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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


sexta-feira, 12 de junho de 2015

DESCOLONIZAÇÃO E EDUCAÇÃO POR UMA ECOLOGIA DE SABERES

Por Narcimária C. do Patrocinio Luz 




Solenidade de Colação de Grau dos Formandos 2.014.2- Pedagogia - UNEB Lauro de Freitas
Mesa composta por autoridades e membros do corpo docente da UNEB
Ao centro o Reitor da Universidade do Estado da Bahia José Bites.Da esquerda para à direita: Elita Nair dos Santos, uma das  funcionárias homenageada;Narcimária Correia do Patrocínio Luz, Patrona da turma;Mary Valda Souza Sales, Coordenadora do Colegiado de Pedagogia;Valdélio  Santos da Silva, professor homenageado da turma e Diretor do Departamento de Educação Campus I;representante da Prefeitura de Lauro de Freitas;Maria Helena Moraes Amorim, Paraninfa da turma;Antônio Amorim, professor homenageado da turma;Elaine Cristina Secretária Acadêmica do Departamento de Educação.
Foto Maurício Luz

Estendo essa homenagem às gerações de educadores que muito influenciaram a minha vida científico acadêmica.
Dentre eles, educadores como meus pais, Januária e Narciso com os quais compartilhei muitas ideias, valores e diversas performances na área de Educação.

Professora,pintora e educadora Januária Correia do Patrocínio


Professor, Educador Narciso José do Patrocínio

Meu pai costuma dizer:
“Acredito em Educação como um caminho valioso para superarmos as desigualdades sociais, a desesperança que toma o planeta... A Educação para mim é uma forma de aplacarmos o ponto de interrogação que temos sobre o futuro. Estamos vivendo uma sociedade que valoriza o ter mais que o ser... O dinheiro é a máxima da vida agora, e esse valor coloca a vida por um fio...” (Narciso Patrocínio).
Outra personalidade de suma importância na minha vida foi o querido Mestre Didi, um educador importante na história da Educação no Brasil, e que sempre me inspirou e  proporcionou descobertas infindáveis de linguagens na área de Educação.


Líder sacerdotal, escritor, escultor, educador, Deoscoredes M. dos Santos, Mestre Didi

Peço uma salva de palmas para o Professor Doutor Marco Aurélio Luz, cientista social, cujo pensamento teórico-epistemológico alicerçou todas as aulas que realizei nessa turma.

Professor, escritor, escultor, educador Marco Aurélio Luz no auditório do Cine Teatro de Lauro de Freitas.
Foto Maurício Luz


Outra personalidade que gostaria de destacar estendendo essa  homenagem, é  B.B. King,conhecido como o"Rei do Blues" e que perdemos neste mês de maio.A genialidade do toque da guitarra de  B.B. King e a riqueza do seu  seu repertório,  também faz parte das escutas poéticas que marcaram a minha vida alimentando-me emocionalmente.  



Imagem disponível em http://www.business2community.com/social-buzz/thrill-gone-b-b-king-gone-01227823

 Assim como o  blues,o samba,o jazz,  também me  inspiram  animando-me como educadora a transcender corajosamente a teia dos discursos   tecnoburocráticos  na área de Educação. BB King certa vez comentou:
 “A beleza do aprendizado é que ninguém pode roubá-lo de você. Eu sei que tenho um trabalho que eu gosto, e quando parece que as pessoas gostam do que eu faço, eu ainda gosto mais. Quando eu consigo deixar aflorar algo que me faz mais forte, sinto que isso me dá energia.” (B.B. King).
Também tenho esse mesmo sentimento!
 Esse é meu ânimo!
Acredito que pensar e atuar na área da Educação no Brasil do jeito que venho fazendo, deve-se muito ao meu envolvimento comunitário! Através dele me aproximo das minhas origens, ancestralidade africana, minha descendência africano-brasileira que me envolve em linguagens ético-estéticas singulares. Só sei que minhas atividades científicas e acadêmicas são influenciadas por esse envolvimento comunitário que torna possível identificar abordagens, reflexões, proposições e iniciativas preciosas.
Há um provérbio africano nagô que diz que “os dedos não são iguais”.
Simples, não? Não. Não é!

