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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


domingo, 28 de fevereiro de 2010

"We are the World" Haiti

HAITI,HAITI,HAITI...
Nárcimária Luz

Amigos/as acompanhem o vídeo clipe da música de Michel Jackson e Lionel Richie de 1985 numa (re)leitura interessante com nomes da música pop internacional com a intenção de angariar fundos para ajudar as crianças e jovens do Haiti.

A gravação foi feita no mesmo estúdio em Hollywood e mais uma vez o maestro Quincy Jones foi responsável pela direção artística.


Letra e música de Michel Jackson e Lionel Richie “We Are The World” canção criada para alertar o mundo sobre fome na África ganha uma nova roupagem chamando atenção para a catástrofe que se abateu no Haiti em janeiro de 2010.

Emociona a imagem do saudoso e querido Michel Jackson cantando como se estivesse presente nesse gesto singelo de enviar através da música a mensagem “NÓS SOMOS O MUNDO PARA O HAITI”.

Lionel Richie comentou:” "Da primeira vez, não tínhamos ideia de onde aquilo ia dar. Simplesmente aconteceu. Agora, testemunhamos um grande entusiasmo. Nunca vi nada igual".

Segundo os organizadores da iniciativa o dinheiro arrecadado com a venda de We Are the World será enviado a uma fundação de ajuda às vítimas no Haiti. Vale a pena conferir!

Acompanhem o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=Glny4jSciVI

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Observação: Não foi possível baixar este vídeo no blog pois o mesmo foi gravado em alta definição, por este motivo, disponibilizamos apenas o link.

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Gostou do vídeo? Deixe aqui o seu cometário.

"INVICTUS" - Mandela Invencível


INVICTUS

O filme que narra uma parte da grandiosa história de Nelson Mandela





"Invictus" vem do latim e significa invencível. "Invictus" ou "Invivtous" é também uma poesia de William E Henley, que segundo historiadores, Mandela declarou ser sua inspiração durante os duros anos de cativeiro.

O filme apresenta o período que Mandela sai da prisão em 1990, torna-se presidente em 1994 e os anos subsequentes. Na tentativa de diminuir a segregação racial na África do Sul, o rugby é utilizado para tentar amenizar o fosso entre negros e brancos, fomentado por quase 40 anos.
O Blog angolavitoriosa.blogspot.com traz a seguinte resenha do filme:

"O filme Invictus de Clint Eastwood homenageia Mandela e África do Sul. Nesta película cinematográfica o destino de Mandela confunde-se com o do país que ama e que quer vêr livre a todo o custo do regime de Apartheid. Por amor a esse país Mandela renega a vinganças mesquinhas e coloca a união nacional em primeiro lugar. Após ter vencido democráticamente as eleições que lhe conferem o poder de governar a África do Sul, Mandela decide ser um líder antes de ser um homem, um presidente, um pai de família...decide unir o que anos de apartheid tinha separado de forma tão nefasta.

E é neste contexto, que se vê num país onde o rugby como modalidade desportiva se encontra em declínio em parte por ser considerado um símbolo do apartheid pelos negros. E contra todas as vontades Mandela decide apostar naquilo que o seu inimigo valoriza. Entende que dessa forma conquistará o inimigo que nesse momento também integra o povo que quer liderar. Esquece para isso os anos de cativeiro, as ofensas e decide enfrentar os seus apoiantes que consideram este acto como uma traição! Mas como ele refere um líder não tem medo de seguir aquilo em que acredita. Reforça as suas decisões no passado de cativeiro onde a leitura e a poesia eram suas companheiras...e é essa poesia que liberta para o terreno político demonstrando ser acima de tudo um homem com uma alma indomável, que mesmo na escuridão e sob o jugo da tortura manteve a sua integridade e a liberdade nas suas escolhas.

Texto disponível em: http://angolavitoriosa.blogspot.com/2010/02/invictus-mandela-um-lider-capitao-do.html



O site casadacultura.org traz a tradução da poesia:


"Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.


Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.


Copyright © André C S Masini, 2000Todos os direitos reservados. Tradução publicada originalmenteno livro "Pequena Coletânea de Poesias de Língua Inglesa"
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Você já assitiu este filme? O que achou? Deixe aqui sua impressão.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

BLOG ACRA 2° LUGAR NO CONCURSO BLOG NOTA 10 REVISTA ÁFRICA E AFRICANIDADES


O concurso teve por objetivo selecionar os melhores Blogs nas categorias Blog Nota 10 – África e Africanidades, destinada a blogueiros e Blog do Professor Nota 10 África e Africanidades tendo como critérios conteúdo, criatividade, apresentação, quantidade de postagens e de comentários. Para a categoria Blog do Professor Nota 10 - África e Africanidades ainda foram avaliados as participações de alunos e outros membros da comunidade escolar no projeto que deu origem ao blog.

Entre os diversos inscritos na categoria Blog do professor Nota 10 apenas o Blog do Projeto África, projeto da professora Ana Paula Mogetti Ferraz, do Colégio Estadual Barão de Itacurussá, no Rio de Janeiro contemplou todos os pré-requisitos. Muitos professores inscreveram seus blogs individuais que não estavam inseridos num projeto pedagógico.

O projeto Blog do Projeto África ainda destacou-se pela multidisciplinaridade, integração com a comunidade, o que possibilitou momentos de diálogos entre o universo escolar, grupos culturais, intelectuais e representantes do Movimento Negro.

Na categoria blogueiro a seleção também foi muito difícil pela variedade e qualidade dos participantes. Os ganhadores foram:
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Parabéns para todos/as nós!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

AFOXÉ É DE ORIGEM NOBRE

Seguindo o alerta que está na música do compositor e poeta Gerônimo a ACRA tem o prazer de anunciar:

JÁ É CARNAVAL CIDADE ACORDA PRA VER!!!!!!!!


AFOXÉ

É DE ORIGEM NOBRE


Marco Aurélio Luz¹


Mãe Senhora, Iyalorixá Oxun Muiwa e Iyanassô, esse título recebido do Alaafin Oyó, rei de Oyó, a capital política do reino nagô-yoruba onde Xangô é o orixá patrono, demarcava a territorialidade de seus poderes com a frase “- da porteira prá dentro, da porteira para fora”, querendo destacar a soberania absoluta da tradição que assegura a continuidade do axé, dos ilê axé das casas de axé.

Se por um lado no que se refere à liturgia, aos preceitos rituais, os poderes hierárquicos da tradição são absolutos, no que se refere as ações projetadas para fora elas entram em espaços de luta e afirmação.

É aqui nesse contexto que se situam os afoxés, cujas armas são a estética do encantamento composta de beleza e alegria, valores da linguagem da tradição nagô se espraiando pelo espaço urbano do carnaval.

Nas vilas e cidades nagô-yoruba na África é comum festivais religiosos acontecerem em espaços públicos, as entidades desfilam acompanhadas pelo povo em procissão, como o culto Gelede dedicado as Mães Ancestrais, em Ketu, festivais do culto aos Baba Egun, os ancestrais masculinos, em diversas cidades do antigo império yoruba, as oferendas do Ataojá ao rio Oxun para o rei Laro, ancestral fundador da cidade de Oshogbo, onde Oxun é o orixá patrono, ocasião que ocorre a visita de vários reis vizinhos que reforçam os laços de amizade, o festival Epa em Ekiti, onde ocorre um cortejo de entidades que proporciona a elaboração da saga da humanidade, na presença das maiores autoridades locais, dentre muitos e muitos outros cortejos.

