quarta-feira, 27 de julho de 2016

VISITA AO MUSEU AFRO BRASIL - PARTE I


Por Marco Aurélio Luz


TRADIÇÃO ESTÉTICA AFRICANO BRASILEIRA  -PARTE I

Visitando com minha família confesso que me surpreendi com a quantidade e a qualidade do acervo exposto no Museu Afro Brasil no Parque Ibirapuera em São Paulo.
Dessa vez Emanoel Araújo se superou nos presenteando com um belíssimo trabalho.
A amostra abrange inicialmente a tradição religiosa afro-brasileira especialmente  a continuidade nagô/ yorubá.
Iniciamos com amostra de objetos da arte de origem africana.


Esculturas do antigo reino de Benin vizinho do império Yorubá.
Foto: Narcimária Luz




Opa Ossãiyn orixá das folhas, da vegetação e dos preparos espirituais e medicinais e outras esculturas em ferro
Foto: Narcimária Luz



Agemó o camaleão refere-se a capacidade de harmonizar, adaptar, e equilibrar. Relacionado com o culto de Orunmila Baba Ifá, orixa patrono do oráculo.
Foto: Narcimária Luz



Eiye o pássaro, relacionado as Iya mi as mães ancestrais
Foto: Narcimária Luz



Elexin meji, dois cavaleiros sob o pálio com gravuras simbólicas da realeza do Daomé, reino vizinho aos yoruba/nagô.
Foto Narcimária Luz


No fim da rampa de acesso nos deparamos com essa escultura de Kifouli Dossu denominada MI SI GBE (respeite a vida).


Trata-se de uma  enorme e magnifica escultura que  sobressai simbolizando a expansão da vida no que se refere ao poder feminino na composição característica da  Iya Ibeji, mãe dos gêmeos, simbolo de fertilidade e continuidade.
Foto: Maurício Luz






Um trono magnifico adornado com elementos da simbologia do orixá Xango, alaafin, rei que garante a vida social vem logo em seguida.
Foto: Narcimária Luz



Oxê Xangô emblema do orixá princípio da vida social que constitui a saga da humanidade.
Foto: Maurício Luz


Exú orixá princípio do movimento que promove a dinâmica do tempo, possui uma saleta ao lado.

Princípio da ação, a existência não se realizaria sem Exù. Ele garante a circulação de axé, a energia cósmica que movimenta  o ciclo vital. Os orixá constituem poder e princípios que regem o universo e cada um possui seu Exú.



Exú Amuniwa que acompanha o orixá Xango. Escultura de Mestre Didi.
Foto: Narcimária Luz


O Exú Bara, o rei do corpo, é o responsável pela individuação dos seres.

Os seres  no aiyê nesse mundo não existiriam sem os ancestrais.



O mistério da ancestralidade masculina está representado na aparição das roupas de Egungun durante os rituais. As roupas é só o que vemos.



Prosopon Gelede que compõe os trajes do culto referente ao mistério e poder feminino.
Foto: Maurício Luz




Esculturas e vestimentas que compõem os cultos aos ancestrais, Egungun (masculinos) e Gelede (feminino) estão expostos com sobriedade e beleza.
Foto Maurício Luz



Traje, emblema e paramentos do orixa Oxalá.
Foto: Narcimária Luz

Oxalá orixá funfun da cor branca princípio do ar que respiramos. É o orixá da criação dos seres, poder masculino de gênese. A cada ser humano cria uma árvore. Seu cetro é o Opa xorô que representa poder de fertilidade masculina.




Traje paramentos e emblemas do orixá Oxun, Iya mi akoko, mãe ancestral suprema. Sua cor é amarelo gema de ovo, pupa eiyn. Princípio feminino por excelência está relacionada com as águas correntes. O abebe cetro que representa o ventre fecundado, fertilidade feminina é o seu emblema.
Foto: Narcimária Luz

Vestimentas, paramentos e emblemas simbólicos em figurinos compõem o conjunto dos orixá.

Ao longo da exposição nos deparamos com orikis, poemas laudatórios que vão revelando a dimensão cósmica de cada orixá, seu poder e axé.



Foto: Maurício Luz


Oferece também registro de personalidades históricas presentes na continuação da tradição, como a Iyalorixá Oxum Muiwá Sra. Maria Bibiana do Espírito Santo, Mãe Senhora Axipá e Iyá Nassô, o Alapini Sr.  Deoscoredes Maximiliano dos Santos Mestre Didi Axipa, Asogbá e Balé Xango, dentre outros.