Imagem disponível em http://pt.dreamstime.com/fotografia-de-stock-aberto-entregue-para-tr%C3%A1s-image2183782

Cada dedo tem um tamanho que os diferencia. Eles são opostos, mas a mão serve como base de sustentação, reunindo-os, assegurando as diferenças que os caracteriza, fazendo-os conviverem com suas singularidades, tornando cada um importante para a funcionalidade da mão.
Esse aprendizado dos provérbios caracterizam canais valiosos para nós educadores! Esse de modo especial, me fez reconhecer e valorizar a pulsão de vida que essa turma emana!

Professora Narcimária C. Do Patrocínio Luz profere seu discurso de patronesse.

Foto: Maurício Luz


Aprendi com vocês a lidar com emoções envolvendo, dor, alegrias, perdas, ternura, raiva, recalques profundos a identidade própria, silêncios profundos, medos, frustrações, vitórias, impotências, superação, sonhos, encontros, desencontros, arrogância, egocentrismo, lágrimas, ternura, morte/vida... ou parafraseando o poeta Gonzaguinha “trajetórias opostas sem jamais deixar de sonhar”.
Pois bem graduandos/as (aqui acho melhor falar no singular): Se você sabe quem você é, a sua origem, sempre vai fazer o exercício de: "...  Voltar e apanhar de novo. Aprender do passado, construir sobre as fundações do passado.  Em outras palavras, volte às suas raízes e construa sobre elas para (...) a prosperidade de sua comunidade em todos os aspectos da realização humana". (Elisa Larkin)

SANKOFA!




Lembram-se do nosso mosaico de histórias da educação?



Oficinas lúdico-estéticas Sankofa Mosaico Redivivo de História(S) de Educação desenvolvidas com crianças da Educação Infantil e Ensino Fundamental pelos graduandos/as de Pedagogia no 1ºsemestre 2011.


Oficinas lúdico-estéticas Sankofa Mosaico Redivivo de História(S) de Educação desenvolvidas com crianças da Educação Infantil e Ensino Fundamental pelos graduandos/as de Pedagogia no 1ºsemestre 2011.

Indagações de princípio compuseram a minha convivência com vocês: é possível “formar” educadores sem aproximá-los da riqueza de linguagens que caracterizam a formação social brasileira? É possível “formar” educadores sem que eles exercitem a análise do discurso fundamental às elaborações contextuais capazes de transcender a abordagem linear e evolucionista da história?
Audácia, curiosidade, sensibilidade, criatividade e vivacidade eis algumas das características fundamentais para o exercício de uma nova arte de pensar a contemporaneidade e seus desdobramentos na educação. Como ser educador sem conhecer a História da humanidade, e aqui me refiro às civilizações da Áfricas, Américas, Caribe, Ásia, Europa, Oceania? Que educador pode viver sem conhecer a história das suas origens?
Aqui destaco que todo caminho que percorremos foi o da descolonização e, através dele, conseguimos compor uma ECOLOGIA DE SABERES . A descolonização nos obriga a pensar radicalmente o lugar em que estamos pensar a partir das nossas raízes. Você só muda ou se transforma a partir do seu lugar, da sua comunidade. Você só se universaliza a partir da sua cidade de seu país.
Descolonizar na área de Educação é para promover a diversidade, educar para o sensível, o afeto, para uma ética da coexistência.
Quando me refiro à ecologia de saberes, é para destacar a importância de darmos valor as nossas territorialidades, ao povo que nela vive, e aprendermos a recorrer a esses arquivos vivos de sabedorias e memórias africanas e aborígines para falarmos sobre o nosso solo de origem, sobre quem nós somos e o impacto desses valores para as gerações sucessoras.

