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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

FILOSOFAR EM BANTU Poesia de J.J. Siqueira

                                                             

Retomar a condição incontornável de pensador de sua própria civilização

Reafricanizar os espíritos

Retirar dali todas as implicações

Repensar-se, reinscrever-se como sujeito da própria existência

Enfrentar a hegemonia arrogante e opressiva do Ocidente restituir

À África o orgulho de seu passado, o valor de suas culturas rejeitar

A assimilação até onde teria sufocado sua personalidade

Uma ontologia do Ser e do estar no mundo

E ninguém poderá fazer isto por nós

É de onde inscrever o próprio destino

Onde minha língua materna? Onde a força de sua plasticidade originais?

A teoria da relatividade em wolof, prêmio Nobel de literatura de um yorubá

As impossibilidades do espírito humano em bantu

Meu Édipo é outro
                                                                                                 José Jorge
                                                                                                    dez./15



Defesa de tese


segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Boas Festas!!!

Eku Odun oo!!!
Ara dide, Ire, Owo, Ilê, Bata fun o ati awon ibatan ati ore re.
Axé


 A árvore está relacionada à simbologia e a liturgia da ancestralidade.
Raízes, tronco, ramos, folhas e frutos.

Ancestralidade, proteção, fecundidade, saúde, fertilidade...









A saudação em língua yoruba refere-se ao desejo e votos de proteção, alegria, bem estar nesse mundo.


terça-feira, 24 de novembro de 2015

FACHO DE LUZ


O DEUS DE CARLITO ROCHA
Por Nelson Rodrigues
Estrela Solitária
Foto disponível na Internet

O Deus de Carlito Rocha… Chegou, enfim, o momento de fazer de Carlito Rocha o meu personagem da semana. Quer queiram, quer não, ele está atrelado ao fabuloso triunfo alvinegro sobre o Fluminense. E aqui pergunto: Qual teria sido a contribuição carlitiana para o título? E eu próprio respondo: Carlito ligou o jogo ao sobrenatural, pôs Deus ao lado do Botafogo e, mais do que isso, pôs Deus contra o Fluminense.
E, com efeito, três ou quatro dias antes do clássico, um jornalista foi provocar o velho Rocha. Ora, o Carlito nunca teve meias medidas, nunca! Bastaram duas ou três perguntas estimulantes para que dentro dele rugisse a imortal paixão botafoguense. Disse ele que Deus viera anunciar-lhe a vitória do Botafogo Um vaticínio divino é algo mais do que um palpite de esquina. No entanto, vejam vocês, nem o jornal que publicou a reportagem, nem o leitor, nem a torcida, ninguém acreditou nem em Carlito, nem na visão, nem mesmo em Deus. As declarações do velho Rocha, tão honestas e incisivas, pareceram a nós, impotentes da fé, uma simples e cruel piada de jornal. E um amigo, pó-de-arroz como eu, veio perguntar-me: ‘Viste o Deus de Carlito?’ Eu não tinha visto o jornal ainda, mas as palavras do meu amigo ficaram ressoantes em mim. ‘Deus de Carlito...’ E, subitamente, eu compreendi o seguinte: não há um Deus geral, não há um Deus de todos, não há um Deus para todos. O que existe, sim, é o Deus de cada um, um Deus para cada um. Por outras palavras, um Deus de Carlito, um Deus do leitor, um Deus meu e assim por diante. Graças ao Carlito criava-se uma relação entre o Botafogo e o sobrenatural e o clássico decisivo passava a adquirir um pouco de eternidade.



Carlito Rocha e Biriba o “cão encantadoFoto disponível na Internet
Veio o jogo. Com a nossa impetuosidade tínhamos da batalha uma visão crassamente realista: só cuidávamos dos aspectos técnicos, tácticos e físicos.
 Eu próprio vivia perguntando, a um e a outro, na minha aflição de pó-de-arroz: O Leo joga? O Leo não joga? Em suma, pensava em Leo, em Pinheiro, em Cacá ou Valdo. Mas não chamava o meu Deus. Ao passo que o velho Rocha sabe o quanto acrescenta a qualquer pelada do Botafogo a dimensão da sua fé. Eu não vi, nem ouvi, durante toda a semana do jogo, um tricolor falar em Deus. E porquê? Pelo seguinte: achamos que Deus não se interessa por futebol, portanto, nós o excluímos das atribuições da nossa torcida. Domingo nunca houve um clube tão sem Deus como o Fluminense. Ora, nenhum brasileiro consegue ser nada, no futebol ou fora dele, sem a sua medalhinha de pescoço, sem os seus santinhos, sem as suas promessas, e numa palavra, sem o seu Deus pessoal e intransferível. É esse místico arsenal que explica as vitórias esmagadoras. Portanto, os motivos, eu acredito piamente, na contribuição de Carlito para o perfeito, o irretocável triunfo alvinegro. E de resto, como não gostar do Deus do velho Rocha? Deus tão cordial, íntimo, terno, que se incorporou à torcida botafoguense e viveu com a torcida botafoguense aqueles eternos noventa minutos.

