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Por Narcimária Correia do Patrocínio Luz
Dia 02 de dezembro de 1917, nasceu Deoscoredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi Asipá, Supremo Sacerdote do Culto Egungun.
Mestre Didi pertence à família Axipá, originária de Oyó e uma das sete famílias fundadoras da cidade de Ketu. Essa família repõe no Brasil, especificamente na Bahia, uma dinâmica sócio-política, mítico-religiosa da cultura Nagô expressa em casas tradicionais como o Ilê Axé Opô Afonjá. Mestre Didi é neto de Iyá Oba Biyi e filho de sangue de Mãe Senhora,ambas expressivas lideranças da tradição africana nas Américas.
É o membro mais velho da família Axipá no Brasil. Podemos afirmar que é um Omo Bibi, um bem-nascido.
“...Na tradição afro-brasileira de origem nagô, omo bibi, quer dizer, bem nascido, isto é, aquela pessoa que vem a esse mundo para dar continuidade a expansão de uma linhagem, de uma família considerada muito antiga, receptáculo de tesouros de valores espirituais e experiências históricas de grande valor para a comunalidade. Os valores espirituais estão expressos pela continuidade e expansão das instituições religiosas, de um lado, o culto aos orixá, forças cósmicas que constituem o universo, princípios da natureza, e de outro o culto aos ancestres e ancestrais, como aos Esa, espírito das pessoas que se destacaram na tradição religiosa ,ou aos Babá Egun, espíritos dos ojé, sacerdotes que se destacaram no culto aos ancestres masculinos.”(LUZ,Marco Aurélio. A Favor de Egun. A Tarde, Salvador, 09 de abril, 2005. Caderno Cultural).
O PRODESE retoma hoje as postagens do blog, dedicando-se a homenagear esse expoente ancestral, que durante toda a sua vida dedicou-se a fundar espaços institucionais que promovesse entre as gerações africano-brasileiras a dignidade e o direito à alteridade.
Essa singela homenagem, caracteriza-se por realçar aspectos que lidam com infinitude das linguagens educacionais projetadas por Deoscoredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi Asipá uma das mais expressivas lideranças do contínuo africano nas Américas, e personalidade exponencial da educação contemporânea.
Mestre Didi pertence à família Axipá, originária de Oyó e uma das sete famílias fundadoras da cidade de Ketu. Essa família repõe no Brasil, especificamente na Bahia, uma dinâmica sócio-política, mítico-religiosa da cultura Nagô expressa em casas tradicionais como o Ilê Axé Opô Afonjá. Mestre Didi é neto de Iyá Oba Biyi e filho de sangue de Mãe Senhora,ambas expressivas lideranças da tradição africana nas Américas.
Mãe Senhora com Zélia Gattai, Sartre, Simone de
Beauvoir e Jorge Amado em 1960
Imagem disponível em http://www.ibahia.com/a/blogs/literatura/2013/03/08/que-mulher-foi-zelia-gattai/
É o membro mais velho da família Axipá no Brasil. Podemos afirmar que é um Omo Bibi, um bem-nascido.
“...Na tradição afro-brasileira de origem nagô, omo bibi, quer dizer, bem nascido, isto é, aquela pessoa que vem a esse mundo para dar continuidade a expansão de uma linhagem, de uma família considerada muito antiga, receptáculo de tesouros de valores espirituais e experiências históricas de grande valor para a comunalidade. Os valores espirituais estão expressos pela continuidade e expansão das instituições religiosas, de um lado, o culto aos orixá, forças cósmicas que constituem o universo, princípios da natureza, e de outro o culto aos ancestres e ancestrais, como aos Esa, espírito das pessoas que se destacaram na tradição religiosa ,ou aos Babá Egun, espíritos dos ojé, sacerdotes que se destacaram no culto aos ancestres masculinos.”(LUZ,Marco Aurélio. A Favor de Egun. A Tarde, Salvador, 09 de abril, 2005. Caderno Cultural).
O PRODESE retoma hoje as postagens do blog, dedicando-se a homenagear esse expoente ancestral, que durante toda a sua vida dedicou-se a fundar espaços institucionais que promovesse entre as gerações africano-brasileiras a dignidade e o direito à alteridade.
Essa singela homenagem, caracteriza-se por realçar aspectos que lidam com infinitude das linguagens educacionais projetadas por Deoscoredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi Asipá uma das mais expressivas lideranças do contínuo africano nas Américas, e personalidade exponencial da educação contemporânea.
Mestre Didi através de suas
obras,quer na literatura, escultura ou no campo da História do povo negro nas Américas, nos permite o acesso ao
riquíssimo patrimônio simbólico africano que influencia de modo significativo o
nosso pensamento educacional.
O legado do Mestre Didi constitui
um universo de criações estéticas singulares que carregam ancestralidade e
visão de mundo próprios da civilização
africana, abrindo perspectiva de coexistência
com outros patrimônios civilizatórios.