No Brasil, num contexto histórico adverso para manter viva essas tradições africanas dos cortejos, eles acontecem em meio a certas referências católicas como a procissão da sociedade de N. Senhora da Boa Morte em Cachoeira, a famosa Lavagem do Bonfim em Salvador, e outras referências africano brasileiras como os cortejos das Congadas, a coroação dos reis e rainhas do congo, espalhadas pelo país.

Algumas instituições se deslocam para o carnaval, como por exemplo os Maracatus.

O afoxé Troça Carnavalesca Pai Buruko, foi fundado em Salvador por Deoscoredes Maximiliano dos Santos, descendente da tradicional linhagem Asipa, nos dias de hoje Mestre Didi Alapini, na roça do Ilê Axé Opo Afonjá, no tempo da inesquecível Mãe Aninha, Iyalorixá Oba Biyi, nos fins da década de 30. Ele e mais alguns amigos seguiram as orientações da avó Aninha, e depois de algumas tratativas foi criado o Pai Burukô.

Afoxé é palavra da língua yoruba composta de duas outras palavras, afo, que é sopro, hálito que acompanha a emissão da palavra pronunciada, de quem a pronuncia, e axé, que em geral se traduz por força espiritual, força emanada de uma visão sagrada de mundo.
A levada das mensagens dos integrantes do grupo carnavalesco se faz através do ritmo ijexá, que é característico de Oxun patrona da música.

Os instrumentos são básicamente pequenos tambores ou atabaques, os agogô, os xekeré,
e ainda, na partida também os clarins para a execução do hino.

Antes de mais nada porém, para que as mensagens sejam bem recebidas , e tudo ocorra bem são feitos os preceitos necessários as entidades para que protejam e abram os caminhos por onde circulará a Troça...

O Pai Burukô canta e dramatiza os valores e os desejos de liberdade de sua gente afirmando desde suas vestimentas, o cabedal de herança do contínuo civilizatório africano e as estratégias da luta de reposição e afirmação existencial no contexto em que acontece.

O afoxé possui alguns momentos característicos após o hino, afirmações e reinvindicações como nos versos,”jiribumbum, qui tera é nossa”, “visitá governadô prá esse vida miorô” a dramatização do “oluô” que brinca com os assistentes “jogando búzios”, “aile aila Buruko já vai jogá”, a “fuga”, “pai Buruko soldadevém”, “entra em beco sái in beco”, as brincadeiras ao som do ijexá ou do samba de roda, “o samba aqui tava bão gente de fora chego trapaiô”, as despedidas, “ minha gente vam simbora qui o vapo já suviô essa gente anda dizendo qui o agogô num presto...”

O afoxé vai evoluindo no ritmo encantador do ijexá e na alegria de seus componentes irmanados na liberdade da afirmação de seus valores através da brincadeira, da troça, Troça Carnavalesca Pai Buruko.
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¹ Elebogi e Oju Oba, integrante da Troça Carnavalesca Pai Buruko
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A seguir uma entrevista com Fernando Pamplona um dos grandes carnavalescos da história das escolas de samba do Rio de Janeiro e que promoveu e afirmou nos desfiles temas relacionados a civilização africana no Brasil, a exemplo de 1971 em que o Salgueiro ganhou com o enredo "Festa para um rei Negro".

Fernando Pamplona é "Mestre de uma geração de carnavalescos que mudou a história dos desfiles das escolas de samba, Fernando Pamplona dispensa maiores apresentações. Após mais um dia de trabalho na TV Educativa do Rio de Janeiro, onde apresenta o programa "A Verdade", o ex-carnavalesco recebeu com simpatia a reportagem de OBatuque.com numa mesa do tradicional Salsa & Cebolinha para um descontraído bate-papo sobre escolas de samba e cultura popular.
"OBatuque.com - Como se aproximou do mundo do samba?
Fernando Pamplona - O único interesse que eu tenho de conhecimento é cultura popular. (...) Eu sempre me interessei pela cultura popular. Primeira coisa que eu fiz lá além dos desafios: "Capivara correu / No buraco se meteu / Esse bicho corre mais / Do que o vapor Minas Gerais". Vapor Minas Gerais era um ferro-velho, um couraçado inglês da 2ª Guerra que nós compramos. Era capitânia da esquadra do Brasil. Eu vi um boi e me encantei pelo boi. Daí em diante, mesmo adulto e já no Rio, quando eu viajava queria ver o maracatu, entrava em Minas e queria saber o que era uma congada. Via tudo que era atividade popular. A mesma coisa era o carnaval. Carnaval não era meu interesse fundamental e nunca foi. Era uma expressão cultural, popular e autêntica." Veja aqui a entrevista na íntegra
Veja o vídeo com a velha guarda do Salgueiro cantando Festa para um Rei Negro Ver

