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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

PROJETO AKPALÔ NOSSA HISTÓRIA, 2011 DE AUTORIA DA PROFESSORA ROSÂNGELA ACCIOLY NO MUNICÍPIO DE LAURO DE FREITAS FOI PRÉ-SELECIONADO PARA O PRÊMIO ARTE NA ESCOLA CIDADÃ.

Rosângela Accioly
Professora Rosângela Accioly e alunos da Escola Municipal Loteamento Santa Julia
 
O projeto “Akpalô nossa história” surgiu da necessidade, enquanto pesquisadora do PRODESE Programa Descolonização e Educação/UNEB em propor novas metodologias que contemplassem o legado civilizatório dos povos aborígines e africanos nos conteúdos curriculares nas escolas. “Akpalô nossa história” é antes de tudo,um convite aos pedagogos contemporâneos para que vivenciem em suas práticas proposições metodológicas com as que relatarei.
Procurei ter como ponto de referencia as narrativas oriundas desses patrimônios civilizatórios, que nos levam a uma perspectiva inovadora priorizando um novo continente teórico-epistemológico baseado em autores como: Marco Aurélio Luz, Mestre Didi, Narcimária C.P. Luz, Ana Célia da Silva, Muniz Sodré, Michel Maffesoli, dentre outros.
Com uma dinâmica bem interessante e bonita,contando com participação essencial das crianças e suas famílias no projeto, nos aproximamos de repertório de palavras em yorubá (que foram quase extintas em nosso país e demonizadas pelo colonizador),desconstruindo estereótipos e redescobrindo a riqueza da língua yorubana, a saber, Agbalá que quer dizer um pedaço da África nas comunidades, Akpalô que quer dizer contador de histórias na tradição nagô.
Outra abordagem importante foi Sankofa ideograma do povo ashante de Gana na África contribuições de Elisa Larkin que significa dizer: ‘... voltar e apanhar de novo. Aprender do passado, construir sobre as fundações do passado. Em outras palavras, volte às suas raízes e construa sobre elas para (...) a prosperidade de sua comunidade em todos os aspectos da realização humana’.

Graduandos  em Pedagogia, do Departamento de Educação I Campus de Lauro de Freitas


Diretora da Escola Santa Julia(2011), Rosilda Leal, Coordenadora do campi/UNEB Lauro de Freitas Maria helena Amorim, Rita Cruz Mais Educação, e Sr. Junior do Departamento financeiro da SEMED.




Orquestra Castro Alves, Cine Teatro Lauro de Freitas



Nosso caminho metodológico utilizou abordagens interessantes de contos e histórias como: “Agablá um lugar continente” de Marilda da Castanha; “As tranças de Bintou” de Sylviane A. Diouf; “Aguemom” Carolina Cunha; ”Ossayin, O Aleijadinho” de Mestre Didi “O casamento da princesa” Celso Sisto, O mito inaugural do povo tupinambá em Itapuã através do livro “Itapuã quem te viu e quem te vê!” de Narcimária Correia do Patrocínio Luz; “O Boi Multicor”, de Jorge Conceição; “Bruna e a galinha d‘Angola” de Gercilda Almeida. Além da descoberta de biografias dos autores e de grandes personalidades da nossa história que consideram os valores éticos e estéticos dos povos africano-brasileiros e dos povos inaugurais.



Comidas típicas

Outra iniciativa importante e emocionante foi a parceria estabelecida entre o projeto “Akpalô nossa história” com o Projeto “Mosaico Redivivo de HistóriaS da Educação” em 2011 com a primeira turma de pedagogia no campus UNEB, em Lauro de Freitas com a disciplina História da Educação ministrada pela professora Narcimária Correia do Patrocínio Luz que comentou: “Bem, o que mais nos gratificou nessas elaborações e vivências do semestre, é o valor encontrado por todos/as os graduandos/as sobre suas/nossas origens! África, Américas, Caribe, Ásia, Oceania e a Europa intercambiando com todos os continentes”. Graduandos/as que nunca tinham ouvido falar ou calavam sobre as trajetórias e legados de civilizações milenares, (re)descobriram suas histórias, organizações políticas, constituição de cidades, hierarquias, patrimônio cultural e científico, etc. E ainda, as formas de enfrentamentos, resistências que essas sociedades constituíram para expandir e afirmar os seus valores de civilização e mantê-los com dignidade até os nossos dias.”


