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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


sexta-feira, 25 de junho de 2010

ENCANTAMENTOS DE UM ENCANTADO


Nesta mesma data, há um ano, o Rei do Pop Michael Jackson nos deixou.
Um visionário, inovador, dançarino, cantor, compositor, dramaturgo, poeta...
Simplesmente espetacular!
Através do texto do Professor Doutor Marco Aurélio Luz, a ACRA faz uma singela homenagem a esse grande astro que continua nos encantando mesmo após sua morte.

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Uma aparição solo, cintilante e luminescente no vídeo clipe “Don’t Stop’til You Get Enough” anuncia uma nova fase, para além do Jackson Five, que não fora o bastante.
Com “Billie Jean” o fantástico e o extraordinário se anunciam. Personagem com mágicos poderes, visível e invisível enfrenta perseguições e incandesce o que toca.
A linguagem então já se caracteriza como um desdobramento da bacia semântica das formas de comunicação e dos valores estéticos das tradições africanas e afro-americanas.
Triller” consuma essa nova territorialização no âmbito da indústria cultural. O medo da morte se contrapondo a convivência com os ciclos vitais. O ser e o não ser, ou ser o outro simultaneamente, vida e morte numa mesma transição. Estamos envolvidos pelo mistério de sabermos que não sabemos. O mistério da passagem.
Em “Bad” as intervenções sociais. A luta das gangs não pode ser todos contra todos, mas todos por valores expressos na adesão a dimensão estética de uma música, uma dança, uma dramatização; uma linguagem Black, afro americana, e quem é mau?
Em “Black or White” o novo não é compatível com a atitude de se passar a vida sentado como um paxá em frente do televisor. O som explode com o mundinho puritano pequeno burguês e a narrativa se reinicia na África, e então o corpo se movimenta pelas danças do mundo que identificam povos, e a mensagem é:
But, if
You’re thinking
About my baby
It don’t matter if you’re
Black or White”
Numa tradução livre resumida, digo: se está pensando em amor, não importa se você é negro (a) ou branco (a).
Depois da famosa sequência dos rostos em transformações diversas caracterizando a espécie humana, segue um novo momento da narrativa. Para que o amor liberto de preconceitos se realize é preciso superar os obstáculos de outra ordem de valores.
Há que se transformar em pantera negra, Black Panther, e com seus poderes, se transformar na imagem do malandro, do que recusa a adesão ao “american way of life”. Traduzo esse personagem como a imagem de uma entidade o Zé Pilintra para nós brasileiros. Com seus poderes ele vê passar ao léo, ao sabor da ventania páginas de jornal, palavras impressas ao sabor do vento, em seguida parte para ação detonando ao ritmo da dança os símbolos da modernidade, primeiramente o automóvel, o hotel das forças armadas os anúncios de néon e a moral sexual puritana liberando a genitália.
Prevendo a censura, uma cena final apresenta o papai Simpson desligando a TV para o filho não assistir.
Em “Remember the Time” o fabuloso transparece de modo mais enfático, e ele brota no Egito antigo, faraônico, negro-africano berço da civilização
- “Michael, eles não cuidam da gente!”, “They Don’t Care About Us”, também nos comove pela escolha do cenário brasileiro, Bahia e Rio, no país que mais se caracterizou pela concretização da política de branqueamento, e das teorias da eugenia, incluindo a tática genocida do abandono das populações não brancas desde D.João VI até os dias atuais.
No Pelourinho, depois de tirar o cassetete do guarda ele dança com o tambor do Olodum no local que foi antigo símbolo da história da repressão colonial e neocolonial.
Em “Earth Song”, os poderes do personagem se levantam contra a destruição da Terra por guerras e pela gananciosa e inaudita exploração da natureza, revertendo essa situação.
Falar o quê das técnicas constitutivas das mensagens, ou do talento de cantor, compositor, arranjador, intérprete, dançarino, coreógrafo, figurinista, cenógrafo,...
Certa época milhares de milhões dançavam pelas ruas imitando... encantadas.
Quanto às críticas ele responde com o vídeo clip em que transita como um aviador dirigindo um avião desses de parque de diversões, voando e atravessando em meio às feras, cobras e cães de paletó e gravata e línguas grandes rodeados por tablóides sensacionalistas. Na sequência, o gigante deitado começa a se levantar, se libertando das amarras e então se ergue impávido e imponente; “Leave Me Alone”.
Abaixo segue o Clip da música They Don't Care About Us gravada no Brasil com participação do bloco Olodum.









terça-feira, 22 de junho de 2010

"Não Grude, Não"

Continuemos a festa!

Prepare as tamancas e os chinelos para continuar arrastando o pé.

