domingo, 26 de setembro de 2010

ENCONTRO REGIONAL DE FORMAÇÃO PRÊMIO ITAÚ-UNICEF

Selo conquistado pela ACRA em 2009
A ACRA participou nos dias 14 e 15 de setembro do Encontro Regional de Formação promovido pela Fundação Itaú Social e UNICEF,que teve como meta “... refletir e fortalecer o debate sobre Educação Integral como política pública no Brasil.” EM 2009 a ACRA através do "Dayó: afirmando a alegria socioexistencial em comunalidades africano-brasileiras" foi indicada como semifinalista entre os vinte melhores projetos no Brasil da 8ª Edição do Prêmio ITAÚ UNICEF no conjunto de 1.917 projetos inscritos. “O Prêmio Itaú-Unicef visa reconhecer e estimular projetos de organizações sem fins lucrativos que desenvolvam ações socioeducativas, contribuindo, em articulação com a escola pública, para a educação integral de crianças e adolescentes.” Salientamos que a ACRA é um dos Pontos de Cultura reconhecidos pelo MINC-Ministério da Cultura e tem parceria com a Fundação Cultural Gregório de Matos.
A equipe de educadores/as da ACRA foi representada no Encontro de formação da Fundação Itaú Social e UNICEF pelas professoras Rosângela Accioly Lins Correia e Caroline Nepomuceno.A seguir alguns aspectos destacados pelas professoras sobre o Encontro e encaminhadas para o blog com exclusividade.


Da esquerda para direita Rosângela Accioly Correia e Caroline Nepomuceno

O Encontro Regional de Formação organizado pela Fundação Itaú Social e UNICEF uniu estados do norte e nordeste com objetivo de disponibilizar espaços para a integração entre as diversas instituições não governamentais que concorrem ao Prêmio Itaú-Unicef. Foi uma oportunidade ímpar pois nos possibilitou estar em contato com as diferentes iniciativas,as dificuldades e desafios comuns , comparando com as políticas que estão sendo criadas em prol dessas ONG'S. O encontro de formação costuma ocorrer nos anos pares e as premiações no anos impares, assim o encontro deste ano surge com o objetivo de: visibilizar e sensibilizar a integração das ONGs com as escolas, a comunidade, valorizando essas parcerias e fortalecendo as práticas existente nas comunidades; introduzir condições para a implantação de políticas públicas mais eficazes através de redes de saberes e experiências.

Discutindo aspectos da Educação Integral

O tema central a ser discutido foi a Educação Integral,e Salvador foi escolhida para sede deste encontro por se tratar do berço da Educação Integral, com as idéias difundidas pelo educador Anisio Teixeira, que pensava numa educação voltada não só para a preparação escolar e conteudista, mas também para a formação do homem como ser integral necessitado de valores, técnicas, conteúdos, procedimentos e atitudes mais flexivéis e críticas. O Encontro teve como pontos de reflexão aspectos como:gestão,projeto socioeducativo,articulação,planejamento e avaliação. Todas as ong's presentes falaram sobre suas maiores potencialidades e maiores dificuldades, assim, foi possível conhecer o trabalho desenvolvido por cada organização participante, suas dificuldades e compartilhar com elas dúvidas e conhecimentos.O Encontro contou com a participação da Ong Sofia, Centro de Estudos(Subúrbio de Salvador);Casa do Sol Padre Luís Lintner(Cajazeiras).

Da esquerda para a direita representantes: GACC(BA), Canto das Artes(TO) e ACRA(BA).
Foi muito proveitoso pois nos mostrou outras perspectivas de trabalho e inicitiavas, nos propiciou pensar sobre a autosustentabilidade da ACRA e sobre como é bom compartilhar experiências. Esperamos nos reencontrar em espaços similares para fortalecer os laços formados.

Professoras Rosângela e Caroline apresentando no encontro contribuições baseadas no cotidiano da ACRA

AMADEU ALVES ”NADA ESTANCA ITAPUÃ, AINDA SOMOS FELIZES!!!”

Amadeu Alves no Show Trilhas Músicais

O cantor e compositor Amadeu Alves Ribeiro Filho,concedeu ao blog da ACRA uma entrevista onde vai nos apresentando histórias,paisagens,personalidades,sabores, valores,referências e memórias do bairro de Itapuã.Faz também reflexões importantes sobre a saturação urbana que tenta “calar” Itapuã e toda a poesia que dela transborda, influenciando o seu trabalho como músico e compositor inspirado nesse lugar tão precioso que faz parte da história da Bahia. Amadeu Alves Ribeiro Filho, é Coordenador da Casa da Música localizada no Parque Metropolitano do Abaeté,espaço onde vem desenvolvendo com o seu talento e sensibilidade artística momentos singulares envolvendo saraus,teatro,exposições,palestra,etc. Acompanhem esse bate papo proporcionado pelas professoras Caroline Nepomuceno e Naiára Bittencourt,ambas da equipe PRODESE/DAYÓ/ACRA.

