quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

ÁFRICA: NOSSO CONTINENTE ANCESTRAL

O blog da ACRA apresenta essa semana, o relato da professora Rosângela Accioly sobre o projeto de sua autoria “África nosso continente ancestral” concebido para ser realizado no âmbito do Colégio Municipal Santa Júlia, Itinga no município de Lauro de Freitas. Rosângela Accioly é pedagoga pela Universidade do Estado da Bahia, pesquisadora do PRODESE-Programa Descolonização e Educação e integra a equipe de educadores da ACRA.
Na UNEB, Rosângela vivenciou disciplinas como: Processos Civilizatórios e Pluralidade Cultural com a professora Narcimária Correia do Patrocínio Luz, e Currículo com a professora Dra. Ana Célia da Silva que trouxeram contribuições relevantes para sua trajetória como educadora e ampliando estimulando-a a desenvolver proposições de Educação Pluricultural.


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A professora Rosângela Accioly, os alunos do 4º ano A, e a vice diretora do Colégio Santa Júlia Rosameiry

O projeto “África nosso continente ancestral” de autoria da professora Rosângela Accioly, procurou aproximar as crianças, e comunidade escolar da arkhé(origens) africano-brasileira em Lauro de Freitas,Região Metropolitana de Salvador.Para isso,foram desenvolvidas propostas pedagógicas no colégio Santa Júlia no bairro de Itinga,durante o ano letivo de 2010. A Bahia detém o patrimônio de linguagens e valores éticos e estéticos do contínuo civilizatório africano-brasileiro caracterizando os vínculos comunais que inspiraram o projeto.
Para a autora do projeto, o educador contemporâneo tem acesso a perspectivas jurídicas que sustentam iniciativas pluriculturais para o repertório curricular das escolas, a exemplo dos aspectos contidos na Lei 11.465/08 de 27 de março de 2008 que altera um artigo da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) ampliando a lei 10.639/03 instituindo, por sua vez, a obrigatoriedade do ensino sobre história e cultura afro-brasileira em todas as escolas brasileiras. A partir de agora, confere-se o mesmo destaque ao ensino da história e cultura dos povos indígenas e que devem ser desenvolvidos em sala de aula de maneira contínua com os outros conteúdos.
A dinâmica do projeto promoveu entre as crianças uma série de aproximações com a história e cultura africano-brasileira, a partir da história de vida de Deoscoredes Maximiliano dos Santos o Mestre Didi, assim como outras figuras exponenciais.O repertório das obras de Mestre Didi, escultoras,contos, e também sua responsabilidade como sacerdote dos cultos aos ancestrais Egun nas Américas, foi uma das bases do projeto.
Para subsidiar o projeto a professora Rosângela recorreu às obras de autores como: Marco Aurélio Luz, Narcimária Luz, Michel Maffesoli, Ana Célia da Silva, Janice Nicolin, Hampatê Bâ, Muniz Sodré, Kabengele Munanga. Por outro lado, o trabalho foi baseado, também, na lei 11.645/08, e 10.639/03 que trazem as Diretrizes Curriculares para a inclusão da História e Cultura afro-brasileira e africana no sistema Municipal de Ensino de Salvador, assim como, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Racial e para o Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, Livros como Educação anti- racista: caminhos aberto pela Lei Federal 10.639/03, entre outras obras de igual robustez teórica e analítica.


Jogo “Yotè, O jogo da nossa história” que traz vários heróis, personalidades e grandes nomes da cultura africano-brasileira como: Milton Santos, Mãe Senhora, Zumbi, dentre outros que foram reconhecidas suas trajetórias ao longo do ano com as crianças.


O projeto se preocupou em apresentar formas de resistência e manutenção do patrimônio civilizatório africano-brasileiro demonstrando a maneira de viver das comunidades realçando a importância das tradições milenares primando por contribuir na preservação dos valores, que marcam a formação social do povo brasileiro.
Destacamos também a importância da oralidade para os povos africanos, além de pesquisas, exposições, escuta musical, conhecimento da estética africana com trabalhos de arte, enfim uma diversidade de proposições teórico-metodológicas como forma de superarmos a visão europocêntrica de mundo que tende a imperar nos currículos escolares.

Professoras Rosângela Accioly e Maria Eliana.

A partir das trajetórias de vida das crianças e o repertório de valores das suas comunidades, foram criadas vivências destacando a figura de griots e apalôs, personagens importantes no contexto dos povos africanos, porque são responsáveis pela preservação da memória e valores das comunidades utilizando a contação de histórias através de vários repertórios orais.
O projeto “África nosso continente ancestral” reuniu ações que demonstraram formas de proporcionar as novas gerações o acesso a riquíssima herança africano-brasileira dentro do contexto escolar.

Exposição das obras do artista Jadsom Costa


Rosângela Accioly reconhece que foi uma iniciativa apaixonante,pois permitiu as crianças e educadores/as um mergulho em uma nova abordagem teórica e metodológica permitindo a toda comunidade escolar um novo olhar sobre o legado africano-brasileiro,afastado de preconceitos e de atitudes racistas.Esse projeto é uma ilustração significativa para os currículos das escolas em Lauro de Freitas.



Dramatização dos alunos do 4º ano B.


Agradecimentos ao apoio e incentivo da diretora Rosilda Leal, vice diretora Rosa Meire e das coordenadoras Delamara e Débora Privat.Incluam-se os/as professores/as Márcia Luz,Josélia,Thiago Bols(UFBA),Teresa,Vanusa,Maria Eliana,Paulo e todo o corpo docente(destacando o professor de Música do projeto Mais Educação),funcionários e pais do Colégio Santa Júlia que apoiaram e prestigiaram o evento.Registramos também a presença da professora e coordenadora do PRODESE-Programa Descolonização e Educação da UNEB/CNPQ Narcimária Luz.

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