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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


segunda-feira, 29 de novembro de 2010

UM SONHO: ”SER MESTRE DE CAPOEIRA COMO MEU PAI"



Por Narcimária C.P. Luz


A imagem que abre essa postagem apresenta o encontro de dois arcos de berimbau fincados na areia da praia diante do sol, aludindo a um belo portal que acena para o infinito, o horizonte, o mistério, o que não sabemos...
Reparem que há entre esses arcos, uma luz que nos anima a continuar, não desistir, não ter medo de tentar ser feliz, de SONHAR nos encorajando a insistir na proposição de uma ÉTICA DO FUTURO para as gerações sucessoras.
O berimbau é um ancestral!

O berimbau dá a cadência e dinâmica da roda!

O berimbau é a força da roda de capoeira!

BERIMBAU é RODA/RODA é VIDA!!!

Ê, volta no mundo camará!


Ê, Ê volta o mundo dá volta camará!

Berimbau fala, comunica linguagens que exalta um corpo livre em permanente movimento, em transcendência e mais do que isso, capaz de realizar e expandir o modo próprio africano de existir e manter a identidade profunda do grupo e da comunidade. Essa é a sabedoria do viver, legado dos nossos/as antepassados/as!Esse belo portal feito de arcos de berimbau é uma das formas que a ACRA escolheu para demonstrar seu pesar pela perda trágica de um futuro Mestre de capoeira que tinha apenas 10(dez) anos de idade. Estamos nos referindo a Joel da Conceição Castro, filho do Mestre de capoeira “Ninha”.
O coração de Joel pulsava na cadência do berimbau, que lhe animava a viver intensamente a alegria da roda de capoeira, de onde transborda muita VIDA, VALORES DE CIVILIZAÇÃO, e todo CONHECIMENTO milenar africano que a roda faz circular.
Seu sonho? ”Ser Mestre de capoeira como meu pai” Joel morava no bairro Nordeste de Amaralina, em Salvador e morreu de forma trágica atingido por uma bala perdida na cabeça quando se preparava para dormir. As informações dadas pelos pais e vizinhos de Joel é que domingo em torno das 23 hs havia uma ronda da Polícia Militar no bairro e ocorreu um tiroteio, que atravessou a janela da casa do pequeno Joel atingindo-o.
Interrompeu-se um sonho!
O silêncio foi quebrado por gritos de socorro, dor e a agonia de não deixar a impunidade vigorar. “Com faixas, cartazes e ao som do toque do berimbau e roda de capoeira, os familiares, vizinhos, amigos da escola e do bairro, velaram o corpo do menino que era torcedor do Bahia, e por isso, foi enterrado junto com a bandeira do time. Após o momento do adeus, todos os presentes saíram em uma caminhada rápida pelo bairro, como forma de protesto pelo crime que chocou os moradores do local. (...) Joel estudava na 3ª série da Escola Municipal Maria Amália Paiva, no Nordeste de Amaralina. ‘Ele era um dos nossos melhores alunos’, destacou Mestre Mico que junto com o pai de Joel desenvolve trabalhos na Associação de Capoeira Gingado Baiano. ’Nosso trabalho é resgatar as crianças da rua e dar uma ocupação’, frisou.” (Cf.www.coreio24horas.com.br)
Mestre Ninha pai de Joel, iria viajar para a Itália em 2011 com ele. É importante destacar aqui uma mensagem da professora Naiara Bittencourt que circulou entre educadores/as da ACRA, expressando sua tristeza diante da crescente violência que vem ceifando a vida de crianças e jovens:
“Meu coração está dilacerado. Ligo a televisão para assistir as notícias do dia e vejo desgraça, tristeza... Meu Deus onde vamos parar? Por que tamanha violência e brutalidade com nossas crianças e jovens? Sou uma futura pedagoga e sinceramente... A cada dia que passa fico mais triste com a sociedade que estou inserida. Tráfico de drogas, polícia, justiça, paz, engano, vidas cortadas, choro, mãe, pai, tios, decapitação, sonhos... Quando me lembro da seguinte pergunta: '' o que faremos com a nossa juventude negra? '', feita há alguns meses atrás por Silvio, no auge desse desabafo, penso que não sei o que fazer. Será que os meus estudos, meus pensamentos por uma sociedade igual é impossível?Amigos e amigas és aqui um desabafo, um choro de alguém muito, muito triste com esse mundo!”
Não vamos utilizar esse espaço para desenvolver reflexões e argumentações de cunho sociológico, antropológico, jurídico, ou mesmo estatístico (dentro do esquadrinhamento do discurso acadêmico) sobre a dinâmica da violência que vem tragando o direito à existência em diversas comunalidades da Bahia e do Brasil. Queremos neste momento apenas registrar a nossa dor e comoção diante dos fatos que vêm se expandindo ao nosso redor, e nos deixando impotentes, angustiados/as.
Na ACRA as crianças, os jovens, pais e educadores/as indagam constantemente: O que fazer?Como assegurar aos nosso/as filhos/as o direito de ser, de sonhar, de ser feliz, de crescer com dignidade, ter direito à vida?
A ACRA aproveita o espaço do blog e convida todos/as vocês para pensar conosco essas questões (e outras que podem ser sugeridas pelos/as nossos/as visitantes), com o intuito de sugerir perspectivas de políticas públicas que cessem a dor e agonia que paira sobre as territorialidades afrobrasileiras, que infelizmente são as mais agredidas por essa dinâmica da violência.A seguir apresentamos um vídeo que tem o pequeno Joel com seu pai Mestre Ninha onde ele expressa o desejo e sonho de menino de ser como o pai, “um mestre de capoeira”.
Joel estava animado de ir para Itália em 2011 com o pai atendendo a um convite, para apresentar todo o seu talento e destreza na roda de capoeira herança de nossos ancestrais africanos.



