Por Narcimária Luz
Imagem disponível em http://johnnyxpress.wordpress.com/page/3/
No dia 10 de novembro de 2008 faleceu Miriam Makeba, deixando-nos um riquíssimo legado, que tende a nos aproximar da história do povo sul africano, seu patrimônio milenar e ajudando-nos a compor narrativas fascinantes capazes de contribuir para deixar a África entrar nas escolas através de outras linguagens que rompam com os esquematismos e engradamentos teórico-metodológicos da historiografia fixada na África "pré-colonial" ou "pós-colonial".
Para homenagear essa expoente liderança feminina no mundo,e exemplo importante de recusa inconteste ao apartheid e suas políticas genocidas, selecionamos vídeos que emocionam por reverenciar a sua memória,apresentar a pulsão de vida africana que Miriam levava a todos os lugares onde ia.
Cresci ouvindo Miriam Makeba,aprendendo com ela e outras mulheres negras da África,Américas e Caribe, que podemos comunicar idéias radicais contra o racismo,alimentando-nos do nosso solo de origem fazendo transbordar a alegria que constitui a alteridade civilizatória africana.
É necessário dizer, que a alegria é uma categoria filosófica primordial na abordagem do Programa Descolonização e Educação-PRODESE,e se refere a radicalidade das análises epistemológicas que se estruturam no contínuo africano que carrega muita emoção, principalmente por conter no seu âmago, o pensamento original ligado ao nosso solo de origem civilizatório africano no Brasil.
Assim é a canção “Pata pata”,imortalizada na voz e interpretação de Miriam Makeba carregando a alegria que canta o “solo de origem” de gerações de africanos/as irradiando o direito à alteridade civilizatória, pelos quatro cantos do mundo.
Para quem não sabe,”pata pata” é uma dança tradicional da África do Sul,assim como o ijexá e o samba nos (re)liga através de redes de alianças comunitárias as tradições características das populações africano-brasileiras.
Para quem não sabe,”pata pata” é uma dança tradicional da África do Sul,assim como o ijexá e o samba nos (re)liga através de redes de alianças comunitárias as tradições características das populações africano-brasileiras.
A canção “pata pata” interpretada por Miriam,é de sua autoria com Ragovoy.Vejam a mensagem:
“Sat wuguga sat ju benga sat si pata pata
Pata, pata é o nome de uma dança
Sat wuguga sat ju benga sat si pata pata
Que fazemos no caminho de Joanesburgo
Sat wuguga sat ju benga sat si pata pata
E todo mundo começa a se mexer
Sat wuguga sat ju benga sat si pata pata
Tão logo Pata, Pata começa a tocar, ooo
Hihi ha mama, hi-a-ma sat si pata pata
ooo, toda sexta e sábado a noite
Hihi ha mama, hi-a-ma sat si pata pata
É hora de Pata
A-hihi ha mama, hi-a-ma sat si pata pata
A dança continua a noite inteira
A-hihi ha mama, hi-a-ma sat si pata pata
Até o sol da manhã começar a brilhar, uhhh”
Outra coisa importante, todo esse complexo de formas e modos de comunicação característico das músicas,danças,etc atualizam a África em nossas vidas tornando-a contemporânea, fortalecendo os vínculos de sociabilidade dos povos em todo os continentes que têm a pujança dessa civilização.
Os vínculos de sociabilidade dos povos só é possível(principalmente para nós que vivemos a tradição nagô na Bahia), se estiver envolto do princípio “odara”,que significa simultaneamente bom e bonito, constituindo a infinitude do repertório de linguagens técnicas e estéticas, que estruturam os modos e formas de sociabilidades da existência africano-brasileira. Na realização da linguagem, as mais profundas das necessidades existenciais, são atravessadas pelo princípio odara ,que transporta conhecimento,emoção e afetividade.
“(...) Odara exprime simultaneamente o bom e belo. O útil e eficaz não está dissociado da beleza e do sentimento, o técnico e o estético são expressões únicas.” (LUZ,Marco Aurélio.Cultura Negra em Tempos Pós Modernos.EDUFBA,1992,122)
Diante dessa breve reflexão,passemos a rememorar o legado dessa mulher extraordinária.
O primeiro vídeo apresenta um pouco da biografia de Miriam;o segundo e terceiro, destacam Miriam interpretando “Pata pata” em dois momentos 1967 e 2006.O último marca o seu retorno a África do Sul depois de décadas no exílio,emocionando a todos/as até hoje.
Tudo muito lindo!
Odara!
Com vocês Miriam Makeba!
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