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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


quinta-feira, 30 de abril de 2015

FÓRUM MESTRE ZUMBA,Pensamentos Afro-ameríndios

Por Nadir Nóbrega Oliveira 


A Universidade Federal de Alagoas-UFAL abrigou no período de 17 a 19  de dezembro 2014,o Fórum Mestre Zumba: Pensamentos Afro-ameríndios. O espaço concebido e coordenado pela Professora Doutora Nadir Nóbrega Oliveira,vem proporcionando no âmbito acadêmico de modo especial ,nos cursos de Licenciatura de Artes e Escola Técnica de Artes , debates e apresentações artísticas relacionadas ao patrimônio da civilização africana e dos povos indígenas no sentido de propiciar o diálogo com as culturas locais e dos saberes populares afro ameríndios.
 O Fórum vem estimulando  a produção acadêmica em torno das manifestações africanas e indígenas em Alagoas, tendo como fonte de inspiração inicial a vida e as obras do artista alagoano José Zumba, artisticamente conhecido como Mestre Zumba.

Tia Marcelina
 Quadro de Mestre Zumba 
Fotografia de Celso Brandão

A proposta "Mestre Zumba: Pensamentos Afro-ameríndios",contempla também os Saraus que ocorrem trimestralmente com temas relacionados as propostas do Fórum que em seu bojo apresentou aspectos relacionados aos movimentos indígenas e negros ultrapassando fronteiras  geográficas e culturais, políticas, sociais e artísticas de modo geral sem deixar de lado as especificidades locais.



Professora Nadir Nóbrega  conduzindo as atividades do Sarau Movimento Negro
Bar La Rosa Mossoró
Foto do acervo da autora


Professora Nadir Nóbrega  conduzindo as atividades do Sarau Movimento Indígena 

Bar La Rosa MossoróFoto do acervo da autora


José Zumba, nascido na cidade de Santa Luzia do Norte, foi um dos artistas alagoanos que mais imprimiu em seus trabalhos uma estética plástica afro alagoana e que ganhou vários prêmios e teve várias exposições realizadas tanto em Alagoas como em outros estados do Brasil, "tendo vivido paralelamente com a invisibilidade de seu potencial criativo vivendo mais precisamente como um "artista camelô"(SANTOS, Jeamerson dos. Um Estudo Descritivo da Vida e Obra do Artista Plástico José Zumba. Trabalho de Conclusão de Curso de Antropologia da Universidade Federal de Alagoas. 2013)
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Mestre José Zumba


Professora Nadir Nóbrega e a Srª Júlia trocando  as molduras de uma dos documentos que homenageiam Mestre Zumba.A professora ressalta que a nova moldura foi doação da pela Profª Dilma de Melo da UCA USP.


Srª Júlia Zumba- Viúva do Mestre Zumba, expondo documentos do artista com a nova moldura

Pintura Boi Bumbá de Mestre Zumba
1ª Oficina de Pintura  coordenada pelo Profº José  Acioli Filho 


1ª Oficina de Pintura  coordenada pelo Profº José  Acioli Filho – 2013



Professora Nadir Nóbrega e Jeamerson dos Santos pintando um painel inspirado na obra Filha de Santo de Mestre Zumba- 2013



 Professora Doutora Nadir Nóbrega Oliveira fazendo a abertura do Fórum na UFAL

Foto do acervo da autora


Divulgação  do Fórum.


