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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


sábado, 14 de outubro de 2017

AS ORIGENS DO CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE NEGRA


                                                                                       Por Marco Aurélio Luz

Se não me falha a memória, fui convidado por João Jorge do Olodum e Walmir França dos Negões a participar de um grupo reunido na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, para sugerir ações a serem adotadas nos primeiros "100 dias" do governo Valdir Pires.



 João Jorge Rodrigues dirigente do Olodum
Foto disponível na Internet


  
Valmir França Tata e Marco Aurélio Luz Oju Oba 
Foto  do acervo M . A. Luz

Nossa parte era referente aos interesses da “comunidade negra”. Resolvemos convidar representantes de instituições do “movimento negro” de então, como Mestre Didi Alapini que pediu para representá-lo, o professor Abade Ogan Otun Olokotun Jagun  da Casa Branca, o Abajigan Everaldo Duarte do Bogun,Valmir França Tata do Bate Folha, Mestre Cobrinha  e Mestre Moraes ambos da capoeira, Djalma dos Filhos de Gandhi, Vovô do Ilê Aiyê, João Jorge e Lazinho do Olodum, Amor Divino do Oba Dudu, e tantos outros, que se reuniam na Secretaria de Justiça e Direitos Humanos no Centro Administrativo então dirigida por Jorge Medauar.
As principais propostas para os "100 dias" foram; a retirada do posto de gasolina em área limítrofe com a entrada do terreiro da Casa Branca, considerado o mais antigo da tradição dos orixá; a retomada dos objetos de arte sacra do museu da polícia Nina Rodrigues, devolvendo-os para seus lugares de origem ou lugares adequados, conforme recomendações do Iº Seminários de Cultura da Cidade de Salvador em 1975; um local acolhedor para as academias de capoeira; contemplar espaços no carnaval para os desfiles de afoxés e blocos afro.
Vale ressaltar que o Iº Seminário de Cultura da Cidade de Salvador, encaminhou proposta de um abaixo assinado, convocando figuras exponenciais da sociedade para exigir o fim da exigência das casas de culto de matriz africana, de informar as autoridades policiais o dia e data que  realizariam suas cerimônias públicas. Em 1976 o Governo da Bahia atendeu a esse reclamo.
Para o encaminhamento de propostas durante o governo ora estabelecido, foi proposto a criação de um Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra a ser instalado no Gabinete do Governador.
Por iniciativa de João Jorge, foi convidado o advogado e constituinte liderança do movimento negro, Hélio Santos da Secretaria de Assuntos Afro de São Paulo  e que participara da criação do Conselho.


O Jurista Dr. Helio Santos
  Foto disponível na internet

A Secretaria de Assuntos Afro de São Paulo se destacava, pela realização do Projeto Zumbi com o apoio da Secretaria de Cultura e alguns líderes como  Cândido, Gustavo de Exu, Benedito Luís Amauro o Lumumba e Batista dentre muitos outros, com a presença de várias delegações do Brasil.
Nessa efervescência, Hélio Santos esteve na Bahia e apresentou a experiência de São Paulo que foi incorporada as nossas propostas.
Encaminhada as propostas ao governo eleito,infelizmente elas não tiveram nenhuma resposta e aos poucos nosso grupo foi se dissolvendo.
Sem Conselho, algumas propostas se concretizaram como a retirada do posto de gasolina e a criação de uma praça pertinente a fachada do terreiro da Casa Branca, e a criação do espaço Forte da Capoeira no largo de Santo Antônio.


  A Praça de Oxum na Casa Branca, Ilê Iyá Nassô Oká
 Foto disponível na Internet



  Forte da Capoeira
Foto disponível na internet

Anos depois, outro governo se apropriou da criação do Conselho, esvaziando a proposta inicial, e também substituindo a composição de líderes das instituições por pessoas indicadas pelo governo de ACM.


















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