Homenagem à professora Narcimária.
Professora Narcimária com a graduanda Cremilda Sacramento
Foto Maurício Luz


De tudo o que fica...
O exercício que fizemos durante o tempo de convivência... A recusa implacável ao lugar comum e equivocado da educação neocolonial que impõe a subserviência.
Estamos formando uma geração de educadores que terão que lidar com muitos desafios. Aproveito a oportunidade para me referir a Declaração de Incheon na Coréia do Sul que traça a agenda de educação global para os próximos 15 anos, ou seja, as novas metas mundiais de educação no período 2016-2030. Nelas estão as orientações legais de políticas para a educação, em um documento que irá mobilizar todos os países para implementar a nova agenda.
Desejo que vocês não se calem diante da agenda da Declaração de Incheon. Ousem! Proponham! Incluam inquietações urgentes e candentes! Assumam o direito à alteridade civilizatória dos povos como um princípio fundamental!
Quando apresentarem a vocês (os tecnoburocratas da educação) a Declaração de Incheon, como uma “moda” a ser seguida. Insurjam-se! Incluam na agenda da Declaração de Incheon o direito à vida, à existência! Abram o debate para a institucionalização de instrumentos jurídicos que protejam as nossas crianças e jovens das políticas genocidas tão presentes nas sociedades contemporâneas; Reivindiquem políticas públicas que contemplem direitos coletivos capazes de estabelecer espaços institucionais de combate ao racismo e suas engrenagens ideológicas, que tendem a tragar a vida, levando muitos povos  a terem que lidar com situações marcadas por muita dor e humilhação.  
Vocês podem perguntar: mas professora será que estamos preparados/as?
Essa pergunta me lembra um diálogo muito interessante que vi no filme “Selma, uma luta pela igualdade”(2014).


Imagem disponível em http://ahoradofilme.com.br/2015/01/12/bilheteira-fim-de-semana-nos-eua-busca-implacavel-3-fica-com-lideranca/


 O filme aborda aspectos da organização e realização da marcha pelos direitos civis na cidade de Selma no Alabama em 1965. O diálogo acontece entre Coretta King esposa de Martin Luther King e Amélia Boynton, uma liderança feminina importante na história do movimento dos direitos civis nos EUA.
Martin Luther King é preso,e Coretta se vê envolvida na condução do processo de organização da marcha e outras providências.Nesse ínterim,acontecerá  um importante encontro com Malcom X  e nele, ela terá que afirmar e assegurar que  as ideias do seu marido não se dispersem. Coretta se sente insegura no decorrer desses preparativos,é assim que ela expõe seus sentimentos e receios para Amélia.
O diálogo é assim:
Coretta King: Gostaria de ter mais tempo para preparar todos nós. Será que estou preparada?
Amélia Boynton: Não tema!Somos descendentes de gente poderosa, que deu a civilização para o mundo. Gente que sobreviveu a navios negreiros, através de vastos oceanos. Gente que inovou ,criou e amou, apesar das grandes pressões e torturas inimagináveis. Estão no nosso sangue, bombeando nossos corações a cada segundo. Eles lhe prepararam! "


Cena do filme “Selma, uma luta pela igualdade”(2014) Diálogo entre Coretta King e Amélia Boynton interpretada pelas atrizes Carmen Ejogo e Lorraine Toussaint
Imagem disponível em https://abbieplouff.wordpress.com/2015/01/19/on-the-women-of-selma/
Vocês estão preparados/as!


Homenagem ao Professor Doutor Marco Aurélio Luz.
Marco Aurélio recebendo a placa de Amigo da Turma pela Graduanda Ana Patrícia F. Reis da Silva
Foto Maurício Luz
Acrescento ainda outra perspectiva político filosófica que ratifica a abordagem da Descolonização e Educação tão preciosa em nossas vidas.
A utopia que nos move na direção dessa abordagem da Descolonização e Educação, carrega também um pouco da sabedoria guerreira milenar dos nossos povos inaugurais das Américas. Escutem  a mensagem que finaliza o conjunto dessas reflexões que trago essa noite com o coração:
 “[...] no caminho do guerreiro, cabe você discernir o que foi tecido pelos fios divinos e o que foi tecido pelos fios humanos. Quando você principia a discernir, você se torna um txucarramãe-um guerreiro sem armas. Porque os fios tecidos pela mão do humano formam pedaços vivificados pelo seu espírito. Essa mão gera todos os tipos de criação. Muitas coisas fazem parte de você para se defender do mundo externo, geradas pela sua própria mão e pelo seu pensamento. Quando você descobre o que tem feito da sua vida e como é a sua dança no mundo, desapega-se aos poucos das armas, que são criações feitas para matar criações. De repente, descobre-se que, quando paramos de criar o inimigo, extingue-se a necessidade das armas” (Kaká Werá Jecupé).