Participação das matriarcas, Lauro de Freitas

As crianças tiveram acesso a legados e conhecimentos de diversas civilizações que segundo, a professora Narcimária um dos objetivos da parceria estabelecida entre o projeto “Akpalô nossa história” com o Projeto “Mosaico Redivivo de HistóriaS da Educação” foi a de “promover análises que auxiliem a superação do discurso hegemônico, totalitário e estéril de história da educação que vem orientando a dinâmica dos cursos de formação de pedagogos/as e professores/as influenciando a organização do cotidiano escolar”.
Sendo assim as oficinas realizadas por este intercâmbio foram pautadas no conhecimento milenar de diversas civilizações, e na análise de que temos muito desses povos em nosso cotidiano e não os reconhecemos pela ausência dessas falas nas escolas.

1-Arte e filosofia africana, o patrimônio andikra e as esculturas de Mestre Didi;

2-Tupinambá vida, arte e música;

3-Povos Incas e Nahuas legado das elaborações do tempo;

4-A vida é uma arte importância das “máscaras” nas civilizações africanas;

5-Renascimento o legado criativo contemporâneo de Leonardo da Vinci;

6-Egito a arte da comunicação escrita;

7-Povo Asteca aspectos da sua arte culinária;

8-Exposição das produções criadas pelas crianças e espaços coreográficos;

9- Companhia de dança da casa da criança e adolescente de Camaçari a coreografia.
Na Culminância dessas ações pedagógicas nossos alunos foram ao teatro para assistir a apresentação da Orquestra Castro Alves no Cine Teatro de Lauro de Freitas coordenação Hamilton Vieira. Também tiveram a oportunidade de apreciar a apresentação do coral do bairro da Paz com o professor Sidney Argolo e a dramatização da história do “Boi Multicor” com o autor Jorge Conceição.


Ereoatá, oficina teatro de fantoches

Outra atividades se seguiram como a apresentação na escola dos alunos do 2º ano B e 1º ano sob a coordenação das professoras Rosângela Accioly e Josélia Bispo e coreografia de Falcão através da releitura do livro “Agbalá um lugar continente”.Houve também a dramatização do livro “Itapuã, quem te viu, e quem te vê!”com uma homenagem as lavadeiras de Itapuã,feita pelas crianças do 1º ano na escola Professora Marilene Silvestre. Ainda um desfile com roupas e penteados africanos,envolvendo as crianças do 5º ano sob a coordenação das professoras Deise,Fernanda Barbosa, Luzinete Sales.Finalizamos as projeções pedagógicas com a crianças do segundo ano indo ao Teatro Castro Alves para assistir a apresentação do conserto didático com o Neojibá e Orquestra Dois de Julho que desenvolvem um trabalho de formação e capacitação de núcleos de orquestras e corais infanto-juvenis.


               Dramatização do livro Agbalá um lugar continente

Este projeto foi desenvolvido na Escola Municipal do Loteamento Santa Julia, Itinga em 2011 tendo com Diretora Rosilda Leal da Cruz Castro, e Vice-diretoras Francislene Celestino dos Reis e Rosa Meire Marques de Santana. As elaborações artísticas sob a responsabilidade de Rosemar Tatagiba.
Recebemos o apoio, e daí meus sinceros agradecimentos a SEMED Secretaria Municipal de Educação, Teatro Castro Alves com a participação da Orquestra Castro Alves, o PRODESE Programa Descolonização e Educação/ UNEB, coordenado pela professora Narcimária Correia do Patrocínio Luz.
Recebemos também a coordenadora do Departamento de Educação professora Maria Helena Amorim, professora Rita Cruz Mais Educação, e Sr. Junior do Departamento financeiro da SEMED. Além do coordenador Hamilton Vieira Cine Teatro Lauro de Freitas, e Jorge Conceição autor do Livro “O Boi Multicor” que abrilhantaram as proposições didáticas com suas presenças.
A todos nosso muito obrigada!
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Rosângela Accioly Graduada em Pedagogia com habilitação em Educação Infantil pela Universidade do Estado da Bahia, Mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação e Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia-UNEB; pesquisadora do Programa Descolonização e Educação-PRODESE grupo de pesquisa vinculado a Universidade do Estado da Bahia-UNEB e ao diretório de grupos de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq, Professora concursada no município de Lauro de Freitas.