Fica aqui nosso carinho para a família de Joel através de um forte abraço das crianças, jovens, pais e educadores/as da ACRA.

O SONHOU NÃO ACABOU.
NOSSAS CRIANÇAS E JOVENS CONTINUAM A SONHAR.
Parafraseando o saudoso poeta Gonzaguinha:
"...Nunca se entregue nasça sempre com as manhãs.../Fé na vida,fé no homem/Fé no que virá..."

domingo, 28 de novembro de 2010

PARA QUE TODOS SAIBAM:"TODO MENINO É UM REI"

SAUDADES!!!
UMA HOMENAGEM AO PEQUENO E PRECIOSO JOEL

Ê, volta no mundo camará...
Ê, Ê volta no mundo camará!
"Todo menino é um rei
Eu também já fui rei
Mas quá!
Despertei!
(...)
Por cima do mar da ilusão
Eu naveguei!
Só em vão
Não encontrei
O amor que eu sonhei
Nos meus tempos de menino
Porém menino sonha demais
Menino sonha com coisas
Que a gente cresce e não vê jamais
(...)
A vida que eu sonhei
No tempo que eu era só
Nada mais do que menino
Menino pensando só
No reino do amanhã
A deusa do amor maior
Nas caminhadas sem pedras
No rumo sem ter um nó
(...)Todo menino é um rei
Eu também já fui rei..."
(Letra e música de Nelson Rufino e Zé Luiz)
Descanse em paz Joel.
Saiba que o seu sonho se multiplicou nos corações de todas as crianças e jovens da ACRA.

