sábado, 30 de abril de 2011
sábado, 23 de abril de 2011
A ESCOLA DOS PROVÉRBIOS
Imagem disponível em http://www.oartesanato.com/83/divertido-mobile-com-conchas-do-mar
Os autores Tanoe-Aká, Jules Semitiani, Yousouf Fofana, Goze Tapa e Paul N´Da são professores de Psicopedagogia na Escola Normal Superior de Abidiján na Costa do Marfim.
Este artigo, se refere ao essencial de um estudo realizado para a UNESCO sobre o tema “Civilização Negra e Educação” apresentado durante o IIº Festival Mundial de Artes Negro Africana em de Lagos na Nigéria. Nesta versão,o blog da ACRA entrelaça ao texto a escrita ANDIKRA,uma sabedoria acumulada envolta em sacralidade,poder,história e estética originária do povo AKAN localizado na atual Costa do Marfim.
A escrita ANDIKRA é patrimônio cultural dos Ashanti povo de Gana.Hoje, essas imagens ou ideogramas de domínio público promovem a circulação de um aspecto importante da sabedoria tradicional negro africana. O artigo foi traduzido pelo nosso colaborador Marco Aurélio Luz, e pode ser encontrado no Correio da UNESCO (publicação mensal)maio de 1977,ano XXX,ps 22 a 25.Sobre os símbolos ANDIKRA, estão disponíveis em
http://negromostraatuaface-atividades.blogspot.com/
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Estudar a educação tradicional baseada nos provérbios - através dos quais se expressam a ordem estabelecida e a autoridade dos ancestrais, garantia de verdade do que se afirma,nos leva a analisar a relação que existe entre os princípios característicos dessa educação com a chamada educação moderna.
Com efeito, ambas coincidem no tocante a certas normas tradicionais. Graças a essa coincidência as crianças não deveriam experimentar nenhum conflito ao sair de seu meio para ir à escola e ao voltar da escola para a aldeia.
Todavia, no que diz respeito a outros princípios, surgem divergências fundamentais entre a ação educativa tradicional e a educação moderna, cuja análise nos vai permitir compreender as contradições e os problemas que se colocam em comparação de um sistema educativo com o outro.
Imagem disponível em http://sandrarandrade7.blogspot.com/2010/07/cncao-dos-homens.html
Para ilustrar em parte esses princípios tradicionais vamos tomar como exemplo alguns provérbios provindos do grupo étnico dos n´zemas (etnia do sul da Costa do Marfim: Grande Lahú, Abdiján, Grande Basam), que em sua maior parte apresentam uma estreita analogia com os provérbios dos ashantis (Ghana) e, especialmente com os agnis e os baulés (Costa do Marfim).
De sua análise se depreende claramente que os grandes princípios da ação educativa concernem por uma parte aos adultos e aos pais encarregados da educação de seus filhos e a outra parte às próprias crianças.
Apresentamos então alguns desses princípios.
Os pais devem ter consciência de que as crianças se formam a sua imagem e semelhança e recordar conseqüentemente, que “o pássaro não dá luz a um rato” e que “por onde passa a agulha passa o fio”.
Tão pouco devem renunciar de sua responsabilidade, de jeito nenhum quando se trata de crianças “difíceis” já que como diz o provérbio "se você raspa o joelho não pode dizer que não se trata de seu corpo”.
Afortunadamente, nem todas as crianças são travessas e malcriadas; também há aqueles que são uma benção dos céus e é sabido que “para uma boa comida não fazem falta a cebola nem o tomate”.
Certamente, a criança não é um adulto tão pronto nem tão capaz para compreender e refletir como às vezes aparenta. Com efeito, “a criança sabe correr, mas não sabe se esconder” e volta e meia cai em sua própria armadilha: “Se a criança não quer que sua mãe durma, tão pouco ela dorme”.
Não se pode esquecer que a criança cresce com transformações: “Enquanto a comida não está cozida, não se tira do fogo para comer” e “só quando o cacho está maduro é que se separam os cocos”, dizem os provérbios. Em todo caso cabe recordar que “o céu não conserva indefinidamente o coco seco”: chegará o dia em que seco e maduro, cairá por si só no solo.
Educar é também individualizar a educação.
Com efeito, “não se amarram a todos os animais pelo pescoço” e nem todas as crianças têm a mesma maneira de ser ou de reagir. A esse respeito, “o escaravelho afirma que tem muitas maneiras de carregar um peso”: Há quem os leva sobre a cabeça, outros nos ombros; por sua vez o escaravelho os faz rolar caminhando com recuos.
Tem que se confiar na criança, particularmente se é decidida recordando que “se uma criança quer pendurar sua armadilha numa rocha, sabe onde tem de cravar o gancho”, e sem perder jamais a esperança depositada nele, porque "se uma penca cai da palmeira e a criança recolhe os cocos, recolherá as folhas secas”.