Só não vale é grudar muito no salão.

Agora vamos no forró do "Não grude ,não" acompanhando Gilberto Gil.








domingo, 20 de junho de 2010

Pessoal acompanhem a coreografia da comadre "Sebastiana"

Para continuar a festa, não poderíamos deixar de trazer outra grande figura importante da música nordestina:Jackson do Pandeiro.Nesse vídeo ele nos conta de forma divertida o sufoco que passou depois que convidou a comadre Sebastiana para um forró na Paraíba.

Divirtam-se!



Tá Danado de Bom!

E para terminar o ciclo do arrasta-pé na "blogosfera" (expressão usada pela SEAF no seu blog a propósito do Selo Prêmio Dardos),vamos cantar e dançar assistindo um vídeo,com o nosso saudoso "Gonzagão",Luís Gonzaga interpretando "Tá danado de bom"!
Observem a dramatização divertida e convidativa de Luís Gonzaga, acompanhado de um conjunto animadíssimo.
Destaque para a maestria da sanfona de Dominguinhos.
O forró da ACRA 2010 fica por aqui pessoal!
E VIVA SÃO JOÃO!




sábado, 19 de junho de 2010

O CRU E O COZIDO

A fogueira é símbolo de vinculação humana

No nordeste, de modo especial na Bahia, estamos vivendo o ciclo de festas características do mês de junho. Apesar de constatarmos que a Bahia está recebendo um traço urbano-industrial que tende a tragar a tradição das comemorações juninas, ainda é possível encontrar em muitas comunidades da Região Metropolitana de Salvador e Recôncavo a pulsão de sociabilidade, que tem o FOGO, como referência fundamental de vinculação humana.
A domesticação do fogo, é uma conquista milenar da humanidade e, caracteriza a possibilidade de expansão da vida em sociedade, a criação de civilizações. O fogo empregado na preparação dos alimentos caracteriza a separação entre natureza e sociedade, ”o cru e o cozido”. Em torno do cozido, se estabelece várias dinâmicas de sociabilidade,desde a captação do alimento cru,sua transformação em cozido,sua distribuição e compartilhamento.
O uso da chama pelas diferentes culinárias proporciona estar em torno da fogueira vivendo o desejo de estar junto, aproximando os componentes de um grupo social, enfim fortalecendo os elos comunitários-COMUNALIDADES.
Daí a importância da culinária, pois expressa as identidades dos povos e grupos, com suas variadas maneiras de preparação dos alimentos, bem como as semânticas,estéticas e o paladar que a constitui,atravessando os tempos, influenciando culturas e gerações continentais.

FORRÓ DA ACRA

CONVITE
Aproveitamos a oportunidade para convidar nossos/as visitantes do blog para participar do forró da ACRA.
Vai ser bem animado com arrasta-pé, brincadeiras e as comidas típicas juninas.
AGENDE-SE:
DIA: 21/06/2010
HORÁRIO: das 14 as às 17 h
LOCAL: Parque Metropolitano do Abaeté (em frente à Lagoa do Abaeté)
Esse convite nos leva a um comentário interessante de Jackeline postado no blog dia 11/06, a propósito da poesia “Lembranças Juninas” da Professora Januária:
Que emocionante...Me fez lembrar também da minha infância do São João em Periperi, um mês antes juntávamos muita madeira para ver qual casa faria a fogueira mais bonita e comprávamos muito milho, amendoim, bolo de todos os tipos e todas aquelas comidas maravilhosas e íamos em grupo pelas casas perguntando: "São João já passou por aqui?”E as pessoas lá dentro diziam: "Não!”E entrávamos todos na casa para dançar, comer e se divertir muito, depois saíamos cantando as músicas do forró de pé de chão e íamos em várias casas pela madrugada sem as preocupações que hoje rodeiam o nosso bairro que é a violência e as drogas... que saudade daquele tempo... Será que algum dia vou ver a minha filha com os seus amigos, passando pela minha casa, toda enfeitada, com a fogueira na porta gritarem: "São João já passou por aqui?"
Então pessoal, a resposta das Crianças Raízes do Abaeté:
SIM!
SÃO JOÃO PASSOU POR AQUI!
DURANTE TODA A SEMANA VAI ESTAR NO BLOG E TAMBÉM VAI PASSAR NA SEDE DA ACRA DIA 21/06!
ESPERAMOS POR VOCÊS!

HUM! QUE DELÍCIA!

Cida Santos no evento em comemoração ao aniversário do PRODESE

Vocês sabiam que algumas iguarias juninas predominantes no nordeste brasileiro são de origem africana?

Pois é!