Kaká Werá Jecupé
Imagem disponível em http://www.irradiandoluz.com.br/2008/10/somos-parte-da-terra-e-ela-e-parte-de.html
Muito obrigada por essa singela e importante homenagem!
Para dar mais vigor a essas reflexões acompanhem a genialidade do Rei do Blues B. B. King no vídeo a seguir.



Reflexões desenvolvidas no âmbito da formatura do curso de Pedagogia do Polo Universitário de Santo Amaro de Ipitanga-PUSAI/Departamento de Educação Campus I   Universidade do Estado da Bahia em 29/05/2015






AO SABOR DA VOZ E GUITARRA DE B.B. KING How Blue Can You Get (Legends of Rock 'n' Roll)


AS GANHADEIRAS DE ITAPUÃ



 
Grupo As Ganhadeiras de Itapuã vence 26º Prêmio da Música Brasileira como Melhor Álbum Regional

O disco premiado, que leva o mesmo nome do grupo, foi lançado em 2014 e teve o apoio financeiro do Fundo de Cultura da Bahia, mecanismo da SecultBA




O grupo As Ganhadeiras de Itapuã venceu o 26° Prêmio da Música Brasileira, na categoria Melhor Álbum Regional. O disco de estreia – que leva o mesmo nome do grupo – foi lançado em 2014 e teve o apoio financeiro do Fundo de Cultura da Bahia, mecanismo da Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA) e da Secretaria da Fazenda (Sefaz). A premiação aconteceu ontem (10), no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e ainda prestou homenagem a cantora baiana Maria Bethânia.

O grupo As Ganhadeiras de Itapuã foi formado em 2004 e conta com a participação de senhoras, crianças e músicos, que juntos desenvolvem um repertorio de cantos, cantigas e sambas, que embalaram os sonhos e amenizavam as dificuldades na peleja do dia a dia, dos negros escravos e libertos, que entre os séculos XVII e XIX, dominaram o comercio varejista de muitas cidades brasileiras.

Sobre o Fundo de Cultura do Estado da Bahia (FCBA) – Criado em 2005 para incentivar e estimular as produções artístico-culturais baianas, o Fundo de Cultura é gerido pelas Secretarias da Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) e da Fazenda (Sefaz). O mecanismo custeia, total ou parcialmente, projetos estritamente culturais de iniciativa de pessoas físicas ou jurídicas de direito publico ou privado. Os projetos financiados pelo Fundo de Cultura são, preferencialmente, aqueles que apesar da importância do seu significado, sejam de baixo apelo mercadológico, o que dificulta a obtenção de patrocínio junto à iniciativa privada. O FCBA está estruturado em 4 (quatro) linhas de apoio, modelo de referência para outros estados da federação: Ações Continuadas de Instituições Culturais sem fins lucrativos; Eventos Culturais Calendarizados; Mobilidade Artística e Cultural e Editais Setoriais. Para mais informações, acesse:www.cultura.ba.gov.br.

