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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


domingo, 20 de março de 2016

HOMENAGEM AO SAUDOSO POETA JOSÉ CARLOS LIMEIRA,UMA ÁRVORE DA POESIA






MALAKÊ
José Carlos Limeira
(Início da minha história)
Lançada do outro lado do mar
Oxé brilhante de Zazi, Sobô,
Xangô, Odus, Orikis
Semente, cio dos raios, Orixá


Imagem disponível em


Início de Rochas, meu elo, Otá
Continente inteiro, destino Atlântico
Razão de minha pele
Vítima da aspereza dos dias
Diáspora, outra canção



Imagem disponível em



Primeira do clã a chegar
Trazendo nos punhos, tornozelos
Estranhos adornos que rangiam
Como a raiva salgada, oceânica
Molhada de banzo, sem zelos
Mesmo assim trazendo
Receitas de Amalá



Imagem disponível em




Malakê
De frente aos seus fundamentos
No Rumpayme Runtoloji
Os do seu pai, nosso pai
Entendi a inteira dor
A violação do passado
Pelos ferros apagado
À mudança do teu nome
Ao chamarem uma Maria
Uma Gaudência
Uma Conceição...
Malakê, menina de uma África
De uma Cachoeira, Terra das Águas
Pitanga, Paraguassu ,Caquende
(em outro poema lavaram minhas mágoas)
Pedra do Cavalo, cheias
Cabaceiras, indomáveis Águas
Lugares de tantas sereias
Malakê
Mãe, Pai
A quem tenho como primeiro Ancestral
Por tudo e por tal
Me ensina
Quero dizer a todos orixás
Da minha crença no toque
No som do lê, do rumpi, do rum



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Na força dos tridentes, adagas
Machados, espelhos, abebes, espadas
No ar, na terra, no fogo, na água
Nos Ilês, nos Axés
No Bogum
Na Casa Branca de tão antiga
No Jitolu de mãe Hilda, amiga
Em todo reino do Orun
Na dualidade de Logunedé
Em Stella estrela de Oxóssi
No Tanuri Juçara de Bebé
Na esteira, no Ojá
Ensaiando no Zandró
No Axé Opó Afonjá
Nunca estando só...
Nas cores firmes das vestes
No transe, na festa
Nos Búzios de todos segredos, no Ifá



Imagem disponível em



Na alguidar, nas folhas, no que resta
porque sem elas não há
No padê
Em Legbara, laroiê!
Na Oxum bonita, Ora-ie-iê!
Em Iansã e seus raios, Eparr ê!
Em Ogum de tantas lutas Ogunhiê!
Em Oxóssi caçador, Okê-Arô!
No meu pai Xangô, Cabecilê!!!
No Alabê, no Mariô
Na Equéde, na Makota
Na oferenda, no Pano da Costa
No dendê, nas Abiãs
No branco da paz de Lemba
Nas conversas dos Ogãs
Na gamela, na quartinha
No pó de Pemba
Na prece que é sempre canto
Encanto
Na própria firmeza da fé
Nos Eguns, no terreiro
Na luz que me faz inteiro
E que vem do candomblé.
Malakê
Obrigado por me legar esta vontade
De contar as Coisas do nosso povo
Nossas Sendas
Pelo gosto de nossa história, contos e lendas...



Imagem disponível em




Que Olorum lhe abençoe Limeira!
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Poema publicado no SEMENTES,Caderno de Pesquisa.Salvador:PRODESE,2005.


sábado, 19 de março de 2016

EKEDY SINHA, Sob as mãos da equede




Ilê Axé Iya Nassô a popular Casa Branca
Foto disponível em http://www.salvadordestination.com.br/