O mugunzá vem de mu´kunza, o milho cozido, canjica vem de kanjika, são alguns dos legados da tecnologia de alimento milenar do povo bantu. Como estamos às vésperas do São João, a ACRA apresenta algumas dessas iguarias, com dicas práticas e deliciosas. Para isso consultamos uma pessoa que detém conhecimento profundo da culinária africano-brasileira.Estamos nos referindo a Maria Aparecida dos Santos,que integra a hierarquia de comunidades tradicionais africano-brasileiraS importantes no Brasil e colaboradora permanente nos eventos do PRODESE e ACRA.
Anotem com atenção!

CANJICA


O que precisa?

10 espigas de milho verde

Coco ralado

2 xícaras e meia de leite

1 xícara de chá de açúcar

1 pitada de sal

Faça um chazinho de canela e cravo

Como preparar:
Retire os grãos da espiga misture no leite e triture no liquidificador. Pegue um pano e esprema bem o milho triturado ao leite. É esse sumo do milho com o leite que vamos usar!Numa panela derrame o sumo do milho com o leite, leve ao fogo e vá mexendo até ficar grossinho. Vá colocando o açúcar, a pitada do sal e o chazinho de canela e cravo e continue mexendo até ficar cremoso e consistente. Escolha um prato ou travessa e derrame esse preparo. Salpique canela em pó e coloque uns cravinhos por cima.


MUGUNZÁ


O que precisa?

Milho branco

Água

2 xícaras de leite de coco

1 xícara e meia de açúcar

Coco ralado

Erva doce

Canela em pau

Como preparar:

Prepare o milho deixando-o de molho durante a noite. Durma bem.No dia seguinte escorra a água, coloque o milho num panela de pressão(de preferência) e vá colocando água até cobrir. Quando o milho ficar bem macio, molinho vá colocando água até secar. A dica é que ele deve ficar bem macio.Quando chegar ao ponto ideal,acrescente o leite de coco,coco ralado,açúcar e a canela deixando cozinhar em fogo médio.Quando ferver está pronto!Sirva quentinho ou frio.


BOLINHO DE ESTUDANTE



O que precisa?

½ kg de tapioca

2 cocos grandes

1 colher de chá de sal

1 xícara de açúcar

4 copos de água morna

Óleo para fritura

Açúcar 1 colher de sopa de canela em pó

Como preparar:
No liquidificador, coloque o coco ralado e a água morna. Esse coco moído no liquidificador vai ser acomodado numa vasilha onde vai se acrescentar a tapioca,açúcar e sal a gosto. Espere deixando a mistura crescer, ficar macia e consistente. Pegue um punhado dessa massa e enrole em forma de rolinhos graúdos.Cada bolinho feito, deve ser melado(capriche nessa hora) no coco ralado e frito no óleo bem quente até ficarem douradinhos.Depois de escorridos numa toalha de papel, mele-os no açúcar e canela.

Pronto!

Arrume a mesa para compartilhar essas delícias!



HUMMMMMMMMMM!

A ACRA DESEJA A TODOS/AS UM BOM SÃO JOÃO.

domingo, 13 de junho de 2010

ACRA RECEBE O SELO PRÊMIO DARDOS


O blog da ACRA recebeu da SEAF-Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas, o selo do Prêmio Dardos. Esse selo que o blog ACRA recebeu, se justifica como afirma a própria SEAF “... uma maneira de DEMONSTRAR nossa admiração e confraternizar com amigos e amigas, blogueiras e blogueiros que perseveram na transmissão de valores estéticos, culturais, éticos, libertários, de direitos, em uma palavra: de verdade; e que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanecem intacto em suas letras, palavras, postagens.”
A Associação Crianças Raízes do Abaeté está muito feliz com o reconhecimento do seu blog no âmbito do Prêmio DARDOS iniciativa da SEAF! Agradecemos o incentivo e esperamos continuar a abrir canais que comuniquem perspectivas de conhecimento capazes de expandir vida e dignidade.
Outros blogs foram escolhidos pela SEAF para receber o selo do Prêmio Dardos. Para a SEAF o selo do Prêmio Dardos é o “..reconhecimento por um trabalho que agrega valor à Web e, especialmente, eleva cada leitor/a, visitante, seguidor/a; e ainda considerando que a Filosofia é busca do sentido da realidade - da diversidade da realidade”
Os blogs escolhidos foram:
Afroblogs 2010 - Eu Voto Negro













Para saber mais visite o blog da SEAF
http://seaf-filosofia.blogspot.com/2010/06/premio-dardos.html

sexta-feira, 11 de junho de 2010

“ESTOU SONHANDO!”

