quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Blog do Acra Entrevista: Rosângela Accioly Lins Correia


Blog do Acra Entrevista: Rosângela Accioly Lins Correia, autora do projeto "Nro Ojù Onà: : Pensando Caminhos"

em 11.08.09, por Paula Cristina Grejianin

Paula Grejianin: Rosângela, o que é o Projeto "Nro ojù Onà: Pensando Caminhos"?


Rosângela Accioly: O projeto Nró Ojú Onà: pensando caminhos de minha autoria surge das pesquisas epistemológicas do projeto Dayó: Compartilhando a Alegria Socioexistencial em Comunalidades Africano-Brasileiras, que busca aprofundar as questões históricas, culturais e sociais do bairro de Itapuã interligando-as a sua arkhé, de autoria da professora Doutora Narcimária Correia do Patrocínio Luz coordenadora do PRODESE/CNPq/UNEB Programa Descolonização e Educação vinculado a Universidade do Estado da Bahia e ao Departamento de Educação do Campus I.


As proposições metodológicas que estão presentes no projeto foram elaboradas por meio de minha participação na monitoria de extensão da Universidade do Estado da Bahia junto ao ACRA Associação Crianças Raízes do Abaeté, dando origem às atividades teórico-metodológicas que partiram da pesquisa acerca desta territorialidade realizadas pelo Dayó. O projeto procura manter viva a presença do continuum civilizatório africano-brasileiro e dos Tupinambás, base desta territorialidade em atividades pedagógicas como: Capoeira, Dança Afro-Brasileira, Grafitagem, Inglês, Narrativas Míticas Milenares, Preservação da História Oral Africana e Africano-Brasileira, Ithans, Orquestra de Ritmos e Sons, dentre outros.


P.G.: Qual o objetivo deste projeto?


R.A.: O objetivo do projeto é trabalhar proposições pedagógicas fundamentalmente imbricadas com as pesquisas da arkhé do bairro de Itapuã refletindo acerca de suas origens, que estão alicerçadas sobre o legado do povo Tupinambá e da presença africano-brasileira fazendo nossos jovens se perceberem presentes neste patrimônio e nas ações pedagógicas mantidas pelo trabalho desenvolvido na Associação Crianças Raízes do Abaeté. Pois é a geração sucessora de Nzinga* que efetivamente é herdeira desta herança e nela buscamos desenvolver este trabalho que acolhe muita riqueza e diversidade.


P.G: Quais os impactos esperados?


R.A.: O projeto repensa a exclusão do patrimônio histórico e cultural das heranças africana e dos povos inaugurais no currículo das escolas brasileiras em séculos de escolarização, por esta razão buscamos propor ações baseadas na lei 11.645/08 resultado das lutas das comunalidades e dos Movimentos Negros no Brasil que foi sancionada pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva que diz: “Art.26- Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da áfrica e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileira.”


Os nossos impactos já estão sendo sentidos em atuações como: preparação dos professores para atuarem com a diversidade étnica e cultural existente em nossas territorialidades, apresentações acadêmicas que nos respaldam teoricamente e oportuniza o comunicado deste trabalho para outros educadores a exemplo do CONFELE-IV CONFERENCE INTERNATIONAL ON EDUCATION, LABOR AND EMANCIPATION que ocorreu no período de 16 a 19 de junho no Hotel Tropical, Salvador, Bahia (Brasil). O objetivo da CONFELE é divulgar as iniciativas na área de Educação que valorizam e afirmam a diversidade cultural como canal importante para a “equidade, potencialiazação das ações sociais”. Também a construção de blog e site do ACRA, publicações, coletânea de imagens das dinâmicas territoriais e comunalidades presente em Itapuã, realização de evento local que acolhe os resultados das elaborações pedagógicas na ONG pertinentes ao trabalho desenvolvido em 2009 dentro do projeto Nro Ojú Ònà: pensando caminhos, intercâmbios com o grupo Capoeira Oxford na Inglaterra, e continuidade das relações institucionais estabelecidas pelo PRODESE no âmbito acadêmico-científico.


Nossa equipe pedagógica é composta pelo gestor da Associação Crianças Raízes do Abaeté, o professor Narciso José do Patrocínio que acolheu o projeto de maneira singular na ONG, a professora Doutora Narcimária Correia do Patrocíno Luz coordenadora do PRODESE Programa Descolonização e Educação que tem como principal objetivo, dentro deste contexto excludente na história da Educação no Brasil o de acolher o repertório de valores e linguagens do continuum civilizatório africano, africano-brasileiro e dos povos inaugurais no cotidiano do currículo das escolas brasileiras. Além do grupo de capoeira Oxford Inglaterra que juntamente com o idealizador da ONG, o Sr. José Luis Correia do Patrocínio Contra-Mestre de Capoeira apóia o desenvolvimento das condições infra-estruturais da instituição. Também do aporte teórico da mestranda Jackeline do Amor Divino, e das graduandas concluintes do curso de pedagoga pela Universidade do Estado da Bahia e pesquisadoras do PRODESE Rosângela Accioly Lins Correia, Daniela Cidreira, Paula Cristina Grejianin, e o corpo docente da Associação Crianças Raízes do Abaeté professor Rupi - Capoeira; Sidney Argolo - Orquestra de Ritmos e Sons; Abílio Mendonça - Inglês; Tarcio Vasconcelos - Grafitagem e Eliana Santos - Dança Afro-Brasileira.


*Nzinga é Rainha entre 1624 e1663 do povo Ginga de Matamba e Angola, nascida em Cabassa, interior de Matamba.


Um comentário:

  1. valeu,negona parabeniso voce por esse desafio que é reesignificar nossa história. bjsssssssss

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