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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


sábado, 1 de maio de 2010

DIA DO TRABALHO


Foto de Narcimária C. P. Luz

Colaboração Marco Aurélio Luz

Mais que uma data de feriado e política sindicato-eleitoral o "dia do trabalho" nos leva também a algumas reflexões. No "mundo dos valores brancos" da acumulação incessante de capital, primeiramente vamos nos referir à contribuição de Marx elaborando a lei econômica da mais valia em que demonstra que a riqueza no capitalismo se origina do valor da força de trabalho não pago ao trabalhador e apropriado pelo proprietário dos meios de produção. O trabalhador livre, "livre de tudo" que é obrigado para sobreviver a se oferecer no mercado de trabalho ao sabor da luta de classe. Hoje em dia ele é mais seduzido à sujeição voluntária por diversos aparelhos ideológicos do Estado que coagido. Se bem que entre nós continue em vigor a Lei da Vadiagem que garante a obrigatoriedade pela força pública em caso de precisão.
No tempo da escravidão, que não está muito longe, em 1771, frei Antonil relatou:
"(...)no Brasil costumavam dizer que para o escravo são necessários três p, a saber: Pau, Pão e Pano. E posto que comecem mal, principalmente pelo castigo que é o pau, contudo provera Deus que tão abundante fosse o comer e o vestir como muitas vezes é o castigo, dado por qualquer cousa pouco provada e levantada, e com instrumentos muitas vezes de muito rigor... de que não se usa nem com os brutos animais castigar com ímpeto, ânimo vingativo, por mão própria e com instrumentos terríveis..."
Enfim não precisamos continuar, é o trabalho no cativeiro; forçado sob tortura...
Muito diferente é o trabalho no "mundo dos valores negros" nos inspirando no Festival Epa em Ekiti. Aqui primeiramente ele é compreendido pela tradição como o princípio do caçador do ferreiro e do organizador. Nos primórdios da saga da humanidade é o princípio caçador que garante as provisões necessárias a manutenção e expansão de sua gente. O princípio do ferreiro, da criação de instrumentos que proporciona os avanços tecnológicos para a proteção e projeção da sociedade. O princípio do organizador que estabelece as regras do convívio social, a ordem das divisões do trabalho, o equilíbrio hierárquico.
A “alquimia” da culinária que estabelece entre o alimento cru e o cozido os limites entre a natureza e a civilização está na órbita dos princípios e poderes femininos. São elas as que também alimentam os nascituros e assim garantem a continuidade da espécie.
O trabalho aqui tem sempre um caráter cooperativo visando à auto-proteção e expansão dos grupos, das famílias, das linhagens, das cidades, da civilização, da ancestralidade.
Fonte das elaborações desse viver é a tradição religiosa que garante o bem estar nesse mundo através da circulação das forças espirituais que circulam entre esse mundo e o além.
Por fim devemos realçar que nesse contexto o trabalho está envolvido por uma relação indissolúvel entre o técnico e o estético, odara, que faz dele uma atividade lúdica, o prazer de estar junto em colaboração, associada ao prazer de sedução da beleza que é finalizada com a prazerosa obtenção do resultado.
Tive a oportunidade de presenciar a pesca do Xaréu, o canto das lavadeiras, e participo das ações no âmbito de diversas instituições da tradição sócio cultural afro- brasileira que podem ilustrar essa forma de trabalho. Nesse mutirão não pode faltar a alegria.

CANTANDO,DANÇANDO E INSURGINDO
Para além do valor do trabalho baseado no individualismo,competição,acumulação de bens,riqueza e a vida em solidão,trazemos uma ilustração divertida sobre a recusa às relações de trabalho que regem o espaço e tempo neocolonial.
Aqui vai o suingue e vozeirão de Tim Maia cantando "Sossego".
Divirtam-se!








Um comentário:

  1. '' ... Aprendemos a voar como pássaros e a nadar como peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos ... ''
    Martin Luther King

    Um dos maiores problemas na atualidade é a falta de trabalho. Que gera um cliclo de violência. doença, fome, guerra civil e morte... A falta de emprego leva a população Africana a extrema pobreza e a falta de perpectiva futura. Milhares de pessoas vivem em condições subumanas. As Instituições no continente Áfricano, em sua grande maioria, estam corrompidas. O que possibilita regimes ditatoriais, guerras civis pelo controle do poder e a população fica no meio dos abusos cometidos pelas autoridades locais e as milicias de oposição. As guerras tribais é um outro problema sério para ser enfrentados. Os irmãos africanos estão derramando sangue de outros irmãos apenas por serem de etnias diferentes. Rogo á deus que o trabalho possa ser uma realidade em todos os continentes. Não o trabalho exploratório que denigre a palavra trabalho, mas o trabalho que posso construir nações, fortalecer um povo e dar dignidade a todas as famílias. é como diria Voltaire na voz de Cândido: "O trabalho resolve tr~es problemas: o tédio, o ócio e a necessidade"

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