sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

KIPOVI CABULEIRO, UM TOM DA MEMÓRIA DO CABULA.


Fachada da Casa de Angola localizada na Praça dos Veteranos na Barroquinha

A Casa de Angola acolheu no dia 08 de janeiro  a defesa da tese de Doutorado da Professora Janice de Sena Nicolin intitulada “Kipovi Cabuleiro, um tom da memória do Cabula”, sob a orientação da Professora Doutora Jaci Maria Ferraz de Menezes. A tese integra o Programa de Educação e Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia-UNEB.


Foto cedida pela Casa de Angola na pessoa do   Professor Camilo Afonso
Antes da defesa da tese, o Sr. Camilo Afonso convidou as Professora Doutoras Narcimária Luz e Inaycira Falcão dos Santos para conhecerem as instalações e o interessante acervo da Casa de Angola.






Foto cedida pelo Professor Sérgio Ricardo Santos da Silva(Bahialista) pesquisador do Prodese

A banca examinadora foi composta pelas Professoras(da direita para a esquerda): Doutoras Inaycira Falcão dos Santos da Universidade de Campinas, Narcimária Correia do Patrocínio Luz Universidade do Estado da Bahia,Jaci Maria Ferraz de Menezes(orientadora e presidente da Banca)Universidade do Estado da Bahia, Ana Célia da Silva da Universidade do Estado da Bahia e Nadir Nóbrega da Universidade Federal de Alagoas.


Professora Janice de Sena Nicolin no momento da sua defesa
Foto cedida pela Professora Lúcia Oliveira professora do curso de Design da UNEB.

O público atento a defesa da tese
Foto cedida pela Casa de Angola na pessoa do   Professor Camilo Afonso
 Foto cedida pela Professora Lúcia Oliveira professora do curso de Design da UNEB.


A Professora Doutora Narcimária antes de apresentar  seu parecer, fez uma homenagem a  Oxalá orixá patrono da sexta feira dia da defesa da tese.
A Professora Narcimária destacou no seu parecer:
"Os mais antigos nos contam que quando Oxalá, orixá que representa o ar veio a esse mundo, criou os seres humanos, e para cada ser humano criou uma árvore. As árvores carregam o princípio de ancestralidade, representam os ancestrais, e são elas que estabelecem a dinâmica da relação entre os seres humanos e a natureza. Oxalá possui poderes que garantem a existência e, pela sua importância no panteão nagô, merece respeito e atenção. As árvores são as responsáveis pela purificação do ar para que os seres humanos tenham plenitude de vida. Das árvores criadas, algumas se destacam nessa relação simbólica, a exemplo do dendezeiro com seus frutos, folhas e taliscas. As folhas estão relacionadas aos ancestrais,representando filhos,descendência ininterrupta. Nesta  estética do sagrado, as árvores são as responsáveis pela purificação do ar para que os seres humanos tenham plenitude de vida.
Infelizmente as matas, e toda biodiversidade da Bahia, estão sendo destruídas pela máxima “time is Money”, colocando em risco o princípio de ancestralidade primordial para toda a humanidade.
Mas graças a Oxalá e o panteão das divindades africanas, a Bahia tá viva ainda lá!(parafraseando Caymmi 1964 com o samba de Adalgisa).O Cabula tá vivo ainda lá! Lá, nas comunidades tradicionais africano brasileiras que reverenciam o mar,os rios,as matas, as árvores,as dunas...A natureza, principío seminal de toda existência. “Ainda lá”, como um lugar de origem que torna a Bahia singular. "

Todos ficaram  de pé compartilhando a saudação a Oxalá.
Foto cedida pela Casa de Angola na pessoa do   Professor Camilo Afonso
Foto cedida pela Professora Lúcia Oliveira professora do curso de Design da UNEB.
A professora Janice e sua netinha acompanham atentas os comentários da Banca
Para o PRODESE, a originalidade maior da tese da Professora Janice está em revelar que os contos como narrativas características da tradição africano-brasileira, se situam no contexto epistemológico africano, uma arkhé, uma origem de um complexo de linguagens e instituições.
Logo do Programa Descolonização e Educação-Podese
Criação Marco Aurélio Luz


Em meio a uma espiral que dinamiza a expansão do patrimônio africano-brasileiro, os contos são resultado da origem de um contínuo civilizatório que atravessa a noite dos tempos, e estão presentes no Cabula. Instituições do complexo cultural nagô e Congo-Angola sustentam essa continuidade através do kipovi.
Professora Janice respondendo as inquietações da Banca
Foto cedida pela Casa de Angola na pessoa do   Professor Camilo Afonso

Outro aspecto fundamental nos “tons” do kipovi é o quilombo abordado como uma referência histórica e atualizado pelo valor da LIBERDADE!

Janice rasura e transcende os discursos etnocêntricos e racistas que atravessam o pensamento sobre Educação no Brasil.