Nossa Senhora associada a Oxum protetora do Botafogo relacionada com a simbologia do nº 7
Foto disponível na Internet

Jogadores do Botafogo campeão brasileiro da série B agradecem no Estádio Mané Garrincha
Foto: Francisco Stuckert Lance/Press disponível na internet
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Crônica publicada em 1957 e o autor se refere a final do campeonato carioca de 1957 no Maracanã. Vitória do Botafogo 6x2 Fluminense.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

HOMENAGEM AO 20 DE NOVEMBRO - NOSSAS MÃES ANCESTRAIS






MITO E METAMORFOSES DAS MÃES NAGÔ: ARTE SACRA NEGRA.

Parte I


O legado civilizatório africano-brasileiro, se constitui originalmente na reposição dos cultos aos ancestrais, no culto às forças que regem a natureza, e no poder do culto da revelação dos destinos e caracteriza  a presença dos ancestrais no Brasil e nas Américas em geral.
Aproveitando o "Dia da Consciência Negra" saudamos e pedimos a proteção dos ancestres e ancestrais.



quinta-feira, 12 de novembro de 2015

1ª MARCHA DE EMPODERAMENTO CRESPO DE SALVADOR- MARCHEMOS CAMINHANDO E CONSTRUINDO AS CANÇÕES

 Por Caroline Nepomuceno


“Só há poucos anos é que deixei de me preocupar com o quê os outros possam dizer sobre o meu cabelo. Só nesses últimos anos foi que eu senti consecutivamente o prazer lavando, penteando e cuidando do meu cabelo. Esses sentimentos me lembram o aconchego e o deleite que eu sentia quando menina, sentada entre as pernas de minha mãe, sentindo o calor do seu corpo e do seu ser enquanto ela penteava e trançava o meu cabelo.”
Bell Hooks- Alisando o nosso cabelo.


Nos últimos meses, a cidade de Salvador tem construído e presenciado uma grande chuva de acontecimentos que irá deixar marcas profundamente no coração e na estética de milhares de mulheres, crianças e homens negros. Foi construída e realizada a 1ª Marcha de Emponderamento Crespo de Salvador, cuja comissão organizadora contou com  Naíra Gomes, Ivy Guedes, Lorena Lacerda, Vanessa Ribeiro, Milla Carol, Nadja Santos, Hilmara Bitencourt, Samira Soares, Andréa Souza, João Vieira, Chermie Ferreira e Jack Nascimento. A ideia da Marcha surgiu depois da 1ª Marcha de Orgulho Crespo que ocorreu em julho na cidade de São Paulo. Foi então, que a comissão se reuniu com o intuito de repetir o mesmo nas ruas da cidade de Salvador.




Foto Caroline Nepomuceno


Com o auxílio de grupos políticos e estéticos no Facebook conseguiram se organizar e mobilizar mais de três mil pessoas nas ruas de cidade de Salvador no último dia 7 de novembro de 2015. Em um cortejo negro-afro que seguiu da Praça do Campo Grande até a Praça Castro Alves, o que se ouvia era um clamar negro que se repetia : “Eu estou na rua é pra lutar pelo direito do cabelo encrespar!” e mais “Cabelo crespo não é moda, pelo contrário, é resitência e história!”.
As organizadoras da Marcha definem seus obejtivos de forma bem sucinta na página do Facebook:
A Marcha do Empoderamento Crespo é um ato político de reconhecimento identitário e fortalecimento de um povo que historicamente tem a sua existência negada. É necessário pautar o cabelo crespo, expressar nossa raiz e ancestralidade, mas entendemos que essa luta ultrapassa o viés estético, ela é um campo de afrontamento ao racismo. Através do debate afirmativo da estética negra, queremos empoderar o corpo negro, que é maioria na defasada e descontextualizada rede pública de ensino, que é maioria nos presídios, que morre todo dia pela ação violenta da polícia, que é arrastado por quilômetros pela viatura policial, que é maioria no subemprego, que é maioria entre os 'moradores de rua', que está vulnerável à violência, que é maioria numérica, porém, uma minoria política e social. Por isso, entendemos que o nosso movimento é relevante e necessário e vem pra somar às lutas antirracismo.
E mais, como forma a dialogar com diferentes comunidades locais, ocorreram duas Pré- Marchas. A primeira pré- marcha ocorreu no dia 29 de setembro de 2015, no bairro do Cabula, no campus da Universidade do Estado da Bahia, contando com um público de 100 pessoas. A Pré- Macha contou com intervenções artísticas, oficinas de turbantes e rodas de debates, além de abrir espaços para jovens empreendedoras negras.