UM CANTINHO DA ÁFRICA ENCANTADA EM SALVADOR/BA:100 ANOS DE ILÊ AXÉ OPÔ AFONJÁ

POR SÉRGIO BAHIALISTA



Foto disponível em http://saquinhosdecheiros.blogspot.com/2009/05/novos-tecidos-africanos-e-um-saco.html

Cordel banhado em dendê
Te convida a pendurar
Todo seu imaginário
Sua força e seu encantar
Nesse pedacinho da África
Que começarei a versar

Primeiramente inicio
Dizendo para vocês
Que aqui cumpro uma missão
Assumida de uma vez
Com nossa ancestralidade
Todo dia, ano e mês


Falar do lugar encantado
Do São Gonçalo do Retiro
É adentrar selva encantada
Linda que sempre me refiro.
Opó Afonjá tira o pano
Em suas Iyalorixás me miro

Tudo começou pela
Resistência à intolerância
O Terreiro da Casa Branca
Na luta contra ignorância
Criou a Eugênia Anna
Dos Santos que conclama
Seu povo à sua bonança.


http://modovestir.blogspot.com/2008/09/tecidos-africanos-estampas-e.html


E em 1910
Fundou o belo Terreiro
Ketu do Ilê Axé
Opô Afonjá, guerreiro.
E fincou sua Arkhé
Iniciando Bela fé
Na roça foi pioneiro

As Religiões tão belas
De Matriz Africana
Sempre nos ensinam a cuidar
Da Natureza tão bacana
O único verde de lá
Está no belo “Afonjá”
Nessa Salvador tão sacana

No seu templo principal
O Santuário de Oxalá
Reina ao lado da nossa
Querida Mãe Iemanjá
E a casa de Xangô
Espalha justiça e amor
Para todos que vão lá

Lá também foi fundada
A primeira escola-Terreiro
A escola municipal encantada
Acolheu seus filhos guerreiros


Valorizou seu mundo ancestral
Com o nome tão genial
Da Mãe Aninha, tão pioneiro


Nessa Comunidade Obá Biyi
O encanto negro foi regado
Pelo Mestre que assumiu
Missão de regar o legado
Do Povo da sua África
Para os pequenos chegados


http://modovestir.blogspot.com/2008/09/tecidos-africanos-estampas-e.html


Este forte é Mestre Didi
Que trouxe nos seus contos
Todo encanto dos orixás.
Para as aulas, mais pontos
Trazendo o mundo mítico
Africano em seus recontos

As nossas crianças negras
Sempre quiseram ser
Reconhecidas pela negritude
Que carregam em seu viver
Graças a Oba Biyi o sonho
Concretizou-se nesse querer


Na Oba Biyi todos querem
Seus filhos de anel no dedo


E aos pés de Xangô
Revelando seu segredo
E da escola terreiro serem
Guerreiros e viverem
Sua África sem medo

Suas sacerdotisas nesses
100 anos de história
Construíram força e beleza
Que ficarão na memória
De quem preza pelo sagrado
Africano, seu legado
De honra e muita glória.

Até 1938
Mãe Aninha comandou
Mãe Bada de Oxalá


Tomou após a que passou
Até 41 foi a hora (1941)
Depois a Mãe Senhora
O reinado carregou



Logo depois Mãe Ondina
De Oxalá assumiu
Consolidando toda força
Que o ancestral ali construiu
Abrindo “caminhos d`Áfricas”
Encantos míticos e mágicas
Que todo povo negro viu

A missão de levar adiante
O legado magistral
Depois que Mãe Ondina
Foi para o Orum ancestral
Foi passada para ela
A guerreira Mãe Stella
De Oxossi, a missão tal.

Mãe Stella foi quem usou
As armas do escrever
Para defender seu povo,
O canto d`África do viver.
Escreveu com brilhantismo
Afrontando o sincretismo
Firmando a fé que tanto crê


Assim Mãe Stella pregou
A necessidade do registro
Pra combater os lapsos
De memória tão sinistro
Firmar que o candomblé
Segue só a sua fé
Afirmando o ser bonito

E com espírito lutador
Mãe Stella criou o Museu
Ilê Ohun Lailai
A Maravilha que nasceu
Tradução disso? Sem briga:
(Casa das coisas antigas)
Guarda o Axé que ali cresceu

