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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


sábado, 24 de abril de 2010

CONTO AFRICANO KIRIKOU



A ACRA recomenda KIRIKU E A FEITICEIRA(Kirikou et la sorcière) e KIRIKU E OS ANIMAIS SELVAGENS(KIRIKOU ET LES ANIMAUX SAUVAGE), desenhos animados produzidos na França ambos sob a direção de Michel Ocelot. É um desenho muito interessante,apresentando aspectos ético-estéticos de um conto da África Ocidental que tem como protagonista um menino pequenino chamado Kirikou que se dedica a criar condições que promovam a continuidade da vida de seu povo,da sua comunidade.




Trailer de KIRIKOU - OS ANIMAIS SELVAGENS

Acompanhem o Trailer de KIRIKOU - OS ANIMAIS SELVAGENS

MULHERES FAÇAM COISAS BOAS! HÁ SEMPRE TEMPO PARA FAZÊ-LAS.

Apresentamos Marina Souza Damasceno, moradora de Itapuã desde os anos 1980 e que participou de algumas iniciativas da ACRA voltadas para mulheres no bairro. Aqui Marina nos conta um pouco da sua história de vida e a importância da ACRA em Itapuã. .


ACRA-Fale um pouco da sua história
MARINA -Comecei a trabalhar desde aos 12 anos de idade.Meu primeiro emprego com carteira assinada, foi como caixa em uma fábrica de biscoito chamada Sempre Viva. Depois embalei biscoito,trabalhei em uma sorveteria, fui caixa de supermercado, operadora de caixa nos grandes supermercados.Naquele tempo não se exigia escolaridade, ai eu parei de trabalhar.Fui trabalhar para mim mesma em uma barraca de praia, e essa experiência não foi muito boa. Depois de 35 anos voltei a estudar porque durante toda essa minha vida profissional eu só tinha o ginásio incompleto. Pensei: vou cuidar da minha saúde, de mim, da minha vida, eu já estava quase me aposentando, eu precisava viver,ter saúde, e resolvi então voltar para a escola.

ACRA-Como descobriu a ACRA?
MARINA- Fazia minhas caminhadas no Abaeté.Nas caminhadas descobri que existia um projeto aqui no Abaeté, as pessoas falavam e me interessei em conhecer. Conheci, gostei do projeto, das coisas que acontecia. Aqui tive atividades de swing, curso de manicure e de Inglês. Na época, quase o curso de Inglês não acontecia, ai eu convidei as meninas e falei: vamos fazer com que esse curso aconteça. Como pode um curso desse de graça para a comunidade e não acontecer ter por falta de alunos! Não pode! Então reuni as meninas e entramos, foi um curso muito bom e tirei o diploma. O curso foi um sucesso e muitas colegas são profissionais hoje. O curso de Inglês foi muito importante. Me senti chique! Conheci uma professora que veio visitar o projeto, ela veio da Califórnia. A professora Dara, ela gostou tanto que veio dar aula aqui na ACRA nas férias dela, e assim nos tornamos grandes amigas. O professor de swing também foi muito importante na minha vida, ele estava voltando a estudar também e me incentivou. Depois de 35 anos eu voltei à escola, fiz de 5ª a 8ª série no CPA, foi um sucesso para mim porque eu passei com notas maravilhosas.Essa experiência me fez incentivar muita gente da minha faixa etária,e vi muita gente voltar para a escola. Hoje estudo no Rotary, aqui em Itapuã, fazendo o último ano do 2° grau.

ACRA-Quais os seus planos futuros?
MARINA- Se a saúde permitir vou fazer o ENEM e ir mais na frente, vestibular para Assistente Social – para dar assistência ao meu povo, ajudar as pessoas.

ACRA-O que para a senhora representa a ACRA na comunidade
MARINA -Eu acho a ACRA muito importante, foi muito proveitoso para todos.Sempre fui muito participativa aqui, incentivando, trazendo pessoas para cá, quem quis alguma coisa aqui cresceu. Eu gosto muito de conhecer pessoas e aqui, eu conheci muitas, até de outros países, pessoas diferentes, cursos... O fato dos cursos também serem gratuitos também incentivou muito.Agora vou entrar no curso de Informática da ACRA. Uma coisa que eu queria, que eu sonhava era fazer o curso de Informática e também de ganhar um computador, mesmo usado. A tecnologia evolui muito. Eu com quase 60 anos quero me modernizar e preciso de um computador (coloca ai no blog para ver se ganho um de presente risos).
ACRA-Qual a mensagem que a senhora passaria para as mulheres

MARINA- Eu andei lendo e fiz um discurso para as mulheres na Casa da Música, no dia do SARAU nos apresentamos sem ensaio. Eu estava linda, não sou nenhuma artista, sou uma dona de casa com problemas de saúde e consegui fazer a coisa acontecer, nós estávamos lindas, eu estava tremendo (Roberto Carlos diz que treme até hoje risos), tudo está bom, tudo vai dar certo, não me estresso com pouca coisa. Um exemplo recente é Maria da Penha – mãe, mulher e esposa. Eu quero dizer às mulheres que façam o que gostam, nunca é tarde. Mulheres façam coisas boas que há sempre tempo para fazê-las. Eu sou um exemplo disso. A mulher merece respeito, tem muita coisa errada, precisamos ter os nossos direitos respeitados e eu estou correndo atrás disso.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

E POR FALAR EM DATAS COMEMORATIVAS...