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ACRA-Há quanto tempo o senhor mora no Bairro de Itapuã?
AMADEU-Moro no bairro há 43 anos. Desde que nasci no dia 31 de maio de 1967.
ACRA-Conte-nos um pouco da sua infância e juventude em Itapuã. Mantém contato com algum dos amigos (as) desse tempo?
AMADEU-Bom, eu nasci num lugar de natureza exuberante, num tempo que me permitiu desfrutar intensamente do ambiente que vivi. Meus sentidos foram regados, alimentados pelos sons, pelas cores e imagens, pelos cheiros e aromas, pelos sabores, pelas sensações e pela aura desse lugar tão especial. Um grau de liberdade que nós, crianças desse tempo tínhamos num vasto território repleto de dunas, lagoas, rios, praia, e bastante área verde. Eu nasci no último dia do mês de maio e já vivi meus primeiros dias de vida em pleno mês de junho, já captando os fluidos dos festejos, da devoção, do clima junino, das rezas, das fogueiras, fogos, e assim vim vivendo, experimentando as descobertas, vendo as manifestações culturais tão ricas naquela época. Tenho contato sim com vários amigos desse tempo.
ACRA-Que lembranças tem do bairro nos anos 1970 e 1980? E o que mudou hoje em Itapuã?
AMADEU-A década de 1970 foi muito marcante, com piqueniques na Lagoa de Dois-Dois, o
Abaeté, o Morro do Vigia, as caminhadas maravilhosas nas trilhas, por onde hoje é o Bairro da Paz, Alto do Coqueirinho, Km 17...
... Até Mussurunga ainda não existia, era só verde, mato, pés de manga, coco, caju, mangaba, cambuí, araçá. As festas de largo, o sambão da galera, onde participava dando meus primeiros toques em instrumentos de percussão. Via a banda marcial do Colégio Lomanto Júnior, que me encantava principalmente com o som da caixa/tarol. Assim também era quando vinham os trios elétricos, o parque de diversões, o trio paralítico de Seu Menezes, os ternos de reis, a chegança, os bailes pastoris. Tudo isso na minha infância. As puxadas de rede, a relação com o mar, os babas na praia, no Campo da Ilha, no Campinho e no Beira Rio. Os carurus de sete meninos... é muita coisa, muitas lembranças.
A década de 1980 veio com novas experiências. O início da carreira musical, ainda aos 13 anos de idade. Novas amizades, a chegada da adolescência, as namoradas. Foi uma década de grandes transformações no bairro. O desenvolvimento urbano chegou mais acelerado. As dunas se foram nas caçambas e se transformaram em prédios, o Abaeté virou uma favela, os ônibus da VIBEMSA (Viação Beira Mar) passavam superlotados, a cultura dava sinais de mudanças radicais. As relações foram se transformando e quando vimos já nos encontrávamos em outro momento.
ACRA-Com relação a sua história no espaço escolar, estudou em alguma escola de Itapuã? Fale-nos um pouco sobre as boas lembranças desde local?
AMADEU
-Sim, estudei primeiro na Escola Moderna de Itapuã (hoje Calazans Neto), com a professora Olga, que ficava na Rua do Gravatá e depois foi pro Alto da Cacimba. Na seqüência, fui para a Escola Geny Gomes fazer a terceira série, depois a quarta série no Rotary, depois o ginásio no Educandário Itapuã. Da Escola Moderna lembro-me do parquinho, das professoras, e que eu fiz a primeira e segunda série no mesmo ano, em 1974. Da Geny, lembro do caminho para ir para a escola, passando pelo Largo do Jenipapeiro. Foi quando eu comecei a ir sozinho pra escola. Do Rotary, eu lembro que a merenda escolar, muitas vezes era uma salada de bacalhau, Nescau. Era uma beleza. Também o caminho para a escola era muito interessante. Nesse tempo as dunas chegavam até a Av. Otávio Mangabeira (hoje Dorival Caymmi), até a frente da minha casa, onde moro até hoje. Então, eu atravessava a rua, subia a duna, entre os cajueiros, mangabeiras, chegava na Rua Guararapes (esta rua que hoje leva o nome de meu pai), e ia até o Rotary. Aí passei para o Educandário Itapuã, de Dona Terezinha. Fiz todo meu ginásio. Gostei muito também de estudar lá. Os colegas, uma turma muito legal. As professoras (Yoná, Evanise, Odaísa, Áurea). A kombi do transporte escolar eu não usava, que a própria Dona Terezinha dirigia. Depois do Educandário, fui para o Colégio Águia, que já era na Praça da Piedade, fora de Itapuã.
ACRA-Sabemos que seu pai Amadeu Alves foi professor em Itapuã. Qual é a maior recordação que tem dele?
AMADEU
-Eu convivi até os meus seis anos, quando ele faleceu. Além de professor, ele foi vice-diretor do Colégio Lomanto Júnior, com o Professor Narciso como diretor. Encontro até hoje pessoas que foram alunas dele. Era uma pessoa de grande erudição. Lembro quando ele voltava do Lomanto, naquela época, as noites eram mais silenciosas, então nós ouvíamos de longe o som do DKV, o carro dele, e isso era uma alegria muito intensa, quando ele retornava para casa à noite.
ACRA-Compreendemos que a tradição oral transmitida pelos mais velhos (as) é para povos, sobretudo, de matriz africana, um forte de sua cultura. Baseado nisso o que você aprendeu com os moradores mais velhos (as) de Itapuã, tendo em vista que grande parte desses moradores e de toda Salvador, são descendentes desses povos e que de alguma forma carregam essa tradição?
Os anciãos guardam tesouros. Se todos bem soubéssemos, cada vez mais valorizaríamos e nos aproximaríamos desses detentores de tesouros. É a memória, a experiência rica de vida, que podemos captar através da convivência, de diálogos. Acho que bebi um tanto nessa fonte, o que me estimulou a trabalhar mais pela preservação desse bem que é a história de nosso povo.
ACRA-Quais são os lugares que considera especiais em Itapuã?Por quê?
AMADEU
