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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


quarta-feira, 27 de março de 2019

MASCULINIDADE E FEMINICÍDIO

Por Marco Aurélio Luz                                      
Para Lélia de Almeida eterna lembrança

Escultura em bronze representando o casal unido por elos, corrente de ancestralidade. 
Símbolo da sociedade secreta Ogboni que reune líderes de instituições de poder feminino e de poder masculino no universo civilizatório nagô.
Imagem disponível na Internet

                         
 Acompanhando os ensinamentos de Sigmund Freud, tentaremos explicar algumas razões do inconsciente da masculinidade e feminicídio.
Uma lógica do inconsciente se baseia no par de oposição DA(aí) e FORT(lá) ou  presença e ausência. Trata-se da situação do nascituro nos inícios de sua vinda ao mundo integrado ao corpo da mãe, e totalmente dependente dela para viver. Trata-se do mistério da transformação do corpo da mulher na gestação e em fonte de alimentação amor e proteção.
A presença da mãe (DA) gera satisfação e plenitude ao recém-nascido ao contrário da ausência (FORT), causa desprazer carência e desespero. Essa é a dinâmica de uma simbiose prolongada.
Poderíamos intuir que estamos diante da tomada de consciência do mistério do existir, vida e morte. Na mitologia grega, Eros Deus do amor e Thanatos Deus da morte, conceitos usados na psicanálise.
Os seres humanos têm consciência desse ciclo natural, mas tentam retardar ou ludibriar a morte. Eros x Thanatos, pulsão de vida contra a pulsão de morte.
Uma das maneiras é a onipotência, como se o poder frente aos outros, garantisse a ausência da morte. É a situação apresentada no célebre escrito de Freud “Totem e Tabu”, que apresenta a “horda primitiva” presente no solo imaginário do inconsciente. Trata-se da luta instalada no grupo para erigir o macho vencedor como aquele que terá o direito a procriação com todas as fêmeas, o que gera tensões e disputas constantes, até que o mais potente atinja a impotência, Eros dá a vez a Thanatos dando início a um novo ciclo e assim sucessivamente.
Toda essa demonstração de violência física das disputas, têm a finalidade de aterrorizar as fêmeas, isto porque essas detêm o formidável poder da procriação que constitui a inexorável complementação sem a qual a masculinidade perderia sentido.


Egito negro faraônico. O casal Miquerinos e Kamerernebti II . 
Imagem disponível na internet 
No caso das sociedades humanas atualmente em geral, vemos a tentativa de os grupos masculinos deterem os poderes políticos da organização social alijando desse comando os grupos femininos. Como disse Mao Tse Tung “o poder está na ponta dos fuzis”.
Mais do que isso, procuram subjugar e colocar as mulheres ao seu dispor para aplacar sua angústia de dependência desde o nascimento. Para isso, tentam colocar ao seu dispor o corpo da mulher.
O patriarcado que predomina no mundo vem sofrendo questionamentos. Movimento de mulheres e novas atitudes de empoderamento feminino tem causado diversas reações. A masculinidade despreparada e desesperada, tenta apelar para tentativas de submeter as mulheres pela força física e a covardia. Consequência da neurose de abandono.
As estatísticas de feminicídio aumentam a cada dia, muito triste.
A superação da simbiose agora neurótica, “homem infantil” e “mulher mãe” é que poderá engendrar através da elaboração de luto dessa situação a constatação da alteridade homem e mulher. 


Tradição nagô; escultura dos Ibeji, Tayo, Keinde e Dou.
Imagem e escultura de M.A. Luz
Cada qual revestidos da riqueza da complementação asseguram a continuidade do existir da espécie .



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