Imagem disponível em http://rmgoncalves.wordpress.com/2009/12/25/o-mar
No meu pensamento de antigamente,
Quando eu era menino,
O mundo, eu pensava
Que era que nem tocaia,
A terra remendava com o céu.
O sol,
Eu pensava que eram muitos,
Passando dias e dias.
A noite,
Eu pensava que era que nem fumaça,
Porque quando o sol ia embora,
A noite vinha cobrir o mundo.
O céu,
Eu pensava que era que nem ferro,
Nunca acaba.
A chuva,
Eu pensava que era alguma pessoa,
Que morava no céu e derramava água.
A água,
Eu pensava que eram alguns bichos grandes,
Esturrando em cima do céu.
O homem,
Eu pensava que só nós mesmos vivíamos,
Só nós mesmos, o povo Kaxinawá.
A língua,
Eu pensava que todo mundo falava
Na nossa língua mesmo, o Kaxinawá.
Um dia, eu vi um branco chegando na nossa casa falando diferente.
Mas eu pensava que quando eu fosse na casa dele, ele ia falar em Kaxinawá.
Um dia, eu fui viajar com meu pai, para ver onde estava a terra remendada com o ceú.
Nós íamos descendo o rio e quando passaram alguns dias perguntei ao meu pai onde estava a terra remendada com o céu.
Meu pai me disse que não estava remendada a terra com o céu.
Que o mundo é muito grande e não tem fim…
Contribuição de Norberto Sales Tene Kaxinawá para o Atlas geográfico do Acre
Imagem disponível em http://transnet.ning.com/profiles/blogs/nos-os-indios-conhecemos-o
Para saber mais visite http://teolitcbicalho.blogspot.com/2006/02/antologia-de-poesia-indgena.html
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