O respeito que os pais sintam por seu filho lhe assegurará o respeito dos outros: “se trata seu cachorro aos pontapés, outros lhe darão de pau”.
Permitir que a criança adquirisse suas próprias experiências é lhe proporcionar o melhor meio para que se eduque a si mesmo e aprenda o que deve saber. Nada pode comparar-se a experiência vivida: “o doce se aprecia com a boca”. Inclusive deveria aventurar-se em deixar a criança experimentar por sua conta e risco.
Em todo caso, ajudar a criança não supõe tratar de substituí-la “se limpou a porção de inhame assado que corresponde à criança, que ela coma ou não é assunto dela. De qualquer maneira ninguém poderá comê-la em seu lugar.”
Importante ter sempre presente que a comunidade assim como a mãe, só pode querer o bem de seus membros, inclusive quando exerce a coerção sobre eles. Um exemplo: “a pata da galinha não esmaga seus pintos”.
Democracia e União
É
preciso respeitar as instituições, as normas da comunidade a ordem das coisas, a hierarquia comunal. Vários provérbios ensinam: “a galinha percebe a aurora, mas é o galo quem canta” “ embora a cabeça esteja sobre o pescoço, o joelho não usa o chapéu”; “embora o frango engorde ele não deixa de ser uma ave”;” embora a criança sopre com força, poderá tocar o trompete, mas não ventará a palha do mosteiro”.É preciso aprender a ordem natural das coisas. Assim,"a criança não rompe o casco da tartaruga, mas quebra a concha do caracol” (uma vez que não pode fazer o primeiro, ninguém lhe pedirá que o faça).
Os membros da comunidade devem ser solidários entre si e prestar ajuda mútua, já que “a mão direita lava a esquerda e a mão esquerda lava a direita” e” é a orelha que recebe a boa nova do remédio que cura mas é a mão que o alcança”.
A solidariedade e a ajuda mútua devem existir não somente entre as crianças, mas também entre pais e filhos e entre jovens e antigos. O provérbio diz que “se a mão do velho não passa pelo gargalo estreito da vasilha, a mão da criança não alcança a parte superior do secador de alimentos”.
Humanidade forte
Mas não é preciso seguir tontamente aos demais. É preciso estar pronto e alerta para saber afastar-se oportunamente; “se a carne crua é tabu para ti, não faça amizade com a pantera”.
O homem é responsável por seus atos e não pode se eximir de sua responsabilidade com a desculpa de que é vítima de um determinismo absoluto fixado pela herança ou pelo dia do nascimento. “Asuan pretende que não tem êxito porque nasceu de noite”. O êxito depende de trabalho e do trabalho pessoal, como afirma o provérbio que diz “o sal mendigado não é suficiente para salgar bem a comida”. Ademais, graças ao trabalho pessoal se evita a dependência que ata e obriga. O homem que depende de outro se assemelha a um cego e “o cego não pode irritar-se em plena selva”.
Para perseverar sem temer demasiado os riscos e os contratempos o provérbio aconselha: “embora quem te persegue não diga que está cansado, você não dirá que está”.
È preciso refletir, conhecer as próprias possibilidades e limitações e conseqüentemente agir: “Quando os animais se agrupam para partir a tartaruga já se adiantou”.
Como se vê esses princípios educativos estão enraizados na vida e na organização social as quais parecem inclusive desempenhar um papel na teoria do conhecimento. Mas qual é o objetivo do conhecimento?
Seu objetivo último são os seres humanos em suas relações com seus semelhantes, em suas relações com a natureza e com tudo o que se refere ao humano, que é o valor supremo; “o ser humano – diz o provérbio – vale mais que o ouro”.
A fonte do conhecimento é a experiência, ela é que lhe dá validade. Se a criança jamais iguala o adulto quanto ao saber é precisamente porque lhe falta experiência (“sabe correr, mas não sabe esconder-se”). Se é pretencioso pelo que sabe, tem que botar-lhe em seu lugar “quando nasceu não viu como vestiram sua mãe para conduzi-la a casa de seu marido”.
É na vida real onde se deve buscar a concordância entre o emprego dos provérbios e os princípios educativos. A educação se transmite em cada situação concreta; e não inclui cursos de moral ou de civismo. As ações e os comportamentos errados se corrigem à medida que se manifestam. Em meio a seus companheiros de jogos ou em contato com os adultos, a criança deve demonstrar que compreendeu o que lhe ensina a vida e que está realmente impregnado dos ideais da coletividade.