Tentando sair um pouco da cartografia neocolonial que estabelece um calendário de "datas comemorativas",a equipe da ACRA reuniu algumas reflexões importantes sobre temas que atravessam o nosso cotidiano, mas infelizmente continuam afastados de nós, a exemplo do “dia do índio” e “inconfidência mineira”.Quando esses temas entram na pauta das escolas ou na mídia aparecem na superfície, fragmentados, folclorizados, e tratados como “era uma vez”...Qual o significado dessas “datas” para a maioria da população brasileira?Estamos falando de História do Brasil?Como?De que forma?Para que?Que história é essa?Os povos que foram classificados como “índios” têm história?E o dia 19 de abril entra na vida desses povos de que forma?Acompanhem essa conversa através de textos, vídeos e músicas que instigam e ilustram de forma agradável elaborações que nos fazem transcender o discurso paternalista que persiste no imaginário social brasileiro.


”TERMINA A VIDA E COMEÇA A SOBREVIVÊNCIA”

Em 1854 uma liderança indígena do território de Seatle nos EUA, através de uma carta, registrou o sentimento do seu povo, face a proposta feita pelo presidente americano de comprar as suas terras. Essa carta é considerada uma das mais belas e profunda declaração de respeito e amor à natureza, que atravessa gerações convidando-as a manterem erguido esse elo com nossos/as ancestrais,com a origem do universo. A carta foi traduzida para o Caderno SEMENTES publicação do PRODESE em 2002 e assume o título”Termina a vida e começa a Sobrevivência”Aqui reproduzimos um trecho da carta.

Cada parcela dessa terra é sagrada para meu povo, cada brilhante,cada grão de areia da praia, cada gota de orvalho nos bosques e até cada som emitido pelos insetos é sagrado na memória e no passado do meu povo. A seiva que circula no interior das árvores leva consigo as memórias das peles vermelhas. A terra é a mãe dos peles vermelhas. Somos parte da terra e do mesmo modo que ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs, o veado, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos. As pedras escarpadas, os prados úmidos, o calor do corpo do cavalo e o homem, todos pertencem à mesma família. O murmúrio da água é a voz do pai do meu pai. A terra é sagrada para nós... Tudo o que acontecer na terra, acontecerá aos filho da terra”

Para saber mais ver SEMENTES Caderno de Pesquisa do PRODESE Salvador: EDUNEB, VOL 3, 2002, p.15



ELOS QUE SE COMPLEMENTAM

DE ITAPUÃ A OLIVENÇA

Aqui aproveitamos para destacar um trecho da História da Bahia contada por uma liderança Tupinambá de Olivença.

E não esqueçamos que a territorialidade de Itapuã (onde está localizada a ACRA) também fazia parte da vida do povo tupinambá.

Acompanhem.

“A gente gosta de relatar a história para que as coisas não sejam perdidas e para que, a partir de agora, a gente possa construir uma realidade mais favorável para nosso povo Tupinambá. Olivença era uma grande aldeia.
Era um bom lugar para morar, os índios circulavam resistindo à escravização de uma nova concepção de vida, mas sempre voltavam para Olivença. Por volta de 1560 teve a Batalha dos Nadadores, uma disputa entre os não-índios e os índios, onde foi quase dizimada a população indígena, principalmente os homens guerreiros.
Foi uma batalha contra o Mem de Sá, que era o governador intendente da Bahia, que rodeou os índios e até perseguiu em embarcações aqueles que tentaram fugir nadando. Diz a história que os corpos dos índios mortos davam, enfileirados na praia, 1 léguas, mais ou menos de 6 a 7 kilometros, um dos maiores massacres indígenas da história da região.
Logo depois é criado o aldeamento jesuítico,começando com a catequização. Muitos índios passam a buscar as matas para não cair na escravização do aldeamento jesuítico que aglutina também índios Tupiniquim, Camacã, Botocudo... índios capturados desde Ilhéus até Canavieiras. Os jesuítas forçam também a mudança da cultura dos índios escravizados. Trazem santos,
acabando com as tradições dos índios, botando eles para morar em famílias "tradicionais" e não mais em comunidades, cada um passa a ter sua casa, todas enfileiradas ao redor da igreja central, com as portas para a frente para que o sacerdote possa observar quem é que entra na casa de quem.
Muitos índios continuam a fugir para as matas.A partir de 1800, transformaram Olivença em vila, com status de município, com câmara de vereadores quase exclusivamente composta por brancos...”

Para saber mais ver MAGALHÃES,Cláudio http://www.indiosonline.org.br/blogs/index.

domingo, 18 de abril de 2010

“SEI LÁ, NÃO SEI NÃO...”



Por Narcimária C. P. Luz




Uma cena que me calou profundamente...

Na catástrofe do Morro do Bumba a repórter de uma TV aproxima-se de uma criança de dez anos que está sentada chorando muito tomando chuva e aturdida com toda a agonia que está em torno dela.

Gritos, choros, lamentos, pedidos de socorro, muita tristeza.A câmara se aproxima da criança e perguntam seu nome e idade. É uma menina negra com dez anos de idade.