domingo, 12 de agosto de 2012

"A CULTURA ANCESTRAL NA IDENTIDADE BAIANA" Sessão Especial na Assembleia Legislativa da Bahia.Iniciativa do Deputado Rosemberg Pinto

Procurado pela assessora do deputado, a sra. Jamile Nobre, informado de que ela é uma pessoa  das nossas comunidades lá de Itaparica,Marco Aurelio Luz aceitou o convite para participar com uma pequena comunicação  na Sessão Especial dedicada à ancestralidade Afro- baiana.
 Após as formalidades de abertura da sessão pelo presidente da casa, o deputado Rosemberg Pinto fez uso da palavra. Outras autoridades políticas também o fizeram.
 Foram  realizadas homenagens com entrega de troféus as instituições e personalidades da cultura afro-baiana.
Houve também participação do conjunto musical Omo Axipa e do tradicional afoxé Filhos de Ghandi.
Encerrada a sessão houve uma confraternização em meio a um coquetel de Aparecida Santos.




Visão geral do plenário, mesa e tribuna na sessão especial.




Visão do Plenário




Mesa de autoridades politicas




Conjunto Musical OMO AXIPA



Filhos de Ghandi



Marco Aurélio pronuncia sua comunicação



Sr. Genaldo Novaes, Alagba nilê Axipa recebe a homenagem da instituição religiosa dirigida pelo sr. Deoscoredes M. dos Santos Mestre Didi Axipa Alapini.




 Sr. Balbino Daniel de Paula Alagba do Ilê Agboula recebeu homenagem representando a comunidade terreiro.Na foto com o Sr. Juranyr Sant`Anna Ojé Maxodi a sua esquerda.



A Ebomi Sra. Aparecida Santos recebe homenagem ao Ilê Axé Opo Afonja representando a Mãe Stella, Iyalorixa Ode Kaiodê.

 




Walmir França recebe as homenagens representando o terreiro Mansu Bandunkenke o famoso Bate Folha



Sra. Sandra Pires Iya Kekere recebe a homenagem ao Ilê Oxumare


Sr. Anselmo Santos Tata Minatojy da comunidade terreiro Mokambo agradece suas homenagens



Integrantes da comunidade terreiro Mokambo presentes no evento.




Professor Júlio Braga agradece a homenagem

Professor Marco Aurelio Luz Oju Oba recebe homenagem das mãos da representante da comunidade terreiro do Ilê Iya Nassô Oka, a Casa Branca, Ebomi Nice tendo ao lado o deputado Rosemberg Pinto.



Sr. Antonio Carlos dos Santos Vovô, presidente do Ilê Aiyê após receber as homenagens se confraterniza com Marco Aurélio Luz.

Além das entidades registradas, foram também homenageadas:

Terreiro do Gantois-Mãe Carmem do Gantois

Zoogodô Bogun Malê Rundó-Mãe Nadoji- India(Jeje Mahin)

Terreiro Alaketu-Ilê Axé Maroiá Làjié- Ialorixá Jojô Jocelina Barbosa Bispo

Ilê Axé Opô Aganju-Babalorixá Balbino Daniel de Paula Obaraín

Manso Kiembekweta Lemba- Furaman- Tata Laércio (Jauá/Angola)

Ilê Tuntun (na pessoa de Miguel Roque)- homenageando os ancestrais da casa.

Afoxé Filhos de Gandhy

Convém registrar a presença de autoridades políticas que fizeram uso da palavra; senadora Lídice da Mata, deputado federal Luiz Alberto, secretário da justiça e direitos humanos, Almiro Sena, secretário estadual da igualdade, Elias Sampaio, secretário municipal da reparação Edmilson Sales, vereador Moisés Rocha.
A sessão foi encerrada com a participação dos Filhos de Gandhi, alegria e confraternizações.