Foto Caroline Nepomuceno


A segunda pré- marcha aconteceu no bairro do Nordeste de Amaralina, no dia 17 de outubro de 2015. Organizada próxima ao ao dia das crianças (12 de outubro), estas se mostraram como pauta principal da marcha. Entre oficinas de turbantes, contação de histórias e contos infantis, rodas de conversas, produções de cartazes e apresentações artísticas do Grupo Boca Quente e do grupo de percussão Quabales, do próprio bairro, a caminhada seguiu nas ruas finalizando seu trajeto com uma grande roda no largo do fim de linha do bairro.



Foto Caroline Nepomuceno


A 1ª Marcha de Emponderamento Crespo contou com o apoio a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado ( Sepromi), a Secretaria Municipal da Reparação (Semur), Secretaria de Políticas para Mulheres ( SPM Bahia), entre outros órgãos e organizações.
Como todos sabemos, o negro na sociedade brasileira construiu inúmeras formas de resistências, desde a criação e manutenção de quilombos, rebeliões, revoltas, construção de Irmandades, caixas de alforrias, constituição de movimentos sociais unificados, etc. Na década dos anos 1960, surge o movimento Black Power como forma de afirmação e valorização do corpo e estética negra.
Hoje encontramos novas formas de racismos na sociedade, por se encontrarem de forma velada e silenciosa, se torna mais perigoso e sutil. Com a utilização das redes sociais pela grande massa da população temos nos deparado com atitudes racistas que agridem desde pessoas anônimas aos olhos da mídia até modelos, atrizes e apresentadoras de TV.
Diante dessa urgência, é mais do que pertinente a necessidade de nos fortificarmos para enfrentar situações preconceituosas como as citadas. Atos políticos como o que foi proposto pela 1ª Marcha de Emponderamento Crespo devem servir de inspiração e de fortalecimento da identidade negra e, por que não, do seu empoderamento?
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Caroline Nepomuceno é Professora da Rede Municipal  de Educação

Fonte:







domingo, 8 de novembro de 2015

IPEAFRO PROMOVE HOMENAGENS A ABDIAS DO NASCIMENTO






Pessoas amigas, saudações!

O IPEAFRO vai comemorar o mês de novembro participando de diversas atividades nos três estados mais frequentados por Abdias! 

No próximo sábado (14/11), haverá duas atividades em São Paulo, terra de Abdias (nascido em Franca, ele recebeu em 1996 o título de Cidadão Paulistano):
  • Pela manhã (das 9h às 11h30), o Flink-Sampa promove uma mesa de debates seguida de sessão de autógrafos da biografia Grandes Vultos que Honraram o Senado: Abdias Nascimento, de Elisa Larkin Nascimento. 
  • À tarde (das14h às 18h), o Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura (OBCOM-ECA) da USP promove no SESC leitura dramatizada da peça de Abdias, Sortilégio (mistério negro) seguida de sessão de autógrafos da biografia. 
No Rio de Janeiro, cidade que abrigou o Teatro Experimental do Negro, Museu de Arte Negra e o ateliê e atual acervo de Abdias Nascimento, teremos:
  • Dia 16/11, uma tarde negra na PUC-Rio, das 14h às 19h. Em parceria com o NIREMA, o IPEAFRO vai exibir o filme "Abdias Nascimento", de Fernando Bola, mediar a mesa com Conceição Evaristo, Flávio Gomes e Carlos Santana e realizar um lançamento especial da biografia de Abdias como parte da cerimônia de inauguração de placa comemorativa em sua homenagem na sala do NIREMA.
  • No sábado seguinte (21/11), das 15h às 16h30, na Biblioteca Parque da Rocinha, haverá mostra do filme "Abdias Nascimento", de Fernando Bola, e em seguida debate e sessão de autógrafos com a autora da biografia, Elisa Larkin Nascimento 
Para encerrar, em Brasília, onde Abdias viveu momentos políticos de luta em defesa da população negra, será realizada no dia 26/11 a segunda outorga da Comenda Abdias Nascimento do Senado Federal às 11h, no Plenário do Senado.

Segue em anexo a programação desses eventos. 

Axé!