Ao nível de alguns princípios pode-se então dizer que a chamada educação moderna não faz mais que redescobrir, com alarde e banda de bumbos e pratos, o que as sociedades tradicionais vêem realizando discretamente
União das relações
Por exemplo, quando a escola propõe à criança das sociedades tradicionais que atue por iniciativa própria, não está pedindo nada que se faça em contradição com o que seus pais exigiram dele. E quando a escola lhe ensina que a cooperação é uma virtude que deve cultivar, o preceito não está em conflito com as normas que a educação tradicional já estabeleceu e inculcou na criança.
Naturalmente que a ação educativa escolar é sistemática enquanto a da sociedade tradicional é freqüentemente bem mais difusa. Teoricamente, então aquele que foi a escola deve distinguir-se do que não esteve nela por um conhecimento mais coerente mais preciso e sistematizado.
Todavia quando no âmbito da sociedade tradicional descobrem que seus filhos – a quem inculcaram sempre o respeito devido aos antigos, a aceitação da ordem natural das coisas e as crenças unanimemente compartilhadas – assimilaram na escola modelos de comportamento que os induzem a por em foco juízo de valores sobre aqueles estabelecidos, não podem deixar de se sentirem decepcionados de sua conduta e avaliar que a escola os corrompeu.
Sucede por outro lado que as crianças, ao verem seus pais seguirem fiéis ao seu sistema de valores, os consideram retrógados e se mostram reativos em seguir seus exemplos.
O conflito que se estabelece frente à maior parte das crianças e jovens escolarizados se deve essencialmente a uma contradição entre o respeito às instituições e à ordem que exige a estabilidade social comunitária e o espírito crítico e a conseqüente revisão de valores indispensáveis em uma sociedade que está em mutação constante.
PÁSCOA:UM POEMA À VIDA!
Vida, amor, luz e paz
Festa da ressurreição
A dimensão que esta palavra traz
Sabemos com exatidão
Paixão festa de libertação
Tudo nos faz refletir.
Que vida antagônica; tanto desamor
Apesar de sermos filhos, de um só Criador
Vejam quanta violência!
Pobreza e miséria...
E quanta indiferença, para coisas tão sérias.
Não adianta lamentarmos
Pois a vida continua.
Vivamos como bons cristãos.
Creiam: acabaremos com muita desilusão.
Desilusão dos favelados, que esperamos um dia virarem gente
Desilusão dos injustiçados, desempregados por vezes até capazes.
Desilusão dos doentes, que não são medicados até a morrer
Desilusão dos meninos de rua, perdidos, temendo crescer.
Chega de tanta indiferença
Chega de tantas promessas
Amigos podemos melhorar um pouco esse mal...
Não oferecendo migalhas como esmolas.
Nem hospedando os miseráveis junto a nós.
Façamos como um velho humanista
Que orientou-nos como ajudar enfim;
Não ofereça o peixe para o pedinte,
Mas ensine-o a pescar com requinte.
Pois, ele recebendo uma esmola
Comerá somente uma vez
E se aprender a trabalhar,
Terá o alimento para o mês.
Contudo, precisamos ajudá-lo a ganhar o pão,
Pois Cristo nos deu como irmãos.
Que tal demonstrar esse amor ?
Facilitando a vida para todos, sem hesitação.
Essa é a minha mensagem Pascoal
Mensagem cheia de preocupações, eu sei;
Perdoem-me amigos.
Por não poder viver, ver e esquecer.
Continuemos em prol da nossa missão,
Pensando também em toda a juventude.
Mobilizando para a alfabetização
Para o Brasil com plenitude.
Ensinar a pescar para conquistar...
Dando demonstração sem temor,
Agindo sempre com amor...
Agora, deixando minhas frustrações
Quero tudo de bom e melhor,
Para vocês meus novos amigos
Que trabalham, buscando, no horizonte o Sol.
Aquele sol que nos dá mais vida...
Aquele sol amarelo luz...
Aquele sol que é meu e seu.
Cheio de energia, que irradiou Jesus.
FÉLIZ PÁSCOA!
domingo, 17 de abril de 2011
EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA DOS POVOS INAUGURAIS
Os povos indígenas são aliados do Brasil no esforço para se tornar uma potência do ponto de vista econômico e ecológico. A base para isso está na água potável, na biodiversidade, nas plantas medicinais e alimentares e também nos recursos estratégicos minerais que o Brasil ainda não está sabendo tratar. O país deveria aproveitar nossos conhecimentos. Queremos participar do processo de desenvolvimento.“A solução passa obrigatoriamente pela demarcação dos territórios e pelo atendimento emergencial das questões de fome, educação e saúde.
Imagem disponível em http://www.cecanguru.com.br/ensino_fundamental/4ano_vespertino/povos_indigenas.htm
EU PENSAVA QUE A TERRA REMENDAVA COM O CÉU
Imagem disponível em http://rmgoncalves.wordpress.com/2009/12/25/o-mar
No meu pensamento de antigamente,
Quando eu era menino,
O mundo, eu pensava
Que era que nem tocaia,
A terra remendava com o céu.