Foto do acervo da autora


 Professora Nadir Nóbrega Oliveira prestando uma homengaem a Mestre Zumba.
A homenagem foi recebida por um dos filhos do Mestre,Samuel Zumba 
 Do lado esquerdo da professora  Jeamerson dos Santos - Cenotécnico  da Escola Técnica de Artes da UFAL.
Foto do acervo da autora 



 Desfile de trabalhos artísticos elaborados no âmbito das oficinas de pintura coordenadas pelo José  Acioli Filho  inspirados nas obras de Mestre  Zumba
Professora Nadir Nóbrega e a graduanda  Maria José dos Santos do Curso Licenciatura em Dança da UFAL   apresentando suas criações.Nadir expõe seu vestido e Maria José  o painel. 
Foto do acervo da autora 

O Fórum ampliou os diálogos tornando-os intinerantes, estendendo-se para outras fronteiras pelo Brasil, como foi o lançamento do DVD Fórum Mestre Zumba: pensamentos afro ameríndios na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia no dia 17 de abril.
Fórum Mestre Zumba tem o apoio e incentivo do Centro de Belas Artes de Alagoas (Cenarte), da Gerencia de Diversidade da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, do Sindicato dos Trabalhadores da Ufal (Sintufal), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal).


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Nadir Nóbrega Oliveira é graduada em Licenciatura Em Dança pela Universidade Federal da Bahia, Mestrado e Doutorado  m Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia.É Professora e Coordenadora de Estágio Supervisionado da Universidade Federal de Alagoas.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

OBA NIJÔ TARDE DE AUTÓGRAFOS


Depois das chuvas torrenciais que deixou a todos apreensivos quanto à realização da Tarde de Autógrafos no sábado dia 11, o tempo abriu e todo mundo agradeceu pela oportunidade.
O banner na entrada anunciava que às 16 horas teria início. Assim foi. A autora Narcimária e o ilustrador Ronaldo foram atendendo aos leitores, e o povo foi chegando e se confraternizando. Veio gente de todas as idades envolvidos no evento que além dos "comes e bebes" se deliciou também com a apresentação de danças e dramatizações do grupo ODEART.
O grupo apresentou alguns trechos do livro OBA NIJÔ e recebeu muitos aplausos.
Em meio às assinaturas das dedicatórias Narcimária e Ronaldo se juntaram ao ODEART para dirigirem palavras aos presentes na Livraria CULTURA.
Uma tarde de autógrafos é também um momento de confraternização. Parentes e amigos abrilhantaram o evento.
Às 19 horas houve o encerramento de um momento de paz e alegria que marcou o lançamento do livro OBA NIJÔ O rei que dança pela liberdade.




Poster na entrada da Livraria Cultura


A autora e o ilustrador no início do evento 


Ronaldo Martins ilustrador ,Janice de Sena Nicolin Diretora do Grupo de Teatro Odeart  do Cabula e a autora Narcimária Luz



Da esquerda para a direitaos professores/as:Magnaldo dos Santos,Ronaldo Martins,Jackeline Pinto do Amor Divino,Caroline Nepomuceno e Thiago Molina




Walmir França Diretor do Centro de Referência Nelson Mandela da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial recebendo autógrafo da autora



Ronaldo Martins autografando



O público troca ideias com a autora




Uma das leitoras Srtª Soares que curtiu a tarde de autógrafos


Professora Gilca Assis uma das grandes incentivadoras dos trabalhos da autora

Sr. Júlio Soares integrante da Irmandade dos Rosário do Pretos e da comunidade Ilê Asipá


O ilustrador Ronaldo Martins e a autora Narcimária Luz entre equipe de professoras do Colégio da Polícia Militar 


A força feminina da família Correia.Todas netas de Januário Gasparino Correia e de Anastácia da Conceição Correia


A autora com seu pai Professor Narciso José do Patrocínio e sua tia Joselita Anunciação do Patrocínio priora da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
As crianças são seus primos

Professor Marco Aurélio Luz (ao centro)com integrantes do Grupo de Teatro Odeart.
Da esquerda para direita: Professora Janice de Sena Nicolin,Adriano,André e aAndreia

A equipe do Site Presença Cacheada(http://www.presencacacheada.com.br/as-cacheadas-do-site/) também prestigiou o lançamento 


Ao centro a Professora Inaicyra Falcão dos Santos entre a autora e o ilustrador

Momento de agradecimento ao Grupo de Teatro Odeart pela valiosa participação performática no lançamento.