Elisa Larkin Nascimento, Ph.D.
IPEAFRO - Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros
Afro-Brazilian Studies and Research Institute
Rio de Janeiro, Brasil
(55) 21-2509-2176

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

II SINBAIANIDADE , UM LUZ E TRÊS SODRÉ, BAIANIDADES E AFRICANIDADES


A Mesa "Baianidades e  Africanidades"  aconteceu no dia 10 de outubro pela manhã, sob a coordenação do Doutor Marco Aurélio Luz da Universidade Federal da Bahia  tendo como expositores, o Doutor Muniz Sodré da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Professor Jaime Sodré da Universidade do Estado da Bahia e o cantor e compositor Raimundo Sodré.


Auditório atento as abordagens da Mesa

Marco Aurélio iniciou dizendo que aprendeu com Mestre Didi Alapini de saudosa memória, que numa cerimônia deve-se antes de mais nada saudar os ancestrais. Assim sendo, solicitou a todos os presentes que ficassem de pé e numa atmosfera respeitosa pediu licença para cantar uma cantiga em homenagem ao Alapini.



Foto ASCOM UNEB


Baba Mogba Oga Oni Xangô..
Título recebido pelo rei de Ketu
A nki o..                  
Nós o saudamos respeitosamente
Alapini ati Asogba
Sacerdote supremo do culto aos Egungun e   Sacerdote supremo do culto a Obaluaiyê





Marco Aurélio Luz coordena a mesa "Baianidade e Africanidades".



Concluída a homenagem, Marco Aurélio apresentou uma escultura de Exu Lonan destacando que nas histórias da tradição itan, Exu foi o orixá que conseguiu de Olorun que as portas do orun do além, fossem reabertas proporcionando o ciclo vital e a continuidade da existência. Isso aconteceu porque enquanto os demais orixá se apresentavam a Olorum com abundantes oferendas, Exu atendendo a determinação de Orumilá Baba Ifá, o pai do oráculo, apresentou-se apenas com uma pena na cabeça, o emblema Egan, e  seguiu na frente de todos os orixá. Foi assim que Exu se tornou o Siwaju, o que vai à frente de todos e se tornou o L´onan “O Senhor dos Caminhos”.

Dessa forma, sempre nas cerimônias religiosas ocorre o ritual de ipade, reunião, dedicado a Exu para abrir os caminhos da comunidade na expectativa de que tudo seja propício.

Exu L´Onan, escultura de M. A. Luz
Foto: Hans Olu Obi

Outro destaque que Marco Aurélio fez foi se referir a uma das cantigas em que aparece a saudação de Exu, Laroyê!!, e que também invoca o nome de Odara, o que faz acontecer coisas boas e bonitas.


Foto: ASCOM UNEB

De origem carioca, mas  vivendo na Bahia há muito tempo, Marco Aurélio ressaltou que não é apenas isso que constitui sua “baianidade”. Marco chamou atenção sobre a expressão que se refere aos nascidos no Rio de Janeiro como  “carioca da gema do ovo”.  Essa gema, nada mais  é do que  a presença da Bahia no Rio de Janeiro representada de forma magistral pela ala das baianas nos desfiles das Escolas de Samba ponto alto da cultura carioca.

Ala das Baianas
Foto disponível na internet

A imigração baiana ocorreu com intensidade nos inícios do século passado no Rio de Janeiro, a exemplo da famosa casa de tia Ciata, Iyá Kekere do terreiro de João Alabá, que acolheu e abrigou os sambistas, músicos, compositores e intérpretes, gente de ranchos e blocos. É essa pujante presença da Bahia que contribui transformando a Praça Onze numa “pequena África” no dizer de Heitor dos Prazeres, e num contexto de perseguição policial com certeza isso foi fundamental na constituição da cultura carioca.
Mãe Aninha, Iyalorixá Oba Biyi fundou no Rio de Janeiro o Ilê Axé Opo Afonjá R.J. juntamente com tia Agripina Oba Deyi, com Bamboxê Obitiko e Oba Sãiya, expandiram os valores sagrados. Muitas outras casas se difundiram. 
Na Umbanda um ponto cantado em homenagem a rainha Vovó Maria Conga assim se refere:
“O sol raiou já vai baiana/ o sol raiou nas ondas do mar/ as ondas do mar batia/ lá se vai Maria Conga feticêra da Bahia.”
Após essas considerações, Marco Aurélio passou a palavra para o professor Jaime Sodré, escritor com vários livros e ensaios inclusive sobre a obra escultórica de Mestre Didi e outro sobre o registro da imprensa baiana relativo a época da perseguição policial aos terreiros.
Jaime Sodré começou dizendo que no dia seguinte que recebeu a homenagem de Comendador do SINBAIANIDADE, divulgaram nas redes sociais e ao amanhecer já tinha uma fila de gente querendo favor... Muitos risos! Para ele a honra de ser comendador, ganha diversas interpretações inclusive na Bahia. A forma como   soou o valor da comenda no bairro da Federação deu a impressão de que ele recebeu muitos poderes.