O sol,
Eu pensava que eram muitos,
Passando dias e dias.
A noite,
Eu pensava que era que nem fumaça,
Porque quando o sol ia embora,
A noite vinha cobrir o mundo.
O céu,
Eu pensava que era que nem ferro,
Nunca acaba.
A chuva,
Eu pensava que era alguma pessoa,
Que morava no céu e derramava água.
A água,
Eu pensava que eram alguns bichos grandes,
Esturrando em cima do céu.
O homem,
Eu pensava que só nós mesmos vivíamos,
Só nós mesmos, o povo Kaxinawá.
A língua,
Eu pensava que todo mundo falava
Na nossa língua mesmo, o Kaxinawá.
Um dia, eu vi um branco chegando na nossa casa falando diferente.
Mas eu pensava que quando eu fosse na casa dele, ele ia falar em Kaxinawá.
Um dia, eu fui viajar com meu pai, para ver onde estava a terra remendada com o ceú.
Nós íamos descendo o rio e quando passaram alguns dias perguntei ao meu pai onde estava a terra remendada com o céu.
Meu pai me disse que não estava remendada a terra com o céu.
Que o mundo é muito grande e não tem fim…
Contribuição de Norberto Sales Tene Kaxinawá para o Atlas geográfico do Acre
Imagem disponível em http://transnet.ning.com/profiles/blogs/nos-os-indios-conhecemos-o
Para saber mais visite http://teolitcbicalho.blogspot.com/2006/02/antologia-de-poesia-indgena.html
QUALQUER VIDA É MUITA DENTRO DA FLORESTA
Se a gente olha de cima parece tudo parado.
Mas por dentro é diferente,
A floresta está sempre em movimento.
Há uma vida dentro dela que se transforma
Sem parar.
Vem o vento
Vem a chuva.
Caem as folhas,
E nascem novas folhas.
Das flores saem os frutos.
E os frutos são alimento.
Os pássaros deixam cair sementes.
Das sementes nascem novas árvores.
E vem a noite.
Vem a lua.
E vêm as sombras
Que multiplicam as árvores.
As luzes dos vagalumes
São estrelas na terra.
E com o sol vem o dia.
Esquenta a mata.
Contribuição de Jussara Gruber para "O livro das árvores"
Conhecer mais visite http://teolitcbicalho.blogspot.com/2006/02/antologia-de-poesia-indgena.html
AS PLANTAS MEDICINAIS
Imagem disponível em http://www.webciencia.com/09_indios.htm
As plantas medicinais
Combatem doenças e dores
Só temos de conhecer
Seus verdadeiros valores
Quem entende desta arte
Descreve parte por parte
Para explicar aos leitores
Tudo o que Deus criou
Já nasce com seu valor
Não sou contra farmácia
Nem hospital nem doutor
Mas se existissem as reservas
Das matas com suas ervas
Não havia tanta dor
Vamos procurar conhecer
As plantas medicinais
Seguindo um pouco do exemplo
Que deram os nossos pais
Pra ver se sobram alguns trocados
Pois só com remédio comprado
A gente não agüenta mais!
(Rosenir Gonçalves Neves – Livro Xacriabá de plantas medicinais – fonte de esperança e mais saúde.)
Imagem disponível em http://www.maispiordebom.com/2010/09/geografia-fisica-do-brasil-floresta.html
Para saber mais visite http://teolitcbicalho.blogspot.com/2006/02/antologia-de-poesia-indgena.html
HISTÓRIA DA ÁGUA
Imagem disponível emhttp://meioambiente.culturamix.com/natureza/mata-amazonica
Por que contar a história da água?
A água serve pra quê?
Tem água pra dar força pra todo mundo.
Para todos os bichos:
Os de duas e quatro pernas.
Os pássaros também bebem água.
A água dá força pra todos.
Tem água pra nós e para os bichos.
Também pra carro tem que ter gasolina.
Se não tem gasolina, o carro não anda.
Se nós não temos água, nós não andamos também.
E o peixe tem água também.
A água é boa e muito forte.
A história da água é forte.
Imagem disponível emhttp://www.maispiordebom.com/2010/09/geografia-fisica-do-brasil-floresta.html
Para saber mais visite "O livro que conta histórias de antigamente" http://teolitcbicalho.blogspot.com/2006/02/antologia-de-poesia-indgena.html
EU SOU ÍNDIA AQUI E NA CHINA
Imagem disponível emhttp://crispassinato.wordpress.com/colaboradores/blogagem-voluntaria/blogagem-coletiva-2/blogagem-coletiva-esportes/
O Território capitalista brasileiro foi produto da conquista do território indígena. O Brasil em que vivemos hoje em relação a nós indígenas não é melhor do que o de anos atrás. É triste dizer mas a má vontade das autoridades brasileiras, a política indigenista paternalista, a ambição econômica de muitos brasileiros e a falta de solidariedade e consciência humana, vem trazendo graves problemas aos povos indígenas.
