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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


sábado, 29 de outubro de 2011

SANKOFA:MOSAICO REDIVIVO DE HISTÓRIA(S) DA EDUCAÇÃO

Por Rosângela Accioly
Ideograma Sankofa
No dia 14 de setembro de 2011, aconteceu na Escola Municipal Santa Julia na Bahia município de Lauro de Freitas no bairro de Itinga,a Iª Mostra Sankofa:Mosaico Redivivo de História(S) da Educação.O referido Mosaico,envolveu aspectos do conhecimento adquirido por graduandos/as do primeiro semestre do curso de Pedagogia, na disciplina História da Educação sob a responsabilidade da Professora Narcimária C. P. Luz no Departamento de educação do Campus I da Universidade do Estado da Bahia-UNEB.
Graduandos/as do curso de Pedagogia do Departamento de Educação Campus IDa esquerda para a direita Monalisa,Evilásio,Welington,Indiara,Manoela e Renata
Para a realização do Mosaico Redivivo de História(S) da Educação,os graduandos/as conceberam oficinas lúdico-estéticas que abordavam alguns dos legados milenares das civilizações africanas,das Américas,Ásia e Europa. Esses legados civilizatórios, foram (re)criados e adaptados durante todo o semestre para linguagens criativas, que apelaram para o imaginário infantil, de modo especial o público de aproximadamente 120(cento e vinte) crianças da Educação Infantil e Ensino Fundamental I da Escola Loteamento Santa Júlia.
A Mostra dedicou-se a realçar a riqueza do repertório de conhecimento de distintos povos,e sua realização contou com a parceria entre a Escola Municipal do Loteamento Santa Júlia sob a direção da professora Rosilda Leal de Cruz Castro,e o Departamento de Educação do Campus de Lauro de Freitas sob a direção do professor Antônio Amorim e coordenação da Professora Maria Helena Amorim.


 Professora Rosilda Leal Diretora da Escola Municipal Loteamento Santa Júlia(centro),Professora Januária Patrocínio da ACRA(esquerda) e Professora Rita Barbosa representando a Secretaria de Educação de Lauro de Freitas(à direita).

Professora Maria Helena Amorim(esquerda) Coordenadora do Curso de Pedagogia do Campus I Lauro de Freitas e Professora Rosângela Accioly(direita)

Para a professora Narcimária Correia do Patrocínio Luz,coordenadora do Programa Descolonização e Educação-PRODESE/CNPQ e responsável pela concepção teórico-metodológica do Mosaico Redivivo de História(S) da Educação,a proposta da disciplina que culminou com a realização do Mosaico, se alicerçou em reflexões que reconheciam que:
“...Infelizmente a estrutura, forma e conteúdo dos cursos realizam um arremedo muito mal feito dos valores greco-romanos e suas derivações européias, há uma enorme incapacidade de lidar com a exuberante diversidade cultural do planeta. Essas considerações pontuam aspectos que designam a dinâmica e tensões entre territorialidades radicalmente distintas, a saber: a colonial ibérica e seus vínculos anglo-saxões, representada pela metáfora da “casa grande e senzala”; e a aborígine e africana e influenciando e instituindo,matas,dunas e kilombos, legitimando a floresta,montanhas,morros,rios,dunas,características simbólicas da expansão de civilizações milenares que clamam pelo direito à alteridade civilizatória...”

Exposição das criações das crianças no âmbito das oficinasno pátio da escola Loteamento Santa Júlia

 
Comentou ainda que:

“Levei essas inquietações para a geração de graduandos/as do primeiro semestre de Pedagogia.Na nossa convivência nasceu uma grande cumplicidade que transformou todas as inquietações que afloravam em sala, para além da fixação dos discursos exógenos e onipotentes que tentam responder os “fenômenos” da História da Educação no planeta ...(risos).Geralmente esse “planeta” dado como universal,é todo europeu,branco...Os/as graduandos/as envolvidos no Mosaico adquiriram sensibilidade e a competência teórico-metodológica necessária para elaborarem linguagens temáticas importantes e adequá-las para crianças,demonstrando para elas que a humanidade carrega histórias singulares de complexas sociedades antes da “chegada dos europeus”.
No dia do evento, tanto as crianças da Escola Santa Júlia como os/as graduandos/as estavam entusiasmados/as e eufóricos/as com o conjunto de atividades realizadas.O evento teve início com o hino nacional cantado com entusiasmo por todos/as,inclusive as crianças que cantavam bem alto.Após o hino foi descerrado um painel produzido pelos/as graduandos/as contendo o ideograma SANKOFA e o princípio filosófico que ele comunica: "... voltar e apanhar de novo. Aprender do passado, construir sobre as fundações do passado. Em outras palavras, volte às suas raízes e construa sobre elas para (...) a prosperidade de sua comunidade em todos os aspectos da realização humana".(Cf. LARKIN, Elisa. O ESPAÇO REMARCADO in Sementes Caderno de Pesquisa, Salvador: EDUNEB, 2005, vol.6...).


Painel  concebido e ofertado a escola  pelos/as graduandos/as de Pedagogia contornado pela exposição das crianças
O painel foi um presente ofertado pelos/as graduandos/as a comunidade da Escola Santa Júlia.
Ainda na abertura, um grupo de graduandos/as que interpretaram os akpalô recitando o poema ÊRES do poeta afrobrasileiro José Carlos Limeira, e uma reflexão sobre “o caminho do guerreiro”de Kaká Werá Jecupé filho do povo caiapó do grupo txucarramães.
Os/as interpretes dos akpalô foram: Indiara Mendonça, Evilásio Silva, Taise Santos, Brenda Uzêda, Renata Sousa, Manoela Evangelista.