Comendadora Narcimária Luz, comendadores Marco Aurélio Luz e Jaime Sodré e  Lúcia Oliveira professora do curso de Design da UNEB.

A sua exposição foi no sentido de apontar a variedade da “baianidade” que conforme a dinâmica dos territórios onde se expressa assume características singulares.
Assim, a cidade de Salvador, Recôncavo, sertão, a “zona do cacau”, o sul da Bahia, há predominância de contingentes populacionais negros ou indígenas que reúnem aspectos de culturas que irão constituir as “baianidades”.

Comunicação do Professor Jaime Sodré

Mesmo na cidade de Salvador, há uma variedade de modo de "SER baiano" que recebe modulações de bairro para bairro além das influências das variadas instituições que caracterizam aquelas comunidades.  Nas religiões africano-brasileiras que são matrizes na constituição da cultura, há a pluralidade. Tradições Congo, Angola, Jeje, Nagô, cada qual possui seu corpus litúrgico que estabelecem teias vigorosas pela Bahia.  O Professor Jaime Sodré ainda chamou atenção para uma falsa baianidade constituída por interesses comerciais que divulga estereótipos mundo afora. 

A pedidos Jaime Sodré cantou "A Falsa Baiana"

Para ilustrar a verdadeira "baianidade", ele lembrou da música de Geraldo Pereira “A Falsa Baiana”(1944), e a pedidos cantou a música acompanhado com palmas ritmadas pela plateia:
Baiana que entra na roda e só fica parada
Não canta, não samba, não bole nem nada.
Não sabe deixar a mocidade louca.
Baiana é aquela que entra no samba de qualquer maneira
Que mexe, remexe, dá nó nas cadeiras
Deixando a moçada com água na boca.

A falsa baiana quando entra no samba ninguém se incomoda
Ninguém bate palma, ninguém abre a roda.
Ninguém grita ôba, salve a Bahia, Senhor!
Mas a gente gosta quando uma baiana quebra direitinho
De cima embaixo revira os olhinhos
E diz eu sou filha de São Salvador!”

Dessa forma o professor Jaime Sodré encerrou a sua participação.
O coordenador da Mesa Marco Aurélio passou a palavra para o Professor Doutor Muniz Sodré, afamado autor de inúmeros livros e muito admirado.
Ele começou dizendo que há muitos anos mora no Rio de Janeiro onde trabalha e constituiu família. Disse que gosta e admira a cidade do Rio de Janeiro, e justificou que ao invés de abordar o tema “baianidade” iria desenvolver reflexões sobre a “carioquice”, ou seja, a imagem coletiva ou a alma característica da identidade do ser carioca.



Comunicação do professor Muniz Sodré 
Foto ASCOM UNEB

Para Muniz Sodré a entidade que rege os destinos do Rio de Janeiro é Exu. Por diversas razões e coincidências demonstrou que Exu está presente na regência de datas históricas desde a fundação da cidade.
Nas Umbandas, religião predominante no Rio de Janeiro, a gira ritual mais frequentado pelos fiéis é a de Exu, entidade originária do panteão dos orixá nagô.
O Exu mais solicitado é seu Tranca Rua, que rege os caminhos dos destinos, seu Sete Encruza que rege as encruzilhadas, Exu Marabô, Exu Caveira, Pomba-gira que rege a sexualidade, Sete da Lira que rege a musicalidade dentre outros. São esses Exus que constituem o imaginário coletivo carioca.
Nesse ínterim, Marco Aurélio como “carioca da gema do ovo “lembrou-se do alvoroço provocado nos tempos da ditadura por Seu Sete da Lira da mãe de santo D. Cacilda de Assis, promovendo a ida de multidões ao seu terreiro e comparecendo nos principais programas de televisão do Chacrinha e de Flávio Cavalcanti.

Seu Sete da Lira abalou a mídia.
Foto disponível na internet.

Muniz ressaltou a presença da entidade  Zé Pilintra que tem a imagem  de um negro bem vestido de terno branco, gravata e lenço vermelho, sapatos brancos, chapéu panamá lembrando o figurino da malandragem das primeiras décadas do século passado.
Zé Pilintra
Foto disponível na internet
Marco Aurélio lembrou que a figura do malandro foi cantada em prosa e verso e gerou o famoso desafio entre Wilson Batista e Noel Rosa.Outra categoria presente nas relações sociais cariocas é “otário”. Não há malandro sem otário.
Muniz prosseguiu sua exposição enfatizando então, que assim como Exu é tratado por “compadre”, para os cariocas essa categoria substitui a de amigo. “Carioca não tem amizade tem compadrio” afirmou Muniz.

