domingo, 4 de fevereiro de 2018

CANÇÕES QUE ROMPEM FRONTEIRAS



Foto disponível na internet

Por Narcimária C. P. Luz
Algumas questões que vêm afligindo as sociedades contemporâneas submetidas as relações de prolongação neocolonial que geram violências de toda ordem: guerras, fome, perdas territoriais, destruição da natureza, pobreza crônica, mortalidade infantil, institucionalização de políticas genocidas, e a desigualdade social que mapeia o planeta.

Contemporaneamente, distintas comunalidades tradicionais de vários países têm tomado para si, a iniciativa de aplacar as angústias que têm comprometido o direito à existência das suas crianças e jovens, gerações que representam o futuro dos povos. Mas não é fácil erguer espaços institucionais que assumam tais condutas políticas, porque essas iniciativas têm que lidar, frequentemente, com a falta de recursos e incentivos de toda sorte.

Aqui, cabe mencionar os artigos 19 e 20 da Carta Africana de 1976, elaborada em Argel, no âmbito de um Congresso voltado para aprofundar questões sobre o direito dos povos: “Todos os povos são iguais; eles devem gozar do mesmo respeito e ter os mesmos direitos. Nada justifica a dominação de um povo sobre outro; Todos os povos têm direito ‘a existência”

No documento que trata do “Novo Contrato entre Cultura e Sociedade”, apresentado no IIº Congresso Internacional Cultura e Desenvolvimento, realizado em Havana, em junho de 2001, a UNESCO  afirma que  “o desenvolvimento supõe a capacidade de cada povo para informar-se, aprender e comunicar suas experiências um número cada vez maior de mulheres e homens deseja um mundo melhor, perseguindo não apenas a satisfação das necessidades fundamentais, mas a possibilidade de convivência solidária com todos os povos. Seu objetivo não é a produção, a ganância, o consumo, mas a plena realização individual, coletiva e a preservação da natureza”

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Assim, não ter como passar incólume face a experiência de assistir os vídeos de músicas do Playing for Change (Tocando para a mudança). Gratificante!
O Playing for Change Foundation é um movimento criado em 2002, através de um projeto multimídia que se alimenta da música, como um canal poderoso de diálogos em prol da paz e o respeito entre as nações.

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As músicas selecionadas e a capacidade de reunir excelentes músicos de distintas civilizações, imprimem nas canções, interpretações primorosas que emocionam e comunicam mensagens de paz, amor, solidariedade, respeito e dignidade. Para isso, são consideradas as histórias e as dinâmicas territoriais que   caracterizam o viver cotidiano das populações da África, Américas, Caribe, Oceania, Ásia e Europa.
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A estrutura, forma e conteúdo do projeto multimídia Playing for Change, apela para uma estética original convidando-nos a lidar com músicas que envolvem as simbologias características do imaginário de distintos povos.  Impressiona também, o encontro entre gerações de músicos de vários países, cantando valores que comunicam de forma admirável a transcendência do viver. É possível sentir o afeto e criatividade que envolvem todos os vídeos, através das vozes daqueles/as que assumem as interpretação das canções que constituem a identidade profunda de muitas sociedades. A música “La Tierra Del Olvido” (2015) por exemplo, é uma bela ilustração da cultura do povo colombiano contando com a participação de palenques, extensão do contínuo africano nas Américas.
"La Tierra Del Olvido"
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Outras interpretações excepcionais recriadas a partir dos valores de comunidades tradicionais, e constituem convites valiosos que nos levam a viajar no tempo: “Guantanamera” (1963) e “Pata Pata” (1967). Essas são canções que lembram uma época marcada pela atmosfera de transformações políticas e socioculturais fundamentais nos anos 1960. 

Canção Guantanamera
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Miriam Makeba em  "Pata Pata"
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Arrogância, prepotência, ganância, ignorância, narcisismos e preconceitos, encontram em várias canções, o apelo para a superação do ódio que oprime e mata gerações.  Assim é War (1976) de Boby Marley, com músicos e intérpretes do Congo, Israel, Irlanda, África do Sul, Estados Unidos, Índia que cantam de forma uníssona, comunicando a urgência de uma ética que favoreça o direito a existência dos povos que sofrem o genocídio institucionalizado.
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Como disse John Lennon em Imagine(1971): “Você pode dizer que sou um sonhador, mas não sou o único. Tenho a esperança de que um dia você se juntará a nós e o mundo será como um só... Imagine todas as pessoas compartilhando todo o mundo.”
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Apesar da mediocridade que tende a reger as sociedades contemporâneas, o sonho continua nas canções que incentivam uma ética do futuro baseada na paz e no direito coletivo dos povos.
A seguir vídeos que ilustram as "canções que rompem fronteiras"

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