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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


domingo, 17 de abril de 2011

EU PENSAVA QUE A TERRA REMENDAVA COM O CÉU

Por Norberto Sales Tene Kaxinawá

Imagem disponível em http://rmgoncalves.wordpress.com/2009/12/25/o-mar


No meu pensamento de antigamente,


Quando eu era menino,


O mundo, eu pensava


Que era que nem tocaia,


A terra remendava com o céu.


O sol,


Eu pensava que eram muitos,


Passando dias e dias.


A noite,


Eu pensava que era que nem fumaça,


Porque quando o sol ia embora,


A noite vinha cobrir o mundo.


O céu,


Eu pensava que era que nem ferro,


Nunca acaba.


A chuva,


Eu pensava que era alguma pessoa,


Que morava no céu e derramava água.


A água,


Eu pensava que eram alguns bichos grandes,


Esturrando em cima do céu.


O homem,


Eu pensava que só nós mesmos vivíamos,


Só nós mesmos, o povo Kaxinawá.


A língua,


Eu pensava que todo mundo falava


Na nossa língua mesmo, o Kaxinawá.


Um dia, eu vi um branco chegando na nossa casa falando diferente.


Mas eu pensava que quando eu fosse na casa dele, ele ia falar em Kaxinawá.


Um dia, eu fui viajar com meu pai, para ver onde estava a terra remendada com o ceú.


Nós íamos descendo o rio e quando passaram alguns dias perguntei ao meu pai onde estava a terra remendada com o céu.


Meu pai me disse que não estava remendada a terra com o céu.


Que o mundo é muito grande e não tem fim…


Contribuição de Norberto Sales Tene Kaxinawá para o Atlas geográfico do Acre



Imagem disponível em http://transnet.ning.com/profiles/blogs/nos-os-indios-conhecemos-o


Para saber mais visite http://teolitcbicalho.blogspot.com/2006/02/antologia-de-poesia-indgena.html

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