Por José Carlos Limeira
Imagem disponível em http://conexaoeclesia.com/2013/03/04/o-sonho-nao-acabou/
E a ninguém caberá calá-lo
Trago-o como herança que me mantém desperto
Como esta cor não traduzida em versos
Pois se fariam necessários muitos e tantos versos
Meu sonho
vara madrugadas
Som alto
De timbales que se arrebatam em cânticos
E trago-o como Olorum na crença
Que não me pune em pecados
Mas
Enche-me o peito grávido de esperanças
Como malungos marchando ao sol de novembro
Imagem disponível em http://www.imagensgratis.com.br/imagens-sol
Subindo as serras
Defesa e guerra
Som alto
De timbales que se arrebatam em cânticos
E trago-o como Olorum na crença
Que não me pune em pecados
Mas
Enche-me o peito grávido de esperanças
Como malungos marchando ao sol de novembro
Imagem disponível em http://www.imagensgratis.com.br/imagens-sol
Subindo as serras
Defesa e guerra
Meu sonho
jamais faz silêncio
É a lança brilhante de Zumbi
A espada de Ogum
É o lê, o rumpi, é o rum
É a furia sem arreios
Terra farta dos anseios
Desacato, ato, sem freios
É a lança brilhante de Zumbi
A espada de Ogum
É o lê, o rumpi, é o rum
É a furia sem arreios
Terra farta dos anseios
Desacato, ato, sem freios
Vôo livre da
águia que não cansa
Me faz erê, me faz criança
Me faz erê, me faz criança
Meu sonho
jamais faz silêncio
É um griot velho que me conta as lendas
De onde fisga tantas lembranças
É um griot velho que me conta as lendas
Imagem disponível em http://www.shlomomusic.com/banjoancestors_griotlutesorigin.htm
E com ele
invado chats, pages, sites
Na intimidade de corpos em dança
Perpetuando o gosto pelo correto
Meu sonho é pura herança
Rastro
Dos que plantaram, lutaram, construíram
O que não usufruo
Areia que moldada em vaso
Onde não nos cabe culpas
É lúcido ao sol dos trópicos, charqueado ao frio
É como um fio
Na intimidade de corpos em dança
Perpetuando o gosto pelo correto
Meu sonho é pura herança
Rastro
Dos que plantaram, lutaram, construíram
O que não usufruo
Areia que moldada em vaso
Onde não nos cabe culpas
É lúcido ao sol dos trópicos, charqueado ao frio
É como um fio
Grita alto e
bom som
Que o seio do amanhã nos pertence
Carregamos toda pressa
Que o seio do amanhã nos pertence
Carregamos toda pressa
Meu sonho
não faz silêncio
E não é apenas promessa
E não é apenas promessa
Planta em
mim mesmo, na alma
Palmares, Palmares, Palmares
Pelo que de belo, pelo que de farto
Muitos Palmares
Palmares, Palmares, Palmares
Pelo que de belo, pelo que de farto
Muitos Palmares
Carrega como
o vento escritos
Versos de Jônatas, Oliveira, Colina , Semog e Cuti
Alimenta e nutre
Lembrando que esta cor me mantém desperto
E não tenho sustos
Versos de Jônatas, Oliveira, Colina , Semog e Cuti
Alimenta e nutre
Lembrando que esta cor me mantém desperto
E não tenho sustos
Sentinela
que tange o eterno quissange
Entende a volúpia do calor que me abriga
Desfaz a mentira , destruindo a intriga
Entende a volúpia do calor que me abriga
Desfaz a mentira , destruindo a intriga
Meu sonho
jamais faz silêncio
Como um Ilê Aiyê acordando a liberdade
Descobrindo amante ávido o sexo pulsante da existência
Desejo de navegar todos os mares
Comandando todas as fragatas, naves
Como um Ilê Aiyê acordando a liberdade
Imagem disponível em http://www.salvadorupdate.com/ssaup/ensaio-do-ile-aiye/
Desejo de navegar todos os mares
Comandando todas as fragatas, naves
E nos lança
em um solo de Miles
Nos recria em um solo de Coltrane
Clássico como Marsalis, Jazz como Marsalis
Nos recria em um solo de Coltrane
Clássico como Marsalis, Jazz como Marsalis
E que nem
tentem que faça silêncio
Pois voltaria gritando em um texto de Solynca
ás que completa a trinca
Torna-se um canto de Ella, Graça, Guiguio, Lecy
Gente negra, gente negra
Jamelão, mangueira
Brilho da mais brilhante estrela
Nunca se estanca, bravo se retraduz em sina
Pois voltaria gritando em um texto de Solynca
ás que completa a trinca
Torna-se um canto de Ella, Graça, Guiguio, Lecy
Imagem disponível em http://www.tyrolis.com/index.php?main_page=product_music_info&products_id=1755
Gente negra, gente negra
Jamelão, mangueira
Brilho da mais brilhante estrela
Nunca se estanca, bravo se retraduz em sina
Só não lhe
cabem
Crianças arrancadas da escola
Pela fome que rasga gargantas
E nos promete vê-las
Alimentadas todas, cultas
Meu sonho é uma negra criança
Que luta
Crianças arrancadas da escola
Pela fome que rasga gargantas
E nos promete vê-las
Alimentadas todas, cultas
Meu sonho é uma negra criança
Que luta
Ergue
Quilombos, aqui , ali
Impávidos como Palmares, impávidos Ilês
Em todos os lugares
Imagem disponível em http://www.brasil247.com/pt/247/imagem/93326/Confira-os-Destaques-do-Desfile-nesta-Segunda-feira-carnaval-2013.htm
Em cada mente, em cada faceImpávidos como Palmares, impávidos Ilês
Em todos os lugares
Meu sonho
não faz silêncio
Porque feito de lida
Teimoso como esta cor
Para sempre será desperto e certo
Mais que vivo, é a própria vida.
Porque feito de lida
Teimoso como esta cor
Para sempre será desperto e certo
Mais que vivo, é a própria vida.
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José
Carlos Limeira,poeta,autor de diversos contos,
crônicas e artigos.Entre seus livros destaque:,Zumbi... dos, Lembranças, O Arco Íris
Negro (parceria com Éle Semog), Atabaques (parceria com Éle Semog). Participou
de vários números dos Cadernos Negros e das Antologias Schwarze Poesie (Ed.
Diá-Alemanha), Schwarze Prosa (Ed, Diá -Alemanha), Callaloo vol 2 (USA),
Callaloo (Special Issue - 300 anos Zumbi -USA), Axé-Antologia da Poesia Negra
Brasileira Ed Global 1983, A Razão da Chama Ed. GRD, Negro Brasileiro Negro
número 25(Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e outras. Verbete em Quem
é Quem na Negritude Brasileira Ed.CNAB 1998, citado em diversas teses e
publicações como A Mão Afro-Brasileira (Significado da Contribuição Artística e
Histórica - Ed.Tenenge 1988), O Negro Escrito (Oswaldo de Camargo) entre
outras.
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