-O que aconteceu?Pergunta a repórter.

A menina responde em meio a soluços:

- Perdi minha avó e meus irmãos. Estou muito triste. Isso tudo é muito triste para mim.

A repórter ainda insiste em saber mais do que ela pensa e sente sobre a tragédia. E ela responde chorando:

-Não sei. Aprendi que a vida continua. Eu quero viver.Quero ser muito feliz.E repete:a vida continua...

Essa cena, imagem e mensagem dessa criança, podem servir como referência para pensarmos as perspectivas de vida que se apresentam para as populações que estão vivendo situações adversas em várias partes do Brasil. Um Brasil que insiste num projeto urbano que retira o direito de ser e viver das populações de descendência africana e indígena.

Não vamos aqui fazer uma crítica fixada no lugar comum que indaga: como é possível deixar famílias, comunidades se instalarem em lixões, em ribanceiras nas chamadas “áreas de risco”?

A pergunta é: como é possível condenar à morte famílias, comunidades inteiras retirando-lhes o direito à vida, à expansão dos valores que caracterizam a constituição de territorialidades importantes na história da formação social brasileira?

Infelizmente, o projeto urbano das cidades brasileiras não contempla os valores característicos de viver da grande maioria da nossa população. O valor desse projeto urbano brasileiro se assenta na expansão de mercado, de acumulação de bens e capital, da financeirização do mundo.
A terra e toda vida que dela emana vai sendo tragada pela ganância cujo valor máximo é :Quanto vai se ganhar?Como posso ter?Que vantagens individuais ou de grupo pode-se ter?

Reduziram a vida a essa ordem de valores que é o ter. Estamos a cada dia assistindo atônitos a derrubada de árvores ainda referências da Mata Atlântica, nascentes de rios sendo entulhadas,rios desviados ou represados, tudo em função de uma urbanização inflacionada por prédios,shoppings, resorts, condomínios de luxo.

Enfim,tudo que nos afasta do que os povos indígenas chamavam de Pindorama a Terra das Palmeiras, ou como os povos africanos se referiam a nossa terra,Ilê Axé. Para esses povos,a natureza é o valor máximo da vida!

As explicações técnico-científicas, tentam justificar as catástrofes que arrebatam a vida de milhares de pessoas, famílias e comunidades, mas não conseguem dar conta de uma coisa: a natureza não pode ser controlada, não há como estabelecer cálculos matemáticos infalíveis para lidar com a natureza ou como acreditam uns, domá-la e retirar-lhe tudo que possa garantir lucros.

Ela sempre surpreenderá!

Quando a natureza resolve manifestar seu poder de recusa a essa malha crescente de devastação a sua existência, assusta e nos obriga a refletir sobre o que estamos fazendo com o valioso patrimônio milenar desse planeta.


COMO DIZEM OS POETAS...

Para acompanhar essa reflexão e homenagear todas as comunidades brasileiras que têm a terra como um legado precioso e inestimável, vamos apelar para o samba de Paulinho da Viola e Hermínio Belo de Carvalho. Desejamos que as mensagens aqui reunidas, possam contribuir na aprendizagem de modos e formas de viver, para além do projeto urbano da acumulação de bens e capital que vem tragando o nosso direito de viver com, e através do reconhecimento da natureza.

SEI LÁ NÃO SEI...


Composição: Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho

Vista assim do alto

Mais parece um céu no chão

Sei lá,Em Mangueira a poesia fez um mar, se alastrou

E a beleza do lugar, pra se entender

Tem que se achar

Que a vida não é só isso que se vê

É um pouco mais

Que os olhos não conseguem perceber

E as mãos não ousam tocar

E os pés recusam pisar

Sei lá não sei...

Sei lá não sei...

Não sei se toda beleza de que lhes falo

Sai tão somente do meu coração

Em Mangueira a poesia

Num sobe e desce constante

Anda descalça ensinando

Um modo novo da gente viver

De sonhar, de pensar e sofrer

Sei lá não sei, sei lá não sei não

A Mangueira é tão grande

Que nem cabe explicação

http://letras.terra.com.br/paulinho-da-viola/282506/

''Exaltação a Tiradentes''

Exaltação a Tiradentes:

Joaquim José da Silva Xavier
Morreu a 21 de abril
Pela independência do Brasil
Foi traído e não traiu jamais
A inconfidência de Minas Gerais

Joaquim José da Silva Xavier
Era o nome de Tiradentes
Foi sacrificado pela nossa liberdade
Esse grande herói
Pra sempre há de ser lembrado.

Mano Décio da Viola nasceu em Santo Amaro da Purificação na Bahia em 1909. Logo cedo foi com a família para o Rio de Janeiro. Jovem fez amizade com Silas de Oliveira. Freqüentaram rodas de samba no Buraco Quente e depois se integraram na Escola de Samba Prazer da Serrinha. Quando a ditadura do Estado Novo interferiu nas Escolas de Samba exigindo desfiles com alas e samba enredo exaltando o país, aconteceu a divisão; os que acataram a interfência fundaram a Império Serrano. Muitos sambas exaltação se tornaram clássicos compostos pela dupla famosa. Esse Exaltação a Tiradentes todavia é de Mano Décio, Estanislau Silva e Penteado.

