Indubitavelmente, o currículo do Obá de Xangô do Ilê Axé Opô Afonjá,
Muniz Sodré, o credencia a ocupar uma das cadeiras da Academia de Letras da
Bahia (ALB), da Academia Brasileira de Letras ou de outras academias, que assim
desejem. Professor universitário, jornalista, sociólogo, tradutor, escritor,
pesquisador, candomblecista o baiano da cidade de São Gonçalo dos Campos é o
mais novo imortal da ALB. Eleito no dia de Santo Antônio, 13 de junho deste
ano, o também filho de Xangô irá ocupar a cadeira de número 33, sucedendo a
escritora Mãe Stela de Oxóssi, sua Mãe de Santo.
O ex-presidente da Fundação Biblioteca Nacional possui graduação em
Direito pela Universidade Federal da Bahia (1964), mestrado em Sociologia da
Informação e Comunicação – Université de Paris IV (Paris-Sorbonne) (1967) e
doutorado em Letras (Ciência da Literatura) pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (1978), além de ser Livre-Docente em Comunicação pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Como se não bastasse os diversos títulos
acadêmicos, o Obá Muniz Sodré, portanto ministro de Xangô, é leitura
obrigatória em discussões sobre afro-brasilidades e comunicação, por exemplo.
Muniz Sodré, Marco Aurélio Luz e Jaime Sodré .
Imagem : acervo M. A. Luz
Sodré, que em 2015 participou pela segunda vez do Simpósio Internacional
de Baianidade (SINBAIANIDADE), na oportunidade ao lado de Marco Aurélio Luz
(UFBA), Jaime Sodré e Raimundo Sodré, é autor de dezenas de livros e artigos
científicos, também possui produção literária com romances e contos,
notabilizando-se cientista e artista da palavra. Ainda entre as diversas
expertises de nosso mais novo escolhido da ALB, deve-se lembrar seu domínio de
idiomas como o alemão, inglês, espanhol, francês, italiano, russo e iorubá.
Declinar, aqui, todo o currículo do Pai Muniz Sodré, como é chamado pela
comunidade Afonjá, ocuparia boa parte de todo nosso prestigiado jornal.
Certamente, tão importante quanto reafirmar as credenciais de um dos
comendadores do SINBAIANIDADE, é festejar a escolha e parabenizar a ALB por
entender a necessidade da permanência da energia de Xangô Afonjá entre seus
membros. Xangô, como anunciado por Édison Carneiro, é o patrono dos
intelectuais, exercendo patronato em todos os territórios do saber. Toda a
comunidade negra brasileira festeja o reconhecimento a Muniz Sodré. Todas e
todos que entendem o valor dos trabalhos intelectual e artístico festejam a
escolha do, agora, duplamente imortal. Primeiro imortal por ser um ministro do
Rei Xangô, em seguida conduzido por Xangô à imortalidade da ALB. É bem
provável, que acima dos presentes na posse de Muniz Sodré, os orixás e a
ancestralidade ocupem as cadeiras para verem um dos seus sendo condecorado.
Batas e anáguas estarão sobre nossas cabeças!
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Gildeci de Oliveira Leite
Escritor, professor da UNEB, sócio do Instituto Geográfico e Histórico
da Bahia
Artigo publicado em 07.07.2019 no A Tarde
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