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010


ITAPUÃ QUEM TE VIU E QUEM TE VÊ


Foi publicado pela EDUNEB um livro precioso voltado para o público infanto-juvenil e referência significativa para  educadores/as que dão importância e valor a diversidade cultural e civilizatória que constitui a nação brasileira.Trata-se da obra “Itapuã quem te viu e quem te vê” de autoria de Narcimária Luz. É  um auto-coreográfico cuja composição poética procura reverenciar a territorialidade de Itapuã em Salvador, Bahia.

O auto-coreográfico procura trazer reminiscências de tempos imemoriais, além de introduzir reflexões preciosas sobre às elaborações de mundo que constituem o viver cotidiano de Itapuã. As imagens/metáforas entrelaçadas, apelam  para linguagens que  comunicam numa perspectiva cósmico-mítica a presença das alteridades civilizatórias, a saber: os povos inaugurais, que são o povo tupinambá; a presença européia-lusitana; e a africana  que recria na travessia transatlântica seu patrimônio civilizatório nas Américas, expandindo-o e promovendo os vínculos de sociabilidade que estruturam e mantêm erguida apesar das adversidades, a territorialidade de Itapuã. 

Itapuã quem te viu e quem te vê”, faz um apelo  ao universo simbólico afro-brasileiro, dando forma as narrativas de mitos, provérbios ,música polirrítmica de base percurssiva, danças, dramatizações, repertório  culinário, conhecimento milenar sobre a complexidade de vida que atravessa as dunas, o mar, a lagoa, as hierarquias comunitárias e suas   instituições, organização territorial, repertório de cantigas e histórias dos pescadores que acumulam narrativas valiosas sobre os princípios fundadores da territorialidade, o mistério do viver e  as estratégias de continuidade da tradição herança dos antepassados.

Itapuã quem te viu e quem te vê”, está  à venda na Livraria EDUNEB que fica no Campus I (Salvador) da Universidade do Estado da Bahia no espaço do foyer do Teatro UNEB. Telefones da EDUNEB (71) 3371-0107 ou (71) 3371-0148 - Ramal 204 ou 217.




segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

PUBLICAÇÕES PRODESE

PUBLICAÇÕES PRODESE


A equipe ACRA tem o prazer de recomendar para nossos visitantes interessados no patrimônio civilizatório africano e sua expansão  nas Américas, de modo especial na Bahia, Salvador e Itapuã, os livros "Tun Oná Ri", "Alafiá" e "Mil Cores". Os três livros foram publicados pela EDUNEB - Editora da Universidade do Estado da Bahia e são frutos de iniciativas do  PRODESE-Programa de Descolonização e Educação da UNEB.

Estão à venda na Livraria EDUNEB que fica no Campus I da Universidade, no espaço do foyer do Teatro UNEB. Telefones da EDUNEB (71) 3371-0107 ou 3371-0148 - ramal 204 e 217.

A seguir as perspectivas de abordagens de cada um dos livros através dos seus respectivos  autores.