Colaboração de Marco Aurélio Luz

sábado, 10 de abril de 2010

Da esquerda para a direita Professoras Daniela Cidreira,Jackeline A.Divino,Narcimária C. P. Luz,Rosângela A.L. Correia,Sara Soares e o Professor Magnaldo Santos

DAYÓ
PLURALIDADE CULTURAL E EDUCAÇÃO NA BAHIA



A equipe do PRODESE-Programa Descolonização e Educação participou dia 09 de abril da Jornada Pedagógica do Departamento de Educação do Campus Ida Universidade do Estado da Bahia- UNEB onde desenvolveu a oficina DAYÓ: PLURALIDADE CULTURAL E EDUCAÇÃO NA BAHIA.
As atividades que compuseram a oficina foram realizadas pelos/as professores/as pesquisadores/as do PRODESE/DAYÓ/ACRA Rosângela Accioly Lins Correia, Jackeline Pinto do Amor Divino, Daniela Cidreira Santos, Magno Santos e Sara Soares.
A oficina teve como público professores da Educação Básica, graduandos/as de Pedagogia e Pós-Graduandos/as da área de Educação.
A oficina DAYÓ foi regada por contos afro-brasileiros,dramatizações e músicas visando aproximar os educadores/as das linguagens e valores próprios das comunidades afro-brasileiras que caracterizam a Bahia. Para ilustrar as dinâmicas de linguagens os/as professores/as do PRODESE trouxeram aspectos do cotidiano socioeducativo desenvolvido no âmbito da ACRA - Associação Crianças Raízes do Abaeté.
Parabéns a equipe PRODESE/DAYÓ/ACRA por mais essa iniciativa.

EM BUSCA DE RECONHECIMENTO

A ACRA apresenta essa semana algumas reflexões desenvolvidas por Marcos Terena uma importante liderança indígena,colaborador e incentivador de muitas das iniciativas do PRODESE- Programa Descolonização e Educação da UNEB coordenado pela Professora Narcimária C. P. Luz. Essa entrevista que inserimos no blog ACRA foi gentilmente cedida pela jornalista Maysa Provedello a Revista SEMENTES Caderno de Pesquisa publicação organizada pelo PRODESE em 2005.

DA ALDEIA AO PALANQUE

Nascido na aldeia de Taunay, na zona pantaneira do Mato Grosso do Sul, Marcos Terena é um raro exemplo de indígena que conseguiu se alçar a um posto de destaque na sociedade dos brancos no Brasil. Aos oito anos mudou-se com a família para os arredores de Campo Grande, onde seu pai passou a trabalhar na lavoura de café e ele e seus cinco irmãos puderam estudar. Na escola, Terena fingia ser filho de japoneses, por vergonha da sua condição de indígena. Ao concluir o segundo grau, passou no teste da Academia da Força Aérea Brasileira em Natal, no Rio Grande do Norte. Formou-se piloto civil porque, como explica, queria \"pilotar aviões de grande porte\". Chegou a voltar ao Mato Grosso, mas logo decidiu tentar a vida em Brasília.
\"Naquele momento teve início minha fase mais política, porque só então entendi realmente o que era ser índio\", diz. Passou por alguns empregos públicos de pouca expressão e finalmente foi trabalhar como piloto da Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Na mesma época, entre os anos 1970 e 1980, conheceu os caciques Mário Juruna, Kretã e Raoni Txucarramãe, que fundaram a União das Nações Indígenas - organização que deu origem ao movimento indígena no país.
Desde então Terena tornou-se porta-voz das causas dos índios brasileiros no Brasil e no mundo. Trabalhou como assessor no Ministério da Cultura nas gestões de José Aparecido, Celso Furtado e Aluísio Pimenta. Com outros líderes, colaborou na elaboração do capítulo da Constituição de 1988 voltado aos povos indígenas. Em 1991 foi convidado pela Organização das Nações Unidas (ONU) a ser um dos organizadores da Conferência Mundial dos Povos Indígenas, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, durante a Conferência sobre Meio Ambiente. Também participou de inúmeros encontros internacionais. Atualmente é piloto da FUNAI- Fundação Nacional do Índio, é membro da \"Land is Life\", coalizão de indígenas de todo o planeta, e da \"The Call of The Earth\", outra coalizão em prol da proteção dos conhecimentos tradicionais, liderada pela indígena guatemalteca Rigoberta Menchú, Prêmio Nobel da Paz.

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Desde 1994 a Organização das Nações Unidas (ONU) tenta redigir a Declaração Universal dos Direitos Indígenas, em conjunto com governos e representantes de etnias de todo o planeta. O assunto é tão complexo que em dez anos não houve consenso em torno do documento. Marcos Terena, de 51 anos de idade, piloto da Fundação Nacional do Índio (Funai) e líder indígena, representa o Brasil no grupo de trabalho da ONU e acredita que em dois anos a declaração ficará pronta. Também aposta que as comunidades indígenas passarão a ter maior participação no processo de desenvolvimento do Brasil ao contribuírem para a preservação da biodiversidade e para o uso sustentável dos recursos naturais. Nesta entrevista, Terena diz que é chegada a hora de tratar não apenas dos direitos, mas também dos deveres dos indígenas.

