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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


domingo, 19 de junho de 2011

ÊTÁ! “O CASAMENTO DA FILHA DO CORONÉ ANTÔNIO BENTO”

Por Narcimária C.P. Luz



Tela DE ANTÔNIO POTEIRO (1925)
Imagem disponível em http://www.tntarte.com.br/tnt/scripts/2009_dezembro/noite_1.asp

As crianças e adolescentes da ACRA estão ensaiando um autocoreográfico , baseado na história contada e cantada na música“Coroné Antônio Bento”,de autoria de João do Vale e Luiz Wanderley,interpretada pela voz magnífica de Tim Maia.
O texto elaborado por mim chama-se :“O CASAMENTO DA FILHA DO CORONÉ ANTÔNIO BENTO”(inspirado na música de João do Vale e Luiz Wanderley),e está sendo ensaiado pelo Grupo de Teatro ACRA COM VIDA, entrelaçando as narrativas nordestinas que embalam também as obras de Luiz Gonzaga e  Zé Dantas:"Xote das Meninas" e "Cintura Fina".


J.Victtor,mestre da gravura e do cordel
Imagem disponível em http://blog.jvicttor.com.br/

Dessa aproximação, foram nascendo inquietações sobre o significado e origem do baião,xote,forró,biografias e obras dos compositores e intérpretes das músicas que compõem o auto, e que tendem a caracterizar a sociabilidade de muitas comunidades no nordeste.




Então vamos começar a conhecer um cadinho das aulas e inquietações  que vão compondo o aprendizado criativo e cheio de emoções das crianças e adolescentes que participam Grupo de Teatro “ACRA COM VIDA”.

Na “ACRA COM VIDA”,o forró é elaborado como uma animada festa característica do nordeste brasileiro que apresenta narrativas que contam histórias engraçadas ou tristes de lugares,pessoas,dificuldades e alegrias falando do dia a dia do povo nordestino tudo isso no ritmo contagiante do arrasta pé,acompanhado por triângulo, sanfona e zabumba, instrumentos-chave para a festa esquentar, e claro regado a boa culinária do nordeste.
Antigamente(e ainda hoje), os forrós eram realizadas em terrenos de barro batido,e como é uma festa onde se dança  arrastando o pé com animação, geralmente sobe uma poeirada e  tanta, e  para evitá-la, se molha o chão para abrandar a poeira.
Apesar das controvérsias,é importante informar que há outras versões para a origem do nome forró e uma delas,se refere a palavra em inglês "for all", que significa para todos.
Essa versão vem do início do século XX,com a construção da ferrovia Great Western por técnicos ingleses em Pernambuco,que para estabelecer uma boa convivência com o povo pernambucano,promoviam festas,bailes convidando toda a população para participar.Esse convite em inglês era o “for all “,uma festa “para todos” .
O povo ia e levava o seu modo de dançar,seus instrumentos musicais e as narrativas que davam conteúdo as músicas.
Há também a explicação, de que na 2ª guerra mundial, os americanos instalaram em Natal no Rio Grande do Norte uma base militar,e para estabelecer uma “política da boa vizinhança”,também promoviam bailes conhecidos na região como  “for all “ o "forró",uma festa “para todos”, e o povo de Natal participava levando consigo suas referências culturais.
O folclorista Luiz Câmara Cascudo,que afirmava ser o forró derivado da palavra forrobodó, classifica-o como: confusão e farra.
Mas como confusão e farra?
Pergunta que não quer calar:será mesmo confusão e farra?
Para quem está de fora,e não entra no jogo da criatividade coreográfica, brincalhona e cheia de narrativas genuinamente nordestinas,talvez pareça confuso ou até mesmo uma desordem total.
Mas não é!
Há muito respeito entre as pessoas que estão ali para compartilhar emoções que os vinculam à vida e a alegria de existir comunitária.




E O XOTE?
 

Tela de  CARIBÉ

É um ritmo muito utilizado no forró.
Assim como a origem da palavra forró,o xote também tem as suas controvérsias.Dizem que xote é derivação aportuguesada da palavra alemã "schottisch",e que o ritmo veio para o Brasil como uma dança exclusiva para os frequentadores da corte portuguesa.
Os/as africanos/as observando a dança de origem européia,(re)criaram outros passos e ritmos,africanizando o "schottisch" alemão,transformando-o radicalmente em xote,que pode ter a grafia xótis,chóte ou até mesmo chotis,vocês decidem.
O negócio é não perder o ritmo!


E O BAIÃO?

Outro ritmo e dança importante nas festas do nordeste!
Nasce através do lundum baiano,uma dança e ritmo trazida para o Brasil por africano/as de Angola.
Os batuques dos africanos/as pelos territórios brasileiros deram a base rítmica do lundum que exige um corpo criativo,solto,bem ritimado,ginga nos quadris,nas pernas,etc.
Sabe o corpo livre para criar?
Pois é.
O baião carrega esse princípio rítmico do lundum, e nos anos 1940 através de Luís Gonzaga e sua sanfona, ganha aceitação em várias regiões do Brasil.
Mas todas essas explicações, são para apresentar um pouco da biografia dos compositores e interpretes das músicas que serão dramatizadas no autocoreoráfico da ACRA em 2011.
Toda linguagem característica desse auto tem como  base o  xote e baião.

As biografias e composições musicais a seguir,fazem parte das escutas que realizamos para atender  as inquietações das crianças envolvidas no auto.
O elenco da ACRA COM VIDA,conhece a riqueza das  histórias que apresentamos a seguir.
Compartilhamos com vocês a alegria e prazer que tivemos conhecendo  as biografias dos grandes compositores e intérpretes da nossa música popular brasileira, referências importantes para o nosso autocoreográfico...

 “O CASAMENTO DA FILHA DO CORONÉ ANTÔNIO BENTO”.



Obra de Mestre Vitalino

Um comentário:

  1. Êta casamento arretado!!

    jÁ TÔ DOIDO pra apreciar essa união!!

    Vida longa ao ACRA e aos jovens envolvidos com esta associação!

    Depois, Narcimária e ACRA, conversaremos sobre novas parcerias e intercâmbios que poderemos realizar do Grupo de teatro do ACRA com outro gurpo de teatro que ando interagindo com o Cordel na Boca, grupo da Boca do Rio, Boca do Mar!

    te escrevo, querida Mestra!

    Inté!

    Sérgio Bahialista

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