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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


segunda-feira, 23 de julho de 2018

NA FÉ E NA PAZ DE JOSÉ FÉLIX



Opa Ossaiyn ati Oxumare Meji, escultura de Mestre Didi



Autor: Gildeci de Oliveira Leite

Escritor, professor da UNEB, sócio do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia

Dezanove de julho consolidou-se como uma data comemorativa para a família Asipà do Brasil, família biológica, família espiritual. Sempre foi comemorativa pelo nascimento de José Félix dos Santos, que depois passou a ser, também, “Ewé Tolú”, “a folha é senhora do espírito”, do Ilê Axé Opô Afonjá. Filho do Orixá Ossãe, Félix tinha consigo o segredo das folhas e o espírito da cura. Ogã Toyadé, que significa “chegou o representante de Yansã”, também compunha a casa da Oya mensan orum, Iansã a mãe dos 09 espaços do além, e trazia consigo a autoridade de empunhar o bastão sagrado do ojés, sacerdotes do culto aos ancestrais.
Para alguns pode ser difícil compreender como a partida definitiva para o mundo espiritual pode significar fortalecimento dos que aqui estão, dos que já estão por lá. Digo para alguns, como se fosse difícil somente para os outros, para aqueles, que não possuem a fé na ancestralidade. Nós, os de dentro, também choramos as lágrimas da saudade, que são enxugadas pela presença de quem se foi apenas para outra dimensão do existir, mas vive sempre ao nosso lado a nos proteger.
Morador da casa do mistério, meu compadre Félix, cumpre o seu destino de continuar nos olhando, zelando por nós como fez em seus 52 anos de existência terrena. As vezes acho que ele já sabia de sua partida. As vezes acho, que consciente do cumprimento de sua missão no mundo espiritual, nos deixou recados importantes, lições e ensinamentos materializados no segredo necessário para a individualidade de cada filho, filha, amigo, amiga, irmão, irmã.
Sim, a folha é a senhora do espírito e esse espírito, do qual lembramos e pedimos a proteção, continua senhor de muitos outros espíritos dos mundos de nossa existência. Não há necessidade de pedir, que descanse em paz. A paz, os espíritos elevados já têm. O descanso é um conceito relativo. Acredito, que na espiritualidade não há cansaço no trabalho incessante de nossa proteção. Estamos na alegria de viver “na fé e na paz” como o bisneto de Mãe Senhora ensinou.

 


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