Rosângela Accioly
Professora Rosângela Accioly e alunos da Escola Municipal Loteamento Santa Julia
O projeto “Akpalô nossa história” surgiu da necessidade, enquanto pesquisadora do PRODESE Programa Descolonização e Educação/UNEB em propor novas metodologias que contemplassem o legado civilizatório dos povos aborígines e africanos nos conteúdos curriculares nas escolas. “Akpalô nossa história” é antes de tudo,um convite aos pedagogos contemporâneos para que vivenciem em suas práticas proposições metodológicas com as que relatarei.
Procurei ter como ponto de referencia as narrativas oriundas desses patrimônios civilizatórios, que nos levam a uma perspectiva inovadora priorizando um novo continente teórico-epistemológico baseado em autores como: Marco Aurélio Luz, Mestre Didi, Narcimária C.P. Luz, Ana Célia da Silva, Muniz Sodré, Michel Maffesoli, dentre outros.
Com uma dinâmica bem interessante e bonita,contando com participação essencial das crianças e suas famílias no projeto, nos aproximamos de repertório de palavras em yorubá (que foram quase extintas em nosso país e demonizadas pelo colonizador),desconstruindo estereótipos e redescobrindo a riqueza da língua yorubana, a saber, Agbalá que quer dizer um pedaço da África nas comunidades, Akpalô que quer dizer contador de histórias na tradição nagô.
Outra abordagem importante foi Sankofa ideograma do povo ashante de Gana na África contribuições de Elisa Larkin que significa dizer: ‘... voltar e apanhar de novo. Aprender do passado, construir sobre as fundações do passado. Em outras palavras, volte às suas raízes e construa sobre elas para (...) a prosperidade de sua comunidade em todos os aspectos da realização humana’.
Graduandos em Pedagogia, do Departamento de Educação I Campus de Lauro de Freitas
Diretora da Escola Santa Julia(2011), Rosilda Leal, Coordenadora do campi/UNEB Lauro de Freitas Maria helena Amorim, Rita Cruz Mais Educação, e Sr. Junior do Departamento financeiro da SEMED.
Orquestra Castro Alves, Cine Teatro Lauro de Freitas
Nosso caminho metodológico utilizou abordagens interessantes de contos e histórias como: “Agablá um lugar continente” de Marilda da Castanha; “As tranças de Bintou” de Sylviane A. Diouf; “Aguemom” Carolina Cunha; ”Ossayin, O Aleijadinho” de Mestre Didi “O casamento da princesa” Celso Sisto, O mito inaugural do povo tupinambá em Itapuã através do livro “Itapuã quem te viu e quem te vê!” de Narcimária Correia do Patrocínio Luz; “O Boi Multicor”, de Jorge Conceição; “Bruna e a galinha d‘Angola” de Gercilda Almeida. Além da descoberta de biografias dos autores e de grandes personalidades da nossa história que consideram os valores éticos e estéticos dos povos africano-brasileiros e dos povos inaugurais.
Comidas típicas
Outra iniciativa importante e emocionante foi a parceria estabelecida entre o projeto “Akpalô nossa história” com o Projeto “Mosaico Redivivo de HistóriaS da Educação” em 2011 com a primeira turma de pedagogia no campus UNEB, em Lauro de Freitas com a disciplina História da Educação ministrada pela professora Narcimária Correia do Patrocínio Luz que comentou: “Bem, o que mais nos gratificou nessas elaborações e vivências do semestre, é o valor encontrado por todos/as os graduandos/as sobre suas/nossas origens! África, Américas, Caribe, Ásia, Oceania e a Europa intercambiando com todos os continentes”. Graduandos/as que nunca tinham ouvido falar ou calavam sobre as trajetórias e legados de civilizações milenares, (re)descobriram suas histórias, organizações políticas, constituição de cidades, hierarquias, patrimônio cultural e científico, etc. E ainda, as formas de enfrentamentos, resistências que essas sociedades constituíram para expandir e afirmar os seus valores de civilização e mantê-los com dignidade até os nossos dias.”