Mãe Senhora da linhagem Axipa, foi a Iyalorixa Oxun Muiwa do Ilê Axé Opo Afonjá, possuindo o título de Iyá Nasô Oyó Akalá Mabo... sucedendo a fundadora Mãe Aninha Oba Biyi. Também foi Iyá Egbé no Ilê Agboulá casa da culto aos Egungun em Ponta de Areia, Itaparica


Mestre Didi filho de Mãe Senhora foi consagrado Assogba supremo sacerdote do culto à Obaluaiye do Ilê Axé Opo Afonja pela Iyalorixá Oba Biyi Mãe Aninha. Aos oito anos foi iniciado no culto aos Egungun por Marcos Alapini, supremo sacerdote. Mais tarde Mestre Didi foi consagrado Alapini ipekun ojé e posteriormente fundou o Ilê Axipa que preserva a mais importante constelação de Egungun.


Vale registrar um espaço dedicado a Iyalorixá Sra. Olga de Alaketu iyalorixá do Ilê Axé Maroia Laji.

Foto disponível em:


Além dos elementos estéticos da arte sacra expostos há espaços dedicados a recriações artísticas desdobradas desse universo como as obras de Mestre Didi Axipa e as de Manoel dos Santos, Rubem Valentim e Carybé.






























Derivadas dos cetros de Obaluaiye, o xaxará e o de Nanan, o ibiri, as recriações de Mestre Didi mantém em formas, matérias e cores originais a simbologia da cosmogonia nagô.
Fotos: Narcimária Luz







Agnaldo Manoel dos Santos nasceu em Itaparica.
 Suas obras originais mantém a pujança da tradição estética africana.
Foto disponível em:









Esculturas de Agnaldo Manoel dos Santos.
Fotos: Narcimária Luz






Rubem Valentim nasceu em Salvador, suas recriações procuram sobretudo realçar aspectos geométricos da linguagem estética da tradição religiosa nagô.
Foto disponível em:




















Foto disponível em:
Carybé Hector Bernabó nasceu em Lanus Argentina, até pousar em Salvador quando tornou-se renomado pintor e escultor com uma vasta obra. Acolhido por Mãe Senhora no Ilê Axé Opo Afonja recebeu os títulos de Oba Onan Shokun e Iji Apogan na casa de Obaluaiye.



"Grande painel dos orixás"
 Famosa obra de Carybé que representa as entidades do panteão nagô.
Foto: Narcimária Luz



Representação de Oxóssi conforme escultura de Carybé
Foto disponível em:


Foto disponível em:
http://www.dominiojovem.com.br/carreira-do-artista-carybe-e-celebrada-no-museu-afro-brasil/

Carybé frequentou a academia de capoeira de Mestre Pastinha. Pintou inúmeras cenas do cotidiano de Salvador.

Há também pinturas de Yêdamaria, Volpi , e outros.




A consagrada escritora e pintora Yêdamaria que teve suas obras em exposições além do Brasil , nos EUA e na Europa. Publicou um livro ilustrado contando as diferentes fases de seu trabalho. No Museu a fase de "Barcos" é apresentada. 





Fase da pintura de "Barcos"
Foto: Narcimária Luz


Foto disponível em:

Alfredo Volpi pintor ítalo brasileiro destacou-se por sua fase de bandeirinhas com seus aspectos cromáticos e geométricos . As bandeirinhas estão presentes nos adornos de inúmeras celebrações da tradição afro brasileira.

Pintura das bandeirinhas características.
Foto: Narcimária Luz

Continuaremos a abordar nas próximas postagens,aspectos da cultura afro-brasileira expostos em corredores e galerias do Museu Afro Brasil. Trata-se de  magnificas esculturas em madeira, cerâmica e metal, elementos de cortejos como  estandartes e trajes do Maracatu Elefante de Recife, o boi do bumba meu boi de S. Luiz,  máscaras da Cavalhada de Pirinópolis.

Há a parte histórica referente ao tráfico escravista e a escravidão desde os navios, relações de trabalho forçado sob tortura que constituíram o modo de produção colonial mercantil escravista sob a égide do capital financeiro.
Acompanhem as publicações a seguir.







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