TUN ONÁ RI
RETOMANDO O CAMINHO
Autor Marco Aurélio Luz

"Vivendo na ambiência das comunidades tradicionais geradoras das culturas africano-brasileiras, muito aprendi da visão de mundo que se expressa através de refinados códigos estéticos e suas formas de comunicação. O destino me levou também para a arte da escultura. A escultura na nossa tradição nagô possui determinados cânones estéticos regidos pela simbologia que exprime a sabedoria. Essa estética faz parte de um fluxo civilizatório milenar e tem continuidade nas Américas, na Afro-América.

A sabedoria aqui engloba a dinâmica entre dois mundos; o orun, o além, de onde viemos e um dia voltaremos,  e o aiyê, esse mundo em que chegamos e de onde viajaremos quando a hora chegar. Entre eles circula o axé, força que garante o existir. A sabedoria litúrgica proporciona a mobilização de axé, procurando direcioná-lo no fortalecimento da existência da comunidade, egbé, e seus integrantes, os ara orun, habitantes do além e os ara-aiyê habitantes desse mundo 'para que a vida transcorra e possa ser aproveitada da melhor maneira possível, pois só temos essa', como me ensinou meu pai e Mestre Didi, Alapini e um dos mais importantes sacerdote-artista.

Nessa Mostra, apresento esculturas pertencentes a aspectos da simbologia do axé do fogo, fonte da sociabilidade humana, que formam a constelação do panteão do orixá Xangô, patrono da cidade de Oyó, antiga capital do império nagô-yorubá. Agora também impressa no livro, Retomando o Caminho."


ALAFIÁ – PAZ E FELICIDADE
Autor RONALDO MARTINS

"Os quadros que apresento no livro ALAFIÁ, termo iorubá que significa paz e felicidade, são pinturas recentes que desejo poderem transmitir o saber ancestral africano, preservado e cultivado nas comunidades de terreiro iorubá/nagô de Salvador.

ALAFIÁ trata da sabedoria dos orixás que são princípios da água, da terra, do ar, da maternidade, da caça e das árvores, temas das minhas concepções artísticas desde cerca de vinte anos e que, nos últimos três anos, venho aprofundando como pesquisador do PRODESE – Programa de Descolonização e Educação UNEB/CNPq.

As pinturas que reúno no livro, como os frutos da árvore de sabedoria ancestral africana ioruba/nagô no Brasil, manifestam os valores de convivência positiva entre os seres humanos e os outros seres vivos e espirituais, o respeito aos antepassados ilustres e as ricas formas de sociabilidade na celebração da vida, elementos relevantes para a sobrevivência do planeta, para a expansão das futuras gerações e para a convivência harmoniosa entre os povos na atualidade.

Meu objetivo com ALAFIÁ é contribuir para promoção do legado civilizatório africano no Brasil, o respeito ao povo do axé e suas comunidades e agradecer aos que me proporcionaram esse conhecimento, aos “mais velhos”, pessoas que, com ousadia e capacidade empreendedora, construíram e constroem no dia-a-dia, alternativas de valorização da alteridade e da dignidade da população afro-brasileira."


MIL CORES, MIL FOLHAS
Autora  Januária Avelina Correia do Patrocínio

Os ensaios da artista apresentam um repertório que pretende dar visibilidade a riqueza natural que caracteriza o bairro de Itapuã, lugar em que a artista mora e atuou como educadora por mais de quarenta anos. O conjunto dos trabalhos recebem o tema ”Mil Cores, Mil Folhas” se se intercambiam com poesias da própria artista que tratam das coisas mais simples do cotidiano: a sabedoria acumulada na  vida. Utilizando papel canson e tela, a artista Januária Patrocínio deseja demonstrar como a atividade artística é um elemento valioso para o reconhecimento da potencialidade inventiva das pessoas e uma referência importante para a afirmação das territorialidades marcadas pela presença da população de descendência africana. O ato de manipular o papel ou tela para Januária funciona como um ato de expressão da vida comunal que ainda pode ser encontrada em Itapuã.