11/06/2015

 

sábado, 9 de maio de 2015

MUDAR PARA NADA MUDAR

Por Marco Aurélio Luz



O filme consagrado de Luchino Visconti é baseado no famoso livro Il Gattopardo (1954-1957) de Giuseppe Tomasi di Lampedusa.
O filme O LEOPARDO (1963) de Luchino Visconti, é uma belíssima abordagem sobre a época do Ressurgimento Italiano dos inícios aos meados do século XIX que culmina com a reunificação da Itália e o reinado de Vitor Emanuel II da Casa de Saboia. O movimento teve participação ativa de Giuseppe Mazzini, admirador das ideias socialistas de Saint-Simon e de Giuseppe Garibaldi. Depois de muitas batalhas e combates, o grande herói Garibaldi, aceita aliança com o rei pela unificação da Itália e são descartados naquele momento ideais republicanos e socialistas.


O encontro de Garibaldi e Vitor Emanuel II, Pintura de Sebastiano De Albertis (1870)

As primeiras imagens denotam a aparência de um grande palácio desgastado pelo tempo.


Palácio do Príncipe de Salinas

 O caminho de entrada margeado por estatuas de mármore,  culmina com um terraço que dá entrada a uma sala onde a família do Príncipe de Salinas Don Fabrizio (Burt Lancaster), reza unida acompanhando a ladainha do padre.


Tropas revolucionárias de Garibaldi invadem a Sicília, levando a bandeira tricolor.

Num repente, alaridos externos denotam a situação. Há guerra. Tropas de Garibaldi desembarcam na Sicília desejando o fim da aristocracia e seus privilégios.
Seu jovem sobrinho Tancredi (Alain Delon), surpreendentemente vai se alistar nas forças revolucionárias. Seu tio pede uma explicação e obtém a respostas que será o mote do magnifico filme:"é preciso que as coisas mudem de lugar para permanecer onde estão".



Don Fabrizio lê a carta de um aristocrata alertando para os perigos que etão correndo

Para Don Fabrizio se retirar para seu palácio de férias em Donna Fugata, é a solução. A ultrapassagem de uma barreira na estrada, composta pelos revolucionários com a intervenção de Tancredi, é um primeiro sinal de que o sobrinho tem suas razões.


Barreira na estrada

A chegada na vila com o respeitoso acolhimento e reconhecimento do poder aristocrático, é um índice para novas negociações. O prefeito do lugar, próspero novo rico, Don Calogero Sedara (Paolo Stoppa) ainda súdito e admirador da aristocracia de sua refinada e elegante linguagem do poder, representará um novo tempo de aliança entre a nobreza e a burguesia.


Don Calógero estende a mão ao Príncipe que o trata com desprezo.

Convidados para um jantar, a filha de Don Calógero chama atenção por seu charme e estonteante beleza.



O jantar no palácio do Príncipe de Salinas em Donna Fugata



Angélica filha de Don Calógero, abastado burgues.

Angélica (Claudia Cardinale) e Tancredi se seduzem um pelo outro.


O charme da burguesia encanta o jovem aristocrata

Tancredi conta uma historieta picante de convento freiras e soldados. Angélica reage com estrepitosa gargalhada, o que provoca a retirada de todos da mesa acompanhando Don Fabrizio. Está encerrado o jantar.
A aliança com a burguesia encerra também a aliança da nobreza com o clero. O Estado será laico.
Outro admirador da estética que envolve a decoração do palácio na Sicília e seus afrescos no teto, é o general que comanda as tropas e que acompanha Tancredi. Em dado momento da visita o general refere-se a Don Fabrizio com o tratamento de Excelência, o que logo Tancredi percebe como índice de confirmação de suas ideias.


O general a convite de Tancredi visita o palácio do Princípe de Salinas


Acontece um plebiscito sobre a Itália unificada. Surpreendendo a todos, Don Fabrizio vota a favor. Em diálogo com um súdito que o acompanha nas caçadas Don Ciccio, ele explica a mesma estratégia que lhe sugeriu Tancredi.