Maysa Provedello - Por sua experiência neste trabalho, quando lhe parece que será possível a ONU terminar a Declaração Universal dos Direitos Indígenas?


Terena - Um primeiro texto foi preparado por um corpo técnico da ONU em 1994. A partir daí foi estabelecida a década dos povos indígenas - e nesse período o documento deveria ter sido concluído. Ao longo desse tempo foram realizadas consultas, no mínimo uma vez por ano, a organizações indígenas e a governos, a respeito do tema. Mas em 2004 não houve consenso sobre o modelo final da declaração. Os dois pontos mais polêmicos dizem respeito à chamada livre-determinação dos povos indígenas, que se refere à sua autonomia total, independente das decisões dos países onde estão localizados, e à questão da utilização do solo e do subsolo. Neste último caso, o dilema é definir se o que está no solo e no subsolo é do país ou do povo indígena.

Maysa Provedello - A falta de consenso paralisou o processo de redação da Declaração?


Terena - Não. Ela voltará a ser debatida em abril e algumas comissões estão se organizando para apresentar um relatório alternativo, que possibilite o diálogo. Apesar das controvérsias, a intenção é que no máximo em dois anos tudo fique pronto. No caso da livre-determinação, deverá ficar decidido que os indígenas sejam reconhecidos como povos, não mais como tribos menores, e que tenham direito a cultura, identidade, território e autonomia econômica - mas sem ferir a soberania dos países. O acordo também deverá definir que o direito ao uso do solo e do subsolo em áreas demarcadas será da nação, mas que os indígenas terão participação ativa em todas as decisões que forem tomadas. É preciso lembrar que a Declaração não funcionará como um tratado a ser obedecido. Terá apenas um caráter indicativo.

Maysa Provedello - Quais os principais problemas enfrentados pelos indígenas brasileiros atualmente?


Terena - Não é possível falar do presente sem avaliar o passado. O ideal para nós seria que o homem branco nunca tivesse aparecido em nosso meio. E não digo isso porque os índios não gostam dos outros povos. Mas porque com eles vieram diversas maneiras de viver, uma civilização com ricos e pobres, com um modelo estreito e economicista, que privilegia uns em detrimento de outros. E a visão do superior versus o inferior foi aplicada aos povos indígenas. Então começamos a ser tratados como preguiçosos, selvagens, como obstáculos ao desenvolvimento, quando na verdade os povos indígenas sempre tiveram um padrão de vida superior não só ao dos brancos - nos tempos antigos e na sociedade atual. Os índios não tinham problema de fome e hoje sofrem devido à destruição do meio ambiente, da cultura, da organização social e do relacionamento espiritual com a terra. Isso além de doenças, que também não tínhamos. O preço pago pelos povos indígenas, na convivência com outros povos, tem sido muito alto.

Maysa Provedello - Mas já existem algumas leis, e a Constituição de 1988, que garantem direitos e serviços específicos aos indígenas. A situação não melhorou nos últimos tempos?


Terena - O problema é que o atual sistema indigenista de governo não consegue acompanhar o ritmo de envolvimento que afeta os valores das comunidades indígenas. Por outro lado, as comunidades indígenas não são capazes de responder a essa crescente avalanche de informação e de interferência. Isso gera um quadro de pobreza em grande parte dos povos indígenas. E não se trata apenas de falta de dinheiro, mas de empobrecimento cultural. De maneira geral, esses problemas são ignorados. Existe pouca ou nenhuma informação de qualidade sobre as nossas condições de vida. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), da ONU, por exemplo, não tem qualquer medição que leve em conta as nossas características.

Maysa Provedello - Não existem diagnósticos da qualidade de vida dos indígenas?


Terena - Não. Eu sempre defendi que para facilitar a elaboração das políticas para os indígenas fosse criado no Brasil, da mesma forma como existe o Índice de Desenvolvimento Humano, um índice de desenvolvimento indígena. Porque o IDH não diz respeito ao nosso tipo de vida. Fazer um diagnóstico assim não é papel da Funai, mas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) ou do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É preciso que exista uma pesquisa que inclua todas as condicionantes e as respostas possíveis. E a dificuldade é escolher os parâmetros, os critérios. Por exemplo, o critério econômico usado no IDH não se aplica a nós. O índio, em geral, não tem renda. Mas é preciso medir o que equivale à renda, o que entendemos como riqueza, como a terra, por exemplo. Se um índio tem terra, se ele consegue extrair dali o que precisa, se existe educação bilíngüe, um bom serviço de prevenção e atendimento de saúde, então ele tem melhores condições de vida do que outros. Se uma determinada sociedade indígena tem formas de geração e administração de renda com vistas no futuro, de modo a garantir que, quando não for possível tirar da terra o necessário, o padrão de vida será mantido, seu índice de desenvolvimento será ainda melhor. Estou falando de algo muito mais complexo do que simplesmente vender artesanato, que é o que fazemos hoje, que dá retorno baixo, além de, em alguns casos, afetar a tradição cultural.

Maysa Provedello - Quais seriam as possíveis saídas de curto e longo prazo para os problemas enfrentados hoje em dia?


