Januz, pintora poeta professora Mãe de uma filha e três filhos . Januária Avelino Correia do Patrocínio partiu no dia 19 de novembro deixando muitas saudades. Que Deus e os ancestrais iluminem seu caminho.
terça-feira, 27 de novembro de 2018
TEMPO poesia de Januz
Januz, pintora poeta professora Mãe de uma filha e três filhos . Januária Avelino Correia do Patrocínio partiu no dia 19 de novembro deixando muitas saudades. Que Deus e os ancestrais iluminem seu caminho.
domingo, 25 de novembro de 2018
Carta do Chefe Seatle
Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz mais de um século e meio. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade. A carta:
"Como podeis comprar ou vender o céu, a tepidez do
chão? A ideia não tem sentido para nós.
"Se não possuímos o frescor do ar ou o brilho da água,
como podeis querer comprá-los?
"Qualquer parte desta terra é sagrada para meu povo.
Qualquer folha de pinheiro, qualquer praia, a neblina dos bosques sombrios, o
brilhante e zumbidor inseto, tudo é sagrado na memória e na experiência de meu
povo. A seiva que percorre o interior das árvores leva em si as memórias do
homem vermelho.
"Os mortos do homem branco esquecem a terra de seu
nascimento quando vão pervagar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem
esta terra maravilhosa, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da
terra e ela é parte de nós. As flores perfumosas são nossas irmãs; os gamos, os
cavalos, a majestosa águia, todos são nossos irmãos. Os picos rochosos, a
fragrância dos bosques, a energia vital do pônei e o Homem, tudo pertence a uma
só família.
"Assim, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer
que deseja comprar nossas terras, ele está pedindo muito de nós. O Grande Chefe
manda dizer que nos reservará um sítio onde possamos viver confortavelmente por
nós mesmos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Se é assim, vamos
considerar a sua proposta sobre a compra de nossa terra. Mas tal compra não
será fácil, já que esta terra é sagrada para nós.
"A límpida água que percorre os regatos e rios não é
apenas água, mas o sangue de nossos ancestrais. Se vos vendermos a terra,
tereis de vos lembrar que ela é sagrada, e deveis lembrar a vossos filhos que
ela é sagrada, e que qualquer reflexo espectral sobre a superfície dos lagos
evoca eventos e fases da vida de meu povo. O marulhar das águas é a voz dos
nossos ancestrais. Os rios são nossos irmãos, eles nos saciam a sede. Levam as
nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se vendermos nossa terra a vós,
deveis vos lembrar e ensinar a vossas crianças que os
rios são nossos irmãos, vossos irmãos também, e deveis a partir de então
dispensar aos rios a mesma espécie de afeição que dispensais a um irmão.
"Nós sabemos que o homem branco não entende o nosso
modo de ser. Para ele um pedaço de terra não se distingue de outro qualquer,
pois é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo de que precisa. A
terra não é sua irmã, mas sua inimiga; depois que a submete a si, que a
conquista, ele vai embora, à procura de outro lugar. Deixa atrás de si a
sepultura de seus pais e não se importa. Sequestra os filhos da terra e não se
importa. A cova de seus pais e a herança de seus filhos, ele as esquece. Trata
a sua mãe, a terra, e a seu irmão, o céu, como coisas a serem compradas ou
roubadas, como se fossem peles de carneiro ou brilhantes contas sem valor. Seu
apetite vai exaurir a terra, deixando atrás de si só desertos.
"Isso eu não compreendo. Nosso modo de ser é
completamente diferente do vosso. A visão de vossas cidades faz doer aos olhos
do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e como tal
nada possa compreender.
"Nas cidades do homem branco não há um só lugar onde
haja silêncio, paz. Um só lugar onde ouvir o farfalhar das folhas na primavera,
o zunir das asas de um inseto. Talvez seja porque sou um selvagem e não possa
compreender.
"O barulho serve apenas para insultar os ouvidos. E que
vida é essa onde o homem não pode ouvir o pio solitário da coruja ou o coaxar
das rãs à margem dos charcos à noite? O índio prefere o suave sussurrar do
vento esfrolando a superfície das águas do lago, ou a fragrância da brisa,
purificada pela chuva do meio-dia ou aromatizada pelo perfume das pinhas.