-As duas pontas, do Farol e de Piatã, nos dão uma amplitude de horizonte que é especial. As pedras de Itapuã, principalmente a Ponta de Pedra que termina com a grande Pedra que Ronca, que especialidade!!! Quem já foi ver a lua nascer de lá, ou o pôr-do-sol, sabe quanto especial é. Ou então, sair de caiaque, remando até perto da pedra. É isso, são os lugares associados aos eventos que acontecem neles, principalmente os eventos naturais. A Lagoa do Abaeté com a lua prateando suas águas. E das fontes que existiam em Itapuã, uma ainda sobrevive em meio a tanta urbanidade. Ela fica no quintal da minha casa, e da origem a um rio que batizei de Pequenino.
ACRA-Como aconteceu sua aproximação com a música e de que forma surge o bairro de Itapuã como inspiração para as suas composições?
AMADEU-Costumo dizer que comecei a tocar com o cordão umbilical, na barriga de minha mãe. Minha infância, como já falei, foi regada pela sonoridade que permeava todo o ambiente que vivi. Agora, a partir dos meus sete anos de idade, comecei a tocar violão, aprendendo os primeiros acordes com meus irmãos. Daí foi um passo para formar um grupo musical, o SPASOM, na seqüência um outro de nome SUPORTE, que me colocou em contato com o palco e o público, ainda na infância. Itapuã sempre foi e continua sendo minha referência de identidade. Está na minha constituição afetiva, psicológica. É uma grande força para minha criatividade, que dá significado a minha trajetória artística.
ACRA-Em sua opinião, o que falta para melhorar a vida dos moradores de Itapuã?
AMADEU-Compreensão, boa vontade, conhecimento do que realmente pode fazer diferença para uma sociedade. É o que venho procurando para fazer minha parte dentro do processo coletivo. Menos competição e mais cooperação.
ACRA-Qual é a visão que possui sobre os jovens de hoje? Tem alguma expectativa sobre as ações (positivas ou negativas) que podem ser perpetuadas por eles?
AMADEU-É uma grande massa que está atuando nas escolas, nos lares, nas ruas, que tem um amplo acesso a uma gama de informações, e que acredito com códigos muito embaralhados. Precisam de boas referências para ajudar na organização desses códigos num sentido positivo. Procuro ter menos expectativas e mais atitude para auxiliar nesse processo.
ACRA-Existe algum aspecto ou curiosidade sobre Itapuã ou sobre a Lagoa do Abaeté que queria nos contar?
AMADEU-Vejo Itapuã, essa grande colcha de retalhos precisando ser revista. A Itapuã do NATIVO, hoje é também, a Itapuã de todo um povo que migrou de suas terras de origem e construiu já, uma história de vida, seja como morador de favela, que trabalha como ambulante na Dorival Caymmi, que vende queijinho na praia, que é comerciário, ou os que vieram como “mão-de-obra qualificada” para trabalhar no pólo, e tantos e tantos outros que já se enraizaram nesse território de identidade. Sobre a lagoa, é sentir a sua força, seu poder, mesmo depois de tantos maus tratos, resistindo e encantando.
ACRA-Como a Casa da Música entra na sua vida e que perspectivas de linguagens você estabeleceu na instituição?
AMADEU-Além de ser nativo, venho há um tempo trabalhando junto a outros moradores do bairro pela revitalização de Itapuã. Acompanhei ainda bem jovem a luta pela preservação do Abaeté, onde meus irmãos (Ailton e Carlos Ribeiro) tiveram uma participação importante como biólogo e jornalista, respectivamente, a AMI (Associação de Moradores de Itapuã), que funcionou durante dois anos na casa de Carlos, que era um dos dirigentes e jornalista responsável pelo Jornal de Itapuã. Fundei em 1997, também junto a outros moradores o GRITA (Grupo de Revitalização de Itapuã). Convivi de perto com Dona Francisquinha e Dona Helena, além de outras senhoras, membros do Grupo Mantendo a Tradição (o que reporta a uma pergunta anterior, pois elas me ensinaram muito). Sou fundador da Agenda 21 Itapuã, da qual fui gestor geral por quatro anos. Tive a felicidade de idealizar o Grupo Cultural As Ganhadeiras de Itapuã, do qual sou um dos fundadores e músico. Então a Casa da Música chegou naturalmente, como fruto desta caminhada. É o meu trabalho, o teto que passou a ser o teto para muitos músicos e outros artistas que encontram um espaço com uma equipe determinada a servir. Uma instituição mantida pela Fundação Cultural do Estado da Bahia, que hoje trabalha mais perto da linguagem e do contexto do povo que a rodeia e que procura manter uma relação de respeito com os turistas que a visitam. É uma perspectiva de diálogo constante com a diversidade. Com a tradição e a inovação.
ACRA-Para finalizar a nossa entrevista que mensagem você gostaria de registrar para os educadores/as e visitantes do blog ACRA sobre Itapuã e a riqueza cultural que o bairro possui?
AMADEU-Das aldeias dos índios que habitaram este lugar, passando pela vila de pescadores que foi, Itapuã guarda seus encantos, não só nas lembranças de um lugar paradisíaco, que recebia pessoas que desejavam sentir a felicidade de vivê-la. Quando cantar Itapuã em versos e prosa, era simplesmente dizer o que estava sentindo. Mas também no dia-a-dia de um lugar, onde o caos do progresso desordenado parece ter vencido a poesia. Perceber esses encantos requer uma atenção especial às pessoas nativas e agregadas que conhecem muito da história do bairro e que aos pouco estão partindo com todo esse conhecimento. E as pessoas novas que estão chegando com todo gás da juventude, e que são os principais sujeitos da construção de novas relações.
NADA ESTANCA ITAPUÃ, AINDA SOMOS FELIZES!!!
Para conhecer mais sobre o trabalho de Amadeu Alves Ribeiro Filho os contatos:
(71) 9911-8010 / 3116-1512
alves.amadeu@gmail.com
www.myspace.com/amadeualves
casadamusicabahia.wordpress.com

