domingo, 12 de novembro de 2017

CELEBRAÇÃO DO CENTENÁRIO DE MESTRE DIDI NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA BAHIA E COMUNICAÇÃO APRESENTADA POR MARCO AURÉLIO LUZ ,ELEBOGI NO CONTEXTO DA HOMENAGEM NA ALBA





Composição da mesa que realizou as homenagens ao Centenário de Mestre Didi


 A sessão especial realizada nesta segunda-feira, 6, no plenário da Assembleia Legislativa, sob a responsabilidade da Deputada Fabíola Mansur, ela abriu os trabalhos da série de homenagens ao centenário de Deoscoredes Maximiliano dos Santos:
" Mais conhecido como Mestre Didi, ele nasceu em 2 de dezembro de 1917 e foi sacerdote, escultor e escritor, com grandes contribuições nas três faces de sua vida religiosa e intelectual.
Com exposições no Brasil e no exterior, ganhou diversos prêmios e foi um dos mais importantes sacerdotes do culto aos egunguns no mundo. Mestre Didi morreu em 6 de outubro de 2013 e deixou como viúva a antropóloga Juana Elbein dos Santos que, presente à sessão, foi agraciada com uma placa, assim como a filha dele, a professora da Unicamp e cantora lírica Inaicyra Falcão dos Santos, que brindou a plateia com uma belíssima interpretação à capela de uma música composta para o pai.

Nidia dos Santos Badabarawo e Inaicyra Falcão dos Santos To Kun Bo filhas de Mestre Didi recebem a placa de homenagem das mãos da deputada Fabiola Mansur
Juana Elbein dos Santos Elefunde Egide recebe placa de homenagem entregue pela  Deputada Fabíola Mansur

“Novembro é mês da Cultura, e também o mês da Consciência Negra e por isso resolvemos antecipar esta homenagem para reverenciar a arte e ética do grande sacerdote e do extraordinário artista plástico que dedicou a vida e o trabalho à valorização da ancestralidade africana para a cultura do Brasil”, destacou Fabíola.
Genaldo Novaes Alagba nile Asipa e Balbino Daniel de Paula Alagba nile Agboula prestam homenagens a Mestre Didi

A deputada socialista aproveitou a ocasião para apelar à sensibilidade dos colegas parlamentares a darem celeridade à aprovação de projeto de sua autoria que cria a Comenda da Liberdade Revolta dos Búzios, dedicada aos defensores da igualdade e da fraternidade humana, e cujo primeiro agraciado será,  segundo ela, o próprio Mestre Didi, in memoriam.

Fonte: informativo digital de divulgação das atividades do mandato parlamentar da deputada estadual Fabíola Mansur (PSB).

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MESTRE DIDI ASIPA ALAPINI

Por Marco Aurélio Luz


 
Marco Aurélio Luz Oju Oba e Elebogi realiza comunicação enaltecendo os valores de Mestre Didi

Muitos líderes se destacaram no panorama mundial por lutarem pela liberdade, pelo fim do apartheid, pelo fim do racismo, pelos direitos civis, Mestre Didi se destaca pela reposição da religião africano brasileira fonte de civilização que irriga a alma brasileira.

O destino fez de Mestre Didi um Omo Bibi, um bem-nascido, pertencente a linhagem Asipa originária da nobreza de Oyo capital do antigo império nagô/yoruba e uma das sete famílias fundadoras da cidade de Ketú.
Sua ascendência no Brasil inclui as fundadoras da primeira casa de axé de culto aos orixá, o Ilê Ase Aira Intile, (Casa Branca); Iyaluso Odana Dana, Iya Naso Oyo, Iyalorixá Oba Tosi Sra. Marcelina da Silva todas da linhagem Asipa.
A Iyalorixá Oba Tosi foi quem fez a iniciação dentre muitas outras, de Maria Julia da Conceição Nazaré, fundadora e primeira Iyalorixá do Ile Iya Omi Ase Iyamase (Gantuá), e de Eugenia Anna dos Santos Iyalorixá Oba Biyi e fundadora do Ile Ase Opo Afonja .
A mãe de Mestre Didi, Maria Bibiana do Espírito Santo Oxun Muiwa, foi iyalorixá do Ile Ase Opo Afonja. Descendente da linhagem Asipa recebeu o título de Iya Naso Oyo Akala Mabo Olodumare Ase Da Ade Ta, outorgado pelo Alafin Oyo, rei de Oyo.
Ela deu grande projeção ao terreiro adotando uma estratégia de procurar inserir a tradição nagô na sociedade “oficial”. Da porteira para dentro, da porteira para fora, deu prosseguimento as ações de Mãe Aninha Iyalorixá Oba Biyi.
Por essas e outras que Mestre Didi declarou um dia: “A história da tradição de culto aos orixá se confunde com a história de minha família”.
Ele mesmo ampliou a história da reposição da tradição religiosa nagô em nossa terra.
O legado de sua ancestralidade trouxe desde cedo os compromissos de um sacerdote de obter os conhecimentos necessários a manutenção, a circulação e a expansão de axé.
O destino o levou a ilha de Itaparica e foi iniciado no culto aos egungun aos 8 anos de idade por Marcos Alapini, que era zelador de Baba Olukotun Olori Egun, um dos mais antigos ancestrais que viera da África trazido por ele e seu pai Marcos O Velho, durante  o tempo que lá permaneceu aprofundando seus conhecimentos.
Mestre Didi participou dessa “corrente” de Baba Egun com o posto de Ojé Korikowe Olukotun o escriba de Baba Olukotun.
Com 15 anos de idade recebeu de Mãe Aninha o posto de Asogba supremo sacerdote do templo de Obaluaiye.
É nessa função que se tornará escultor e responsável pelos paramentos do ritual dos orixá ninu ile, Nanan, Obaluaiye e Oxumare.
Desde aí nasce o sacerdote artista quando brota o talento na realização de suas famosas recriações que o projetam internacionalmente.
Como escritor revelará a escritura da tradição dos contos, literatura original que estabelecerá um gênero literário.
Realizou o encontro histórico com sua família Asipa em Ketu no encontro com o Alaaketu em 1967.
Responsável pelo legado da corrente de Olukotun e Alapala recebeu o título de Alapini Ipekun Oiye e fundou em 1980 o Ile Asipa.
Participou de inúmeras instituições de promoção da cultura, valores e linguagem africano-brasileira concorrendo para a legitimação desse contínuo civilizatório.
Promoveu as Conferência Mundial da Tradição dos Orixá, e em 1983 no Centro de Convenções deparou-se com o Elejibo, rei de Ejibo. Depois de ele ser saudado respeitosamente por quem ia passando com dodobale indagou de Mestre Didi se não faria o mesmo. O Mestre respondeu dizendo que não se tratava de querer mas que não podia por ter o título de Alapini sacerdote acima de rei.



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