Para saber mais sobre a Sessão Especial visite a página http://www.rosembergnaweb.com.br/fotos/sessao-especial-ancestralidade/

sábado, 11 de agosto de 2012

ANCESTRALIDADE E CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Marco Aurélio Luz

 

Os seres humanos constituem dentre todas as espécies viventes uma das que mais tempo levam seus filhos a amadurecer.
A domesticação do fogo proporcionou à vida em sociedade, e permitiu à espécie humana a proteção necessária para deslanchar a sua formidável expansão.


A humanidade reunida em volta do fogo destaca-se na natureza, e sobressai-se na constituição das civilizações. Essas resultam de um lado, pela criação de instrumentos, a técnica, e de outro, pelas elaborações do pensamento procurando aplacar a angústia existencial, o mistério do existir, a religião.



A sociedade torna-se um sistema de vínculos institucionais, resultante de redes de instituições que visam à proteção de determinado agrupamento humano caracterizado pela pulsão ou desejo de estar junto. Ao longo do tempo e do espaço variarão as formas de associação. Constitui-se então a diversidade das culturas e civilizações, riqueza e perigo da humanidade.
A cultura apresenta-se como algo já dado para o nascituro. A palavra que constitui a língua e a linguagem que permite a comunicação humana aparece como resultante do temor do desconhecido. A criança procura os recursos que o contexto sócio cultural oferece, para aplacar a angústia e o temor do abandono durante o longo período de carência e dependência pronunciando as primeiras palavras que possam lhe socorrer, lhe acalentar e alimentar:- mãe e pai, ou mainha e painho.
Já estamos então nos referindo à cultura e identidade. Nós já estamos nos referindo a um contexto sócio cultural determinado, a cidade de Salvador, a Roma Negra como se referiu a legendária Mãe Aninha, Iyalorixá Oba Biyi. Assim como Roma era a sede do catolicismo, para ela Salvador era a sede das tradições religiosas africano-brasileiras, continuação da civilização africana no novo continente.
No processo civilizatório africano é a religião que se constitui como fonte da cultura, das tradições e, da vida social, o viver quotidiano, referência de identidade.


A transposição desse processo civilizatório no Brasil constituiu a religião que podemos caracterizar em três aspectos: o culto aos ancestres e ancestrais, o culto às forças ou princípios que regem a natureza; e o culto ao oráculo, formas litúrgicas de previsão dos destinos. Embora possuam sua própria forma litúrgica e de iniciação sacerdotal, sinergicamente se relacionam.
A cosmogonia que envolve a religião dá relevância ao princípio dinâmico e de energia espiritual que rege o existir que na tradição nagô chamamos axé. O axé circula entre o aiyê e o orun esse mundo e o além. Quando chegamos nesse mundo intuímos que um dia retornaremos depois de cumprirmos nosso destino. Iye ati Iku, okan naa ni; a vida e a morte é uma coisa só.



A religião é a instituição que proporciona através das restituições litúrgicas a circulação de axé, que por sua vez permite a continuidade e a expansão do existir.
Na cosmogonia nagô uma história conta como o orixá Exu delegou à humanidade a obrigação das restituições de axé através das oferendas rituais para que o mundo não se acabe.
Assim sendo são os seres humanos, aqueles capacitados para lidar com as forças sagradas. Dentre eles há aqueles dotados para o conhecimento da liturgia e de ter a dedicação sacerdotal para serem os responsáveis no plano espiritual pela proteção dos indivíduos, das famílias, linhagens e comunidades para que cumpram da melhor maneira seus destinos. São eles as nossas venerandas Iya, Mães e nossos venerandos Baba, Pais.
Serão eles que no dia de amanhã serão cultuados como ancestres ou ancestrais. Entre os nagôs, se sacerdotisas do culto de orixá serão cultuados no ilê ibó aku casa de adoração aos mortos, ou se sacerdotes do culto de Baba Egun, ancestres e ancestrais masculinos, no ilê igbalé.
Eles formam uma corrente ininterrupta de continuidade da proteção da linguagem ritual e valores da tradição das instituições religiosas.
A dedicação sacerdotal caracteriza a hierarquia apoiada no valor da antiguidade. Os poderes resultantes da antiguidade se estendem às gerações passadas, às obrigações das famílias e linhagens nas responsabilidades com o culto de seus ancestrais. São famílias e linhagens que mantém a continuidade de circulação de axé através da dedicação e do conhecimento acumulado das tradições que envolvem as liturgias e rituais.