Essa menininha foi receber o autógrafo mamando no peito da mãe.Quando a autora começou a comentar a dedicatória ela deixou o peito para reparar nos comentários da autora.Momento singular!



A autora com seu público infantil


Grupo de Teatro Odeart


Professor Valter Crispim da Silva recebendo autógrafo


Momento de agradecimento ao Grupo de Teatro Odeart pela valiosa participação performática no lançamento.



Dramatização de trechos do livro Oba Nijô por jovens do Grupo Odeart 



Dramatização de trechos do livro Oba Nijô por jovens do Grupo Odeart 



Um panorama da livraria


Dramatização de trechos do livro Oba Nijô por jovens do Grupo Odeart 

sábado, 11 de abril de 2015

OBA NIJO, LITERATURA ODARA


                  Por Marco Aurélio Luz                                                          


 Em Oba Nijo, O rei que dança pela liberdade, o livro de Narcimária do Patrocínio Luz nos leva a dar um passeio pela história da presença do negro baiano na luta pela liberdade através de um fato, a insurgência e revolta nas armações de pesca de Itapuã no século XIX, liderada por Francisco admirado como grande dançarino segundo as notícias oficiais.
Baseado num fato histórico de descrição nua e crua dos arquivos policiais, o historiador em geral procura historiar o acontecido “cientificamente” dentro dos cânones materialistas empiristas.




                                        Foto: acervo do autor

Não é esse o caminho de Narcimária para nos contar essa história que será uma outra história com lindas ilustrações de Ronaldo Martins. É a história que leva em conta a realidade do universo simbólico afro brasileiro.



                                         Narcimária Correia  do Patrocínio Luz
                                                   Foto: Maurício Luz


O universo simbólico é oriundo do pensamento e das formas de comunicação da tradição africana transposta para a Bahia e para o Brasil.
A religião é a fonte da civilização e das culturas africanas. 



                                   Ojá o mercado ilustração de Ronaldo Martins 

Na tradição africana, música, dança, vestuário, paramentos, emblemas, concorrem para a ação ritual. O bom e o belo são inseparáveis, como expressa o conceito de ODARA na cultura nagô. No culto aos orixá as danças, combinações de ritmo e gestos, simbolizam os princípios do universo que constituem a cosmogonia.
A dança é imprescindível na dinâmica do sagrado. Pés descalços em contato com a terra, o solo consagrado.  Para os nagô, o ¨céu¨ é no chão.
Uma sacerdotisa ou sacerdote grande dançarino, são muito admirados, pois além de possuírem o dom, o talento ou ¨pé de dança¨, expressam profundos conhecimentos dos fundamentos e da visão de mundo que constituem as identidades e identificam o grupo.
 Narcimária não se afasta desse cânone para nos apresentar a história fascinante de Francisco, Obá Nijo, o Rei da Dança que juntamente com sua mulher e companheira Francisca Ade Bu Mi lideraram uma luta pela liberdade em Itapuã.
Em seu livro ABEBE, ela já anunciara; “é necessário que o corpo saia da inércia e vibre com o ritmo do cosmo.”.



                                                       
                                                  Coreógrafo  Ismael Ivo 
    Foto disponível em http://spcd.com.br/depoimento_ismael_ivo.php


O “fato histórico” é envolvido pela imaginação criativa dos valores e linguagens da tradição afro-brasileira. É a poética que vai constituir a narrativa de Narcimária. É a atmosfera da alusão à iniciação aos poderes da religião, que permite a autora embelezar seu texto com encantadoras fantasias.