Muniz Sodré e a composição da mesa

Embora a figura do malandro, tenha sido perseguida pela ideologia constituinte do Estado Republicano, combatida pelo corpo jurídico penal com a Lei da vadiagem, ela permanece no ideário carioca.
E com essas reflexões Muniz encerrou sua comunicação.
Marco Aurélio apresentou Raimundo Sodré dizendo que embora seja bastante conhecida pelo sucesso da música “A Massa”, ele possui uma vasta obra. Seu estilo emerge da musicalidade do Recôncavo e quejandos. 
Raimundo Sodré fez questão de chamar a atenção de que no dia da realização da Mesa no sábado, era um dia consagrado as Iyá Agbás, nossas venerandas Mães e ressaltou uma linda composição em homenagem a Oxum que ele compôs.
 Raimundo Sodré lembrou que nasceu após a mãe ter participado de uma roda num xirê. Ela dançou a noite toda e na manhã seguinte ele nasceu, sendo banhado pelas Iyás nas águas de Oxum.


Comunicação do cantor e compositor Raimundo Sodré
Foto: ASCOM UNEB

Raimundo Sodré falou que compôs a música “A Massa” descansando na sombra de uma árvore. Ela chegou inteira num instante de inspiração. Ele mostrou para o amigo e poeta Jorge Portugal que compôs a letra. Foi uma combinação muito certa.
O sucesso da música o levou a fazer inúmeras apresentações grande parte no interior. Muita gente fazia economia para pagar o ingresso. Um dia um menino contou o esforço que fez para comprar o ingresso, e isso o deixou muito comovido.
Disse que nunca se afastou dessa trilha, a da musicalidade de sua gente, tanto mais que nasceu logo após sua mãe ter participado de um festival religioso em homenagem ao orixá Oxum, patrona da música.
  Feita essa breve exposição Raimundo Sodré cantou emocionando a todos a música "Oração para Iyá Oxum".

Apresentação musical de Raimundo Sodré
Foto: Lúcia Oliveira

Oxum a minha mágoa
Quando se derrete em água
No meu corpo a sua água
Me lava de todo rancor
Esta dor que me entala
Quando assim perco a fala
Eu só penso no amor
Oxum- ora yê yê Yê ô
Oxum ora yê yê yê ô
Oxum a sua casa a correr
Lava a minha alma
Apara a minha dor
Sua casa sobre a areia
Me ensina a vencer
Por onde for.

 

Foto ASCOM UNEB

Finalizando as apresentações o Professor Marco Aurélio Luz  destacou que os momentos vividos naquela manhã,envolveram o público numa atmosfera Odara. 
Sem sombra de dúvidas, os momentos  singulares proporcionados pelo  II Sinbaianidade , a exemplo da    Mesa Baianidades e  Africanidades foi ODARA PUPO! Foi assim que Marco Aurélio  se referiu a Mesa.
 Odara! Culminando com a musicalidade de Raimundo Sodré ...



Plenária envolta na atmosfera ODARA
Foto ASCOM UNEB



A seguir o vídeo que  comunica o Festival de Música onde Raimundo Sodré canta,dança e interpreta "A Massa" acompanhado de músicos e percussionistas dentre eles Djalma Correia.

RAIMUNDO SODRÉ - A MASSA


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

II SINBAIANIDADE e II CIALLAA-Participação do PRODESE


No dia 9 de outubro no auditório do Teatro UNEB teve início o II Simpósio Internacional de Baianidade-SINBAIANIDADE e o II Congresso Internacional de Línguas e Literaturas Africanas e Afro-Brasilidades-CIALLA.



 Mesa de autoridades 
Foto Maurício Luz 
                                                                                         

A solenidade de abertura constou de uma mesa composta pelas autoridades presentes dentre as quais a Iyalorixá do Ilê Axé Opo Afonjá, Iyá Ode Kaiyode Mãe Stela, Doutora Honoris Causa da Universidade do Estado da Bahia, o reitor da UNEB Professor José Bites de Carvalho, o vereador e ex-governador Valdir Pires, a vice-prefeita de Salvador Sra. Célia Sacramento, representantes das embaixadas de Angola e Nigéria e o Professor Gildeci de Oliveira Leite idealizador e organizador dos eventos SINBAIANIDADE  e CIALLA e responsável pela Assessoria de Projetos Interinstitucionais para Difusão da Cultura da UNEB.
Após o hino nacional foi composta a mesa e seguiram-se as saudações e os pronunciamentos.