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

“STAND BY ME” E A Duplicidade da Internet


Por Marco Aurélio Luz

O mundo dos computadores aponta para o endeusamento da ciência desdobrada em técnica gerando o drama da escravização do homem à máquina. Tudo por dinheiro...
Todavia como ocorre com todo ser existente, mesmo o mundo dos computadores, ele traz em si sua própria contradição que aponta para direção oposta isto é, a do ser humano livre, livre da subjugação do manto de aço e do silício.
É o caso de uma bacia semântica, de um mundo de mensagens que se encaminham romanticamente para outras paisagens resultantes do “espírito do tempo”. Conforme Maffesoli ele se caracteriza pelo movimento pendular que ora oscila de um lado pela predominância do conhecimento associado à técnica representado pelo mito de Prometeu que se apoderou do fogo controlado por Zeus e foi castigado por isso, e ora de outro lado pelo conhecimento sobredeterminado pelo sentimento, emoção e arte representado pelo mito de Dionísio que se caracteriza pelo respeito e adoração aos mistérios de fertilidade da mãe terra unindo as diversidades dos componentes da cidade e do campo em seus festivais reunindo a Polis em procissões pelas dimensões do real imaginário, “in vino veritas”.
Na atmosfera pós - moderna no âmbito da indústria cultural emerge a pujante presença do que denominamos no ocidente de cultura negra especialmente da música e da dança afro- americana.
A origem dessa presença é o blues que sem ter essa intencionalidade alimentou e alimenta a criação de vários gêneros musicais dele desdobrados, encantando e proporcionando a projeção de sem números de artistas.
Aqui vamos prestar homenagem a Ben E. King um dos grandes compositores e intérpretes de nossa época autor da famosa música Stand By Me, (Fique ao meu lado) que dá nome também a uma fundação de fortalecimento comunitário, uma ação do próprio Ben.



segunda-feira, 13 de setembro de 2010

ESPAÇOS DE ENCONTRO: CORPOREIDADE E CONHECIMENTO


Itamar Silva


Apresentamos uma entrevista interessante com o jornalista Itamar Silva importante liderança na comunidade do Morro Santa Marta no Rio de Janeiro. Essa entrevista foi concedida ao Programa Salto para o Futuro em 27/4/2005 e nos aproxima de modo instigante das questões que afligem a juventude brasileira,a exemplo da perda de esperança de vida,de sonhos,do direito à alteridade...Itamar toca com intensidade nas dores que tendem a arrebatar de forma trágica a existência da nossa juventude e aponta perspectivas importantes para a superação dessa anomia característica das sociedades contemporâneas.Esta e outras entrevistas estão disponíveis no site http://www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/entrevistas.asp?PagAtual=7&buscar=
Vale a pena acompanhá-las.


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Salto – Para começar a entrevista, gostaríamos que você falasse um pouco sobre a relação entre juventude e a vida nas comunidades economicamente desfavorecidas.

