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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


sábado, 14 de junho de 2014

O JOGO A FÁBRICA E O FUTEBOL ARTE

                             Por Marco Aurélio Luz

Falar de futebol é falar de lúdico e simulacro. O lúdico se refere à aprendizagem de forma prazerosa através do jogo, que se expressa através do simulacro, uma imitação de outra realidade.
 A competição é o caminho das emoções que envolvem vencer ou perder para o adversário. Vida e morte estão sublimadas pelo prazer lúdico do jogo.
O futebol atual foi criado na sociedade industrial. Ele se caracteriza pela simulação da produção fabril.
Surgindo na Inglaterra no bojo do neocolonialismo ele se espalhou por diversos países.



Fábrica Bangu e o campo de futebol

O jogo começa como o turno fabril pelo apito, que expressa a autoridade que regerá o espaço e o tempo de duração e o cumprimento das regras que restringindo as ações culminam com o produto final, ¨ goal¨. As equipes lutam entre si para fazer mais gol, para acabado o tempo resultar a vencedora.
A equipe ou ¨team¨ se caracteriza por onze jogadores com características e funções complementares, como a divisão do trabalho por setores. A passagem da manufatura para a indústria se revela, sobretudo, por essa forma de organização. Assim como na indústria, cabe ao técnico elaborar as táticas de organização mais produtivas durante o tempo e o espaço delimitado.
O campo de jogo é esquadrinhado, e a atuação no estilo do ¨nobre esporte bretão¨, se faz por linhas retas, acrescentado de cruzamentos pelo alto. Dois valores do imaginário europeu se projetam, o golpe de cabeça que guarda o cérebro expressando a abstração e o mundo científico e, o celestial desdobrado da religião.
 O mundo científico procurará nortear a prática do futebol, como de resto toda sociedade industrial. As chamadas comissões técnicas ocupando mais espaço.
Tanto as elites dirigentes do Estado, quanto os trabalhadores, praticarão o futebol em suas origens em fins do século XIX.

                           
Garrincha na equipe da Fábrica da América Fabril em Pau Grande

Na várzea ou em espaços nas fábricas foi tomando conta do Brasil.
Com a presença de jogadores negros, os melhores, uma filosofia, uma nova linguagem transformará o¨nobre esporte bretão. ¨
No Rio de Janeiro, com a imigração baiana nos inicios do século XX, o conceito de odara emerge da religião para se desdobrar por outras instituições. Lembremos que o núcleo original do samba na casa de Tia Ciata de Oxun, Iya Kekere do terreiro de João Alagba, se espraiou levando beleza, alegria e encantamento aos desfiles dos ranchos até as escolas de samba.
Odara significa bom e bonito, técnico e estético simultaneamente. Em toda comunicação institucional, odara sobredetermina as ações através de diversos códigos, dos itans, contos da literatura de Ifá à culinária litúrgica, das festas de largo ao carnaval.
Não podia ser diferente com a participação da comunidade negra no futebol.


Equipe do Bangu, com Domingos da Guia à direita da foto

Nomes gravados na história, como Friedenreich, Manteiga, Domingos da Guia o Divino Mestre, Fausto a Maravilha Negra, Leônidas o Diamante Negro, e tantos outros foram os pioneiros na criação do Futebol Arte.


Leônidas da Silva, Friedenreich e Pelé


O tempo e o espaço do jogo tomaram outra dimensão para se adaptar à beleza e singularidade da ginga emergente da roda de capoeira, permitindo se tornar invisível para o adversário como o inimaginável


 





Didi e Garrincha


Garrincha, acrescentando ludicidade, alegria e eficiência desestruturando as defesas do adversário. A maestria do toque na bola envolvendo a mágica na sua trajetória como a folha seca de Didi, que afirma:"quem corre é a bola" respondendo aos "idiotas da obviedade" conforme Nelson Rodrigues.
 Ele apreciava a cadência elegante das  passadas de Didi, numa postura ereta levando-o então denomina-lo de Príncipe Etíope de Rancho. O imponderável Pelé que aos 17 anos já rei, tratava a bola de chulinha embelezando gols imortais e que com seus companheiros na copa de 1958 acabava com o que Nelson denominou de "complexo de vira lata". 


Mario Filho relata que numa excursão a Europa em 1956 assim se referiam à seleção brasileira: "Nas folhas londrinas, o futebol brasileiro tinha tudo de um circo: o comedor de fogo, o engolidor de faca, os acrobatas, os trapezistas, até os palhaços. Só não tinha essa coisa elementar que era um time."




Ataque da seleção de 1956, Sabará, Didi, Zizinho Valter e Escurinho

 Como dizem:sabe de nada inocente...



Seleção Campeã do Mundo em 1958


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