Paz, beleza e sagrado
São palavras que reinam lá
O Palácio de Xangô
Senhor da Justiça, já!
Reúne aos seus pés os filhos
Da grande Mãe Iyá

Aqui só deixei um pouquinho
Daquele lugar encantado
Pra te deixar curiosa (o)
Para conhecer aquele lado
E viver uma das Áfricas
Que aqui tem chão marcado

Como uma missão dada
Pra mim é missão cumprida
Saio mais leve dos versos
Dessa escrita merecida
Pois Afonjá vive pra dizer
Como é que faz pra viver
Nessa vida tão sofrida

Oke Arô e aquele Axé
Para todo ser vivente
Do Orum e do Ayie
Que vive tão plenamente.
Usem esse Cordel no educar
Para assim logo acabar,
Com intolerância indecente.




domingo, 21 de novembro de 2010

ANGOLA JANGA! VIVA ZUMBI!

PÁSSARO MENSAGEIRO DA LIBERDADE
TELA DE JANUÁRIA PATROCÍNIO

PARABÉNS JORGE!


Viva Zumbi!

Por Marco Aurélio Luz

Escutando atentamente o conteúdo da música de autoria de Jorge Benjor em homenagem a Zumbi dos Palmares, procuramos realçar as referências que são feitas aos povos africanos que instituíram o quilombo. Muito antes do tráfico escravista europeu, esses povos compunham o antigo império do Congo. A letra alude também, a uma princesa que é exposta num leilão. A essa afronta a libertação vem “quando Zumbi chegar”.
Mas a liberdade que Zumbi representa, não é uma categoria vazia nem se restringe a escapar ao flagelo da escravidão mas sobretudo, trata-se de devolver o lugar de princesa, rei e rainha africanos na “Angola Janga” o nome pelo qual era chamado por seus integrantes, o quilombo dos Palmares. Convém destacar, que quilombo era o nome dado aos acampamentos militares da guerra de movimento para o combate as tropas dos portugueses realizados pela rainha Ginga Ngola Kiluanji do reino do Ndongo.
Assim, a Angola Janga estabelece a reposição de uma nova territorialização de continuidade, das identidades livres, religiosas, étnicas e sócio-culturais.
A liberdade de manter íntegras suas linguagens próprias e seus valores que emergem do fluxo contínuo do processo de civilização africano no Brasil e nas Américas, honrando a memória de seus ancestrais.

sábado, 13 de novembro de 2010

CORPO-IMAGEM DOS TERREIROS

Abrimos o espaço do blog para divulgar o projeto “Corpo,Imagem dos Terreiros” contemplado pela seleção pública de debates presenciais do Programa Cultura e Pensamento 2009/2010.A curadoria do projeto está sob a responsabilidade dos fotógrafos Denise Camargo e Paulo Rossi.A produção e execução está sob a responsabilidade de Fabiane Beneti.
Segundo Denise Camargo trata-se de”... Um diálogo entre pesquisadores de diversas áreas, representantes das comunidades religiosas, curadores e fotógrafos, o debate Corpo-imagem dos terreiros apresenta a fotografia no contexto dos rituais religiosos de matriz africana. Discute um repertório crítico e visual para pensar a formação dos terreiros, a experiência ritual e a produção de imagens. O objetivo é discutir a produção de imagens fotográficas, no contexto dos rituais religiosos de matriz africana e gerar um repertório capaz de pensar, criticamente, essa manifestação cultural brasileira. E é um dos desdobramentos do debate on-line Representações imagéticas das africanidades no Brasil, contemplado com o Programa Cultura e Pensamento 2007, disponível em www.studium.iar.unicamp.br/africanidades.”
O evento é gratuito,tem certificado para os participantes presenciais e on-line e os debates serão transmitidos ao vivo no site: www.oju.net.br/corpoimagem.
As organizadoras do evento orientam que para participar basta encaminhar uma mensagem para oju.cultural@gmail.com,informando no assunto seu nome completo e o nome da cidade do debate a que você assistirá. A resposta automática é a sua inscrição.
A seguir a programação que ocorrerá dia 18/11 no Centro de Estudos Afro-Orientais-CEAO.
PROGRAMAÇÃO
18/11 das 18h30 às 20h30 – Salvador (UFBA/CEAO – Auditório Milton Santos, do Centro de Estudos Afro-Orientais – Praça Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho)
EXPOSITORES:
Marco Aurélio Luz(colaborador assíduo e importante parceiro do nosso blog),Adenor Gondim ,Aristides Alves e Marcelo Bernardo da Cunha.