     
                                             Puxada de rede


É todo um imaginário de encantamento poético que emerge dos fatos e torna-os mais reais.
Assim a luta pela liberdade deverá se caracterizar também pelos fundamentos da capoeira; que contém simultaneamente, aspectos de religião, invocação à ancestralidade, preparação e pedidos de proteção, gestos rituais, valor da tradição e antiguidade, hierarquia com base nas iniciações, os nomes simbólicos, o conjunto de música percussiva, o berimbau, o repertório pertinente das cantigas, a ordem hierárquica da roda, saudações, técnica de sucessão de golpes baseada na ginga, segredos, mandingas...



Foto: Marcelo Luz

O efeito estético da literatura sublime da autora resultante de suas emocionantes vivências juvenis em Itapuã se harmoniza sinergicamente com a beleza das ilustrações de Ronaldo Martins.
Enfim é esse contexto cultural que envolve o texto de Narcimária que o torna belo e bom, ODARA, como acontece com as legítimas filhas e mães de Itapuã, mães e filhas da Bahia e do Brasil.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

“OBA NIJÔ, o rei que dança pela liberdade” presente na Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha na Itália


As editoras Cristina e Mariana Warth com a Pallas na Feira de Bolonha
As editoras da Pallas Cristina e Mariana Warth estiveram  presentes na Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha na Itália este mês de abril. 
A Pallas disponibilizou no seu stand,títulos de literatura infanto-juvenil que compõem as suas publicações,dentre eles OBA NIJÔ, o rei que dança pela liberdade”,que será lançado em Salvador dia 11/04(sábado) a partir das 16 horas na Livraira Cultura do Shopping Salvador.
"A Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha (Bologna Children's Book Fair) é uma feira literária realizada anualmente em Bolonha e dedicada à literatura infanto-juvenil . Reúne editores, agentes literários, bibliotecários, autores e ilustradores de todo o mundo .
A primeira edição foi realizada em 1964. Desde 1966 a organização oferece o RagazziAward , e durante o evento são anunciados também os ganhadores do Prêmio Hans Christian Andersen e do Prémio Memorial Astrid Lindgren.


Pavilhão brasileiro na Feira do Livro para Crianças e Jovens de Bolonha de 2014. Foto: Priscila Costa e Silva/Ministério da Cultura

A edição de 2014 teve o Brasil como país homenageado, apresentando a exposição Brasil: Incontáveis Linhas, incontáveis histórias e uma homenagem a Ziraldo ."
Extraído do facebook da Editora Pallas https://www.facebook.com/PallasEditora

terça-feira, 7 de abril de 2015

LITERATURA INFANTO-JUVENIL AFRO-BRASILEIRA "OBÁ NIJÔ, O REI QUE DANÇA PELA LIBERDADE"


Professora aposentada da Universidade de Bielefeld, Alemanha

Moema Parente Augel

Com muita alegria, felicito a Editora Pallas pela publicação muito oportuna deste belo livro de Narcimária Correia do Patrocínio Luz, OBÁ NIJÔ, O REI QUE DANÇA PELA LIBERDADE, valiosa contribuição para a ainda escassa literatura infanto-juvenil afro-brasileira. 

A obra é enriquecida pelas ilustrações de Ronaldo Martins, imagens com traços e símbolos atraentes e significativos, inteiramente integradas e adequadas ao texto, coerentes com uma história de luta pela dignidade do povo negro no Brasil.
Ler e ouvir histórias é um importante impulso para a formação da criança e do adolescente pois amplia seu campo de informação e seus referenciais, reportando a sentimentos e emoções individuais e coletivos que influenciam a vida psíquica e social, proporcionando novos lugares de pertencimento identitário … ou de exclusão.

Coreógrafo Clyde Alafiju Morgan
Imagem disponível em http://correionago.ning.com/profiles/blogs/a-danca-e-a-acao-social

No Brasil, com sua multiplicidade étnica e a imposição de um padrão estético branco-ocidental, a mídia, seja ela falada ou escrita, em seu papel mobilizador de opinião, as artes, aí incluindo a literatura e a música, assim como a escola podem contribuir para a construção da identidade ou sua destruição, podem fortalecer a auto-estima ou intensificar o sentimento de inferioridade nos não brancos. Por isso mesmo, é especialmente necessário haver obras em que protagonistas negros, e índios também, sejam realçados positivamente, que personagens negras sejam apresentadas de forma altiva, que seja apresentada a existência e a atuação de heróis negros, reais e não apenas ficcionais. É o que acontece em OBÁ NIJÔ, O REI QUE DANÇA PARA A LIBERDADE.


