domingo, 28 de novembro de 2010

UM CANTINHO DA ÁFRICA ENCANTADA EM SALVADOR/BA:100 ANOS DE ILÊ AXÉ OPÔ AFONJÁ

POR SÉRGIO BAHIALISTA



Foto disponível em http://saquinhosdecheiros.blogspot.com/2009/05/novos-tecidos-africanos-e-um-saco.html

Cordel banhado em dendê
Te convida a pendurar
Todo seu imaginário
Sua força e seu encantar
Nesse pedacinho da África
Que começarei a versar

Primeiramente inicio
Dizendo para vocês
Que aqui cumpro uma missão
Assumida de uma vez
Com nossa ancestralidade
Todo dia, ano e mês


Falar do lugar encantado
Do São Gonçalo do Retiro
É adentrar selva encantada
Linda que sempre me refiro.
Opó Afonjá tira o pano
Em suas Iyalorixás me miro

Tudo começou pela
Resistência à intolerância
O Terreiro da Casa Branca
Na luta contra ignorância
Criou a Eugênia Anna
Dos Santos que conclama
Seu povo à sua bonança.


http://modovestir.blogspot.com/2008/09/tecidos-africanos-estampas-e.html


E em 1910
Fundou o belo Terreiro
Ketu do Ilê Axé
Opô Afonjá, guerreiro.
E fincou sua Arkhé
Iniciando Bela fé
Na roça foi pioneiro

As Religiões tão belas
De Matriz Africana
Sempre nos ensinam a cuidar
Da Natureza tão bacana
O único verde de lá
Está no belo “Afonjá”
Nessa Salvador tão sacana

No seu templo principal
O Santuário de Oxalá
Reina ao lado da nossa
Querida Mãe Iemanjá
E a casa de Xangô
Espalha justiça e amor
Para todos que vão lá

Lá também foi fundada
A primeira escola-Terreiro
A escola municipal encantada
Acolheu seus filhos guerreiros


Valorizou seu mundo ancestral
Com o nome tão genial
Da Mãe Aninha, tão pioneiro


Nessa Comunidade Obá Biyi
O encanto negro foi regado
Pelo Mestre que assumiu
Missão de regar o legado
Do Povo da sua África
Para os pequenos chegados


http://modovestir.blogspot.com/2008/09/tecidos-africanos-estampas-e.html


Este forte é Mestre Didi
Que trouxe nos seus contos
Todo encanto dos orixás.
Para as aulas, mais pontos
Trazendo o mundo mítico
Africano em seus recontos

As nossas crianças negras
Sempre quiseram ser
Reconhecidas pela negritude
Que carregam em seu viver
Graças a Oba Biyi o sonho
Concretizou-se nesse querer


Na Oba Biyi todos querem
Seus filhos de anel no dedo


E aos pés de Xangô
Revelando seu segredo
E da escola terreiro serem
Guerreiros e viverem
Sua África sem medo

Suas sacerdotisas nesses
100 anos de história
Construíram força e beleza
Que ficarão na memória
De quem preza pelo sagrado
Africano, seu legado
De honra e muita glória.

Até 1938
Mãe Aninha comandou
Mãe Bada de Oxalá


Tomou após a que passou
Até 41 foi a hora (1941)
Depois a Mãe Senhora
O reinado carregou



Logo depois Mãe Ondina
De Oxalá assumiu
Consolidando toda força
Que o ancestral ali construiu
Abrindo “caminhos d`Áfricas”
Encantos míticos e mágicas
Que todo povo negro viu

A missão de levar adiante
O legado magistral
Depois que Mãe Ondina
Foi para o Orum ancestral
Foi passada para ela
A guerreira Mãe Stella
De Oxossi, a missão tal.

Mãe Stella foi quem usou
As armas do escrever
Para defender seu povo,
O canto d`África do viver.
Escreveu com brilhantismo
Afrontando o sincretismo
Firmando a fé que tanto crê


Assim Mãe Stella pregou
A necessidade do registro
Pra combater os lapsos
De memória tão sinistro
Firmar que o candomblé
Segue só a sua fé
Afirmando o ser bonito

E com espírito lutador
Mãe Stella criou o Museu
Ilê Ohun Lailai
A Maravilha que nasceu
Tradução disso? Sem briga:
(Casa das coisas antigas)
Guarda o Axé que ali cresceu

Paz, beleza e sagrado
São palavras que reinam lá
O Palácio de Xangô
Senhor da Justiça, já!
Reúne aos seus pés os filhos
Da grande Mãe Iyá

Aqui só deixei um pouquinho
Daquele lugar encantado
Pra te deixar curiosa (o)
Para conhecer aquele lado
E viver uma das Áfricas
Que aqui tem chão marcado

Como uma missão dada
Pra mim é missão cumprida
Saio mais leve dos versos
Dessa escrita merecida
Pois Afonjá vive pra dizer
Como é que faz pra viver
Nessa vida tão sofrida

Oke Arô e aquele Axé
Para todo ser vivente
Do Orum e do Ayie
Que vive tão plenamente.
Usem esse Cordel no educar
Para assim logo acabar,
Com intolerância indecente.




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