sábado, 24 de abril de 2010

MULHERES FAÇAM COISAS BOAS! HÁ SEMPRE TEMPO PARA FAZÊ-LAS.

Apresentamos Marina Souza Damasceno, moradora de Itapuã desde os anos 1980 e que participou de algumas iniciativas da ACRA voltadas para mulheres no bairro. Aqui Marina nos conta um pouco da sua história de vida e a importância da ACRA em Itapuã. .


ACRA-Fale um pouco da sua história
MARINA -Comecei a trabalhar desde aos 12 anos de idade.Meu primeiro emprego com carteira assinada, foi como caixa em uma fábrica de biscoito chamada Sempre Viva. Depois embalei biscoito,trabalhei em uma sorveteria, fui caixa de supermercado, operadora de caixa nos grandes supermercados.Naquele tempo não se exigia escolaridade, ai eu parei de trabalhar.Fui trabalhar para mim mesma em uma barraca de praia, e essa experiência não foi muito boa. Depois de 35 anos voltei a estudar porque durante toda essa minha vida profissional eu só tinha o ginásio incompleto. Pensei: vou cuidar da minha saúde, de mim, da minha vida, eu já estava quase me aposentando, eu precisava viver,ter saúde, e resolvi então voltar para a escola.

ACRA-Como descobriu a ACRA?
MARINA- Fazia minhas caminhadas no Abaeté.Nas caminhadas descobri que existia um projeto aqui no Abaeté, as pessoas falavam e me interessei em conhecer. Conheci, gostei do projeto, das coisas que acontecia. Aqui tive atividades de swing, curso de manicure e de Inglês. Na época, quase o curso de Inglês não acontecia, ai eu convidei as meninas e falei: vamos fazer com que esse curso aconteça. Como pode um curso desse de graça para a comunidade e não acontecer ter por falta de alunos! Não pode! Então reuni as meninas e entramos, foi um curso muito bom e tirei o diploma. O curso foi um sucesso e muitas colegas são profissionais hoje. O curso de Inglês foi muito importante. Me senti chique! Conheci uma professora que veio visitar o projeto, ela veio da Califórnia. A professora Dara, ela gostou tanto que veio dar aula aqui na ACRA nas férias dela, e assim nos tornamos grandes amigas. O professor de swing também foi muito importante na minha vida, ele estava voltando a estudar também e me incentivou. Depois de 35 anos eu voltei à escola, fiz de 5ª a 8ª série no CPA, foi um sucesso para mim porque eu passei com notas maravilhosas.Essa experiência me fez incentivar muita gente da minha faixa etária,e vi muita gente voltar para a escola. Hoje estudo no Rotary, aqui em Itapuã, fazendo o último ano do 2° grau.

ACRA-Quais os seus planos futuros?
MARINA- Se a saúde permitir vou fazer o ENEM e ir mais na frente, vestibular para Assistente Social – para dar assistência ao meu povo, ajudar as pessoas.

ACRA-O que para a senhora representa a ACRA na comunidade
MARINA -Eu acho a ACRA muito importante, foi muito proveitoso para todos.Sempre fui muito participativa aqui, incentivando, trazendo pessoas para cá, quem quis alguma coisa aqui cresceu. Eu gosto muito de conhecer pessoas e aqui, eu conheci muitas, até de outros países, pessoas diferentes, cursos... O fato dos cursos também serem gratuitos também incentivou muito.Agora vou entrar no curso de Informática da ACRA. Uma coisa que eu queria, que eu sonhava era fazer o curso de Informática e também de ganhar um computador, mesmo usado. A tecnologia evolui muito. Eu com quase 60 anos quero me modernizar e preciso de um computador (coloca ai no blog para ver se ganho um de presente risos).
ACRA-Qual a mensagem que a senhora passaria para as mulheres

MARINA- Eu andei lendo e fiz um discurso para as mulheres na Casa da Música, no dia do SARAU nos apresentamos sem ensaio. Eu estava linda, não sou nenhuma artista, sou uma dona de casa com problemas de saúde e consegui fazer a coisa acontecer, nós estávamos lindas, eu estava tremendo (Roberto Carlos diz que treme até hoje risos), tudo está bom, tudo vai dar certo, não me estresso com pouca coisa. Um exemplo recente é Maria da Penha – mãe, mulher e esposa. Eu quero dizer às mulheres que façam o que gostam, nunca é tarde. Mulheres façam coisas boas que há sempre tempo para fazê-las. Eu sou um exemplo disso. A mulher merece respeito, tem muita coisa errada, precisamos ter os nossos direitos respeitados e eu estou correndo atrás disso.

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