua vez são transformadas em linguagens, que se expressam, se intercambiam, evidenciando os modos de sociabilidades africano-brasileiros.

A dança e a orquestra de ritmos e sons estão sempre em diálogo intenso e neste momento de criação da coreografia da história “Itapuã, a Canção do Infinito" as aulas estão sendo realizadas em conjunto.


INGLÊS

A opção pelo ensino da língua inglesa está vinculada a necessidade de inserção no mercado de trabalho dos jovens e ao potencial turístico característico de Itapuã e da cidade de Salvador.

O curso de inglês oferecido na ACRA se desenvolve de maneira diferenciada, associado aos valores comunais do bairro. Assim, a dinâmica do curso contempla uma perspectiva inovadora que é a de trabalhar com textos do contínuo civilizatório africano-brasileiro, como por exemplo, o trabalho desenvolvido a partir de livros africanos e do livro "Os Contos Crioulos da Bahia", de Mestre Didi, cujo trabalho em sua primeira edição já está escrito em três idiomas o yorubá, o português e o inglês. Aqui, o aprendizado da língua estrangeira assume uma função importante, pois toda base metodológica desenvolvida pelo professor Abílio procura afirmar o patrimônio cultural africano-brasileiro saindo das referências europocêntricas lugar comum nos cusrsos de inglês. Então aprender Inglês na ACRA é através do universo de Itapuã!

O Professor Abílio de Mendonça além de professor de inglês é pesquisador de História, Arte e Literatura Africana.


GRAFITAGEM

Outra linguagem acolhida na ACRA é a grafitagem, pois tem uma relação especial com as expressões de resistência cultural através de sua exposição pelas ruas, colocando em evidência nossa pluralidade cultural.

O Professor Tárcio Vascolcellos tem em sua história o exemplo da arte da grafitagem como alternativa aos jovens da periferia e assim, procura divulgá-la vinculada ao respeito ao patrimônio público e privado e como veículo para o resgate e valorização da história, da biodiversidade, da cultura e identidade local partindo do repertório que as crianças e os jovens conhecem para confeccionarem desenhos e gravuras da territorialidade do Abaeté.


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