Por Narcimária C. P. Luz
Algumas questões que vêm afligindo as
sociedades contemporâneas submetidas as relações de prolongação neocolonial que
geram violências de toda ordem: guerras, fome, perdas territoriais, destruição
da natureza, pobreza crônica, mortalidade infantil, institucionalização de
políticas genocidas, e a desigualdade social que mapeia o planeta.
Contemporaneamente, distintas
comunalidades tradicionais de vários países têm tomado para si, a iniciativa de
aplacar as angústias que têm comprometido o direito à existência das suas
crianças e jovens, gerações que representam o futuro dos povos. Mas não é fácil erguer espaços
institucionais que assumam tais condutas políticas, porque essas iniciativas
têm que lidar, frequentemente, com a falta de recursos e incentivos de toda
sorte.
Aqui, cabe mencionar os artigos 19 e 20
da Carta Africana de 1976, elaborada em Argel, no âmbito de um Congresso
voltado para aprofundar questões sobre o direito dos povos: “Todos os povos são
iguais; eles devem gozar do mesmo respeito e ter os mesmos direitos. Nada
justifica a dominação de um povo sobre outro; Todos os povos têm direito ‘a
existência”
No documento que trata do “Novo
Contrato entre Cultura e Sociedade”, apresentado no IIº Congresso Internacional
Cultura e Desenvolvimento, realizado em Havana, em junho de 2001, a UNESCO afirma que “o desenvolvimento supõe a capacidade de cada
povo para informar-se, aprender e comunicar suas experiências um número cada vez maior de mulheres e
homens deseja um mundo melhor, perseguindo não apenas a satisfação das
necessidades fundamentais, mas a possibilidade de convivência solidária com
todos os povos. Seu objetivo não é a produção, a ganância, o consumo, mas a
plena realização individual, coletiva e a preservação da natureza”
Foto disponível na internet
Assim, não ter como passar incólume face
a experiência de assistir os vídeos de músicas do Playing for Change (Tocando para a mudança).
Gratificante!
O Playing for Change Foundation é um
movimento criado em 2002, através de um projeto multimídia que se alimenta da
música, como um canal poderoso de diálogos em prol da paz e o respeito entre as
nações.
Foto disponível na internet
As músicas selecionadas e a capacidade
de reunir excelentes músicos de distintas civilizações, imprimem nas canções,
interpretações primorosas que emocionam e comunicam mensagens de paz, amor,
solidariedade, respeito e dignidade. Para
isso, são consideradas as histórias e as dinâmicas territoriais que caracterizam o viver cotidiano das
populações da África, Américas, Caribe, Oceania, Ásia e Europa.
Foto disponível na internet
A estrutura, forma e conteúdo do
projeto multimídia Playing for Change, apela para uma estética original
convidando-nos a lidar com músicas que envolvem as simbologias características
do imaginário de distintos povos.
Impressiona também, o encontro entre gerações de músicos de vários
países, cantando valores que comunicam de forma admirável a transcendência do
viver. É possível sentir o afeto e criatividade que envolvem todos os vídeos,
através das vozes daqueles/as que assumem as interpretação das canções que
constituem a identidade profunda de muitas sociedades. A música “La Tierra Del Olvido”
(2015) por exemplo, é uma bela ilustração da cultura do povo colombiano
contando com a participação de palenques, extensão do contínuo africano nas
Américas.
"La Tierra Del Olvido"
Foto disponível na internet
Outras interpretações excepcionais recriadas
a partir dos valores de comunidades tradicionais, e constituem convites
valiosos que nos levam a viajar no tempo: “Guantanamera” (1963) e “Pata Pata” (1967).
Essas são canções que lembram uma época marcada pela atmosfera de
transformações políticas e socioculturais fundamentais nos anos 1960.
Canção Guantanamera
Foto disponível na internet
Miriam Makeba em "Pata Pata"
Foto disponível na Internet
Foto disponível na internet
Como disse John Lennon em
Imagine(1971): “Você pode dizer que sou um sonhador, mas não sou o único. Tenho
a esperança de que um dia você se juntará a nós e o mundo será como um só...
Imagine todas as pessoas compartilhando todo o mundo.”
Foto disponível na internet
Apesar da mediocridade que tende a
reger as sociedades contemporâneas, o sonho continua nas canções que incentivam
uma ética do futuro baseada na paz e no direito coletivo dos povos.A seguir vídeos que ilustram as "canções que rompem fronteiras"
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