quinta-feira, 19 de novembro de 2009

PALMARES, ONTEM, HOJE E SEMPRE por Marco Aurélio Luz

PALMARES, ONTEM, HOJE E SEMPRE.
Marco Aurélio Luz

Sobre Palmares, nos registros da ideologia da história há duas interpretações de expressão e inspiração marxista que sobressaem: uma reduz o evento a uma luta de classes, senhores contra escravos e escravos contra senhores - Décio Freitas - e o quilombo seria uma república palmarina. Outra percebe o quilombo do mesmo modo só que acrescenta e realça as relações de produção coletivas - Edson Carneiro. São obras importantes com pesquisas nos arquivos da documentação da época colonial e tudo mais.

Agora, eu prefiro adotar a metodologia "Sankofa", "nunca é tarde para voltar e apanhar o que ficou para trás...aprender com o passado para construir o futuro", em homenagem a Elisa Larkin, para compreender o Palmares como a transposição e continuação do reino do Ndongo (Angola) no Brasil.

No projeto da Companhia das Índias Ocidentais o tráfico e comércio triangular Angola-Pernambuco-Europa era o mais lucrativo para as aplicações do capital financeiro. O tráfico escravista era o segmento mais lucrativo. A afamada Rainha Ginga, a Rainha Invisível, que estabelece a guerra contra os invasores portugueses e seus aliados em seu território consegue quebrar com o fluxo escravista. Gente do Ndongo e de reinos vizinhos integrantes do império do Congo formaram a base do Palmares e desestruturaram no Brasil a economia de produção de açúcar em Pernambuco baseada na inaudita exploração do trabalho escravo sob tortura.

Palmares nas Américas, se destaca por repor a territorialização do contínuo civilizatório africano, agora africano-brasileiro, e por manter acesa a chama da liberdade, com que os palmarinos de Zumbi queimaram muitos canaviais.

Depois o tráfico escravista se deslocou para outras regiões da África e do Brasil. Vieram outras gentes, principalmente do império de Oyó e do reino do Dahomé. Aqui no Brasil com o mesmo denodo cultivam a busca de afirmação da liberdade e todos juntos, formam uma vasta comunalidade de cultura, valores linguagens e instituições.

Podemos dizer que o fluxo civilizatório africano brasileiro mantém através de nossa história sua pujança através da tradição de afirmação existencial dos ancestrais e hoje podemos afirmar que a força do negro está na sua própria civilização.

Um comentário:

  1. Parabéns Equipe do Blog ACRA!
    Tenho acompanhado o blog e está nota 10!!!!
    Aprendi muitas coisas que nem imaginava sobre as rebeliões de africanos em Itapuã...
    O Quilombo Buraco do Tatu..Nossa!
    Genial a análise do professor Marco Aurélio.

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