"O ar é precioso para o homem vermelho, pois dele todos
se alimentam. Os animais, as árvores, o homem, todos respiram o mesmo ar. O
homem branco parece não se importar com o ar que respira. Como um cadáver em
decomposição, ele é insensível ao mau cheiro. Mas, se vos vendermos nossa
terra, deveis vos lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar insufla seu
espírito em todas as coisas que dele vivem. O ar que nossos avós inspiraram ao
primeiro vagido foi o mesmo que lhes recebeu o último suspiro.
"Se vendermos nossa terra a vós, deveis conservá-la à
parte, como sagrada, como um lugar onde mesmo um homem branco possa ir sorver a
brisa aromatizada pelas flores dos bosques.
"Assim consideraremos vossa proposta de comprar nossa
terra. Se nos decidirmos a aceitá-la, imporei uma condição: o homem branco terá
de tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.
"Sou um selvagem e não compreendo de outro modo. Tenho
visto milhares de búfalos a apodrecerem nas pradarias, deixados pelo homem
branco que neles atira de um trem em movimento. Sou um selvagem e não
compreendo como o fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante que o
búfalo, que nós caçamos apenas para nos manter vivos.
"Que será do homem sem os animais? Se todos os animais desaparecessem, o homem morreria de solidão espiritual. Porque tudo que aconteça aos animais pode afetar os homens. Tudo está relacionado.
"Deveis ensinar a vossos filhos que o chão onde pisam
simboliza as cinzas de nossos ancestrais. Para que eles respeitem a terra,
ensinai a eles que ela é rica pela vida dos seres de todas as espécies. Ensinai
a eles o que ensinamos aos nossos: que a terra é a nossa mãe. Quando o homem
cospe sobre a terra, está cuspindo sobre si mesmo.
"De uma coisa temos certeza: a terra não pertence ao
homem branco; o homem branco é que pertence à terra. Disso temos certeza. Todas
as coisas estão relacionadas como o sangue que une uma família. Tudo está
associado.
"O que fere a terra fere também os filhos da terra. O
homem não tece a teia da vida; é antes um de seus fios. O que quer que faça a
essa teia, faz a si próprio.
"Mesmo o homem branco, a quem Deus acompanha, e com
quem conversa como amigo, não pode fugir a esse destino comum. Talvez, apesar
de tudo, sejamos todos irmãos. Nós o veremos. De uma coisa sabemos — e que
talvez o homem branco venha a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus.
Podeis pensar hoje que somente vós O possuís, como desejais possuir a terra,
mas não podeis. Ele é o Deus do homem e Sua compaixão é igual tanto para o
homem branco quanto para o homem vermelho. Esta terra é querida Dele, e ofender
a terra é insultar o seu Criador. Os brancos também passarão; talvez
mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminai a vossa cama, e vos
sufocareis numa noite no meio de vossos próprios excrementos.
"Mas no vosso parecer, brilhareis alto, iluminados pela
força do Deus que vos trouxe a esta terra e por algum favor especial vos outorgou
domínio sobre ela e sobre o homem vermelho. Este destino é um mistério para
nós, pois não compreendemos como será no dia em que o último búfalo for
dizimado, os cavalos selvagens domesticados, os secretos recantos das florestas
invadidos pelo odor do suor de muitos homens e a visão das brilhantes colinas
bloqueadas por fios falantes. Onde está o matagal? Desapareceu. Onde está a
águia? Desapareceu. O fim do viver e o início do sobreviver".
sábado, 17 de novembro de 2018
A VOZ E A VEZ DO MORRO
Por Narcimária Correia do
Patrocínio Luz
É ao sabor do ritmo e cadência do samba adornado pela polirritmia percussiva da orquestra africano-brasileira que destaco aqui, de modo muito especial, a “Voz do Morro”, composição de Zé Kéti (1952).
Os
sambas se tornaram legendas na história do Brasil por várias razões: a primeira por contar os modos de insurgência
das populações negras e sua competência para fundar territorialidades que
recusam o recalque à sua alteridade civilizatória; a segunda pela poesia que nos
emociona e nos leva a dramatizar por meio da dança e da ginga as situações que
carregam a pulsão de sociabilidade africano-brasileira.
