Marco Aurélio Luz respondeu que agressões às aparências físicas das crianças negras resultam de uma construção ideológica complexa e que devemos ser radicais isto é, ir à raiz do preconceito para entender de onde derivam os estereótipos que atravessam nosso cotidiano. Isso nos remonta ao período histórico em que se processou o fim da escravidão e o início da República. Esse período é composto pela política e pela ideologia do embranquecimento presente até os nossos dias de variadas formas. O nosso admirável líder Abdias do Nascimento demonstrou no livro O Genocídio do Negro Brasileiro todas as estratégias do Estado para aumentar a população branca e de diminuir a população negra. Além disso, damos relevância as estratégias de realização do neo colonialismo para tentar implantar o que alguém denominou de Europa tropical em nossa terra. Para resumir o assunto no plano ideológico, alimentando a Razão de Estado a Universidade através do médico e professor Nina Rodrigues no início do século passado construiu a ideologia teórica do racismo. Foi ampliada a criação do falso conceito de raça e a partir dele ele constituiu uma escala evolutiva. O branco mais evoluído o negro mais atrasado. Isso porque inventando falsas teorias afirmou que a mente do negro estaria comprometida pela doença mental da histeria, cujo sintoma no seu entender acometeria as sacerdotisas das religiões no momento da possessão das entidades. Assim ele coloca no âmago do recalque na base da rejeição da construção ideológica do racismo a religião de tradição africana e suas sacerdotisas. Como a religião é a fonte da cultura e da civilização negro africana ele procura desqualificar esse processo que é uma herança milenar de nosso povo e tenta incapacitar o cidadão negro para o exercício pleno da cidadania. Nossos projetos e experiências erigindo nossas Iya mi Agbá, nossas mães ancestrais, como símbolos da continuidade de nossa riquíssima herança cultural ancestral dá ensejo a que avancemos tentando superar os limites da problemática do racismo.
sábado, 14 de agosto de 2010
II SEMINÁRIO NACIONAL AFRICANIDADES E AFRODESCENDÊNCIA/PARTE II
Continuamos essa semana a apresentar algumas contribuições apresentadas pelos Professores Marco Aurélio Luz,Makota Valdina Pinto e Professora Narcimária Luz, no âmbito do IIºSeminário Nacional Africanidades e Afrodescendência realizado na Universidade Federal do Espiríto Santo em maio de 2010.A participação dos professores/as foi na Mesa "Educação na Perspectiva da Ancestralidade Africana" coordenada pela Professora Maria Aparecida Santos Corrêa Barreto.
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Por Marco Aurélio Luz
O PRODESE-Programa Descolonização e Educação coordenado pela Professora Narcimária Correia do Patrocínio Luz,atua no plano das atividades didáticas, tanto da graduação quanto da pós-graduação e também promove estudos e pesquisas integradas à extensão universitária. Como resultado das ações do PRODESE destacamos a publicação de diversos livros dentre os quais pluralidade cultural e educação, os Cadernos de Pesquisa SEMENTES, e muitos outros. Destacamos também a realização de conferências, palestras, simpósios e seminários como ÉTICA DA COEXISTÊNCIA. Em 2001. Além disso, promove amostra de artes, pintura e esculturas, apresentações de grupos de dança e música e dramatizações.
No que se refere à extensão o PRODESE além de estimular a atuação de seus alunos professores junto às escolas publicas ou particulares para imprimir os resultados pedagógicos alcançados, criou o projeto DAYÒ.
“DAYÒ fortalecendo a alegria socioexistencial em comunalidades africano- brasileiras “é constituído por uma equipe que realiza experiências de extensão em projetos que ousam nos situar em um novo continente teórico–epistemológico em educação, assentado na erudição dos valores e linguagens do continuum civilizatório africano-brasileiro.