PROJETO MOVIMENTA BRASIL VISITA A ACRA

Logo do Projeto Movimenta Brasil

No dia 4 de novembro às 15 horas a ACRA recebeu a visita de Tainá Garcia, professora de Educação Física com especialização em Educação Física Escolar e Pilates. O encontro contou com a presença do Diretor Presidente da ACRA Narciso José do Patrocínio, professoras Caroline Nepomuceno, Jaqueline Divino e da colaboradora Célia de Jesus.
A professora Tainá atua desde 2001 em prol de comunidades socialmente desasistidas. Tem experiência em trabalho comunitários no Rio de Janeiro e em Salvador – BA, onde ministra voluntariamente há três anos aulas de Pilates para pessoas com necessidades especiais na visão.
A professora Tainá apresentou o Projeto Movimenta Brasil,que tem como objetivos: traçar caminhos entre as empresas alemãs interessadas em ajudar projetos sociais no Brasil; dar condições para a implantação de infra-estrutura para as atividades esportivas brasileiras; realizar intercâmbios entre o Brasil e Alemanha.
Quando for firmado o acordo entre as empresas alemãs e os projetos sociais brasileiros, o Movimenta Brasil prestará asessoria e mediará o intercâmbio entre as instituições interessadas no projeto.Na sua visita a ACRA além de nos apresentar o Projeto Movimenta Brasil, Tainá conheceu nossa perspectiva de “esporte na ACRA”, que durante certo tempo desenvolveu atividades de futebol, natação e dança, mas por problemas de infra-estrutura e recursos para manter tais atividades não poderam ter continuidade.
No encontro, foi destacado o interesse da Acra em participar como parceira do Projeto Movimenta Brasil,através dos laços já existentes com entidades e empresas que se interessem em promover arte, cultura, esporte e lazer.
A professora Tainá destacou que poderemos contar com sua ajuda profissional para a realização de atividades relacionadas a saúde física das crianças,jovens da ACRA garantindo que numa próxima visita realizará uma palestra sobre o Pilates e o benefício de suas técnicas.
No mais, o saldo da visita foi bastante positivo, pois nos possibilitou discutir novos rumos para o futuro das nossas atividades em 2011,além da importância de manter estratégias que possam firmar as proposições socioeducativas frente às nossas crianças, jovens e suas famílias.
Tainá posteriormente nos escreveu comentando sobre a visita a ACRA:
“Gostaria de agradecer o calor e simpatia com que fui recebida hoje na ACRA. Espero mesmo que possamos firmar essa parceria.”

CORDEL PENDURADO NA EDUCAÇÃO-PARTE II

Acompanhem a segunda parte do vídeo com Sérgio Bahialista conversando sobre a Literatura de Cordel.Semana que vem apresentaremos"ÁFRICA ENCANTADA EM SALVADOR",cordel de autoria de Sérgio Bahialista.Não percam!

