Por Jackeline Pinto Amor Divino
Apesar de falarmos o tempo inteiro sobre a pluralidade e diversidade existente na Bahia e no Brasil, continua a ser reproduzido um modelo, ou políticas de desculturação, onde as nossas crianças e jovens não têm seus valores culturais considerados.
A cultura européia continua a ser reproduzida em meio a essa riqueza imensa das diferentes culturas que compõem o nosso país. O trabalho que venho realizando como pesquisadora na área de Educação tem como alicerce o Sementes Caderno de Pesquisa(2000-2005) uma publicação importante capaz de influenciar e indicar para uma geração de educadores/as um mundo de idéias e valores,desdobramentos de territorialidades portadoras de sabedorias milenares, propondo “uma ética do futuro que acolha as dinâmicas territoriais que mapeiam o planeta”.
Imagem disponível em http://wp.clicrbs.com.br/guriasdequinta/?topo=52,1,1,,197,e197
O Sementes aborda temas que enfatizam a epísteme africano-brasileira e aborígine, civilizações seminais na constituição da formação social baiana e brasileira. Concebido pela Dra. Narcimária Correia do Patrocínio Luz o SEMENTES conta com a colaboração de seu grupo de pesquisa, o PRODESE – Programa Descolonização e Educação na perspectiva de contemplar o campo da diversidade cultural através de novas leituras baseadas no princípio político-filosófico da Descolonização e Educação.
Algumas indagações acompanham minha trajetória como pesquisadora do PRODESE através do SEMENTES Caderno de Pesquisa,e gostaria de compartilhá-las aqui:
Quanto tempo será preciso para que os/as educadores/as encontrem nas nossas raízes culturais africano-brasileira e aborígine as linguagens e visões de mundo que os animem a promover a sua práxis?
Quando deixaremos de ser colonizados e tiraremos esse pano que nos cobre os olhos e não nos deixa ver mais adiante, buscando a nossa História, os nossos antepassados e toda a riqueza milenar que nos foi dada?
Como a escola poderá se transformar num espaço onde se contemple a diversidade cultural que nos caracteriza?
Como formar educadores/as capazes de abrir-se para as infinitas possibilidades de criar a partir dos contos, das artes, da dança, da música que identifica a nossa arkhé africano-brasileria e aborígine?
Que perspectiva de currículo deveremos fomentar para que as nossas crianças se reconheçam e tenham seu patrimônio civilizatório de matriz africana e aborígine legitimada?
Essas são algumas inquietações e também desafios gerados na pulsão das leituras fomentadas pelo Sementes que surgem como proposta na formação e elaborações de noções de vida e existir para educadores/as na Bahia e no Brasil.
As noções trabalhadas no caderno de Pesquisa são capazes de recriar um ambiente educacional baseado na dinâmica da diversidade cultural, deixando que a SEMENTE germine nas nossas vidas!
Para adquirir o SEMENTES Caderno de Pesquisa procurar a EDUNEB-Editora da UNEB ou a ACRA.
Boa leitura!
******************
Jackeline Pinto Amor Divino é Pedagoga com especialização em Psicopedagogia,mestranda do Programa de Pós Graduação em Educação e Contemporaneidade da UNEB,integra a equipe de educadores da ACRA na Coordenação Pedagógica da Associação.Sua dissertação de mestrado“ITAPUÃ: tecendo redes de alianças comunitárias através da ACRA” aborda aspectos históricos de Itapuã e as linguagens de Educação desenvolvidas na ACRA.
Obrigada!!!Ver meu trabalho publicado aqui foi emocionante para mim. Abracei Léa, Magno e Prof. Narciso, comemoramos juntos, é bom demais compartilhar as alegrias que a vida nos proporciona.
ResponderExcluirQuerida Jack e Família ACRA,
ResponderExcluirÉ com grande emoção que leio esta publicação que revela este potente instrumento de DESCOLONIZAÇÃO em EDUCAÇÃO, QUE É O SEMENTES.
Ao me aproximar mais da ACRA, junto com a Companhia Na Boca de Cena, da Boca do Rio, uma forte energia e sinergia, pulsão comunal tomou meu coração e existência aqui. Senti que, como diz Edson Gomes, "surge mais um guerreiro do terceiro mundo / Levantando suas armas com seu grito de alerta!"
Estamos juntos e queremos muitos que estas SEMENTES criem RAÍZES! Jackeline, Magno, Mille Caroline, Jaci Menezes e Léa sabem muito bem do que estou a falar! Vamos conversar logo! rsrsr!
O SEMENTES sem dúvida foi e é uma fonte incrível de formas, pensamentos e ações que inauguram outras epistemologias que contribuem significativamente para o educar que respeita a arkhé e vínculos de soiciabilidade atemporais nas nossas Comunalidades.
Fico muito feliz por começar uma nova parceria com a ACRA, Prof. Narciso (força e razão sensíveis corporificadas),com minha Mestra Narcimária e com o novo trabalho desenvolvido junto aos jovens da comunalidade Boca Do Rio e seus "Encontros das Yabás".
Parabéns Jack pelo texto, pela pesquisa e pelo encantamento que irradias pelos quatro cantos do mundo. E dia 16/03 tô lá, "firme e forte nesta batalha" (Psirico)
Axé e inté + v!
Sérgio Bahialista