Participação das matriarcas, Lauro de Freitas
As crianças tiveram acesso a legados e conhecimentos de diversas civilizações que segundo, a professora Narcimária um dos objetivos da parceria estabelecida entre o projeto “Akpalô nossa história” com o Projeto “Mosaico Redivivo de HistóriaS da Educação” foi a de “promover análises que auxiliem a superação do discurso hegemônico, totalitário e estéril de história da educação que vem orientando a dinâmica dos cursos de formação de pedagogos/as e professores/as influenciando a organização do cotidiano escolar”.
Sendo assim as oficinas realizadas por este intercâmbio foram pautadas no conhecimento milenar de diversas civilizações, e na análise de que temos muito desses povos em nosso cotidiano e não os reconhecemos pela ausência dessas falas nas escolas.
1-Arte e filosofia africana, o patrimônio andikra e as esculturas de Mestre Didi;
2-Tupinambá vida, arte e música;
3-Povos Incas e Nahuas legado das elaborações do tempo;
4-A vida é uma arte importância das “máscaras” nas civilizações africanas;
5-Renascimento o legado criativo contemporâneo de Leonardo da Vinci;
6-Egito a arte da comunicação escrita;
7-Povo Asteca aspectos da sua arte culinária;
8-Exposição das produções criadas pelas crianças e espaços coreográficos;
9- Companhia de dança da casa da criança e adolescente de Camaçari a coreografia.
Na Culminância dessas ações pedagógicas nossos alunos foram ao teatro para assistir a apresentação da Orquestra Castro Alves no Cine Teatro de Lauro de Freitas coordenação Hamilton Vieira. Também tiveram a oportunidade de apreciar a apresentação do coral do bairro da Paz com o professor Sidney Argolo e a dramatização da história do “Boi Multicor” com o autor Jorge Conceição.
Ereoatá, oficina teatro de fantoches
Outra atividades se seguiram como a apresentação na escola dos alunos do 2º ano B e 1º ano sob a coordenação das professoras Rosângela Accioly e Josélia Bispo e coreografia de Falcão através da releitura do livro “Agbalá um lugar continente”.Houve também a dramatização do livro “Itapuã, quem te viu, e quem te vê!”com uma homenagem as lavadeiras de Itapuã,feita pelas crianças do 1º ano na escola Professora Marilene Silvestre. Ainda um desfile com roupas e penteados africanos,envolvendo as crianças do 5º ano sob a coordenação das professoras Deise,Fernanda Barbosa, Luzinete Sales.Finalizamos as projeções pedagógicas com a crianças do segundo ano indo ao Teatro Castro Alves para assistir a apresentação do conserto didático com o Neojibá e Orquestra Dois de Julho que desenvolvem um trabalho de formação e capacitação de núcleos de orquestras e corais infanto-juvenis.
Dramatização do livro Agbalá um lugar continente
Este projeto foi desenvolvido na Escola Municipal do Loteamento Santa Julia, Itinga em 2011 tendo com Diretora Rosilda Leal da Cruz Castro, e Vice-diretoras Francislene Celestino dos Reis e Rosa Meire Marques de Santana. As elaborações artísticas sob a responsabilidade de Rosemar Tatagiba.
Recebemos o apoio, e daí meus sinceros agradecimentos a SEMED Secretaria Municipal de Educação, Teatro Castro Alves com a participação da Orquestra Castro Alves, o PRODESE Programa Descolonização e Educação/ UNEB, coordenado pela professora Narcimária Correia do Patrocínio Luz.
Recebemos também a coordenadora do Departamento de Educação professora Maria Helena Amorim, professora Rita Cruz Mais Educação, e Sr. Junior do Departamento financeiro da SEMED. Além do coordenador Hamilton Vieira Cine Teatro Lauro de Freitas, e Jorge Conceição autor do Livro “O Boi Multicor” que abrilhantaram as proposições didáticas com suas presenças.
A todos nosso muito obrigada!
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Rosângela Accioly Graduada em Pedagogia com habilitação em Educação Infantil pela Universidade do Estado da Bahia, Mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação e Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia-UNEB; pesquisadora do Programa Descolonização e Educação-PRODESE grupo de pesquisa vinculado a Universidade do Estado da Bahia-UNEB e ao diretório de grupos de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq, Professora concursada no município de Lauro de Freitas.