Mais tarde, a política colonial inglesa se projetou com intensidade no Brasil; iniciada quando trouxera D. João VI, rei de Portugal escapando da investida de Napoleão sobre Lisboa. Essa política se caracterizava por tentar estabelecer uma nova estratégia colonial; mudar para nada mudar.
Essa estratégia se estabelece quando o líder quilombola Dessalines derrota as tropas de Napoleão e garante a independência do Haiti (1804). A Jamaica colônia vizinha obriga os ingleses negociarem áreas libertadas com o capitão Cudgoe (1737e1796). Eles então resolveram estabelecer essa nova estratégia que constava do fim da vinda de africanos para as Américas e do incentivo da vinda de imigrantes europeus, a política de embranquecimento, da abolição da escravatura, da criação do mercado de trabalho para os novos habitantes e independência política associada à absoluta dependência econômica e militar. Em lugar das colônias de exploração, agora neocoloniais de exploração e povoamento.
O Tratado de Methuen (1703) já deixara Portugal na condição de comprador de todas as manufaturas inglesas, de um prego a um navio. Em troca os ingleses compram os vinhos. O incessante déficit da balança comercial da Coroa Portuguesa era coberto por empréstimos do capital financeiro dos bancos da própria Inglaterra. Com a independência o Brasil fica com essa herança.
Quando os navios de guerra ingleses abatem os navios tumbeiros que insistiam em burlar as leis do fim do tráfico escravista (1830), diante da reação de setores escravocratas, assim se manifesta José Bonifácio, em carta à Chamberlain, cônsul da Inglaterra: “Gostaria que os ingleses capturassem todo navio negreiro... não quero vê-los nunca mais: são a gangrena de nossa prosperidade. A população que queremos é branca...” Com o fim do tráfico escravista, a abolição da escravatura eram favas contadas.
Apesar de ter sido o último país a abolir a escravidão, a chamada “Guerra do Paraguai” (1864-1870) foi um passo importante na aceleração do processo nessa direção.
Com ela os ingleses conseguiram realizar vários intentos. Acabar com o “mau exemplo” do Paraguai, a nação Guarani, em tentar contornar e superar a dependência político-econômica, enfim romper o laço do imperialismo; diminuir drasticamente as populações não brancas na América do Sul, diminuir o número de escravos, e sobretudo, “the last but not the least,” aumentar consideravelmente a dívida externa financiando a venda de suas próprias armas para os litigantes especialmente o Brasil.
Os chamados “voluntários da pátria” eram os “senhores de escravos” que cediam dez ou mais escravizados para constituírem as tropas do Brasil. Nessa situação fica na memória a cantiga da Umbanda:
“Beira-Mar auê Beira-Mar
Ogun já jurou bandeira
Nas portas de Humaitá
Ogun já venceu demanda
Vamos todos saravá”.
Em meio a tudo isso a população negra por outro lado procurou “caçar jeito de viver”, aproveitando das liberdades alcançadas para ir repondo as instituições de sua civilização recriando uma nova cultura e territorialização mantendo a essência das tradições em suas redes comunitárias, comunalidades como até hoje...
Muitos voltaram libertos, superando o sofrimento e concorrendo para a contínua corrente de libertação, e em memória aos que de várias formas honraram nosso passado, nessa data se faz homenagem ao DIA DO PRETO VELHO. Em memória a D. Maria Batuque encerramos com a letra da cantiga preferida de despedida de sua entidade, Vovó Maria Conga.
“O sol nasceu já vai baiana
O sol nasceu nas ondas do mar, o,o,o
As ondas no mar batiam
Lá se vai Maria Conga
Feticêra da Bahia”
Uma aula de história da luta nas Américas. Esse texto tem que ser levado para a sala de aula! Luz trouxe uma visão bem ampla, mas que merece ser destrinchada ainda mais. Pois, acredito, que muitos desconheçam esses fatos. Ou simplesmente, os conhecem de maneira capenga. Que confesso esses último item ser o meu caso. Keliane
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