Ainda hoje existe uma grande parcela de brasileiros que insistem em condenar nós indígenas, originários desse território hoje chamado Brasil ao extermínio. Somos discriminados por não termos as mesmas características quando o Brasil foi invadido, ou por não falarmos a nossa língua materna. Isso porque querem continuar tomando os nossos Territórios Tradicionais. Esquecem eles dos 509 anos de estupros, massacres, invasões…
Esquecem eles que fomos OBRIGADOS a absorver a cultura não índia para sobrevivermos. Fomos OBRIGADOS a não falar a nossa língua! Fomos OBRIGADOS a muitas coisas mas não perdemos a nossa cultura. Não deixamos de ser índios por isso. Não dá para 509 anos após a invasão brasileira querer dos indígenas – principalmente os nordestinos onde o contato para muitos povos se deu ainda no sec VI – uma pureza. Isso é burrice.
Imagem disponível em http://cariricaturas.blogspot.com/2011/02/indios-cariris-por-edilma-rocha.html
O índio contemporâneo tem uma cara diferente, mas a sua essência é a mesma. Toda cultura se transforma. Por que a do índio tem que ficar imóvel, estática, intocada? Quando um brasileiro vai para os EUA, para Europa ou para a China, aprende a língua, os costumes de lá deixa de ser brasileiro?
Não!
Porque hoje querem negar a existência de muitos povos indígenas por ele ter aprendido o português , usar roupas, fazer faculdade…? Nos adaptamos a este novo modo de vida que nos foi imposto, estamos aqui hoje no século XXI e havendo necessidade vamos continuar nos adaptando e existindo sempre. Não dá para continuar pensando como muito que os índios iriam se integrar à “comunidade nacional” e desaparecer… somos seres inteligíveis como todos os humanos deste mundo!!! Vale aqui ressaltar que não podemos negar que temos muitos não índios que nos respeitam… que nos entendem e nos apóiam, a quem deixo aqui meus sinceros agradecimentos.
Visite http://www.indiosonline.org.br/novo/eu_sou_india_aqui_e_na_china_1/
ENTENDENDO A DEMARCAÇÃO DAS TERRAS ÍNDIGENAS
Imagem disponível emhttp://www.mundovestibular.com.br/articles/4266/1/TERRAS-INDIGENAS-SAO-12-DO-BRASIL/Paacutegina1.html
Acredito que alguns de vocês estão acompanhando o que tem ocorrido com o Povo Tupinambá de Olivença onde alguns não índios que hoje ocupam o território Tradicional Tupinambá estão se reunindo para negar a existência de indígenas na região. Tudo isso está ocorrendo porque recentemente foi publicado o Relatório sobre o Território Tupinambá e suas delimitações.
Esse relatório faz parte do processo administrativo de Demarcação de terras Indígenas regulamentado pela Decreto 1.775/96. Vamos entender como funciona o processo de demarcação de terras indígenas? O processo de demarcação é dividido em sete etapas.
1-Estudos de identificação
2- Aprovação da Funai
3- Contestações
4-Declaração dos limites da Terra Indigena
5-Demarcação Física
6-Homologação
7-Registro Primeiro a Funai nomeia um antropólogo para elaborar o estudo antropológico de identificação da Terra Indígena e de um grupo de trabalho técnico (fase 1).
É elaborado um relatório circunstanciado que é levado para aprovação da Funai. Essa aprovação é feita pelo Presidente da Funai (Fase 2) que tem o prazo de 15 dias para publicar seu resumo no DOU (Diário Oficial da União) e no Diário Oficial do Estado a que pertence a TI, e afixada na Prefeitura do Município onde se encontra a terra indígena.
É aberto então o prazo de 90 dias após a publicação no DOU para contestações (Fase 3), que deverão ser acompanhadas de provas. Esta contestação deverá ser entregue ao Órgão Indigenista, no caso a Funai. A Funai por sua vez tem 60 dias (após decorridos os 90) para elaborar pareceres sobre as razões de todos os interesses e encaminhar o Ministério da Justiça (fase 4).
O Ministro da Justiça tem 30 dias para: (a) expedir portaria , declarando os limites da área e determinando sua demarcação física; (b) prescrever diligências para serem cumpridas em mais 90 dias; ou ainda, (c) desaprovar a identificação, publicando decisão fundamentada no parágrafo 1º do artigo 231 da Constituição. Havendo a declaração dos limites da área indígena, a Funai promoverá a sua Demarcação física (fase 5), e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e reforma Agrária) providenciará o reassentamento dos ocupantes não índios.