Foi assim que o Bispo Desmond Tutu se referiu ao manifestar a imensa alegria que o tomou na abertura festiva da Copa do Mundo no dia 10 de junho de 2010.
Para as crianças e jovens que ainda não conhecem apresentamos no nosso blog mais uma personalidade importante na história da luta contra o apartheid na África do Sul, estamos falando de Desmond Mpilo Tutu, o carismático bispo Desmond Tutu. Desmond Tutu é bispo da Igreja Anglicana e recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1984 por dedicar a sua vida na luta pelo fim do Apartheid.
Ele andou por várias partes do mundo conversando com lideranças e as populações de diversos países, conclamando a todos/as para dizerem NÃO, ao regime do apartheid que durante décadas maltratou e aniquilou a vida de gerações negras sul africanas.
O regime do apartheid foi assumido institucionalmente através de Lei,criada pelos brancos da África do Sul em 1948A Lei garantia aos brancos direitos jurídicos,políticos e econômicos,exigindo que os negros vivessem submetidos a eles e separados da população branca.
A Bahia em 1986 teve o prazer de receber e ouvir esse homem carismático e que nos apresentou um discurso profundamente emocionante no largo do Pelourinho.
Inesquecível!

DESMOND TUTU VIVE "UM SONHO"

SOWETO, África do Sul — O prêmio Nobel da Paz e herói da luta contra o apartheid, Desmond Tutu, afirmou nesta quinta-feira que vive "um sonho" com a Copa do Mundo de futebol que abre amanhã na África do Sul.
´'Estou sonhando!', lançou ante 35.000 espectadores vestidos de verde e amarelo, cor da seleção nacional, reunidos no estádio de Orlando, em Soweto, para assistir a um concerto protagonizado por grandes estrelas.
'Queremos dizer ao mundo que esta lagarta feia que nós éramos, tornou-se uma borboleta bonita, mas muito bonita, tão bonita!', afirmou o ex-arcebispo anglicano da Cidade do Cabo, em referência à queda do apartheid, há 16 anos.
'Somos todos Africanos!', proclamou Monsenhor Tutu, 78 anos, usando uma camiseta dos Bafana Bafana debaixo do pulover para se proteger do inverno austral, um boné amarelo enfiado até as orelhas e uma echarpe dos Onze em torno do pescoço.
'A África é o berço da humanidade', prosseguiu. 'Desejamos as boas-vindas em sua própria casa, a todos vocês, alemães, franceses!'
Fonte:http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jV4eCXlFHzrX1CL1FA0F64OAbuj

TEMPOS JUNINOS


Estamos no mês de junho que envolve muitas comemorações. Infelizmente constatamos que muitas tradições dos festejos juninos se perderam aqui em Salvador, principalmente em Itapuã. A ACRA se preocupou em trazer lembranças divertidas de tempos em que as casa eram decoradas com folhas de pitanga e areia no chão.

Imaginem o cenário!

LEMBRANÇAS DE JUNHO
Januária A. Patrocínio

A casa toda decorada com pitanga e areia no chão

Lindas cestas com surpresas

Pra o futuro adivinhar

Ficavam no centro da mesa

Pra quem quisesse pegar

As roupas novas eram iguais

Todos bonitos e sensuais

Procurando a quem dar o coração

Que festa linda!

Além de qualquer imaginação.

E os mistérios?

Ninguém poderá esquecer das adivinhações

Meia noite, uma faca virgem

Teria de ser cravada numa bananeira

Pra ver com quem casariam

As meninas fogueteiras

Pela manhã, bem cedinho

Nas facas as iniciais

Seria Pedro, Fernando ou alguém mais?

Gritavam elas: é demais!

Outra adivinhação:

Ficar atrás da porta, com bochecho d’água na boca.

