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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


quinta-feira, 21 de junho de 2018

Homenagem ao Mestre Didi na ALBA Assembéia Legislativa da Bahia/Comunicação na íntegra de Marco Aurélio Luz


Réplica monumental da escultura "Opa Exin ati Eiye Meji" de Mestre Didi pelo artista Oscar Ramos no Pelourinho. Prefeito Mário Kertz.
Foto M.A. Luz 

Professor Marco Aurélio, Bem-vindo!
O Sr. MARCO AURÉLIO LUZ:
- Bom dia a todos e a todas. Ago awon aburo ati ebomi. Peço licença aos mais novos e aos mais antigos.
Queria registrar a minha emoção de estar aqui. Atravessei uma trajetória muito especial em minha vida, que foi compartilhada com Mestre Didi e Juana Elbein dos Santos. Fizemos coisas do arco-da-velha.
A Conferência Mundial da Tradição dos Orixás, em 1983, foi uma das realizações mais resplandecentes dessa nossa trajetória. Mestre Didi e Juanita iniciaram isso na histórica reunião em Nova York em 1980,  estiveram na Iª Conferência em Ifé, em 1981, e depois foi realizada aqui em Salvador, quando veio uma delegação africana muito importante lá da Nigéria, com babalaôs e tudo mais, inclusive um rei de Ejigbô, o Elegibô.
Vou citar um episódio dessa ocasião. O Elegibô vinha entrando pelo Centro
de Convenções e várias pessoas deram dodobale, quer dizer, o saudaram mostrando um sinal de humildade e respeito à pessoa do rei. Até que ele se deparou com Mestre Didi, que ficou na mesma posição que estava. E ele perguntou ao Mestre Didi:
- “Você não vai me dar dodobale?” Mestre Didi respondeu: “Não é que eu não queira; eu não posso, porque eu sou Alapini, e Alapini está acima de um rei, de um obá”.
Esta situação do Mestre Didi é uma obrigação, não é que ele não quisesse ou
fosse uma escolha, mas ele é um omo bibi, um bem-nascido, aquele que herda uma herança ancestral de muito compromisso, uma reposição que é a reposição da tradição religiosa nagô.
O destino levou Mestre Didi a ser o responsável pelos ancestres mais antigos da tradição nagô no Brasil e por isso recebeu o título de Alapini. Em Oyo o Alapini cuida dos ancestrais mais antigos no afin no  palácio.


Réplica Monumental da escultura Opo Baba Nla de Mestre Didi na praia da Paciência Rio Vermelho. Prefeito Imbassay
Foto M. A. Luz

Ele me disse uma vez: “Pode-se dizer que a história da tradição do Orixá na Bahia se confunde com a história da minha família”. Porque foram as ancestrais dele, 
 Iyá Nassô, Iyá Obá Tosi,  fundadoras das primeiras casas de culto aqui na Bahia. Iniciaram as pessoas que fundaram o Gantois e o Ilê Axê Opó Ofonjá.
Então esse tronco da tradição africana esteve na responsabilidade da famíliaAsipá, fundadora de cidade lá na África, como Ketu saindo de Oió e se projetando na Bahia nessa reposição.  
Eu penso que o Mestre Didi e vários líderes se destacaram na luta pelos
direitos civis, lutando contra o racismo. Mas Mestre Didi se destaca como um líder da história do negro no Brasil e no mundo de modo geral, lutando pela liberdade, de modo muito especial porque ele lutou pela reposição da tradição africana, dos valores da tradição africana, da linguagem da tradição africana, suas instituições que irriga a alma da identidade brasileira.
Isso é uma coisa fundamental. E ele se destacou por isso, não se destacou fazendo alarde.
 Ele dizia que deveríamos seguir a estratégia dele, que é a de trabalhar como cupim, sempre fazendo as coisas sem alarde, sem aparecer. Por isso que muita gente aqui não conhece o esplendor da trajetória do Mestre Didi. Vem conhecendo pouco a pouco, porque ele mesmo tinha uma estratégia que era a de fazer pouco a pouco e dessa forma, porque a situação não era para a gente estar se mostrando e se demonstrando, nem precisava disso. Ele dizia sempre que ele sabia quem ele era, não precisava estar dizendo para ninguém, nem ninguém dizendo dele, mas nós dizemos porque admiramos e convivemos com ele, temos essa obrigação de enaltece-lo.
Como Gildeci, que me antecedeu, falou nessa casualidade do dia do samba ser um dia também ligado ao 2 de dezembro – data do nascimento do Mestre Didi –, eu vou pedir licença para cantar um samba que já cantei uma vez com Alaor Macedo, que é sobrinho do Mestre Didi, fundador da Lira Imperial e também participou de movimentos das escolas de samba. Como as coisas entre nós acaba em samba, eu vou pedir licença para
cantar essa música de minha autoria.
(Canta uma música.)
No dia 2 de dezembro de 1917 nasceu aqui na Bahia um princípe real/ da África ao Brasil a continuação da família Asipa...
Muito obrigado a todos.
A Srª PRESIDENTA
 (Dra. Fabíola Mansur):- Salve essa voz, professor!

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