Tal procedimento é então submetido ao Presidente da República para Homologação por Decreto (fase 6). Após a terra demarcada e homologada ela é registrada (fase 6) em até 30 dias no cartório de imóveis da Cidade onde se encontra a Terra Indígena e no SPU (Serviço de Patrimônio da União).
Imagem disponível em http://www.mundovestibular.com.br/articles/4266/1/TERRAS-INDIGENAS-SAO-12-DO-BRASIL/Paacutegina1.html
Ivana Cardoso, nome tupinambá Potyra Tê Tupinambá é advogada e diretora da ONG Thidewas.
Para saber mais ver http://www.indiosonline.org.br/novo/eu_sou_india_aqui_e_na_china_1/
domingo, 10 de abril de 2011
HOMENAGEM A NEUSA SANTOS SOUZA
Conchas aflorando na areia da praia representando nossa ancestralidade afrobrasileira ,expansão de famílias,linhagens comunidades projeções transatlânticas Foto disponível em http://www.oartesanato.com/83/divertido-mobile-com-conchas-do-mar
Quem tiver ocasião de ler o importante livro de Neusa Santos Souza, Tornar-se Negro, nos agradecimentos mereço o registro de meu nome juntamente com outras amizades da autora. Foi nessa época do ano no mês de dezembro em 2008 que ela se despediu deixando a todos os seus amigos e admiradores surpresos e com enorme saudade. Só agora com a poeira de emoções mais assentadas que venho a público dar o meu testemunho de nosso surpreendente encontro, coisas do destino...
Lá pelos fins da década de 70, fui convidado por meu amigo Chaim, hoje psicanalista, a substituí-lo numa palestra nas cercanias do Hospital Pinel no Rio de Janeiro para falar sobre aspectos da obra de Michel Foucault especialmente o livro Doença Mental e Psicologia recém lançado no Brasil pelo Tempo Brasileiro. Naquela época já era conhecido naquela ambiência por minhas participações de análise institucional com Georges Lapassade inclusive pela co-autoria num livro sobre Umbanda e ainda um filme curta metragem com os então estudantes Roberto Moura e Murilo Salles. Para tanto freqüentamos os terreiros no morro D. Marta, na Rocinha e fazíamos comparações com os “centros” do “asfalto”. Porém naquela ocasião do encontro com Neusa, já freqüentava terreiros de culto aos egungun e aos orixá na Bahia e no Rio de Janeiro.
Já era conhecido também num movimento negro nascente onde acontece minha participação nas Semanas Afro Brasileiras no MAM RJ em1974, com atividades em torno do acervo de arte sacra negra de Mestre Didi que encerrava o ciclo de um périplo por países da África, Europa e América do Sul e que contribuíram para ampliar a atuação do CEAA e com a fundação do IPCN no RJ dentre outros desdobramentos.
Rio Paraguaçú cidade de São Félix vista da cidade de Cachoeira no Recôncavo da Bahia Imagem disponível emhttp://www.ufrb.edu.br/galeriareconcavo/2009/07/09/sao-felix-e-o-seu-espelho/
Enfim quando encerrei aquela palestra, Neusa se aproximou e se apresentou falando de seu trabalho sobre identidade negra e se eu poderia trocar umas idéias com ela da área de psiquiatria e eu de comunicação, sei lá. Coloquei-me a disposição e perguntei onde ela morava, foi então que começaram as coincidências. Nós morávamos no mesmo prédio com alguns andares de diferença e não sabíamos. Então combinamos de nos encontrar num dia em casa.
No nosso encontro, inicialmente cheio de cordialidades, ela disse ser baiana de Cachoeira, cidade de pujantes tradições culturais afro-brasileiras. Aí eu me senti mais a vontade prá puxar a conversa prá esse lado falando de identidade articulada e formada pelos valores e pelas linguagens das tradições, o rico legado civilizatório ancestral.
Cristo Redentor na cidade do Rio de Janeiro disponível em http://www.destinosdeviagem.com/cristo-redentor-rio-janeiro/
Então Neusa me conta que, no entanto a família dela manteve-se relativamente afastada dessa tradição. Ainda mais ela que foi para estudar, e depois se mudando de cidade, agora no Rio de Janeiro.
Entre o morro e o asfalto foto disponível em http://dan-poucodetudo.blogspot.com/2010/08/rio-de-janeiro.html
Enfim outras passagens há para contar, mas prefiro dizer que seu livro Tornar-se Negro marca uma reflexão das mais importantes sobre a trajetória da afirmação dos afro-descendentes no contexto nacional.
Livro "Tornar-se Negro" Rio de Janeiro:GRAAL,2º edição,1990.
O livro fala daqueles que trilham o “caminho do branco” e vivenciam o que Eldridge Cleaver chamou de “Alma no Exílio”.