Esperavam ouvir um nome

E saiam como loucas

sábado, 5 de junho de 2010

ÁFRICA DO SUL:CELEBRANDO A VIDA E A LIBERDADE

Sempre é tempo de aprender,inclusive com as gerações mais velhas que constituíram perspectivas éticas que promovem condições dignas para as gerações sucessoras.
Às vésperas da Copa do Mundo de Futebol, achamos importante criar um espaço no Blog ACRA para que vocês tenham acesso a aspectos da história que caracteriza a África do Sul e para isso, selecionamos um vídeo com Nelson Mandela, dando as boas vindas a todos os povos do planeta que ali irão se reunir até julho.
Nelson Mandela,liderança exponencial na luta contra o regime do apartheid na África do Sul,recebeu em 1993 o Prêmio Nobel da Paz e na oportunidade, ressaltou que o prêmio simbolizava a trajetória de toda a população negra sul-africana que não abriu mão da sua dignidade e do direito à alteridade, sacrificando-se para erguer uma África do Sul mais justa.
O apartheid acabou em 27 de abril de 1994, e em 10 de maio de 1994 Nelson Rolihlahla Mandela Dalibunga tornou-se Presidente da África do Sul. No seu discurso de posse Mandela disse:
"Dedicamos este dia à todos os heróis e heroínas neste país e no resto do mundo que se sacrificaram em muitos aspectos e entregaram suas vidas para que pudéssemos ser livres. Seus sonhos tornaram-se realidade.Entendemos ainda que não caminho fácil para a liberdade.Sabemos muito bem,que nenhuum de nós pode,isoladamente,alcançar o sucesso.Devemos portanto,agir em conjunto,como um povo unido pela reconciliação nacional,para a construção da nação,para o nascimento de um novo mundo.Haja justiça para todos!Haja paz para todos!haja trabalho,pão,água e sal para todos! ..."


sexta-feira, 4 de junho de 2010

DIVERSIDADE CULTURAL:UM DESAFIO PARA A EDUCAÇÃO


ENTREVISTA

A ACRA apresenta uma entrevista com um dos grandes incentivadores e parceiros da equipe PRODESE/DAYÓ,estamos nos referindo ao Professor Doutor Muniz Sodré,baiano de São Gonçalo dos Campos,mas radicado há décadas no Rio de Janeiro.Muniz Sodré é graduado em Direito pela Universidade Federal da Bahia,Mestre em Sociologia da Informação e Comunicação pela Université de Paris IV (Paris-Sorbonne),Doutorado em Letras (Ciência da Literatura) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1978) e é Livre-Docente em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.É professor Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Presidente da Fundação Biblioteca Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Cultura.
O Professor Muniz Sodré abre a entrevista nos instigando a pensar que:” O respeito à diversidade cultural envolve o cuidado com os níveis de vida de professores e alunos e com as expectativas de compreensão do mundo que essas pessoas têm. Portanto, para isso, para que efetivamente a escola se realize, é preciso que a escola aprenda com o entorno, que ela se abra para o entorno, isso é, é preciso uma formação permanente. E que os alunos e pais de alunos e famílias de alunos participem disso”

Acompanhem a entrevista feita pela equipe do Programa Salto para o Futuro da TVE (http://www.tvebrasil.com.br/salto/entrevistas/muniz_sodre.htm) em 2005.

Equipe Salto – O que caracteriza a cultura brasileira?

Muniz Sodré – Olha, o Brasil... Digamos, a singularidade brasileira é ser um país culturalmente heterogêneo. Quer dizer, a heterogeneidade, a pluralidade cultural, é a marca mesmo distintiva no Brasil, no quadro latino-americano e mundial. E há uma certa modernidade ou pós-modernidade nesse traço brasileiro, porque hoje o que caracteriza, digamos assim, um movimento populacional nas grandes metrópoles do mundo, nos países de primeiro mundo, é a diversidade cultural. Embora a globalização seja mais financeira do que de trabalho, ou mais financeira do que migratória, há hoje um fluxo migratório entre os países de Terceiro Mundo e a Europa, ou entre os países de Terceiro Mundo mais ricos do que os outros, que faz com o que o multiculturalismo, quer dizer – a aproximação de culturas diferentes – seja uma tônica mundial. E o Brasil, nisso, se antecedeu. Porque o Brasil sempre se caracterizou por uma pluralidade de modo de vida, de aproximações simbólicas muito grandes. Portanto, sempre foi um país diverso.

Equipe Salto – Algumas pessoas falam em pluralidade cultural, outras em diversidade cultural, e também em interculturalismo. Existe alguma diferença semântica entre essas palavras?

