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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


sábado, 9 de maio de 2015

MUDAR PARA NADA MUDAR

Por Marco Aurélio Luz



O filme consagrado de Luchino Visconti é baseado no famoso livro Il Gattopardo (1954-1957) de Giuseppe Tomasi di Lampedusa.
O filme O LEOPARDO (1963) de Luchino Visconti, é uma belíssima abordagem sobre a época do Ressurgimento Italiano dos inícios aos meados do século XIX que culmina com a reunificação da Itália e o reinado de Vitor Emanuel II da Casa de Saboia. O movimento teve participação ativa de Giuseppe Mazzini, admirador das ideias socialistas de Saint-Simon e de Giuseppe Garibaldi. Depois de muitas batalhas e combates, o grande herói Garibaldi, aceita aliança com o rei pela unificação da Itália e são descartados naquele momento ideais republicanos e socialistas.


O encontro de Garibaldi e Vitor Emanuel II, Pintura de Sebastiano De Albertis (1870)

As primeiras imagens denotam a aparência de um grande palácio desgastado pelo tempo.


Palácio do Príncipe de Salinas

 O caminho de entrada margeado por estatuas de mármore,  culmina com um terraço que dá entrada a uma sala onde a família do Príncipe de Salinas Don Fabrizio (Burt Lancaster), reza unida acompanhando a ladainha do padre.


Tropas revolucionárias de Garibaldi invadem a Sicília, levando a bandeira tricolor.

Num repente, alaridos externos denotam a situação. Há guerra. Tropas de Garibaldi desembarcam na Sicília desejando o fim da aristocracia e seus privilégios.
Seu jovem sobrinho Tancredi (Alain Delon), surpreendentemente vai se alistar nas forças revolucionárias. Seu tio pede uma explicação e obtém a respostas que será o mote do magnifico filme:"é preciso que as coisas mudem de lugar para permanecer onde estão".



Don Fabrizio lê a carta de um aristocrata alertando para os perigos que etão correndo

Para Don Fabrizio se retirar para seu palácio de férias em Donna Fugata, é a solução. A ultrapassagem de uma barreira na estrada, composta pelos revolucionários com a intervenção de Tancredi, é um primeiro sinal de que o sobrinho tem suas razões.


Barreira na estrada

A chegada na vila com o respeitoso acolhimento e reconhecimento do poder aristocrático, é um índice para novas negociações. O prefeito do lugar, próspero novo rico, Don Calogero Sedara (Paolo Stoppa) ainda súdito e admirador da aristocracia de sua refinada e elegante linguagem do poder, representará um novo tempo de aliança entre a nobreza e a burguesia.


Don Calógero estende a mão ao Príncipe que o trata com desprezo.

Convidados para um jantar, a filha de Don Calógero chama atenção por seu charme e estonteante beleza.



O jantar no palácio do Príncipe de Salinas em Donna Fugata



Angélica filha de Don Calógero, abastado burgues.

Angélica (Claudia Cardinale) e Tancredi se seduzem um pelo outro.


O charme da burguesia encanta o jovem aristocrata

Tancredi conta uma historieta picante de convento freiras e soldados. Angélica reage com estrepitosa gargalhada, o que provoca a retirada de todos da mesa acompanhando Don Fabrizio. Está encerrado o jantar.
A aliança com a burguesia encerra também a aliança da nobreza com o clero. O Estado será laico.
Outro admirador da estética que envolve a decoração do palácio na Sicília e seus afrescos no teto, é o general que comanda as tropas e que acompanha Tancredi. Em dado momento da visita o general refere-se a Don Fabrizio com o tratamento de Excelência, o que logo Tancredi percebe como índice de confirmação de suas ideias.


O general a convite de Tancredi visita o palácio do Princípe de Salinas


Acontece um plebiscito sobre a Itália unificada. Surpreendendo a todos, Don Fabrizio vota a favor. Em diálogo com um súdito que o acompanha nas caçadas Don Ciccio, ele explica a mesma estratégia que lhe sugeriu Tancredi.



 Durante caçada Don Ciccio tenta entender a estratégia da aristocracia

Sem bem entender do que se trata por ser grato e fiel a aristocracia dos Bourbons ele se exalta dizendo que votou contra a unificação da Italia. A pedido do príncipe Don Ciccio dá informações preciosas sobre a fortuna de Don Calogero e o comportamento de sua filha de esplendorosa beleza.
Mais tarde quando Don Fabrizio revela o interesse de aliança com representantes da burguesia Don Ciccio se revolta dizendo ser o fim da nobreza.
 Foi acalmado por D. Fabrizio que afirma que é essa aliança que manterá a continuidade da aristocracia.
O Príncipe recebe carta de Tancredi pedindo que intervenha num pedido de casamento da linda Angélica.  Don Calogero é convidado ao palácio e em meio a soberba do príncipe apresentando sua árvore genealógica, ele contrapôs apresentando o dote para sua filha, um latifúndio de ótimas terras produtivas, e uma apreciável soma de dinheiro para Tancredi. Está selado o acordo.


Com a oferta de Don Calógero o acordo de casamento é selado

Em meio a uma tempestade, retorna das batalhas Tancredi acompanhado de um amigo também nobre e de um ordenança. Entre abraços e regozijos de sua chegada, Don Fabrizio estranha o novo uniforme azul ao invés do anterior vermelho. Tancredi explica que a revolução acabou e que então ingressou no exército do rei Don Emmanuel, agora sim "um verdadeiro exército", diferente das guerrilhas populares de Garibaldi.
Tancredi passeia com Angélica pela opulência decadente do palácio, caem deitados numa alcova empoeirada em um dos cômodos se beijam, mas ele renuncia prosseguir alegando que só depois de casar. Preserva o direito de herança da nobreza. 
Com dinheiro dado por Don Fabrizio que economizou, apresenta um lindo anel de noivado.


Integrado no exército do rei Vitor Emmanuel II Tancredi oferece o anel de aliança

Num lindo palácio há um grande baile oferecido pela nobreza,onde as linhagens aristocráticas, abastados burgueses e a alta hierarquia militar  se confraternizam .  A Itália unificada demonstra no baile, as novas alianças que constituem o novo bloco no poder.


O baile sacramenta a aliança da aristocracia com a burguesia garantida pela força militar

A burguesia admira maravilhada a linguagem estética do poder aristocrático e este admira o poder dos novos tempos de exercício de acumulação econômica.



Enquanto o casal se encontra no baile Don Calógero admira a decoração que ostenta o palácio



O Príncipe demonstra satisfação com a nova união

Esta aliança esta representada pela excelência na dança do par Angélica,com sua beleza e o frescor dos novos tempos, e Don Fabrizio em sua admirável elegância aristocrática.


A elegante apresentação na valsa de Don Fabrizio e Angelica demonstra a todos a passagem do tempo

Saindo do palácio o Príncipe caminha só, deprimido, sabe que os tempos são outros.  


Saindo do palácio só, o Príncipe caminha pelas alamedas da vila carente.

No caminhar ele pensa:
"-Nós éramos os leopardos, os leões; esses que nos substituiram são os chacais, as hienas; e todos os leopardos, chacais e ovelhas, continuarão a acreditar no sal da terra". 

Nota: Fotos disponíveis na internet


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