Diz Neusa na introdução sobre seu livro: “Ele é um olhar que se volta em direção à experiência de ser-se negro numa sociedade branca. De classe e ideologias dominantes brancas. De estética e comportamentos brancos. De exigências e expectativas brancas. Este olhar se detém, particularmente, sobre a experiência emocional do negro que, vivendo nessa sociedade, responde positivamente ao apelo da ascensão social, o que implica na decisiva conquista de valores, status e prerrogativas brancos.”
E ela acrescenta: “O negro que se empenha na conquista da ascensão social paga o preço do massacre mais ou menos dramático de sua identidade. Afastado de seus valores originais, representados fundamentalmente por sua herança religiosa, o negro tomou o branco como modelo de identificação, como única possibilidade de “tornar-se gente”.
E ainda: “Este livro trata desse contingente de negros, no que diz respeito ao custo emocional da sujeição, negação e massacre de sua identidade original, de sua identidade histórico-existencial.”
A originalidade de seu trabalho foi de ter compartilhado a problemática das tentativas de articulação do materialismo histórico com a psicanálise aplicada à trama afetiva dos comportamentos sociais relativos à especificidade da trajetória de mobilidade social do “segmento negro” no Rio de Janeiro.
A articulação da Teoria das Ideologias (Althusser) com a Psicanálise (Lacan) possibilita uma leitura profunda dos depoimentos de experiências de vida de mulheres e homens negros que vivenciam a introjeção do preconceito gerado pelo imaginário ideológico racista que sobredetermina o interelacionamento social nesse contexto.
No que se refere então a esse contexto histórico o ponto de partida é a ideologia do racismo institucional em que a razão de Estado através dos aparelhos ideológicos promove a rejeição da identidade original dos afro descendentes baseada na cultura, instituições, valores e linguagem que constituem o processo civilizatório afrobrasileiro. Esse processo não navega em águas tranqüilas mas enfrenta e caminha em meio às políticas neo-colonialistas da herança européia. No que se refere à Psicanálise acontece na interpretação dos depoimentos, muita vez, a constituição do Ego Ideal em detrimento do Ideal de Ego. O Eu imaginário e inalcançável do “padrão branco”toma lugar do Eu simbólico, das linguagens e valores da ancestralidade afro-brasileira.
“O Ideal de Ego não se confunde com o Ego Ideal.
O Ego Ideal, instância regida pelo signo da onipotência e marcada pelo registro imaginário, caracteriza-se pela idealização maciça e pelo predomínio das representações fantasmáticas. O Ideal do Ego é do domínio do simbólico. Simbólico quer dizer articulação e vínculo. Simbólico é o registro ao qual pertencem a Ordem Simbólica e a Lei que fundamenta esta ordem. O Ideal do Ego é portanto, a instância que estrutura o sujeito psíquico, vinculando-o a Lei e a Ordem. É o lugar do discurso.”
No caminhar pelas instituições do “mundo branco” o Super Ego atua introjetando o racismo, promovendo a rejeição da identidade original e plausível, ou seja, a identificação com seu contínuo civilizatório próprio e seus ancestrais ilustres no decorrer da história para substituí-la pelo Ego Ideal do fascínio da identidade e imagem do branco alimentado muitas vezes pelo núcleo familiar, pela indústria cultural, pelo sistema de ensino, pelas igrejas e demais aparelhos de Estado neocolonial republicano.
É a trama pulsante e pungente entre o Ideal de Ego, o Super Ego e o Ego Ideal que constitui o âmago do trabalho de Neusa, incrementado pelos comoventes relatos e depoimentos.
O valor especial do trabalho é que ele revela que as relações sociais estão envolvidas por emoção e afeto e que podem concorrer para corroer a possibilidade de afirmação de identidade plena.
“Esta ferida narcísica e os modos de lidar com ela constituem a psicopatologia do negro brasileiro em ascensão social e tem como dado nuclear uma relação de tensão contínua entre Super Ego atual e Ideal de Ego.”
E ainda: “A possibilidade de construir uma identidade negra - tarefa eminentemente política – exige como condição imprescindível, a contestação do modelo advindo das figuras primeiras -pais ou substitutos- que lhe ensinam a ser uma caricatura do branco. Rompendo com este modelo, o negro organiza as condições que lhe permitirão ter um rosto próprio”.
Neusa formou-se em Medicina e se tornou psicanalista de orientação lacaniana.Foi uma escritora de textos que a tornaram clássica, como o artigo a seguir a propósito das comemorações em torno dos 120 anos de abolição da escravatura no Brasil.
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CONTRA O RACISMO
COM MUITO ORGULHO E AMOR
Neusa Santos Souza
Comemoramos hoje 120 anos de abolição da escravatura negra no Brasil. Abolição da escravidão quer dizer aqui fim de um sistema cruel e injusto que trata os negros como coisa, objeto de compra e venda, negócio lucrativo para servir à ambição sem fim dos poderosos. Abolição da escravatura quer dizer aqui fim da humilhação, do desrespeito, da injustiça.