Terena - A solução passa obrigatoriamente pela demarcação dos territórios e pelo atendimento emergencial das questões de fome, educação e saúde. Passa também pela elaboração de um plano bem construído, de médio e longo prazo, visando não só à nossa proteção mas também à nossa evolução, à nossa integração na sociedade. Nós não podemos viver sem o homem branco. E o homem branco tem de entender que ele nunca vai conseguir ser brasileiro de verdade se não levar em consideração a sobrevivência e a participação dos índios na sociedade. Esse plano teria de ser construído em conjunto, por indígenas e brancos, e teria de nos capacitar a cuidar de nosso futuro no longo prazo.

Maysa Provedello - Por que a demarcação das terras é prioritária? Não é possível viver nos territórios já demarcados ou mesmo nas cidades?


Terena -
Nossos povos têm um vínculo quase maternal, umbilical com a terra. Nela estão a vida e a morte, o começo e o fim. A tradição do grande criador, da mata, dos rios e, mais do que tudo, a sustentabilidade: usamos a terra para todos e para tudo. Com ela todos são \"ricos\". A sustentabilidade nasce da terra, que provê tudo e não é destruída. E, se a população do planeta está buscando formas de desenvolvimento sustentável, deveria dar atenção aos conhecimentos dos indígenas. Eles conhecem os segredos da biodiversidade, sempre viveram assim e são os únicos que sabem como conseguir o desenvolvimento sustentável. Os povos indígenas são aliados do Brasil no esforço para se tornar uma potência do ponto de vista econômico e ecológico. A base para isso está na água potável, na biodiversidade, nas plantas medicinais e alimentares e também nos recursos estratégicos minerais que o Brasil ainda não está sabendo tratar. O país deveria aproveitar nossos conhecimentos. Queremos participar do processo de desenvolvimento.

Maysa Provedello - Uma participação assim envolve muitas responsabilidades, não?

Terena -
Temos consciência de que somos guardiões de boa parte da diversidade do mundo e por isso queremos, de agora em diante, não só falar de direitos, mas também de deveres. Por exemplo, o índio que desmata uma área na cabeceira de um rio ou que deixa o fazendeiro fazer isso, deve ser responsabilizado. É o princípio do direito coletivo. Na relação tradicional indígena, o indivíduo é responsável, ele tem deveres. O principal deles é o compromisso de preservar a terra para que no futuro seus filhos e netos, a coletividade, tenham seus direitos de sobrevivência assegurados. Isso é quebrado quando o Estado trata esse indivíduo de forma paternalista, como o Brasil vem fazendo desde sempre. Por isso acredito que é preciso o planejamento de uma política indígena de médio e longo prazo, feita e tocada com a nossa participação.

Maysa Provedello - Histórias como a dos índios cintas-largas, de Rondônia, que envolveu a exploração predatória de recursos naturais, deixam a opinião pública desconfiada a respeito das possibilidades dessa participação conjunta...


Terena -
Os cintas-largas fizeram as coisas do jeito que aprenderam. E aprenderam com os garimpeiros. Quando se criou uma alternativa para a questão, que era a venda dos diamantes explorados na reserva, os índios ficaram fora do processo. A Caixa Econômica Federal (CEF) leiloou os minerais sem observar os princípios de aplicação coletiva do dinheiro. A decisão de fazer o leilão estava correta, mas seria muito mais produtiva para os cintas-largas se eles tivessem sido chamados para acompanhar o processo. Assim poderiam receber a responsabilidade e os deveres na relação não só com o Estado brasileiro, mas também com a sua comunidade. Os índios são autônomos, soberanos, em várias questões, mas na relação com o dinheiro não. Não é um defeito do índio. Isso acontece com qualquer grupo que viva à margem das práticas do capitalismo, como os quilombolas e outras comunidades tradicionais.

Maysa Provedello - Os povos indígenas estão se preparando para participar do mundo capitalista?


Terena -
Estamos começando. Mas como a realidade do capitalismo prevê a aquisição individual de bens, ela neutraliza todos os princípios de coletividade tradicionais dos indígenas. Pior, seduz vários segmentos dos nossos povos, que, despreparados, entendem que \"ter coisas\" significa ter poder financeiro e político. Imagine só um chefe indígena vendo outro andando em um carrão. Se ele não estiver consciente dos valores de seu povo, se não estiver preparado para entender que o importante é como aquele carro foi obtido, vai simplesmente querer ter um tão ou mais sofisticado, para ter o mesmo nível de poder do outro chefe. Por problemas assim, muitas vezes alguns povos acabam se rendendo a madeireiros e outros invasores predatórios em troca de presentes. Toda essa questão de consciência gera uma série de situações complicadas. Estamos conversando, debatendo entre nós, entre nossos líderes, tentando resolver todas essas questões da melhor maneira possível, sem colocar em risco nossas crenças e nossa cultura, para que possamos participar do processo de crescimento econômico do país.

Maysa Provedello - E no âmbito governamental, quais são os planos para a elaboração de uma política indigenista de longo prazo?