Itamar Silva – Na verdade, eu posso falar da experiência que eu tenho no Morro Santa Marta e o trabalho que a gente acompanha durante muitos anos e o que a gente percebe... Primeiro que não é muito diferente o jovem de favela ou de comunidade de outros jovens, adolescentes, que moram fora de favela. Eu acho que essa faixa de idade, ela é igual, independentemente da localidade onde você está vivendo. A questão são as oportunidades. Quais são as oportunidades que esse adolescente tem, morando em uma área popular, seja favela, seja um conjunto, ou as que ele tem fazendo parte de uma classe média, por exemplo, com acesso à cultura, com acesso a equipamentos culturais diversos? Então, acho que é aí que se estabelece uma diferença: o adolescente que está na favela, acho que esse é um momento muito delicado para ele, porque ele deixa de ser criança, mas ele continua agindo, ele continua com aspirações muito infantis e, no entanto, ele é cobrado pela comunidade onde ele está morando e é cobrado também por uma sociedade que acha que pobre deve estar trabalhando muito cedo... Uma maturidade que ele não está preparado para responder. É um momento muito difícil para esse adolescente, porque ele continua com aspirações infantis, ele continua querendo brincar e ele tem o direito de errar, no entanto ele é empurrado pela necessidade da família, pela imposição da sociedade a pensar no trabalho, a já tentar enquadrar-se numa vida adulta para a qual ele não está preparado e a própria sociedade não constrói as condições para absorver esse adolescente que vai se adultizando.
Salto – O senhor poderia comentar sobre a questão da resistência de alguns jovens em participar de projetos sociais?

Itamar Silva – Eu acho essa pergunta interessante porque, na verdade, ela está colocada para quem atua na área social: por que uns e não outros? Inclusive é tema de um livro, do Jailson de Souza, que trabalha na Maré. Esse é o título Por que uns e não outros? E eu acho que tem um quadro, um quadro social em que esses jovens estão colocados, em que há um recorte: a família, as relações diretas e o próprio indivíduo é que reagem de maneira diferente às determinadas situações. Então, é difícil a gente afirmar porque determinado jovem vai para marginalidade e outro jovem não. Outro jovem segue um caminho, eu digo sempre, da subordinação, que diferentemente do que se diz, e aí é minha opinião, de que os jovens de favela estão à beira da marginalidade e que, se não tiver algum projeto social, eles vão ser marginais. Para mim há uma perversidade nessa abordagem, porque é como se todo jovem pobre fosse, em potencial, um marginal e, se não houvesse os projetos sociais, ele estaria engrossando as filas das quadrilhas, dos bandos. E não é verdade isso, por quê? Em minha opinião, infelizmente, a maioria desses jovens acaba se subordinando e aceitando uma situação muito subordinada na sociedade em que a gente vive, eles aceitam os piores empregos, eles aceitam as condições mais subalternas, e isso impede a sua evolução, isso os impede de olhar para a vida e enfrentar isso como um desafio e crescer. Acho que o número de jovens que vai para a marginalidade é pequeno, se a gente comparar com a quantidade de jovens que estão na linha da pobreza e a quantidade de jovens que realmente entram para o mundo da marginalidade. Então, os projetos sociais, é claro que eles têm méritos, eu acho que eles são importantes, eles cumprem um papel numa sociedade como a nossa que, estruturalmente, tem um débito muito grande com a população empobrecida. Os projetos sociais acabam ocupando um pouco esse espaço, tapando buraco, mas eles não resolvem questões estruturais, isso a gente precisa deixar muito claro, porque os coordenadores dos projetos sociais, eles não podem acreditar que ações pontuais, ações isoladas vão dar conta da questão fundamental e estrutural da sociedade brasileira, que é a desigualdade. Esses projetos são importantes como demonstrativos, eles são importantes como projetos-piloto. Eles são importantes, são uma forma de você trazer à tona a potencialidade dessa juventude, desses jovens, dessas crianças. Mas eles têm que estar sempre direcionados para a construção de políticas públicas que sejam capazes de, na realidade, resolver a questão da desigualdade social. Nesse sentido, eu tenho muita tranqüilidade, porque o trabalho que a gente desenvolve no Santa Marta desde 1976 é um trabalho que está voltado para a organização comunitária e olha para o jovem, olha para o adolescente como um ser pleno de direito. O que a gente faz aí não é porque ele está ameaçado de ir para a marginalidade, a gente preenche o tempo dele e oferece algumas oportunidades porque acha que ele tem direito a isso e é um direito que é negado aos mais pobres na nossa sociedade. O que a gente faz é demonstrar que ele tem direito e que ele deve buscar outros espaços, ele deve enfrentar essa realidade e tentar conquistar aquilo que ele não tem até determinado momento. Esta é a nossa atuação no Santa Marta.
Salto – E quais são os desafios colocados para quem atua nos projetos sociais?Itamar Silva – Eu acho muito importante para quem trabalha com jovens em áreas empobrecidas, favelas, conjuntos, primeiro, que não olhe o jovem, o adolescente como o "coitadinho", ou como potencial marginal. É importante olhar pra ele e ver um cidadão. Um cidadão que tem condições e que precisa de oportunidades na sociedade brasileira, primeiro isso, porque o que acontece é que muita gente vai com muita boa vontade para essas áreas, mas acaba que, ao invés de ajudar a promoção desse adolescente, ele acaba achatando a sua condição de cidadão, porque não está olhando para ele como um ser de direito, está olhando para ele como alguém que precisa de uma ajuda, de uma bengala para poder não cair no abismo. Então, acho que a primeira coisa é essa, todo trabalho que enfrenta, e acho importante que quem vai fazer um trabalho social tenha na cabeça que vai encontrar aí cidadãos, vai encontrar aí cidadãos plenos de direito e que precisam alargar a sua base de atuação na sociedade brasileira. Isso é importante. Depois, os espaços, certamente a gente hoje, e eu acho que não é só na favela, a gente precisa de espaços, que acolham de uma forma boa, prazerosa, essa juventude. Porque ela vem com as diferenças dela que são inerentes a qualquer adolescente no mundo. Adolescente é irreverente, adolescente é irresponsável, adolescente é trapalhão, o adolescente às vezes tem uma certa empáfia que é própria da juventude, que eu acho que são elementos importantes, se você olha e lida com isso, entendendo que isso é próprio desse tempo, é próprio dessa faixa etária, você vai poder lidar com isso como um elemento positivo na sua relação com o adolescente e não como elemento que você tem que cortar ou tem que reduzir a capacidade de diálogo que ele está trazendo. Acho que isso é importante, porque geralmente há muito preconceito, se olha para o jovem com muito preconceito. A gente já tem um formato ou um perfil do que se espera ou como deveria ser esse jovem. Tudo o que se diferencia dessa nossa pressuposição acaba entrando como limitador da possibilidade de diálogo. A gente precisa se abrir para isso e entender essa juventude, mesmo a juventude pobre, que não é diferente de outra juventude, a gente precisa parar de fazer essa separação, como se jovens não pobres fossem de um jeito e jovens pobres fossem de outro jeito. Na verdade, isso é um tempo, é um tempo importante na vida de qualquer ser humano.
Salto – Quais são, a seu ver, os fatores de risco que podem afetar a vida dos jovens?