Abolição da escravatura quer dizer libertação. Mas será que acabamos mesmo com a injustiça, com a humilhação e com o desrespeito com que o conjunto da sociedade brasileira ainda nos trata? Será que acabamos com a falta de amor-próprio que nos foi transmitido desde muito cedo nas nossas vidas? Será que já nos libertamos do sentimento de que somos menores, cidadãos de segunda categoria? Será que gostamos mesmo da nossa pele, do nosso cabelo, do nosso nariz, da nossa boca, do nosso corpo, do nosso jeito de ser? Será que nesses 120 de abolição conquistamos o direito de entrar e sair dos lugares como qualquer cidadão digno que somos? Ou estamos quase sempre preocupados com o olhar de desconfiança e reprovação que vem dos outros?
Cento e vinte anos de abolição quer dizer 120 de luta dos negros que, no Brasil, dia a dia, convivem com o preconceito e a discriminação racial. 120 de abolição quer dizer 120 de luta contra o racismo desse país que é nosso e que ajudamos a construir: não só com o trabalho, mas, sobretudo, com a cultura transmitida por nossos ancestrais e transformada e enriquecida por cada um de nós. 120 de abolição quer dizer 120 anos de luta contra todos os setores da sociedade e da vida cotidiana: nos espaços públicos e nos espaços privados; na Câmara, no Senado, nos sindicatos, no local de trabalho, nas escolas, nas universidades no campo, na praça e em nossas casas. 120 de abolição quer dizer 120 de luta contra qualquer lugar em que houver um negro que ainda sofra preconceito e discriminação raciais.
Nesses 120 anos, tivemos muitas vitórias, conquistamos muitas coisas, especialmente um amor por nós mesmos, uma alegria, um orgulho de sermos o que somos: brasileiros negros – negros de muitos tons de cor de pele, efeito da mistura, que é uma bela marca da sociedade brasileira. Nesses 120 anos tivemos muitas conquistas e temos muito mais a conquistar. Nesses 120 anos vencemos muitas batalhas e temos muito mais a batalhar. Nesses 120 anos comemoramos muitas vitórias e temos muito mais a comemorar. A escravidão acabou, mas a nossa luta continua!
Oxumaré,o arco-íris ciclo vital multiplicidade dos destinos Foto de Marco Aurélio Luz
ARTE DA CAPOEIRA NA ACRA.
Grupo de capoeira da ACRA.De bermuda azul marinho Professor Rupi e de calça verde escuro nosso valioso parceiro Mestre Olavo
O professor Rupi segue os ensinamentos da escola de Mestre Bimba, com um berimbau e dois pandeiros. Rupi relata: “as aulas não são só jogar capoeira, mas também têm o propósito de trabalhar a ética e cidadania, tentando estimular as crianças e jovens envolvidas através de conversas informais e troca de experiências, de forma lúdica e explorando os ritmos e movimentos desta arte”. A ACRA instituição idealizada pelo Sr. José Luís Correia do Patrocínio conhecido nas rodas de capoeira como Contra Mestre Luís Negão , desde 2005 realiza atividades de intercâmbio cultural com o Grupo de Capoeira Abolição Oxford na cidade de Oxford na Inglaterra e Hamburg na África do Sul.Esses países fazem parte do trabalho socioeducativo explorando a linguagem da capoeira sob a responsabilidade do Contra Mestre Luís Negão. Em todas essas atividades de intercâmbio o professor Rupi tem participado realizando oficinas e sendo responsável em acompanhar crianças e jovens da ACRA selecionados para representar a Associação no exterior. Sobre a experiência em Hamburg , na África do Sul Rupi comenta:”fui recebido por Falcão, um professor sul-africano que possui uma academia de capoeira nesta cidade. Me senti em casa nessa cidade, que muito tem a ver com a Bahia em seus aspectos culturais e sociais.A maioria dos habitantes são negros alegres e que gostam muito de cantar, revelando uma grande similaridade com o povo baiano”.
Apresentação das crianças e jovens no IIº Festival de Arte e Educação Afrobrasileira da ACRA em dezembro de 2010
A ACRA, segundo Rupi, foi importante na sua vida, porque através desta instituição, ele pode conhecer pessoas de várias partes do mundo e países com culturas bem diferentes, trocando experiências enriquecedoras para os dois lados. Seu trabalho serve para lembrarmos que a cultura africana, reelaborada e ressignificada em solo baiano, está presente através de ações sociais que nos faz relembrar nosso passado, herança da África, que inspirou os africanos/as no Brasil a criarem a linguagem da Capoeira como um legado para seus filhos que se sentem orgulhosos por serem parte dessa civilização milenar.