Toda essa atuação procura se situar no sentido de dar continuidade a perspectiva da Iyalorixá Oxun Muiwá, Sra. Maria Bibiana do Espírito Santo, conhecida como Mãe Senhora, sucessora de Mãe Aninha que se referiu as estratégias da luta de afirmação das comunidades com uma dinâmica peculiar, “Da porteira para dentro, da porteira para fora.” De um lado a preservação e expansão do axé através da manutenção da liturgia, de outro os desdobramentos das recriações culturais para reforço comunitário.
No IIº Seminário Nacional Africanidades e Afrodescendência a Professora Narcimária trouxe a contextualização do PRODESE,e em seguida prosseguiu a sua participação recitando um pequeno trecho de um oriki, poema laudatório, de saudação as mães ancestrais, especialmente dedicada a Oba Tossi, Sra. Marcelina da Silva, da tradicional linhagem dos Axipá, foi das primeiras Iyalorixá do Ilê Iyá Nasso Oká, casa original da tradição nagô e que foi quem iniciou Mãe Aninha. Foi na tradução do idioma yorubá que Narcimária recitou:
“A guerra trouxe a Mãe,
Filha de Xangô que chegouCom a guerra.
Mas não tema a batalha
Pois a Mãe perdeu o medo
Roguemos aos Orixás,
Para que a alegria se expanda pelo mundo”
Professor Marco Aurélio Luz e a Professora Narcimária Luz
(Fotos arquivo da ACRA/Seminário Internacional de Capoeira da ACRA /2006)
Narcimária referiu-se a um episódio da Mini Comunidade Oba Biyi que certa feita um professor apresentou a maquete do globo terrestre, e que os alunos replicaram:- “isso é o mundo?Da mesma forma falando sobre a África apresentaram o mapa. Em contraposição um dos alunos aproveitando os materiais de uma exposição de arte integrada compôs uma escultura da figura de um Baba Egun, o ancestral masculino da nossa tradição. Para eles a África está em nós e quem garante é a ancestralidade.Por fim ela dramatizou dois contos de livros de Mestre Didi, “A Tartaruga e o Elefante”, e a “O Cágado, a Nambú e o Jacaré”, demonstrando todo poder de encantamento e ludicidade que proporcionam as narrativas de nosso patrimônio cultural.
Encerrada a exposição da Professora Narcimária, a Professora Maria Aparecida passou a palavra a Makota Valdina Pinto. Ela se apresentou como uma professora lutadora para vencer os preconceitos referentes a quem além de mulher negra participa da religião afro brasileira, da tradição Angola em que é conhecida como Makota. Acrescentou que sua atividade didática, porém não se refere à religião não tem posições sectárias muito menos de catequese. Ao contrário de professores seguidores de outras religiões que procuram realizar pregações e mesmo difamar as religiões de origem africanas. O Estado brasileiro é laico e, portanto na escola não deve haver esse tipo de comportamento, tanto mais que a nossa constituição garante a liberdade de culto, e, portanto é um dever de todo cidadão respeitar esse direito.
No decorrer de sua trajetória como educadora ela se referiu a sua aproximação com o bloco afro Ilê Aiyê, e o esforço dessa instituição de cultura afro brasileira em procurar resguardar o orgulho do povo negro realizando vários eventos anualmente além de aproveitar o espaço do carnaval para divulgar nossos valores. Além disso, a instituição mantém a escola Mãe Hilda cujo nome é homenagem a Iyá Jitolú que sempre proporcionou a sustentação espiritual da instituição.Anualmente o Ilê Aiyê escolhe um tema relacionado à África ou a comunidade afro brasileira para enriquecer os conhecimentos de seus participantes através da linguagem própria do bloco.Assim é que como um desdobramento das ações do Ilê Aiyê ela trabalhou com seus alunos as temáticas do bloco divulgando conhecimento música e poesia. Dessa forma ela conseguia aumentar a auto-estima e vencer os preconceitos e os recalques no âmbito de sua atividade escolar.Após a abordagem realizada pela Makota Valdina,a Professora Maria Aparecida coordenadora da Mesa, proporcionou ao auditório espaço pára que fossem feitas algumas perguntas e uma delas foi: como se combate especificamente as agressões racistas?