Terena
- A Funai não tem condições de fazer um debate assim, porque ela trabalha com demanda, com problemas diários. Precisa administrar coisas como invasão nos escritórios, definição de demarcações e diversos conflitos. Ela é executora, não tem tempo para fazer política. E o Ministério da Justiça, ao qual ela é subordinada, tem como prioridade a segurança pública. Nós nunca somos considerados como prioridade. Isso é um fato histórico. Só seremos tratados como um problema prioritário se houver uma profunda reestruturação da Funai ou a criação de um setor novo dentro do governo que congregue as iniciativas diversas que já existem (conselhos de saúde, infância, educação, por exemplo) por meio de uma secretaria de Estado para assuntos indígenas, com status de ministério. Se não for assim, não adianta. Nós vamos estar sempre atrás, longe das principais preocupações do poder. Muitos índios estão preparados para assumir a Funai para reestruturá-la, se for preciso. Resta saber se os brancos estão preparados para isso.

Maysa Provedello - Você está envolvido na criação de uma organização não-governamental voltada para a divulgação na mídia, especialmente para os jornalistas, dos direitos indígenas. De onde partiu essa idéia?


Terena -
O movimento indígena não trabalha mais apenas com o velho slogan \"Demarcação Já!". Nossos direitos são mais complexos e estão interligados aos direitos das crianças, dos idosos, de saúde e educação, entre outros. Não dá para trabalhar nosso crescimento, nossa intenção de avanço, sem compartilhar nossa situação com os outros milhões de brasileiros. Precisamos de apoio. Nós só aparecemos com destaque na mídia no Dia do Índio, quando matamos ou quando morremos. O escopo de assuntos que podem ser tratados na mídia a nosso respeito é enorme. É possível tratar do indígena como protagonista, de forma positiva, dar mais voz aos 230 povos que vivem no Brasil, ricos em cultura, além de falar dos seus problemas.

Maysa Provedello - Você já tem noção de como serão os trabalhos dessa ONG?


Terena -
Serão no mesmo modelo da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi). Vamos sugerir matérias, acompanhar o que sai na mídia e capacitar profissionais da comunicação para tratar das nossas questões. Se os jornalistas não têm preparação suficiente para tratar dos problemas indígenas de forma verdadeira, fiel, não é por incompetência, mas porque foram formados em uma escola que não tem tradição no assunto. Por outro lado, um repórter que queira escrever algo com qualidade tem dificuldade para encontrar fontes de informação. Vamos ajudar nesse ponto. Também vamos gerar estudos e oportunidades para que jovens indígenas envolvidos com comunicação trabalhem para a agência. Temos expectativa de começarmos nossas atividades até meados de 2005.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Entrevista



A ACRA tem o prazer de apresentar uma entrevista com Paula Grejianin idealizadora do blog e entusiasta das projeções de atividades que vimos realizando. Paula Grejianin é Pedagoga pela Universidade do Estado da Bahia, participou de intercâmbio acadêmico na Universidade de Pádova na Itália,pesquisadora do PRODESE-Programa Descolonização e Educação e integra a equipe do Projeto DAYÓ na Associação Crianças Raízes do Abaeté. Em 2008 Paula idealizou o blog da ACRA e se dedicou com esmero à consolidação desse importante canal de comunicação.O sucesso pode ser observado pela qualidade dos temas e questões que são apresentados,o número de visitantes alcançado e mais recentemente o destaque em 2º lugar nacional no concurso de blogs realizado pela Revista África e Africanidades. Na entrevista a professora Paula Grejianin de modo descontraído nos conta um pouco da história do blog ACRA.





PAULA GREJIANIN NO CENTRE GEORGES POMPIDOU EM PARIS

ACRA-Como surgiu a idéia de criar o blog da ACRA?



PAULA-Sempre gostei das chamadas "tecnologias da informação e comunicação". Acho fascinante o acesso que podemos ter a um mundo de informações de maneira praticamente instantânea e esta ferramenta vem sendo cada vez mais utilizada no processo educativo formal e não-formal. Assim, pensei em utilizar o "blog", como umas das muitas possibilidades de comunicação interativa que a internet nos oferece, com o objetivo de divulgar as atividades da ACRA, possibilitar a reflexão sobre o mundo contemporâneo, compartilhar experiências, interagindo com outras instituições, artistas, pesquisadores, educadores, que como nós, reivindicam o direito à alteridade e desenvolvem atividades no sentido de afirmação dos valores da população afro-brasileira e dos povos inaugurais, que no contexto do bairro de Itapuã são os Tupinambás.


ACRA-Que desafios se impuseram no processo de composição do blog?


PAULA-O primeiro desafio foi como criar algo que fosse interessante, que as pessoas quisessem ver. Este tipo de ferramenta precisa ser atraente, dinâmico, interativo. O segundo desafio foi a operacionalização disso. Eu tinha o hábito de ler, acompanhar alguns blogs, mas nunca havia feito um, então fui tentando, pesquisando, pedindo auxílio aos colegas e foi ganhando corpo e vida. Algumas coisas são realmente muito simples, como colocar os textos, as fotos, mas como no contexto da ACRA / PRODESE / DAYÓ, trabalhamos na perspectiva "odara", que neste caso, prima por trazer informações técnicas, mas que também sejam bonitas,úteis, encantadora... Muitas vezes temos idéias que não sabemos como executá-las e aí encontro muitas soluções na internet mesmo.Existem blogs que dão dicas e ensinam como fazer, isso é fantástico! Mas, muitas vezes esbarro em coisas que são mais complexas que precisam de um conhecimento um pouco mais técnico, digamos. Mas o blog tem feito tanto sucesso que já surgiu à possibilidade de fazer um curso para aprender como criar blogs e sites, aí sim, vamos poder realmente encantar!