Itamar Silva – Em relação aos fatores de risco é claro que a gente hoje que acompanha, que mora, que está muito próximo dessas áreas populares, favelas ou conjuntos, você percebe que há uma parte desses jovens que hoje entram para o mundo do crime, mas não é hoje, em outros momentos também, o que a gente tem, e é importante que se diga isso, é que o momento que a gente vê é um momento muito especial, talvez seja o momento, na história do mundo, que você tenha o maior número de jovens. Então, a gente vive o que a gente chama de conseqüência, a "onda jovem" que a gente vive, em que o foco são os adolescentes e jovens. E isso pressiona o mercado, um mercado que não tem alternativa pra essa juventude, como não tem para os adultos também. A gente tem uma crise hoje de empregabilidade, uma crise de mercado de trabalho, uma limitação que faz com que essa pressão dessa juventude revele ou apareça como uma questão muito grave. Mas, na verdade, ela é uma conseqüência do desenvolvimento da sociedade. Por outro lado, você tem a questão do tráfico de drogas nas favelas e a gente não pode deixar de tocar nesse ponto, ele está cada vez mais atraindo um número de jovens com menor idade, então você tem gente com 14 e 15 anos e que está vinculado hoje ao tráfico de drogas em algumas áreas. Essa população é que está muito mais afetada, ou já está dentro do risco absoluto, isso é uma questão. Agora, qual é a saída para essa população? A saída não está exatamente na saída individual, na saída particular, eu quero acreditar que o enfrentamento dessa questão ele se dá num campo mais amplo. Ele está em políticas estruturais, a gente tem que mostrar muito claro que se você não tiver uma orientação para políticas estruturais, você não diminui, você não reduz a entrada dessa porta para o mundo da marginalidade, você vai ter cada vez menos gente disponível, mais gente sem alternativa na sociedade, e aí não é alternativa só de trabalho, mas é alternativa cultural, alternativa na escola, uma escola de qualidade, alternativa de possibilidades de uma vida digna. Porque a gente não pode fugir, o jovem está num mundo marcado pelo consumo e a maioria desses jovens não tem condição de responder a essa pressão continuada desse consumo, logo cada um vai buscar suas alternativas. Alguns acham que a alternativa vai ser o mundo do crime, outros acham que vai ser trabalhando e entregando remédio, trabalhando em uma farmácia, outro acha que vai ser sendo artista, cada um tem uma coisa na cabeça, mas na verdade todos eles estão pressionados pelo mesmo mercado, pela mesma pressão do consumo. Então, o que a gente tem que apresentar para ele são alternativas, que mesmo que ele não encontre um trabalho ideal, mas ele pode ir ao cinema, ele pode ir ao teatro, ele pode tomar um sorvete, ele pode morar num lugar decente, mesmo que seja na favela. Uma favela em que o esgoto não esteja a céu aberto, que o rato não entre na sua casa, que a sua casa possa ser de tijolo. A questão não é morar na favela, que qualidade de vida você tem nessas localidades? Qual é a possibilidade que você tem de ser um cidadão, mesmo sendo um cidadão pobre? Essa que é a questão. Não dá para todo mundo ser rico, nem todos vão ser ricos, mas como é que você dá qualidade e dignidade para a vida dos pobres?
Salto – Como as exigências do consumo podem afetar os jovens?