Boa escuta!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"Cordel Pendurado na Educação"- Parte 01

Sérgio Bahialista numa das suas apresentações em evento do PRODESE em julho de 2010 na UNEB

Apresentamos essa semana,aspectos da Literatura de Cordel e sua importância na constituição de linguagens inspiradas no viver cotidiano que caracteriza a diversidade cultural brasileira.
Para conversar com vocês sobre a riqueza do repertório de cordel, temos o prazer de apresentar a uma entrevista com o renomado educador e integrante da equipe de pesquisadores do PRODESE,Sérgio Ricardo Santos da Silva ,mais conhecido como Sérgio Bahialista.Vocês terão acesso a primeira parte do vídeo com Sérgio Bahialista que é: Pedagogo; Psicopedagogo; músico; Coordenador Pedagógico de EJA do NETI – Núcleo de Educação do Trabalhador da Indústria, no SESI – Serviço Social da Indústria; pesquisador do Programa Descolonização e Educação – PRODESE/UNEB – Universidade do Estado da Bahia; Cordelista; integrante da Rede de Arte-Educação Ser-tão Brasil.

Numa das suas contribuições registradas na publicação do PRODESE/SEMENTES Caderno de Pesquisa(Vol.6,nº8 de 2005), Sérgio comentou: “o cordel pode ser uma excelente ferramenta paradidática na sala de aula,não só pela sua importância cultural e pela rica estrutura de ritmo,métrica e rima,como também para promover debates e discussões a respeito das formas de falar e pensar de nosso povo e reatar definitivamente os laços do aluno com a verdadeira cultura brasileira.”


Continuem acompanhando na próxima semana, a segunda parte do vídeo que apresenta outros aspectos da Literatura de Cordel através do educador Sérgio Bahialista.

PRODESE/ACRA NO I CONGRESSO INTERNACIONAL DE LÍNGUAS E LITERATURAS AFRICANAS E AFRO-BRASILIDADES

Professoras Caroline e Naiara frente ao quadro em exposição no evento de autoria do artista Pedro Lima

Nos dias 21 a 24 de outubro na cidade de Seabra-Bahia, ocorreu o I Congresso Internacional de Línguas e Literaturas Africanas e Afrobrasilidades organizado pela Universidade do Estado da Bahia Campus XXIII. O evento contou com a participação de professores,escritores do país e do exterior, estudantes de pós-graduação e graduação. O CILLAA mobilizou a cidade de Seabra, e os moradores apresentavam grande satisfação em sediar o evento.
Caroline e Naiara com Professor Gildeci ,Diretor da Campus XXIII- Seabra/UNEB e Presidente do CIALLAA
As professoras e pesquisadoras Caroline Nepomuceno e Naiara Bittencourt integrantes do grupo de pesquisa Descolonização e Educação-PRODESE e da Associação Crianças Raízes do Abaeté-ACRA,participaram do evento apresentando aspectos das pesquisas que vêm realizando,expondo dois pôsteres com suas produções científicas sobre as atividades na ACRA e inquietações referentes à temática do evento.Cabe registrar também a participação do professor Abílio Manuel Marques que ensina de Inglês na ACRA,que apresentou o tema “O preconceito Lingüístico na sala de aula de uma escola em Lauro de Freitas”.
Professor Abílio apresentando seu estudo no evento
Do conjunto de temas discutidos, destaque para:”Aplicabilidade da Lei 11.645/08”;'' África e Africanidades''; ''Politicas Públicas e Ações Afirmativas'';'' Literaturas: Afrobrasileiras, Angolanas, Cabo-verdenses e Moçambicanas'';"Literatura e espaços Identitários''. Foi sem dúvida alguma,dias de intensas trocas de conhecimento e aprendizagens através da convivência com outras culturas.
Graduandos guineses do curso de Letras da UNEB Campus I e graduandas brasileiras do curso de Pedagogia UNEB/Campus I
No I Congresso Internacional de Línguas e Literaturas Africanas e Afrobrasilidades- CILLAA,foi enfatizado a necessidade da promoção de uma educação de qualidade, pautada na diversidade cultural,compreendendo o patrimônio da comunidades afrobrasileiras como basilares na formação do povo brasileiro. O CILLAA, assim chamado carinhosamente pelos participantes do evento, possibilitou a percepção de que “a África esta em nós”,e isso foi explorado através da riqueza das narrativas orais, literaturas,e dos depoimentos de luta e resistência que circularam nas rodas de discussão.