“Minha Mãe é minha origem

“Meu Pai é minha origem

“Olorun é minha origem

Assim sendo adorarei as minhas origens antes de qualquer orixá”



Esses ensinamentos que aprendi com Mestre Didi Axipa Alapini enfatizam que nenhum ritual, nenhuma liturgia pode ser realizada sem antes não se cultuar aos ancestres e ancestrais. Eles foram aqueles que garantiram e garantem a continuidade da tradição.
Convém aqui destacar a trajetória de dois ancestrais que marcaram a história da cultura nagô.
Encontramos nos terreiros de culto aos ancestrais cânticos que homenageiam Odana Dana, que juntamente com Oba Tossi, ambas da linhagem Axipa, retornaram à África. Também a filha de Oba Tossi, Madalena as acompanhou. Depois de alguns anos e do retorno à Bahia a Sra. Marcelina da Silva tornou-se das primeiras Iyalorixa do Ilê Axé Iya Omi Aira Intilé que depois tomou o nome de Ilê Iya Nassô conhecida popularmente como Casa Branca e considerada a mais antiga casa de culto aos orixá.


Comunidade terreiro da Casa Branca, Ilê Iya Nassô Imagem disponível em http://coordenacaodointecabpb.blogspot.com.br/2010/08/terreiro-da-casa-branca-patrimonio-do.html
 
Por ocasião do encontro de Mestre Didi com os Axipá em Ketú, ouvindo as referências ao brasão oral da linhagem, o Alaketú logo identificou a tradicional e antiga família. O rei de Ketú então convocou o Arokin, guardião dos versos da história, que também localizou as referências à Odana Dana reconstituindo importante elo do passado.
Outra referência do culto aos ancestrais, diz respeito a Marcos Alapini, que com seu pai Marcos o Velho foram também à África e depois de alguns anos retornaram à Bahia trazendo importantes ancestres do povo yoruba e fundaram na ilha de Itaparica importante terreiro de culto aos Baba Agba, ancestrais antigos. Hoje essa “corrente” de ancestres e ancestrais é cultuada no Ilê Axipa.
Por fim convém destacar que Iya Nassô bem como Alapini são importantes títulos sacerdotais que tem origem no Alafin, palácio do Afin título do rei de Oyó cidade que Xangô é o orixá patrono. Presentes no Brasil eles significam também a continuidade dos valores e das tradições do antigo império yoruba adaptadas ao contexto brasileiro.


Uma característica do culto dos ancestrais é a aplicação da noção “odara” dimensão estética que acompanha a cultura nagô. Odara exprime que o sagrado deve ser útil e belo, bom e bonito simultaneamente. Quando Baba Egun indaga aos fiéis sobre o seu axó, a sua roupa, ele espera a resposta: - odara Baba. Boa porque com ela ele transmite axé, que protege a comunidade e, bonita porque possui beleza e encantamento.



É essa a atmosfera que envolve os festivais da religião. E o desafio das iniciações dos sacerdotes interage com o orgulho do acesso à identidade, com a alegria de aprofundar o pertencimento à sua comunidade terreiro, à sua gente.

REFERÊNCIAS:

Santos Deocoredes e Santos E. Juana, O culto dos ancestrais na Bahia: O culto dos Égun, in OLÓÒRÌSÀ, SP. Ágora 1981.

Verger Pierre,Orixás, Salvador BA. Corrupio, 1981



CANTIGA EM HOMENAGEM A IYÁ ODANA DANA

ILÊ AGBOULA FESTA DE REIS FILME EGUNGUN