 Durante caçada Don Ciccio tenta entender a estratégia da aristocracia

Sem bem entender do que se trata por ser grato e fiel a aristocracia dos Bourbons ele se exalta dizendo que votou contra a unificação da Italia. A pedido do príncipe Don Ciccio dá informações preciosas sobre a fortuna de Don Calogero e o comportamento de sua filha de esplendorosa beleza.
Mais tarde quando Don Fabrizio revela o interesse de aliança com representantes da burguesia Don Ciccio se revolta dizendo ser o fim da nobreza.
 Foi acalmado por D. Fabrizio que afirma que é essa aliança que manterá a continuidade da aristocracia.
O Príncipe recebe carta de Tancredi pedindo que intervenha num pedido de casamento da linda Angélica.  Don Calogero é convidado ao palácio e em meio a soberba do príncipe apresentando sua árvore genealógica, ele contrapôs apresentando o dote para sua filha, um latifúndio de ótimas terras produtivas, e uma apreciável soma de dinheiro para Tancredi. Está selado o acordo.


Com a oferta de Don Calógero o acordo de casamento é selado

Em meio a uma tempestade, retorna das batalhas Tancredi acompanhado de um amigo também nobre e de um ordenança. Entre abraços e regozijos de sua chegada, Don Fabrizio estranha o novo uniforme azul ao invés do anterior vermelho. Tancredi explica que a revolução acabou e que então ingressou no exército do rei Don Emmanuel, agora sim "um verdadeiro exército", diferente das guerrilhas populares de Garibaldi.
Tancredi passeia com Angélica pela opulência decadente do palácio, caem deitados numa alcova empoeirada em um dos cômodos se beijam, mas ele renuncia prosseguir alegando que só depois de casar. Preserva o direito de herança da nobreza. 
Com dinheiro dado por Don Fabrizio que economizou, apresenta um lindo anel de noivado.


Integrado no exército do rei Vitor Emmanuel II Tancredi oferece o anel de aliança

Num lindo palácio há um grande baile oferecido pela nobreza,onde as linhagens aristocráticas, abastados burgueses e a alta hierarquia militar  se confraternizam .  A Itália unificada demonstra no baile, as novas alianças que constituem o novo bloco no poder.


O baile sacramenta a aliança da aristocracia com a burguesia garantida pela força militar

A burguesia admira maravilhada a linguagem estética do poder aristocrático e este admira o poder dos novos tempos de exercício de acumulação econômica.



Enquanto o casal se encontra no baile Don Calógero admira a decoração que ostenta o palácio



O Príncipe demonstra satisfação com a nova união

Esta aliança esta representada pela excelência na dança do par Angélica,com sua beleza e o frescor dos novos tempos, e Don Fabrizio em sua admirável elegância aristocrática.


A elegante apresentação na valsa de Don Fabrizio e Angelica demonstra a todos a passagem do tempo

Saindo do palácio o Príncipe caminha só, deprimido, sabe que os tempos são outros.  


Saindo do palácio só, o Príncipe caminha pelas alamedas da vila carente.

No caminhar ele pensa:
"-Nós éramos os leopardos, os leões; esses que nos substituiram são os chacais, as hienas; e todos os leopardos, chacais e ovelhas, continuarão a acreditar no sal da terra". 

Nota: Fotos disponíveis na internet


terça-feira, 5 de maio de 2015

"INAICYRA EM MÃES ANCESTRAIS "



Inaicyra Falcão, intérprete soprano dramática, realiza no próximo dia 13 de maio, às 19h, no Espaço Cultural da Barroquinha única apresentação do show Mães Ancestrais, uma homenagem a todas as mães e principalmente a suas ancestrais. No repertório músicas do cd Okan Awa (Nosso Coração), disco que projetou a artista no cenário musical nacional ao interpretar cânticos tradicionais yorubá adaptados ao universo lírico.


 Okan Awa foi lançado em 31 de março de 2000 em homenagem ao centenário de nascimento da avó de Inaicyra, Maria Bibiana do Espírito Santo, a Mãe Senhora, Iyalorixá Oxum Muiwá, Iya Nassô. Inaicyra é descendente da tradicional família asipa, uma das linhagens fundadoras do reino africano de Keto.  
Os cânticos possuem letras em português e yorubá, isto é, a língua da tradição religiosa, preservada pela comunidade afro-brasileira, legado cultural do povo nagô. As adaptações foram feitas por Inaicyra Falcão, Beto Pelegrino e Paulo Adache, trabalhadas em cima de poemas em iorubá chamados orikis.