É dessa ligação profunda com sua territorialidade, seu solo de origem que Janice nos aproxima dos “tons”  do kipovi, nos convidando a continuar a cultuar nossas origens, nossos ancestrais, envolvendo nossas crianças e jovens, animando-os a erguerem a cabeça e terem  orgulho de ser e pertencer as suas comunalidades, que ao longo dos séculos se dedicam a manter  a pulsão de vida para que a Bahia não  acabe. Não podemos esquecer: a Bahia carrega a identidade profunda das civilizações milenares das Américas e África.
Após a apresentação dos pareceres, a Professora Nadir Nóbrega tomou a iniciativa de homenagear a doutoranda e para isso, convidou a Professora Doutora Inaycira Falcão dos Santos para cantar apoiando a criação coreográfica que iria fazer. Foi sugerida o oriki que celebra a Iyalossô Odanadana que junto com a  Iyá Nassô Akalá  fundadaram o Ilê Axè Airá Intilé, considerada a 1ª casa da tradição nagô na Bahia.
Professora Nadir cria uma coreografia acompanhando o cântico Professora Inaycira  homenageando Odanadana.

Foto cedida pela Casa de Angola na pessoa do   Professor Camilo Afonso

Momento em que a Professora Doutora Jaci Maria Ferraz de Menezes presidente da banca e Coordenadora do Programa Memória da Educação na Bahia-Promeba faz a leitura da ata.
Foto cedida pela Casa de Angola na pessoa do   Professor Camilo Afonso
Momento solene da leitura da ata pela presidente da Banca
Foto cedida pela Casa de Angola na pessoa do   Professor Camilo Afonso


Professoras Jaci e Nadir Nóbrega curtindo seus presentes.
Foto cedida pela Casa de Angola na pessoa do   Professor Camilo Afonso


No encerramento do evento a Professora e recém Doutora Janice de Sena Nicolin, brindou a Banca com presentes do artesanato baiano.



Foto cedida pelo Professor Sérgio Ricardo Santos da Silva(Bahialista)pesquisador do Prodese
Finalizando os trabalhos,o Sr. Camilo Afonso aproveitou para destacar a importância da Casa de Angola para a Bahia, as perspectivas de intercâmbio e parcerias com as Universidades e comunalidades tradicionais.Demonstrou a satisfação  na parceria bem sucedida realizada entre a Casa de Angola Professoras Jaci Maria Ferraz de Menezes e Janice de Sena Nicolin abrigando a defesa da tese.

Momentos de descontração no pátio e jardins da Casa de Angola.

Foto cedida pela Casa de Angola na pessoa do   Professor Camilo Afonso




Jovens do Grupo ODEART prestigiando e apoiando o evento.
Foto cedida pela Casa de Angola na pessoa do   Professor Camilo Afonso


Pátio e jardim da Casa de Angola
Foto cedida pela Casa de Angola na pessoa do   Professor Camilo Afonso


Professoras Doutoras Inaycira Falcão e Narcimária Luz no momento em que são presenteadas por crianças
Foto cedida pela Casa de Angola na pessoa do   Professor Camilo Afonso
A recém Doutora em Educação e Contemporaneidade comemorando com as netinhas
Foto cedida pela Casa de Angola na pessoa do   Professor Camilo Afonso



Da esquerda para a direita: Professora Mille Caroline Fernandes que inicia esse ano seu Doutorado em Educação e Contemporaneidade e integra o grupo de pesquisadores do PRODESE; a recém Doutora Professora Janice de Sena Nicolin integra o grupo de pesquisadores do PRODESE; professora Doutora Narcimária Luz Coordenadora do PRODESE;Professor  Doutor Camilo Afonso Nanizau, antigo adido cultural da embaixada de Angola em Portugal e atualmente Diretor Permanente da Casa de Angola na Bahia,e a Professora Doutora Elizabeth Santana pesquisadora do Programa Memória da Educação na Bahia-PROMEBA  
Inaycira Falcão dos Santos





A referência e homenagem a Odanadana que compôs o inesquecível momento entrelaçando a bela voz e interpretação da Professora Doutora Inaycira Falcão dos Santos e a coreografia criativa da Professora Nadir Nóbrega,veio através de um questionamento feito pela Professora Inaycira  sobre um aspecto da tese.
A seguir a Professora Doutora Inaycira Falcão interpreta no seu CD OKAN AWA o oriki que celebra os feitos da ancestral Odanadana.





Um comentário:

  1. Foi uma.defesa linda, que revigora nossa caminhada na busca da afirmação e reconhecimento do valor ancestral das arkhes das nossa comunalidades nas suas ações educativas .
    Parabéns PRODESE e Janice. Lindo demais. Fortalece mesmo.
    Avante. Nenhum passo atrás.

    ResponderExcluir