    Pronunciamento do professor Gildeci Leite idealizador e Presidente do Comitê Organizador e Científico do evento
  Foto disponível na internet

Encerrada a abertura, foram convidados os componentes da próxima Mesa que teve a mediação da Professora Doutora Narcimária Correia do Patrocínio Luz e as participações do poeta e escritor angolano Manuel Rui e o cantor e compositor Martinho da Vila.
Sobre os integrantes da mesa de abertura:
Manuel Rui
É considerado hoje um dos maiores autores da literatura angolana. É poeta, contista, romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico literário. É licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra. Após a Revolução regressou a Angola, tornando-se Ministro da Informação do MPLA no governo de transição. Representou Angola na Organização da Unidade Africana e nas Nações Unidas. Foi membro fundador da União dos Artistas e Compositores Angolanos, da União dos Escritores Angolanos e da Sociedade de Autores Angolanos. É o autor do Hino Nacional Angolano

Martinho da Vila
Cantor, compositor e interprete de sambas que se tornaram clássicos na música popular brasileira.
Foi responsável pelo projeto O Canto Livre de Angola que, em 1982 trouxe os primeiro artistas africanos ao Brasil. Liderou também o Grupo Kizomba, promoveu encontros internacionais de arte negra. Recebeu o título honorário de Embaixador Cultural de Angola e Embaixador da Boa Vontade da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), por ser um incentivador das relações linguísticas do português e divulgador da lusofonia. Em 2006 recebeu no plenário da Assembleia Legislativa da Bahia o título de Cidadão Baiano.



    Martinho da Vila e Manuel Rui
   Foto disponível na internet

 Narcimária Correia do Patrocínio Luz
Professora Titular Plena da Universidade do Estado da Bahia tem Mestrado e Doutorado em Educação ambos pela Universidade Federal da Bahia; Pós-doutorado em Comunicação e Cultura na Universidade Federal do Rio de Janeiro. É coordenadora do PRODESE- Programa de Descolonização e Educação, idealizadora fundadora e ex-diretora do CEPAIA-Centro de Estudos das Populações Afro-Ameríndias. Integrou a equipe de professores/pesquisadores que concebeu e fundou o Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade da UNEB. Editora das Revistas SEMENTES Caderno de Pesquisa, detentora da comenda Oxum Muiwá recebida por ocasião do I SINBAIANIDADE realizado no Campus de Seabra, autora de diversos livros, artigos e ensaios, dentre os quais OBA NIJO O Rei que Dança pela Liberdade(PALLAS) e ITAPUÃ da Ancestralidade Africano-Brasileira(EDUFBA).




       Narcimária na coordenação da mesa
                  Foto Maurício Luz

 Narcimária abriu a Mesa saudando os ancestrais e o patrono do dia de sexta feira Oxalá, orixá princípio que representa o ar , responsável pela criação dos seres humanos, e para cada ser humano criou uma árvore. Iniciou a mediação da Mesa destacando três legendas de suma importância na História da Bahia. “A primeira é o legado da Iyá Oba Biyi Mãe Aninha fundadora do Ilê Axé Opô Afonjá que disse:” A Bahia é uma Roma Negra” no contexto de afirmação do patrimônio africano brasileiro face à imposição da romanização católica na primeira República, que tentou de todas as formas censurar a dinâmica da civilização africana pujante na Bahia e no Brasil. Interpretamos que a Bahia, Salvador é uma cidade sagrada onde está concentrada os cultos aos ancestrais, aos orixá, inkice, e voduns com sua ordem de valores, linguagens e vínculos institucionais, constituindo a transcendência que escoa pela cidade, seiva que alimenta a essência da baianidade.

A outra legenda vem da poesia de Caymmi: "Bahia tá viva ainda lá!”.



          Narcimária pronuncia suas reflexões
                Foto Mauricio Luz

Composição do nosso saudoso Dorival Caymmi, o Oba Onikoyi (título que ele teve em vida no Ilê Opô Afonjá) que cantou e encantou com sua baianidade "Adalgisa mandou dizer que a Bahia tá viva ainda lá” (1964). Narcimária ressaltou   " “ainda lá”, como o lugar de origem que torna a Bahia singular, onde há a recusa ao processo urbano-industrial onde a Bahia foi colocada no centro do capitalismo transnacional e suas derivações tecnoeconômicas. O recado de Adalgisa é um aviso importante, atravessando o tempo animando-nos a acreditar ainda, numa Bahia que insiste em se manter viva. Viva, face à teia dos valores que tendem a transformá-la numa metrópole, extensão geopolítica e expansionista de alguns Estados Nacionais com suas supremacias étnicas e territoriais.
Como diria Caymmi: "pobre de quem acredita na glória e no dinheiro para ser feliz.”.