Muniz Sodré – Existe. Veja só, o multiculturalismo é quase que uma ideologia de administração de territórios, contemporâneos. Filósofos como Habermas e sociólogos europeus, quando falam de multiculturalismo, eles estão falando da presença de imigrantes, multidiferenciados, num território de países como França, Alemanha. Digamos, os árabes – os árabes de diferentes países –, turcos, africanos... A presença desses, seja em Berlim, seja nos Estados Unidos, seja em Paris, isso está sendo designado como multiculturalismo – são muitas culturas num mesmo espaço.
O interculturalismo diz mais respeito à transferência e à influência recíproca de aproximações simbólicas entre uma cultura e outra. As trocas culturais entre um grupo e outro são chamadas de interculturalismo, ou de transculturalismo. Enquanto que o pluralismo cultural é simplesmente a diversidade cultural. Este aí é um outro sinônimo para diversidade cultural. O Brasil é culturalmente plural. Ele é culturalmente heterogêneo. Agora, São Paulo é uma cidade que, dentro dessa ideologia, que está se dizendo multiculturalista, pode ser uma cidade multiculturalista. Você vê o gueto dos japoneses, dos chineses, dos coreanos, dos turcos, dos árabes. Esse quadriculamento, essa guetificação da cidade em grupos, nacionais, diferentes, é que está se chamando de multiculturalismo. Ao mesmo tempo, é mais um movimento, digamos, simbólico do que existencial, real. Porque não existe direito coletivo para essas diferenças culturais. Não há direito coletivo. O direito é do país que abriga. O direito é sempre individual. É o direito do cidadão, e sempre ancorado na Constituição do país que recebe o estrangeiro. E o estrangeiro chega, e os seus costumes são diferentes, suas reivindicações são diferentes, mas esses grupos não têm direitos coletivos próprios. Eles não podem reivindicar seus direitos em tribunais coletivos.

Equipe Salto – Como podemos analisar as reivindicações das chamadas minorias (grupos formados por mulheres, homossexuais, negros, índios), que vêm pleiteando os seus direitos?

Muniz Sodré – Veja só, esse é um problema. O direito está mudando. Quer dizer, o direito, que sempre foi um meio de conciliar as diferenças, e as tensões na sociedade civil, o direito já não dá conta do novo tipo de reivindicação que está emergindo desde os anos 60. A reivindicação das mulheres, dos homossexuais, dos negros, dos índios, direito disso e daquilo. Até direito de preservação da natureza, pela primeira vez se fala que o próprio objeto tem direito. Pois, quando você diz que uma árvore tal tem que ser protegida, o sujeito de direito aí é a árvore. Isso é novo no direito, o direito ambiental. Esse tipo de reivindicação mostra que o direito clássico – os tribunais, o Judiciário – já não dá conta mais das reivindicações que surgem na sociedade nacional. Por outro lado, freqüentemente, nesses grupos, a fala é em nome de direitos humanos. Quando a luta, efetivamente, se dá no terreno dos direitos civis, e não de direitos humanos. O direito humano é direito à vida, à preservação da vida, das condições de boa vida. Mas os direitos civis são direitos que resultam de táticas de luta, entre classes e grupos sociais dentro da sociedade civil.
Esses grupos que você mencionou freqüentemente têm como argumentação a questão dos direitos humanos, quando a luta deles deve ser nos direitos civis. Nem sempre o que é justo, no que se refere aos direitos humanos, é justo no que se refere aos direitos civis. Os direitos civis são o resultado de lutas. Então, as exigências não têm que ser lógicas. Por exemplo: quando se fala de cotas para negros. A grande parte da sociedade brasileira é contra isso: conceder cotas para negros. É contra por quê? Dizem que é porque humilha o negro. Humilhar é..., eu disse num artigo de O Globo outro dia, é ‘o sujeito entrar no edifício e mandarem ele pra porta dos fundos’. Eu sou inteiramente a favor das cotas, porque acho que essas cotas são uma pressão, contínua, do movimento negro sobre o Governo. O negro sempre foi cidadão de segunda classe, por razões históricas, embora, em termos de direitos humanos, isso possa ser humilhante, essa concessão. Do ponto de vista do direito civil é desejável que se reserve emprego para negros em determinada firma, sabendo que eles são sistematicamente excluídos, por critérios de boa aparência e não sei o quê. É uma maneira de discriminar. Acho que forçar a barra, ainda que isso pareça um pouco injusto, para os não-negros, eu acho que é justo e legítimo, do ponto de vista de conquista de direitos civis. Então, não são direitos humanos, são direitos civis. Portanto, é um lado que é preciso fortalecer politicamente. É a política que responde por isso.

Equipe Salto – Nesse contexto multicultural, qual é o lugar da cultura popular e da cultura erudita? Há realmente uma clivagem?