É
preciso chamar a atenção do leitor para a necessidade de transcender o discurso
geográfico, mensurável e estático que, esquadrinhando os espaços, diz o que é,
e deve ser o “morro”. O morro aqui é uma metáfora! Em cena estão todas as
territorialidades no Brasil imantadas pelo patrimônio de valores e linguagens
africano-brasileiras.
Todos
os sambas falam das tensões e conflitos entre a singularidade africano-brasileira
e as políticas genocidas e de abandono que desencadeiam uma dinâmica da
violência que vem ceifando a vida de milhares de homens, mulheres, crianças e
jovens.
Apesar
de todas essas agressões cotidianas, não esqueçamos a imponência e altivez do
povo negro que não abre mão do direito de ser e viver suas instituições como as
“pequenas Áfricas” no Rio de Janeiro, como se referiu Heitor dos Prazeres às
comunalidades sob a liderança feminina das baianas como Tia Ciata.
“Eu
sou o samba/ A voz do morro sou eu mesmo sim senhor/ Quero mostrar ao mundo que
tenho valor/ Eu sou o rei do terreiro/ Eu sou o samba/ Sou eu quem levo a
alegria/ Para milhões de corações brasileiros/ Salve o samba, queremos samba/
Quem está pedindo é a voz do povo de um país/ Salve o samba, queremos samba/
Essa melodia de um Brasil feliz.” ( Zé Kéti)
Pintura de Heitor dos Prazeres
O que isso significa? A institucionalização de políticas públicas que contemplem direitos coletivos capazes de estabelecer espaços institucionais de combate ao racismo e suas engrenagens ideológicas, que tendem a tragar a vida e submeter as populações negras a situações marcadas por muita dor e humilhação.
Pintura de Heitor dos Prazeres
O que isso significa? A institucionalização de políticas públicas que contemplem direitos coletivos capazes de estabelecer espaços institucionais de combate ao racismo e suas engrenagens ideológicas, que tendem a tragar a vida e submeter as populações negras a situações marcadas por muita dor e humilhação.
Então,
cantemos a “voz do morro” num coro uníssono, fazendo repercutir entre gerações
o respeito aos valores das comunalidades africano brasileiras e o direito de
ser e viver suas instituições.
“O
morro não tem vez/ E o que ele fez já foi demais/ Mas olhem bem vocês/ Quando
derem vez ao morro/ Toda a cidade vai cantar/ Samba pede passagem/ Morro quer
se mostrar/ Abram alas pro morro/ Tamborim vai falar/ É um, é dois, é três/ É
cem, é mil!”(Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim).
quinta-feira, 15 de novembro de 2018
Carta do Chefe Sioux Touro Sentado
“O grande chefe de
Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe
assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte,
pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua
oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e
tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o
chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem
confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas
não empalidecem.
Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal
idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água.
Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso
tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas
as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e
todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de
viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho,
que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua
irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o
túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita.
Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a
terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos
do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem
que nada compreende.
Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem
lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das
asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das
cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que
o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo
à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d’água e o
próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de
pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos
respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se
importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau
cheiro.
Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.
Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os
nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o
tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes.
Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são
muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das
grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos
pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi
tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um
dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono
Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é
Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A
terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador.
O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras
raças. Continua
sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado
nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os
cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as
colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os
sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à
andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela
sobrevivência.
Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se
soubéssemos quais as esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de
inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os
desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco
são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio
caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos
prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois
que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da
sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará
a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido
ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como
nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a
terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o
seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos.
Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele.
Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.”
“Quando a última árvore for cortada,
quando o último rio for poluído,
quando o último peixe for pescado,
aí sim eles verão que dinheiro não se come…”
(Tatanka yatanka – Touro Sentado – Chefe Sioux)
Tatanka yatanka o"Touro Sentado" liderou a união dos povos que derrotaram o exército dos EUA comandado pelo general Custer na batalha de Little Big Horn.
Batalha de Little Big Horn.
quarta-feira, 14 de novembro de 2018
quarta-feira, 7 de novembro de 2018
quinta-feira, 1 de novembro de 2018
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