Marco Aurélio Luz respondeu que agressões às aparências físicas das crianças negras resultam de uma construção ideológica complexa e que devemos ser radicais isto é, ir à raiz do preconceito para entender de onde derivam os estereótipos que atravessam nosso cotidiano. Isso nos remonta ao período histórico em que se processou o fim da escravidão e o início da República. Esse período é composto pela política e pela ideologia do embranquecimento presente até os nossos dias de variadas formas. O nosso admirável líder Abdias do Nascimento demonstrou no livro O Genocídio do Negro Brasileiro todas as estratégias do Estado para aumentar a população branca e de diminuir a população negra. Além disso, damos relevância as estratégias de realização do neo colonialismo para tentar implantar o que alguém denominou de Europa tropical em nossa terra. Para resumir o assunto no plano ideológico, alimentando a Razão de Estado a Universidade através do médico e professor Nina Rodrigues no início do século passado construiu a ideologia teórica do racismo. Foi ampliada a criação do falso conceito de raça e a partir dele ele constituiu uma escala evolutiva. O branco mais evoluído o negro mais atrasado. Isso porque inventando falsas teorias afirmou que a mente do negro estaria comprometida pela doença mental da histeria, cujo sintoma no seu entender acometeria as sacerdotisas das religiões no momento da possessão das entidades. Assim ele coloca no âmago do recalque na base da rejeição da construção ideológica do racismo a religião de tradição africana e suas sacerdotisas. Como a religião é a fonte da cultura e da civilização negro africana ele procura desqualificar esse processo que é uma herança milenar de nosso povo e tenta incapacitar o cidadão negro para o exercício pleno da cidadania. Nossos projetos e experiências erigindo nossas Iya mi Agbá, nossas mães ancestrais, como símbolos da continuidade de nossa riquíssima herança cultural ancestral dá ensejo a que avancemos tentando superar os limites da problemática do racismo.
Marco Aurélio Luz respondeu que agressões às aparências físicas das crianças negras resultam de uma construção ideológica complexa e que devemos ser radicais isto é, ir à raiz do preconceito para entender de onde derivam os estereótipos que atravessam nosso cotidiano. Isso nos remonta ao período histórico em que se processou o fim da escravidão e o início da República. Esse período é composto pela política e pela ideologia do embranquecimento presente até os nossos dias de variadas formas. O nosso admirável líder Abdias do Nascimento demonstrou no livro O Genocídio do Negro Brasileiro todas as estratégias do Estado para aumentar a população branca e de diminuir a população negra. Além disso, damos relevância as estratégias de realização do neo colonialismo para tentar implantar o que alguém denominou de Europa tropical em nossa terra. Para resumir o assunto no plano ideológico, alimentando a Razão de Estado a Universidade através do médico e professor Nina Rodrigues no início do século passado construiu a ideologia teórica do racismo. Foi ampliada a criação do falso conceito de raça e a partir dele ele constituiu uma escala evolutiva. O branco mais evoluído o negro mais atrasado. Isso porque inventando falsas teorias afirmou que a mente do negro estaria comprometida pela doença mental da histeria, cujo sintoma no seu entender acometeria as sacerdotisas das religiões no momento da possessão das entidades. Assim ele coloca no âmago do recalque na base da rejeição da construção ideológica do racismo a religião de tradição africana e suas sacerdotisas. Como a religião é a fonte da cultura e da civilização negro africana ele procura desqualificar esse processo que é uma herança milenar de nosso povo e tenta incapacitar o cidadão negro para o exercício pleno da cidadania. Nossos projetos e experiências erigindo nossas Iya mi Agbá, nossas mães ancestrais, como símbolos da continuidade de nossa riquíssima herança cultural ancestral dá ensejo a que avancemos tentando superar os limites da problemática do racismo.
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