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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


domingo, 18 de dezembro de 2011

O CONTEXTO HISTÓRICO DA COMUNALIDADE AFRICANO-BRASILEIRA

Por Marco Aurélio Luz
INTRODUÇÃO

Escultura que integram o patrimônio do Ilê Asipá
Escultor Marco Aurélio Luz Elebogi

A intenção da presente comunicação é de chamar atenção e, lançar uma semente de um novo enfoque de análise contextual da realidade brasileira ou da formação social brasileira, no sentido de perceber o desenvolvimento das comunidades terreiro e sua atuação histórica no processo de nossa sociedade.
Este propósito, visa evidentemente, a uma ação de desrecalcamento, posto que em toda historiografia nacional de que temos conhecimento são raras as publicações sobre o assunto, o que sucede é quando menos o silêncio. Até aqui não só na historiografia oficial, eivada de europocentrismo, tem recalcado esse significativo aspecto da história do negro , não só a historiografia baseada no materialismo histórico e dialético, que se restringe em operar o evolucionismo eurocêntrico com as categorias de luta de classes e alienação, mas também a pequena historiografia do negro, que tem se detido na perspectiva do “fato histórico” e com isso voltada essencialmente para análise dos quilombos, ressaltando também a resistência político militar e econômica, e das insurreições negras, ou ainda revoltas onde o negro teve ampla participação.
Se no período da formação colonial-mercantil-escravagista o Estado estabeleceu no Brasil o estatuto jurídico do negro como escravo e, no âmbito do direito civil classificou-o como bem semovente, isto é, equiparando aos bois cavalos etc. como em geral por toda a América, o negro todavia nunca permitiu em toda a história aí enquadrar-se, mesmo sofrendo as piores repressões. Sua identidade negro-africana foi mantida e expandida nas Américas pela continuidade de seu processo civilizatório milenar, que implantou-se no “novo mundo” então nosso continente e, mais do que América Latina ou América Anglo- saxônica se caracteriza como AFRO-América.

Escultura que integram o patrimônio do Ilê Asipá
Escultor Marco Aurélio Luz Elebogi


Essa identidade afro- americana, ou negro- americana baseada nos valores, linguagens e instituições do processo civilizatório dá continuidade a um sistema cultural que tem nas comunidades- terreiro o centro de irradiação e expansão. É aí que se concentram os valores mais profundos da cultura negra, ou seja no que se refere a seus aspectos cosmogônicos, filosóficos, científicos, estéticos, enfim uma sabedoria milenar contida em sua magnífica liturgia. É esse conjunto que estrutura e alimenta a identidade e com ela as formas de comportamento social e individual.
Tão importante é o desenvolvimento e expansão das comunidades terreiros na formação histórica americana que nessa dinâmica o silêncio e a deformação historiográfica fala censurando e recalcando a presença de um processo civilizatório que caracteriza a nação brasileira. Ir de encontro à fala desse silêncio é o que nos propomos, dando esse pequeno passo.
Inicialmente queremos destacar que no âmbito do continente civilizatório das tradições negro-africanas a história é compreendida de forma diferente da cultura européia.
Nas nossas tradições africano-brasileiras é no seio das comunidades terreiros que a memória coletiva é guardada e cultivada. Não só pelas regras e pela ética da preservação dos valores e linguagem da tradição mas também pela ancianidade medida pela continuidade das iniciações constituintes das hierarquias, coluna mestra da sociabilidade comunitária.


Escultura que integram o patrimônio do Ilê Asipá
Escultor Marco Aurélio Luz Elebogi

A ancestralidade é decorrente desses valores . Os ancestrais são cultuados para manter a tradição e com isso cuidar dos integrantes do egbe, a sociedade dos participantes da tradição.
A memória mais significativa que constitui a história comunitária está então desenvolvida por esse contexto.
O melhor exemplo dessa história escrita na atualidade é o livro HISTÓRIA DE UM TERREIRO NAGÔ de Deoscoredes M. dos Santos o Mestre Didi.
Agora temos a honra de divulgarmos o trabalho de seu neto José Felix dos Santos que se constitui no mesmo território epistemológico , na mesma bacia semântica, no solo da tradição.

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