                                                                                                     Por Marlon Marcos

Noite do dia 08 de março de 2016, dia Internacional da Mulher, a Cidade da Bahia (e o Brasil), recebeu das mãos da dedicada Ekedy Sinha, um documento a favor da preservação da memória das mulheres negras que compõem o candomblé e, especificamente, participam desta religião como “equedes” – cuidadoras que não incorporam o santo e cuidam do andamento de todos os assuntos que envolvem o terreiro de candomblé.
A esmerada publicação, que contou com o apoio do Governo do Estado e saiu pela elegante editora baiana Barabô, traz, através de uma preciosa narrativa, as memórias de Gersonice Azevedo Brandão, mais conhecida como Equedy Sinha, um dos nomes mais importantes, na atualidade, desta religião de matrizes africanas que se espalha pelo mundo.  O livro ( lindíssimo!) é  Equede – a mãe de todos, e ao falar sobre si, mãe Sinha fala sobre o Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Casa Branca), palco inaugural do candomblé nagô ou ketu, considerada como uma continuação do que poderia ser o terreiro, nessa estrutura conventual (como diz Luiz Nicolau Parés), mais antigo do Brasil.
A Casa Branca é magnânima! Mas, hoje, a centralidade deste artigo é a enérgica Gersonice, a nossa Ekedy Sinha, corporificando a presença imprescindível de todas as equedes e makotas que fazem funcionar o nosso culto a orixás, inquices e voduns. Com a pele arrepiada, com os olhos em lágrimas e a poesia dançando, convido a todos a lerem o livro desta ekedy emblemática para a preservação do que corporifica o candomblé como uma religião brasileira que há séculos influencia fortemente as 
relações sociais no nosso país.


Ekedy Sinha
Foto disponível em http://e-c4.sttc.net.br/



É doce viver quando se presencia o nascimento de uma obra parida de dentro do nosso candomblé. E um livro como esse. Fruto da perspectiva amorosa e da força negro-feminina que nos perfila como sociedade. E vê-la escrever: “Equede é a mãe de todos. De Exu a Oxalá”. Sua bênção, rainha.


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Marlon Marcos é jornalista e antropólogo             

quarta-feira, 16 de março de 2016

Apresentação de Raimundo Sodré




                                                              foto:Rosilda Cruz 
                            

Raimundo Sodré lança CD Os Girassóis de Van Gogh, dia 17


O cantor e compositor Raimundo Sodré faz show de lançamento do CD Os Girassóis de Van Gogh, no próximo dia 17, a partir das 20h, durante a temporada 2016 do projeto Cultura em Movimento, que acontece no Espaço Mambo’s da Villa Bahiana, em Itapuã. 
Conhecido por divulgar a cultura baiana no mundo com repertório de chulas, baiões, sambas e outros ritmos, Raimundo Sodré se apresentará com repertório repleto de músicas autorais e composições do novo CD - que teve a produção musical assinada por Gerson Silva -, em uma viagem musical. O artista fará outro show no mesmo local no próximo dia 31.

O projeto Cultura em Movimento tem o objetivo de dinamizar a cultura no bairro de Itapuã. O ingresso para o show custa R$15, preço único.


quinta-feira, 10 de março de 2016

Encontro com INAICYRA, CORPO E ANCESTRALIDADE 3ª edição




O livro é baseado na tese de doutorado de Inaicyra, cuja pesquisa gerou uma nova abordagem metodológica para a dança-arte-educação, a etno-crono-étnica. Sua pesquisa visa refletir sobre o papel da vivência corporal e da criação artística para a recuperação da memória histórico-cultural do povo brasileiro. A tese tem sido referência no que diz respeito a aplicação das leis 10.639 e lei 11.645 - ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena.
“Inaicyra Falcão dos Santos é professora doutora, livre-docente, foi pesquisadora das tradições africano-brasileiras, na educação e nas artes performáticas no Departamento de Artes Corporais da Unicamp. Graduada em Dança pela Universidade Federal da Bahia, com mestrado em Artes Teatrais pela Universidade de Ibadan na Nigéria, doutora em Educação pela USP e livre docente na área de Práticas Interpretativas Universidade Estadual de Campinas. Realizou estudos e pesquisas na Universidade de Ifé e Ibadan na Nigéria. Orientou o GIP - Grupo Interdisciplinar de Pesquisa com a temática Rituais e Linguagens: a elaboração estética. Atualmente é professora colaboradora da UNICAMP e dedica-se a sua carreira de cantora lírica, com a qual participa de diversos eventos culturais e acadêmicos pelo Brasil.”