O jogo cria a roda, a roda cria o jogo, o mundo dá volta...
“Não é nada, não é nada, a roda. Se o vazio ou o traço? Bom, do vazio Deus fez este mundão todo. Não é nada o traço? Mas a criatura só existe quando deixa marca, traça. Para mim, o traço, o vazio, a roda é tudo. Não é nada, não é nada, é tudo. Gosto, moço. Nela meu corpo é meu - parece que nele nem corre sangue, corre mel. Meu corpo, meu corpo/foi Deus quem me deu/na roda da capoeira/Rarrá!/grande e pequeno sou eu. Meu nome é Santugri, moço. Posso dizer que o nome está ligado a meu segredo. Muito mais não posso contar, nem se quisesse, porque eu mesmo não sei. Mas posso dizer isto sim, que este meu nome foi causa de mudança.
Foi minha sorte moço, pois o som dessa palavra casava fácil com meu corpo, repercutia bem na roda. Santugri (...) faz parte de mim, queira ou não. Passarinho não canta por gosto, canta por obrigação. Eu jogo capoeira por cerimônia, por destino. É minha sina, minha sorte. Morrendo, moço, não quero ir pra lugar nenhum - a roda é meu paraíso”
(Muniz Sodré)
A seguir outro vídeo inédito com Mestre Bimba abordando aspectos sobre o berimbau.
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