Imagem disponível em http://www.flogao.com.br/czeiger/64298724
Pertencente
a importante linhagem de Ketu, Mestre Didi teve sua iniciação no culto do orixá
Obaluaiyê que junto aos orixá Nanâ e Oxumarê compõem o
panteão da Terra, expressões míticas que nucleiam suas obras.
Seu
compromisso como Assogbá Sacerdote Supremo, título que recebeu de Mãe Aninha Iyalorixá Oba Biyi envolve executar e sacralizar os emblemas
rituais de seu culto, e isso o torna herdeiro e continuador dessa experiência
ancestral africana.
Mãe Aninha Iyalorixá Oba Biyi
Imagem disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Eug%C3%AAnia_Anna_Santos
Mestre Didi Axipá visita Ojubó o assentamento de Oxossi da família
Axipá em Ketu
Ainda sobre a importância da obra
de Mestre Didi temos um valioso comentário do
professor da Sorbonne, Roger Bastide na década de sessenta, sobre a História de um Terreiro Nagô , livro que
se tornou referência fundamental para a compreensão da dinâmica das
comunalidades africano-brasileiras na contemporaneidade :
Imagem disponível em http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/arte-mestre-didi-cultura-africana.htm
“...Recebo com satisfação o novo
livro de Deoscoredes Maximiliano dos
Santos. Filho da prestigiosa Mãe Senhora, criado no conhecimento de todos os rituais
do Opô Afonjá, o saboroso livro do autor de Contos Negros é realmente o único que nos
pode oferecer uma monografia sobre este candomblé, onde tenho tantos amigos, e
que é tão caro ao meu coração. Parabéns
Deoscoredes, e que seu precioso trabalho sirva de modelo para outros. Livro de sábio,de filho da seita e de
admirável narrador.”
Como previu o professor Roger
Bastide, Mestre Didi prosseguiu afirmando institucionalmente a dinâmica existencial das populações
afro-brasileiras, influenciando e encorajando as gerações sucessoras a manterem
erguidas os emblemas e referenciais que caracterizam e eternizam a nossa
ancestralidade africana.
Mestre Didi como pessoa nascida e
criada dentro dos valores da comunidade, sempre procurou desenvolver atividades
que quando situadas principalmente no âmbito da sociedade oficial, afirmasse o
que ele é, seus valores, seu orgulho pela tradição, como ele mesmo afirma:
“...Procurarmos ser nós mesmos,nos valorizando,valorizando a tudo que
adoramos, principalmente a natureza.
"É comum se dizer Kosi Ewe,Kosi
Orixá; se não existissem as folhas, não existiriam os orixá, e não existiria o
mundo. Já é tempo de nos unir, dar-nos as mãos, abrir os nossos corações
para ir ao encontro da irmandade de justiça e da fraternidade para fortalecer e
preservar cada vez mais as nossas origens e o axé de cada uma delas”.
Opa Osaiyn ati Oxumare Meji escultura de Mestre Didi
Imagem disponível em http://www.fgs.org.br/blog/parque-escultorico-de-sao-sebastiao
Estamos diante de um educador
,que nos permite de modo singular a
aproximação do rico e complexo patrimônio civilizatório milenar africano indicando perspectivas atravessadas por uma ética do futuro para a
educação.
Procuraremos destacar, desse
contínuo civilizatório, a primeira
concepção e proposta de educação pluricultural que nasceu no Brasil
protagonizada pelo Mestre Didi -a Mini
Comunidade Oba Biyi.
A experiência da Mini Comunidade
Oba Biyi demonstrou que o legado civilizatório africano no
Brasil e, especificamente, na Bahia constitui alteridades e caracteriza, em
relação a outros processos civilizatórios, a nossa diversidade cultural.
Um dos exemplos expressivos dessa
trajetória do Mestre Didi são as iniciativas na área de Educação, influenciado por
Mãe Aninha, a venerável Iyá Oba Biyi com a qual ele conviveu desde
menino, e sempre lhe dizia :
“Quero ver nossas crianças de hoje, no dia de
amanhã de anel de anel no dedo e aos pés de Xangô"
Mãe
Aninha já tinha percebido que era impostergável a legitimação dos valores da
comunalidade africano-brasileira, no âmbito do sistema oficial.
Iyá Oba Biyi, nos indicou o
grande desafio que se apresenta para nós educadores. De um lado o “anel no
dedo”, que significa as possibilidades de mobilidade social da população
infanto-juvenil de descendência africana na sociedade oficial - , e de outro,
Xangô, orixá do fogo que assegura a vida no aiyê , a expansão de linhagens, da
existência concreta ininterrupta, filhos, descendência, ancestralidade,
continuidade da comunalidade africano-brasileira, presença transatlântica dos
valores culturais. De anel no dedo e aos pés de
Xangô.”
Continua na próxima semana
Valioso!
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