Muniz Sodré – Não, a divisão se dá nos modos de apropriação, no modo de exercer a produção. Não é tão no nível dos conteúdos. Grande parte da cultura que se diz popular são restos de uma cultura erudita, de uma cultura letrada, antiga. Por outro lado, há um certo tipo de coisa do povo, que parece muito ingênuo, muito bobo, e é extremamente sofisticado e erudito. Por exemplo, o candomblé, os cultos afros. Para as elites, e para quem não conhece, acha que aquilo é uma coisa de superstição, e no entanto, quando você entra no universo do candomblé, você vê que leva a vida inteira para se aprender o que está em jogo ali e não aprende, morre ali e não aprende. O erudito pode estar no popular. As interferências, as influências se dão o tempo inteiro. Agora, o modo de produzir, o modo de exercitar é o que define o popular e o que define o massivo. Eu diria que a cultura popular, hoje, está em dissenso, está em baixa. Tudo tende a ser, e eu não coloco religião, nem candomblé, isso não é cultura popular, não. Isso é um modo de uma parcela do povo se apropriar da relação com o sagrado. Mas não há duvida de que a mídia tende a absorver tudo. Quando não é a mídia, são os institutos de administração cultural do Estado, de modo que é difícil ver alguma coisa inteiramente produzida por parte do povo. É a indústria do turismo. Eu não sei mais direito o que é popular hoje. Nem mesmo o carnaval, quando um grupo de “barbies” sai às ruas, ele está contando que a mídia venha e fotografe... O olhar da mídia já está em todo lugar, no que diz respeito a entretenimento. Até nas relações pessoais, privadas.

Equipe Salto – Como a sociedade brasileira em geral, e a mídia em particular, refletem essa diversidade?

Muniz Sodré – A mídia... Veja só, como o Brasil é plural e heterogêneo, uma coisa é o pensamento das elites. As elites brasileiras não refletem diversidade nenhuma. Você conversa com o mais esclarecido dos representantes do Brasil no exterior, com os representantes da mídia, eles são racistas, pois é um país racista, discriminatório. Fortemente discriminatório. E a mídia segue esses padrões, e esses estereótipos. Claro que em função da pressão de movimentos civis, você vê a mídia tratá-los mais respeitosamente. Sejam os homossexuais, sejam os negros, sejam os indígenas. Mas com pressão, e porque algumas leis foram votadas. As leis, mesmo quando não são cumpridas, são importantes, porque são instrumentos de luta. Veja a Lei Caó, a lei anti-racismo, uma lei importante, ninguém foi condenado até hoje por racismo. Mas ela é um instrumento de luta. Então, eu não creio que pacificamente, beneficamente, a sociedade, as elites e a mídia incorporem essa diversidade. A cultura brasileira só pode ser entendida como um monopólio das idéias dominantes, ou seja, das idéias que as elites fazem sobre si mesmas. E que idéias elas fazem? Que todos são brancos, todos são descendentes de europeus, todos falam línguas estrangeiras, e não querem ver a realidade nacional que é essa coisa diferenciada. O povo, para as elites, é uma massa amorfa, catinguenta, suada e feia, e, extensivamente, negra. Portanto essa realidade é a realidade da luta das pessoas. As elites estão com os olhos voltados para os Estados Unidos, chorando a queda das duas torres, e vendo se vão passar o verão em Paris.

Equipe Salto –Em relação à escola? É possível educar para a diversidade cultural? Quais são os desafios?

Muniz Sodré – É extremamente importante, porque não se pode unificar, nem afastar pessoas de classes sociais diferentes, de horizontes simbólicos e culturais diferentes, com o mesmo currículo. É preciso adaptar o currículo à diversidade dos bairros, dos territórios, para evitar a evasão escolar, que é enorme, nas periferias das cidades. É preciso poder remunerar os professores, de acordo com a especificidade da formação deles. E é na escola pública que as verdadeiras vocações democráticas se realizam. Sempre foi na escola pública. Essa foi a idéia de Anísio Teixeira: “não basta passar o saber, é preciso também passar a forma social, onde o saber se democratiza”. Isso na escola pública. Houve momentos, ainda nesse país, em que a escola pública foi forte, no Pedro II, nas universidades. Assim como se luta pela identidade, seja movimento negro, dos homossexuais, das mulheres, é preciso lutar pelo fortalecimento da educação. (...) A educação é isso, educação é relação política entre alguém que inicia e alguém que é iniciado. Só a luta civil é que pode produzir resultados. E eu acredito na luta civil.
É preciso adaptar os currículos e o que se diz na escola à especificidade da vida das pessoas. Mas você também não pode abandonar, deixar de dar o código da cultura erudita superior. Só que isso tem que ser levado com muito cuidado. Quando você fala alguma coisa, você tem que saber com quem você está falando. Quando você argumenta, você tem que ver para que público você está argumentando, senão esse público não entende. Por isso, o trabalho da universidade cultural é um trabalho de formação diferenciada de professores.

Equipe Salto – O que a escola teria a aprender com os diversos grupos sociais que compõem a nossa sociedade?