Feito esses destaques, Narcimária passou a palavra para Martinho da Vila sublinhando o elo transatlântico que se expressava naquela mesa: África e América... Brasil e Angola...Angola, Bahia e Rio de Janeiro...
Nesse elo destacado por Narcimária, a palavra KIZOMBA da língua kibundo referência ancestral de Angola seria o fio condutor para Martinho da Vila abordar a sua contribuição nos anos 1980 aproximando Angola do Brasil.
 Assim Martinho iniciou sua participação contando que em Angola ele fez muitos amigos ilustres, dentre esses, o escritor Manuel Rui. Ele trouxe de lá e divulgou pelo Brasil afora o conceito kimbundo de kizomba que significa celebração. Foi com através do kizomba que ele elaborou o enredo "KIZOMBA a Festa da Raça" para a Escola de Samba Unidos de Vila Isabel campeã em 1988.
A comunicação de Martinho foi em torno de justificar sua identificação com a Bahia, lembrando que quando jovem no Rio de Janeiro, era chamado de baiano mesmo sendo natural do interior do Estado do Rio, da região de Cordeiro, Macuco, Nova Friburgo. Depois relatou suas diversas viagens a Salvador suas amizades citando Mãe Celina que era da Casa Branca e tinha o restaurante Aguidar na Boca do Rio. Falou da amizade com o povo de Maria de São Pedro e com Camafeu de Oxóssi.
Lembrou que frequentava o antigo Mercado onde Camafeu tinha uma loja de artesanato e especiarias do culto afro. O mercado sofreu um incêndio, e mais tarde Camafeu recebeu um restaurante no novo Mercado Modelo. Nas suas andanças pela Bahia, costumava pescar com Camafeu na Baía de Todos os Santos.
Contou uma aventura de uma pescaria com Camafeu em que não encontraram um peixe sequer, apesar de ter muita gente à espera dos peixes que eles pretendiam trazer.
Por fim declarou que recebeu da Assembleia Legislativa da Bahia o título de Cidadão Baiano que para muitos é uma formalidade, mas para ele, tem um valor especial.

Logo a seguir a Doutora Narcimária passou a palavra para o escritor Manuel Rui.
Lendo um texto poético de sua autoria, ele procurou dizer que a presença de uma cultura é contextual como demonstra o sentimento por entidades do candomblé da Bahia nas obras literárias de autores angolanos, como ele mesmo.
Afirmou que há uma fenda abissal entre os valores do hemisfério norte e o hemisfério sul, aprofundado, sobretudo pelo preconceito e rejeição. Todavia, nós do hemisfério sul, devemos valorizar nossa epistemologia, o que alguém nomeou de uma "ecologia de saberes" e nesse sentido é muito significativa essa aproximação Angola, Bahia, que já existe através da história e da reposição dos valores culturais.



           O auditório na abertura do evento.
 Foto Maurício Luz

 A Doutora Narcimária pediu a Martinho para cantar o samba enredo Kizomba para encerrar essa celebração.


Martinho então cantou

 " Valeu Zumbi"!


KIZOMBA, A FESTA DA RAÇA
(Rodolpho / Jonas / Luiz Carlos da Vila)
Valeu, Zumbi
O grito forte dos Palmares
Que correu terra, céus e mares
Influenciando a abolição
Zumbi, valeu
Hoje a Vila é Kizomba
É batuque, canto e dança
Jongo e Maracatu
Vem, menininha
Pra dançar o Caxambu
Ô,ô, Ô,ô
Nega mina
Anastácia não se deixou escravizar
Ô,ô
Ô,ô,ô,ô
Clementina, o pagode é o partido popular
Sacerdote ergue a taça
Convocando toda a massa
Neste evento que congraça
Gente de todas as raças
Numa mesma emoção
Esta Kizomba é nossa constituição
Esta Kizomba é nossa constituição
Que magia
Reza, AG1 e Orixá
Tem a força da cultura
Tem a arte e a bravura
E o bom jogo de cintura
Faz valer seus ideais
E a beleza pura dos seus rituais
Vem a Lua de Luanda
Para iluminar a rua
Nossa sede e nossa sede
De que o apartheid se destrua
Gravação Original: Samba Enredo da Vila Isabel 1988
Gravado por Emílio Santiago, Martinho da Vila


O vídeo a seguir apresenta Kizomba interpretada por Martinho da Vila