Itamar Silva – Essa questão do consumo é um tema para a gente levar em consideração, porque ele pressiona toda sociedade e a juventude em particular. A juventude é muito mais suscetível a esse tipo de pressão. E aí tanto a juventude pobre, a juventude classe média, quanto a juventude rica. A questão é a escala, um vai estar pressionado para comprar um tênis e aí vai achar que resolve isso fazendo um pequeno roubo, outro, para comprar um carro vai cometer um assalto maior, vai cometer um ato ilícito de outra natureza, o que lhe dê mais dinheiro, mas eu acho que há uma pressão generalizada para esse mundo consumista que a gente está vivendo. Acho que isso nos remete a pensar questões de valores, então hoje lidar com juventude significa resgatar alguns valores e entender quais são os valores novos que a juventude está trazendo. O que ela revela para ela como valor? Porque muitas vezes a gente fica lidando com coisas do passado, por exemplo: você pega a questão família, para a gente é um valor muito forte, mas tem mais a ver com a nossa trajetória, é importante entender como é que a juventude hoje olha para a família, que família ela está trazendo, o que ela está valorizando dessas relações e, muitas vezes a gente está fechado para isso e não consegue entender. Então, para eu pensar em consumo significa também pensar valores, que valores que a gente está trazendo, que valores que essa sociedade coloca como ideais e que novos valores essa juventude está trazendo?

domingo, 12 de setembro de 2010

SEMINÁRIO ÉTICA DA COEXISTÊNCIA : DINÂMICAS TERRITORIAIS E COMUNALIDADE

Foto de Narcimária Luz


De 26 a 28 de setembro de 2001, a equipe PRODESE reuniu na Universidade do Estado da Bahia-UNEB aproximadamente seiscentas pessoas durante três dias,para refletir sobre o tema “ÉTICA DA COEXISTÊNCIA : DINÂMICAS TERRITORIAIS E COMUNALIDADE”.
O público ansiava por um espaço que reunisse debates e reflexões que indicasse perspectivas éticas capazes de promover a coexistência entre os povos, e isso no evento era o que poderíamos chamar de “oxigênio”,pois dias antes tinha ocorrido o atentado assumido pela Al Queda em 11 de setembro nos EUA, e todos os povos do planeta estavam em alerta/perplexos diante do ocorrido inclusive do um mapa semântico geopolítico que os EUA estabeleceu :o “eixo do bem” e o “eixo do mau”.
Nosso Seminário apresentou abordagens que só fizeram ratificar os direitos coletivos dos povos,as linguagens milenares que imantam os modos de sociabilidades dos povos,as políticas de genocídio e abandono institucionalizadas pela dinâmica imperialista de mundo,e como diante desse cenário erguer uma ética do futuro para as gerações que estão por vir. Foi um evento emocionante!
Aqui é importante destacar a mensagem do Professor Marco Aurélio Luz:


Assumir a riqueza da humanidade , que é sua diversidade e multiplicidade de formas de sociabilidade , significa abandonar a ética da subjugação e imposição de uma univocidade de ser procurando esvaziar a identidade do outro. Implica por outro lado, na aceitação da alteridade própria como princípio capaz de engendrar uma ética que proporcione novas formas de negociações dos problemas emergentes em determinados contextos sociais . Esta é para nós a possibilidade real de uma nova ordem nacional e mundial , mais equilibrada e harmônica . E não esqueçamos : para além da diversidade , todo sangue é vermelho.”

Essa mensagem influenciou a estruturação do Seminário Ética da Coexistência e também muitas das elaborações do PRODESE, contribuindo para o aprofundamento das questões no contexto do direito à alteridade civilizatória e Educação.
Insistindo sobre a importância do direito à alteridade civilizatória,máxima para a expansão da vida de todos os povos do planeta, trazemos dois vídeos com a mensagem "Imagine" de Jonh Lenon,visando destacar a urgência de continuarmos atentos e cuidadosos no plantio das sementes que inauguram a ética do futuro. O primeiro vídeo é o próprio Jonh que interpreta.O segundo são (re)criações com várias imagens e com a tradução da música.Escutem com o coração.




terça-feira, 7 de setembro de 2010

APRENDENDO AS NARRATIVAS DA CAPOEIRA COM O BERIMBAU

Já tivemos a oportunidade, de apresentar o Mestre Olavo tocando o berimbau com a maestria exigida pela capoeira dos nossos antepassados.Trazemos essa semana um outro registro importante, para que vocês observem a destreza do Mestre com o berimbau e suas extensões.Aqui, o Mestre Olavo nos brinda com narrativas que atravessam os tempos, nos fazendo lembrar como dizem os poetas Hermínio Belo de Carvalho e Paulinho da Viola"...que a vida não é só isso que se vê é um pouco mais".