Imagem disponível em http://inesrodrigues1.tumblr.com/post/60756307928/how-to-write-about-africa-tumblr-on-we-heart-it


O reconhecimento da origem comum  do pertencimento a um determinado grupo são fatores que influenciam fundamentalmente a identidade da criança. Sendo esse reconhecimento marcado por estímulos construtivos, a auto-estima e, com ela, a auto-afirmação, são reforçadas. Cimentar esse processo através da literatura é um dos recursos mais proveitosos e habilidosos para tal fim.


Imagem disponível em http://www.blahcultural.com/livro-conta-historia-da-cultura-africana-para-criancas/

Este livro não se direciona apenas a um público leitor afro-descendente, mas a todo brasileiro, independente de sua etnia ou origem, pois é de suma importância tanto o conhecimento e a divulgação de episódios de nosso passado histórico relativos à vida, ao labor e à resistência de nossos antepassados africanos, o que em geral ainda é silenciado, como a valorização da convivência na diversidade.
O herói Obá Nijô vai cativar de imediato não só as crianças e jovens que travarem conhecimento com ele, ao acompanhar sua vida em sua trajetória desde o nascimento, sua infância, as etapas de sua formação como dançarino da comunidade a que pertencia, empolgando mais adiante com a liderança que exerceu em sua comunidade e o papel libertário que representou.
Imagem disponível em http://veratabach.blogspot.com.br/2011_02_20_archive.html

A recriação da oralidade de origem africana no Brasil se mostra aqui pela narração da lenda da pedra que ronca, que deu o nome à localidade praiana Itapuã, hoje um conhecido bairro em Salvador, e onde se desenrola a trama. A realidade histórica apresenta, nas passagens discursivas do livro, personagens que realmente existiram e fatos que aconteceram durante o sistema escravista do Brasil colonial, como também correspondem à realidade histórica a referência a uma das fontes da economia da época, a caça às baleias, e a exploração impiedosa da mão de obra escrava nas armações espalhadas  no literal baiano.
Narcimária parte de um episódio concreto e real do passado brasileiro, para contar a vida e a singular trajetória de Obá Nijô, entrelaçando-a com informações factuais e de caráter histórico. A autora fascina os leitores com a singela história do menino que aprendeu a manifestar seus sentimentos e esperanças através da dança, descrevendo com vivacidade o aprendizado dos saberes de seus ancestrais e seus protetores espirituais a partir das tradições religiosas do povo negro, para abordar com sensibilidade pedagógica a questão mais ampla da opressão sofrida pelos africanos nas propriedades e empresas senhoriais e o papel de liderança exercido por Obá Nijô na resistência heroica contra a exploração e o roubo da liberdade.

Clyde Alafiju Morgan

Professor Associado de Dança Africana e Diretor Artístico do Dança Africana Sankofa e Ensemble Tambor na SUNY College, em Brockport.
Imagem disponível em http://www.brockport.edu/dance/people/cmorgan.html

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 Moema Parente Augel é mestre em Ciências Humanas pela Universidade Federal da Bahia e doutora em Literaturas Africanas pela Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Radicada na Alemanha, lecionou Português e Cultura Brasileira na Universidade de Bielefeld. Dedica-se, entre outras atividades, ao estudo da literatura afro-brasileira e da literatura guineense. Viveu na Guiné Bissau entre 1992 e 1998, tendo produzido e publicado diversos livros com ensaios analíticos tematizando a literatura daquele país.