Naiara Bittencourt, Vilma Reis Coordenadora Executiva do CEAFRO e Caroline Nepomuceno

A professora Caroline Nepomuceno comentou:” um dos pontos marcantes e que causou sentimentos de esperança e perseverança ,são os esforços de superação dos valores que tendem a normalizar, hierarquizar e privilegiar grupos dominantes eurocêntricos,que detém o poder de disseminar seus interesses através do currículo escolar. Aqui,está o desafio: a implementação da Lei 11.645/08,que trata da inclusão no currículo escolar de abordagens alicerçadas no patrimônio civilizatório aborígine e africano no Brasil.”
Caroline Nepomuceno explorou no sua apresentação no âmbito do CILLAA o tema da sua pesquisa
Compondo perspectivas de linguagens africanas e africano-brasileiras para o ensino da matemática”.Segunda a pesquisadora,a recepção das pessoas foi muito positiva, todos mostraram-se curiosos com a temática, pois a grande maioria, não tinha ainda contato com a Etnomatemática e muito menos com a Afroetnomátematica,.Um exemplo foi a observação feita pelo Professor Dr. Amarino Oliveira de Queiroz(Universidade Federal do rio Grande do Norte-UFRN): “Muito bom esse recorte! A Afroetnomatemática é novidade para mim, darei uma pesquisada.” Outro comentário foi Sandra Rejane Ferreira graduanda em Pedagogia e Coordenadora do Núcleo de Práticas Pedagógicas da Faculdade Montessoriana-FAMA, que se mostrou muito receptiva ao tema:” Nossa! Que coragem a sua, é muito difícil trazer essa temática para a sala de aula, ainda mas nessa perspectiva matemática.”

Participantes do I CILLAA e Caroline Nepomuceno apresentando seu pôster
Face a esses comentários a professora Caroline comentou: “o saldo foi muito positivo, colher e semear frutos em meio a uma temática tão debatida durantes esses anos, possibilitando novas práticas, novas ações, novos olhares.”
E ainda:
Durante uma oficina, da qual fiz parte: Educação Quilombola nas aulas de Língua Portuguesa, com as professoras do Centro Educacional de Seabra Catiane de Araújo e Najara Maria Queiroz, foi maravilhoso ver como existem mulheres engajadas na luta pela valorização da educação quilombola, e ver todas as práticas utilizadas por elas no fazer pedagógico. É como se ‘desse um gás’ na gente, um impulso de energia no nosso caminhar, mostrando que é possível colocar nossas propostas em práticas obtendo um resultado positivo.” Afirma Caroline Nepomuceno.
O pôster apresentado pela Professora Naiara Bittencourt,trouxe como inquietação formas de superação da “pedagogia do silêncio” ainda em voga nas salas de aula: “Cala a boca menino/a! propondo linguagens criativas através do legado africano-brasileiro”.

Professores participantes do CILLAA assistem a exposição do tema de estudo de Naiara Bittencourt

Sobre as impressões do CIALLAA, Naiara Bittencourt comentou:”O que nos deixou profundamente felizes foi a apresentação dos nossos trabalhos. Foi um momento de perceber o quanto nos sentíamos seguras ao explanar nossas pesquisas, foi um momento de troca de conhecimento, pois todos os ouvintes nos davam sugestões, foi um momento para defender nossas idéias, quando contestadas. Saímos do CILLAA, com um sentimento de que para mudar o currículo, nosso trabalho, como futuras pedagogas, deverá ser intenso junto a comunidade,escutando-a e aprendendo com ela.As comunidades são células importantes na constituição da identidade cultural de nossas crianças e jovens. Claro, que as dificuldades apareceram a todo o momento, mas o que seria de nós se não tivéssemos correndo nas '' nas veias'' o desejo pela mudança?”