Muniz Sodré – Qualquer professor, em qualquer escola, só ensina quando aprende com o aluno. Na tese... aprender, na verdade, é ensinar e aprender ao mesmo tempo. Você só é professor quando você está aprendendo, e está crescendo junto com o aluno. Em instituição escolar também, na medida em que ela olha para a comunidade, que ela olha para o grupo. Uma escola que respeita a diversidade cultural, ela tem que levar em conta que a cultura não é só assunto de elevação do espírito, da cabeça, é assunto que diz respeito à barriga também, diz respeito às condições materiais. Então, digamos, uma escola que não respeite, ou que não leve em conta a condição material, o que os alunos comem... Ou um sistema escolar que não leve em conta que o professor, para poder dar aula ali, tem também que comer, pagar o seu transporte, tanto a questão de salário do professor, numa questão sindical. Não pode ser apenas uma questão sindical. O salário do professor tem que ser uma questão existencial: que lição de vida, de existência, o sujeito pode passar, se o sujeito não comeu em casa, se o sujeito não teve dinheiro para pagar sua condução? A diversidade cultural, o respeito à diversidade cultural, envolve o cuidado com os níveis de vida de professores e alunos, e com as expectativas de compreensão do mundo que essas pessoas têm. Portanto, para isso, para que efetivamente a escola se realize, é preciso que a escola aprenda com o entorno, que ela se abra para o entorno, isso é, é preciso uma formação permanente. E que os alunos e pais de alunos e famílias de alunos participem disso.
Então, para montar uma escola, tem que lutar, e as pessoas não entendem, que a luta pela condição de vida do professor e da escola, tem que ser uma luta política, junto com pais, com famílias. Por isso é que é não é bem entendida a questão da educação. Educação é uma questão, ao mesmo tempo, cultural e política. Não é possível falar de cultura fora de política. Agora, não é política partidária, de partido. Partido político brasileiro gira só em torno dos seus interesses mesmo. É política no sentido de saber como agir, como ser livre, como agir criativamente, como agir com liberdade. Isso é que é política. Quando nós entendemos política como livre agir, como agir com livre iniciativa, a partir de interesses dos grupos particulares, aí nós vemos que a educação e que a cultura têm que estar ligadas ao livre agir político. A diversidade cultural, o pensamento da diversidade cultural, é um pensamento também político, senão não é nada. Ele é, ao mesmo tempo, cultural, educacional e político.

Equipe Salto – Como é que a escola pode cumprir o papel de ser a organizadora dessa inclusão social?

Muniz Sodré – Veja só, a idéia de minoria, o conceito de minoria é a idéia da tomada da palavra, e a idéia de tomar a palavra. Minoria não é nunca quantitativa. Minoria é uma certa qualidade do agir político. Então, como é que sabemos que um grupo é minoria? É porque um grupo estava calado e passou a falar, passou a se expressar. Quem não fala é infantilizado, é isso que quer dizer infância – aquele que não fala. A minoria é um grupo que tenta crescer, que tenta falar, que tenta se expandir. Como é que a escola pode incluir as minorias, mesmo a escola primária? Como a escola básica, fundamental, pode se tornar fórum de repercussão das inquietações, das angústias das crianças e de suas famílias? A mesma coisa com a universidade, com a escola secundária. Inclusão de minorias é a criação de espaço de fala, de um espaço de discussão de cada um, e isso é que é difícil fazer na escola. Porque a escola se constitui apenas como lugar de transmissão de conhecimentos.

Equipe Salto – Para finalizar a entrevista, gostaríamos de ouvir a sua opinião sobre a importância dos movimentos organizados para a sociedade, de uma maneira em geral.

Muniz Sodré – O que há de permanente no social é a mudança e o conflito, junto com a permanência das situações instituídas do status quo. Nós assistimos o social como um local de um conflito permanente. E conflito em latim quer dizer choque, batida. Quando você tem uma batida, você tem um choque, você tem um conflito. Qual é a dinâmica do conflito? É a luta. A luta é aquilo que, no conflito, há de indeterminável, é aquilo que não se apreende por inteiro, que não se determina por inteiro, que é a luta. Então, a luta não é necessariamente violenta, a luta é o embate, é o indeterminável. Essas bandeiras que você fala, são, digamos, os sinais, os índices, de que há luta e conflito social. O conflito não está parado, não está estagnado. Cada bandeira dessa que aparece é como conter fumaça, ou seja ali tem fogo, essa bandeira é a fumaça que mostra que o fogo da luta está aceso, que há o fogo em movimento. Portanto, essas bandeiras são sinais de vitalidade do corpo social. Seja qual for a bandeira. A bandeira que se levanta é o sinal de vitalidade do corpo social. Até a bandeira da extrema direita, quando levanta, você diz: “olha, os caras estão se bulindo ali, estão vivos, vamos fazer face a esses caras”. Todas as bandeiras são sinais da vitalidade da luta, num conflito social.