Inaicyra com seu pai Deoscoredes Maximiliano dos Santos o saudoso Mestre Didi
Inaicyra morou por 22 anos em Campinas, São Paulo e há 3 anos retornou a Salvador, sua terra natal. Esta é a primeira vez que Inaicyra realiza um show próprio no Espaço Cultural da Barroquinha, local de importância simbólica e histórica para a memória da religião dos orixás no Brasil. Diversos estudos e a tradição oral revelam que foi nos fundos da Igreja da Barroquinha (hoje espaço cultural, administrado pela prefeitura de Salvador) que surgiu o primeiro espaço da religião de matriz africana do Brasil. Inaicyra pertence a 6ª geração de uma das fundadoras do lendário Culto da Barroquinha, Marcelina da Silva, Obatossi. E para reverenciar a memória desta bem como a de  Mãe senhora, à ancestralidade e todas as mães, Inaicyra convida o público para apreciar esta apresentação.
Inaicyra  em uma das suas apresentações
Imagem disponível em http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/celebrando-o-dia-da-consciencia-negra-inaicyra-falcao-se-apresenta-no-espaco-xisto/?cHash=d3e50c9cbf06dec5deddda71b7363234

Quem assina a direção musical é Márcio Pereira, graduado em música pela Universidade Federal da Bahia e Mestre em Artes Musicais pela University of New Orleans.A realização do evento é da empresa de produção cultural Acosta Produções Artísticas, dirigida por Josi Acosta, atriz e professora de teatro gaúcha, radicada em Salvador há 4 anos. Sendo maio o mês das mães e apresentação uma homenagem as mães ancestrais, a produção irá liberar meia-entrada para mãe e filha que forem assistir juntas ao espetáculo, mediante apresentação de documento de identificação, pagam apenas 15 reais cada.


Ficha técnica:
Intérprete: Inaicyra Falcão
Direção Musical e violão:  Márcio Pereira
Percussão: Nielton Marinho
Concepção Cenográfica: Tulany e Josi Acosta
Programação Visual e fotografia: Sidney Rocharte
Técnico de som: Jeferson Souza
Iluminação: Tássio Ferreira
Figurino: Jorge Andrade
Maquiagem: Mário Farias
Turbante: Isa Oliver
Assistente de Produção: Karla Koimbra/Daniel Lira/Sérgio Laurentino
Coordenação Geral e Produção Executiva: Josi Acosta
Apoio divulgação: Catarina Reimão
REALIZAÇÃO: ACOSTA PRODUÇÕES ARTÍSTICAS
Serviço:
Inaicyra Falcão em Mães Ancestrais - Direção Musical: Márcio Pereira
Data: 13 de maio de 2015
Horário: 19h
Local: Espaço Cultural da Barroquinha
Ingressos a venda somente na bilheteria do teatro, no dia da apresentação, a partir das 17h;
Valor: R$: 30 (inteira) e R$: 15 (meia)

Classificação: livre

Inaicyra Falcão Nobre Asipa - Okan Awa, Cânticos da Tradição Yorubá


quinta-feira, 30 de abril de 2015

FÓRUM MESTRE ZUMBA,Pensamentos Afro-ameríndios

Por Nadir Nóbrega Oliveira 


A Universidade Federal de Alagoas-UFAL abrigou no período de 17 a 19  de dezembro 2014,o Fórum Mestre Zumba: Pensamentos Afro-ameríndios. O espaço concebido e coordenado pela Professora Doutora Nadir Nóbrega Oliveira,vem proporcionando no âmbito acadêmico de modo especial ,nos cursos de Licenciatura de Artes e Escola Técnica de Artes , debates e apresentações artísticas relacionadas ao patrimônio da civilização africana e dos povos indígenas no sentido de propiciar o diálogo com as culturas locais e dos saberes populares afro ameríndios.
 O Fórum vem estimulando  a produção acadêmica em torno das manifestações africanas e indígenas em Alagoas, tendo como fonte de inspiração inicial a vida e as obras do artista alagoano José Zumba, artisticamente conhecido como Mestre Zumba.