Com vocês um dos parceiros mais queridos da nossa ACRA:Mestre Olavo.

domingo, 5 de setembro de 2010

A ARTE TERAPIA NA ACRA

A professora Caroline Nepomuceno com as crianças num momento descontraído nas atividades de arteterapia na ACRA

Por Caroline Nepomuceno da Silva
Professora e Pesquisadora PRODESE/ DAYÓ/ ACRA

A proposta essa semana, é aproximar nossos/as visitantes do mais recente espaço de atividades criados no âmbito da ACRA,nos referimos a arte terapia sob a responsabilidade da Professora Gilane Cássia C. Bispo,também moradora de Itapuã.Aqui destacamos um pouquinho da: concepção sobre arte terapia,a abordagem que vem sendo desenvolvida na ACRA,o público infantil que participa e a importante parceira que temos com uma das escolas do bairro localizada no Abaeté conhecida como "Escola Pimpolho" dirigida pela educadora Haidé Santos.Pretendemos dar continuidade a essa aproximação com o tema na próxima semana, através de uma entrevista que estamos concluindo com a Professora Gilane.Por hora, conheçam alguns aspectos para familiarizarem-se com a arte terapia um canal de linguagem interessante para fortalecermos as identidades das nossos/as alunos/as.
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"A arteterapia é um caminho através do qual cada indíviduo pode encontrar possibilidades de expressão para,através de técnicas e materiais artísticos,processar,elaborar e redimensionar as dificuldades na vida"(Trecho extraído de CIORNAI, S.Percursos em Arteterapia,2004)

Comecemos destacando que nas analises freudianas, as imagens fogem com mais facilidades do supergo e dirigem-se ao inconsciente com mais fluidez do que as palavras, visto isso, o indivíduo possui mais facilidade com a comunicação simbólica e visual do que com a verbal. A arte terapia é uma forma de levar o indivíduo a entrar mais profundamente no seu inconsciente e levar informações ao ambiente externo em forma de pinturas, desenhos, expressando, desta forma, sentimentos, atitudes até então desconhecidos por este e pelos mais próximos.
A arte terapeuta Gilane Cássia Carneiro Bispo, é graduada em Artes Plásticas pela UFBA e especialista em Arte Terapia em Educação, nascida e moradora de Itapuã, traz a arte terapia para o espaço lúdico-estético da ACRA- Associação Crianças Raízes do Abaeté.
Gilane nos conta que esta escolha de desenvolver a linguagem da arte terapia na ACRA se justifica,por ter estudado na Escola Verde Recanto da 3° a 8° série do Ensino Fundamental,onde teve a oportunidade de vivenciar aulas com o professor Narciso Patrocínio e Porfessora Januária Patrocínio ambos diretores da Verde Recanto onde atualmente é sede da ACRA.
Gilane com sua proposta arte terapeuta, atende cerca de 10 alunos nas idades entre 6 e 7 anos no primeiro horário da manhã,no segundo horário o trabalho é desenvolvido com 7 crianças entre 7 a 10 anos, através das relações de intercâmbio que a ACRA vem estabelcendo desde 2005 com as escolas do bairro de Itapuã.Nessa primeira fase das atividades,a ACRA está acolhendo os/as alunos/as da Escola Pimpolho sob a direção da renomada Professora Haidé Santos,que vem educando com sucesso muitas gerações em Itapuã.
A Escola Pimpolho apesar de ser uma escola particular,tende a receber crianças que não conseguem vagas nas escolas públicas do bairro por um preço acessível. A ACRA mantém uma relação muito forte com esta escola devido a sua influência em movimentos articulativos entre os moradores do bairro de Itapuã.
Para a seleção desse público foi preciso foi feita uma que ocorresse uma pré-seleção,onde a arte terapeuta utilizou um questionário para conhecer melhor as história de vida dos/as alunos/as que iriam fazer parte das aulas. A rotina da aula se inicia com um acolhimento em forma de exercício de relaxamento, este que de acordo com PHILIPPINI, A.
“...preconizam em suas práticas: respiração adequada, consciência e relaxamento corporal, meditação, imaginação ativa, etc, para auxiliarem na saída de estados ordinários de consciência e facilitarem o mergulho em níveis psíquicos mais profundos.”
Assim, a professora antecede o trabalho com esse exercício que relaxa a musculatura dos alunos e os coloca em uma posição na cadeira para que possam ficar confortáveis, fechar os olhos...Fazem em seguida um exercício de respiração e a partir disso, esta fala sobre a atividade do dia, pede para que eles façam uma forma artística, podendo ser desenho, esculturas com argila, pinturas, utilizando o material didático presente, este pedido segue sempre com um objetivo, com uma temática, nunca é algo solto ou vago.
Ao término desse movimento de criatividade, a arte terapeuta pede para que cada criança fale sobre sua criação artística e sobre suas motivações no processo de criação.A criança assim vai explicando, cada cor, objeto, imagem. A arte terapeuta faz as anotações e a aula é encerrada com uma cantiga de roda ou alguma brincadeira.
O curso tem duração cerca de 3 meses, e teve início em agosto deste ano. A arte terapeuta ainda está na fase de colhimento de materiais e conhecimento maior dos alunos, os resultados obtidos serão demonstrados em uma próxima matéria.

Para saber mais ver essas referências:
A Arte Terapia
Disponível em :
http://www.terapeutaocupacional.com.br/arteterapia.htm

A CONSTRUÇÃO DE ESPAÇOS CRIATIVOS ATRAVÉS DO PROCESSO
ARTETERAPÊUTICO
Disponível em:
http://www.arteterapia.org.br/CONSTRU%C3%87%C3%83O_DE_ESPA%C3%87OS_CRIATIVOS.pdf

Definição de Arte Terapia
Disponível em:
http://www.sedes.org.br/arteterapia.htm