ACRA-Qual a importância desse canal de comunicação no contexto da ACRA?


PAULA-Compartilhar conhecimentos sobre a nossa identidade cultural de modo especial da nossa tradição afro-brasileira. Estamos com um número significativo de visitas no blog e pelo que avaliamos identificamos que ele tem sido muito consultado por um público interessado em informações que não costumam circular nas escolas, Universidades, etc. Trazemos assuntos que instigam a curiosidade sobre aspectos da história da nossa Bahia, Brasil, do continente africano. A divulgação das nossas atividades para a comunidade de Itapuã é um dos pontos significativos do blog.


ACRA-Como você organiza o blog da ACRA?


PAULA - Procuro colocar no blog as atividades que estão sendo desenvolvidas na ACRA, sempre acompanhadas de fotos; colocamos também textos e entrevistas que dêem fundamentação teórica às atividades que estão sendo desenvolvidas, para que quem visite o blog entenda o que estamos tentando construir ali, o que estamos semeando nos corações daquelas crianças e da comunidade de Itapuã. Além disso, procuramos também dar dicas de livros, filmes, documentários, sites, exposições e demais atividades desenvolvidas no sentido da afirmação de valores civilizatórios dos povos indígenas e africanos que constituem a nossa formação social.


ACRA-Sabemos que os blogs tendem a ser canais de informação e entretenimento. Então nos fale um pouco das abordagens e conteúdos que mais se destacam no blog ACRA?


PAULA-Bom, o blog do ACRA se distancia da categoria de entretenimento e se aproxima de uma nova categoria que tem crescido muito atualmente que são os blogs educativos. Temos tido um retorno muito positivo, inclusive no meio acadêmico que eu credito a este diferencial. Procuramos sim, atrair nossos visitantes mostrando nosso trabalho, compartilhando conhecimento, lançando mão de um mosaico de linguagens, poesia, música, literatura, história, contos, fotos, vídeos, todos cuidadosamente escolhidos.


ACRA-Identificamos que de junho 2009 para cá você incrementou bastante o blog ACRA e identificamos que o número de visitantes é muito expressivo. Como você explica esse sucesso do blog ACRA e que indicadores vocês estão tendo para avaliar o impacto desse canal de informação?


PAULA-Pude incrementar o blog porque tive o prazer e o privilégio de contar com o apoio da professora Dra. Narcimária Correia do Patrocínio Luz, colaboradora da ACRA, Coordenadora do PRODESE e autora do projeto DAYÓ, que tem dado todo o suporte do conteúdo do blog e pudemos contar também com a participação muito importante do Professor Dr. Marco Aurélio Luz cientista social que tem nos ajudado a divulgar reflexões interessantes sobre temas sugeridos pela equipe DAYÓ ACRA.Compartillho créditos dos conteúdos e imagens com a Professora Narcimária Luz. Em relação aos indicadores, além do contador de visitas que colocamos temos principalmente os relatos das pessoas (que apesar de não deixarem comentários no blog), que nos encontram na rua, e em eventos que falam conosco dizendo que visitaam o blog e fazem muitos elogios. O blog tem sido visto até no exterior! A ACRA tem um intercâmbio com o Grupo Capoeira Abolição Oxford na Inglaterra em Oxford, e com TRUST ABOLIÇÃO na África do Sul ambos sob a responsabilidade do Contra Mestre Luís Negão fundador e idealizador da ACRA. Nesses países nosso blog é uma referência importante para informar sobre as nossas iniciativas aqui na Bahia, Brasil incentivando o intercâmbio.


ACRA-Para finalizar: que perspectivas o blog da ACRA apresenta para os educadores/as e o que mais estar por vir de novidades?


PAULA-Como perspectiva para os/as educadores/as além do embasamento teórico que o blog traz, acredito que as atividades desenvolvidas na ACRA podem inspirá-los/as e dar embasamento teórico-metodológico para as suas atividades... É que todo trabalho realizado na ACRA é fruto de muito estudo, muita pesquisa e a idéia de compartilhar experiências é justamente essa, que as atividades realizadas aqui e em outros lugares possam servir de exemplo, e de inspiração.
Novidades? Ah, serão muitas! Estamos planejando muitas atividades para o ano de 2010 na ACRA, muita coisa legal mesmo! Palestras, exposições, dança teatro, oficinas... e isso incrementará nosso blog. Tem as atividades do intercâmbio com o Grupo Capoeira Abolição Oxford na Inglaterra em Oxford, e com TRUST ABOLIÇÃO na África do Sul sob a responsabilidade do Contra Mestre Luís Negão que cada ano se consolida abrindo novas perspectivas de atividades socioeducativas.Além disso, o blog deve passar por uma reformulação, vai ganhar uma nova cara, mais parecida ainda com a ACRA e o Projeto DAYÓ. E já que estamos sendo lidos no exterior vamos colocar a opção de leitura do blog texto em inglês! Vamos estar atentas as tendências da internet e as das tecnologias, além de ouvir as sugestões de nossos visitantes e parceiros para torná-lo atraente, dinâmico, interativo e educativo.