Tia Marcelina
 Quadro de Mestre Zumba 
Fotografia de Celso Brandão

A proposta "Mestre Zumba: Pensamentos Afro-ameríndios",contempla também os Saraus que ocorrem trimestralmente com temas relacionados as propostas do Fórum que em seu bojo apresentou aspectos relacionados aos movimentos indígenas e negros ultrapassando fronteiras  geográficas e culturais, políticas, sociais e artísticas de modo geral sem deixar de lado as especificidades locais.



Professora Nadir Nóbrega  conduzindo as atividades do Sarau Movimento Negro
Bar La Rosa Mossoró
Foto do acervo da autora


Professora Nadir Nóbrega  conduzindo as atividades do Sarau Movimento Indígena 

Bar La Rosa MossoróFoto do acervo da autora


José Zumba, nascido na cidade de Santa Luzia do Norte, foi um dos artistas alagoanos que mais imprimiu em seus trabalhos uma estética plástica afro alagoana e que ganhou vários prêmios e teve várias exposições realizadas tanto em Alagoas como em outros estados do Brasil, "tendo vivido paralelamente com a invisibilidade de seu potencial criativo vivendo mais precisamente como um "artista camelô"(SANTOS, Jeamerson dos. Um Estudo Descritivo da Vida e Obra do Artista Plástico José Zumba. Trabalho de Conclusão de Curso de Antropologia da Universidade Federal de Alagoas. 2013)
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Mestre José Zumba


Professora Nadir Nóbrega e a Srª Júlia trocando  as molduras de uma dos documentos que homenageiam Mestre Zumba.A professora ressalta que a nova moldura foi doação da pela Profª Dilma de Melo da UCA USP.


Srª Júlia Zumba- Viúva do Mestre Zumba, expondo documentos do artista com a nova moldura

Pintura Boi Bumbá de Mestre Zumba
1ª Oficina de Pintura  coordenada pelo Profº José  Acioli Filho 


1ª Oficina de Pintura  coordenada pelo Profº José  Acioli Filho – 2013



Professora Nadir Nóbrega e Jeamerson dos Santos pintando um painel inspirado na obra Filha de Santo de Mestre Zumba- 2013



 Professora Doutora Nadir Nóbrega Oliveira fazendo a abertura do Fórum na UFAL

Foto do acervo da autora


Divulgação  do Fórum.


Foto do acervo da autora


 Professora Nadir Nóbrega Oliveira prestando uma homengaem a Mestre Zumba.
A homenagem foi recebida por um dos filhos do Mestre,Samuel Zumba 
 Do lado esquerdo da professora  Jeamerson dos Santos - Cenotécnico  da Escola Técnica de Artes da UFAL.
Foto do acervo da autora 



 Desfile de trabalhos artísticos elaborados no âmbito das oficinas de pintura coordenadas pelo José  Acioli Filho  inspirados nas obras de Mestre  Zumba
Professora Nadir Nóbrega e a graduanda  Maria José dos Santos do Curso Licenciatura em Dança da UFAL   apresentando suas criações.Nadir expõe seu vestido e Maria José  o painel. 
Foto do acervo da autora 

O Fórum ampliou os diálogos tornando-os intinerantes, estendendo-se para outras fronteiras pelo Brasil, como foi o lançamento do DVD Fórum Mestre Zumba: pensamentos afro ameríndios na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia no dia 17 de abril.
Fórum Mestre Zumba tem o apoio e incentivo do Centro de Belas Artes de Alagoas (Cenarte), da Gerencia de Diversidade da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, do Sindicato dos Trabalhadores da Ufal (Sintufal), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal).


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Nadir Nóbrega Oliveira é graduada em Licenciatura Em Dança pela Universidade Federal da Bahia, Mestrado e Doutorado  m Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia.É Professora e Coordenadora de Estágio Supervisionado da Universidade Federal de Alagoas.