Dramatização dos akpalô:Evilásio(esquerda),Renata(centro) e Indiara(direita)


Dramatização dos akpalô:Taíse(esquerda)e Manuela(direita)

As atividades lúdico-estéticas propostas pelos/as as graduandos/as atendendo a filosofia do Mosaico Redivivo de História(S) da Educação,foram compostas por 7(sete) oficinas:

ARTE E FILOSOFIA AFRICANA O PATRIMÔNIO ADIKRA E AS ESCULTURAS DE MESTRE DIDI


Da esquerda para direita as graduandas Ana Patrícia,Marília,Maria das Dores e Gilslene.
Ao centro professora Narcimária
Da esquerda para direitaMarília,Professora Maria Helena,Ana Patrícia,Maria das Dores e Gislene


Decoração da sala com ilustrações dos ideogramas

Espaço criado para pintura

Espaço criado para esculturas.As crianças recebiam a base da estrutura para (re)criarem



Banner ilustrativo compondo exposição sobre a vida e obra de Mestre Didi

Graduandas orientando as crianças no processo de (re)criação dos ideogramas e escuturas

Graduandas orientando as crianças no processo de (re)criação dos ideogramas e escuturas





Graduandas orientando as crianças no processo de (re)criação dos ideogramas e escuturas





Criança exibindo sua escultura

 TUPINAMBÁ VIDA, ARTE E MÚSICA

Decoração da sala

Crianças aprendendo a confeccionar um instrumento de origem tupinambá sob a orientação do graduando Welligton Guedes

Graduandos responsáveis pela oficina num momento de descontração Clara Manhã ,Diego e Jamily.

Graduandos responsáveis pela oficina num momento de descontração Renata,JamilyDiego,Monalisa  e Clara Manhã.





Criança exibe o instrumento criado na oficina

Clara Manhã vira uma tela viva e intinerante na oficina


Renata se transformou numa tela viva,colorida irradiando alegria e muita euforia entre as crianças.

POVOS INCAS E NAHUAS
LEGADO DAS ELABORAÇÕES DO TEMPO

As graduandas Maria de Fátima e Vaniluce expondo a decoração da sala
 
A graduanda Maria de Fátima e Evilásio orientam as crianças


 Crianças aprendendo sobre as elaborções do tempo dos povos inca e nahua

 Crianças aprendendo sobre as elaborções do tempo dos povos inca e nahua



Momento importante:jogo da memória metodologia adotada na oficina apresentando para as crianças a simbologia do tempo inca e nahua

A VIDA É UMA ARTE
IMPORTÂNCIA DAS “MÁSCARAS” NAS CIVILIZAÇÕES AFRICANAS


Um dos ângulos da decoração da sala


Da esquerda para a direita as graduandas

 
 
Graduandas decorando a sala
  
Professora Maria Helena compartilhando com as graduandas a preparação do espaço para receber as crianças
  
Momento de criação e aprendizagem

 
Professor Narciso Diretor presidente da ACRA em observa com entusiasmo a oficina

No processo de elaboração do mosaico Sankofa,muitos talentos na arte da poesia,cênica,dramática,etc foram revelados na turma de graduandos/as.Nessa oficina temática por exemplo, uma das revelações na arte da poesia foi a graduanda Nilza Chagas de Amorim que apresentou um poema de sua autoria.    

NEGRO

Negro!

Negra a cor.

Muitos tons.

Muitos sonhos...

Muitos amores...

Largos sorrisos.

Negro sem dor.

Negro!!!

Forte,sábio guerreiro, Negro afrobrasileiro.

Negros!

De África ou de Brasil.

De todos os continentes.

Origem de todas as gentes.

Vindos de mãe África,

Ventre da Civilização.

Da esquerda para a direita as graduandas Gilmara,Nilza (nossa poetisa revelação),Débora,Bárbara,Manoel,Lorena e ao centro profesora Narcimária compartilhando a alegria do momento.


 RENASCIMENTO
 O LEGADO CRIATIVO CONTEMPORÂNEO DE LEONARDO DA VINCI



Graduandas Edna,Dárfine,Sílvia,Silvana e Taíse

 
 Painel  contendo algumas ilustrações sobre a obra de Leonardo Da Vinci

 (Re)criações das obras de Da Vinci pelas crianças utilizando massa de modelar e tinta acrílica.
Reparem as variações de Monalisa(s),bicicletas...
Muito legal!


Graduandas desenvolvendo a oficina orientando as crianças que aprendem brincando sobre as obras criadas por Da Vinci

EGITO
 A ARTE DA COMUNICAÇÃO ESCRITA



Da esquerda para a direita Cremilda, Aline,Adriana,Rivanda,Maria José e professora Narcimária

Professora Maria Helena entre as graduandas prestigiando a oficina


Graduandas orientando as crianças


POVO ASTECA
ASPECTOS DA SUA ARTE CULINÁRIA

 Da esquerda para a direita uma convidada da equipe responsável pela oficina e as graduandas Neide,Brenda,Enedina e Jacira

Enedina e Neide preparam o mungunzá utilizado na oficina para ilustrar alimentos à base de milho cereal muito apreciado pelos astecas.

 
Outro momento divertido foi o preparo das bolinhas de brigadeiro que de forma lúdica introduziu a abordagem do chocolate como alimento dos astecas
  
Momento de decorar o avental com motivos astecas para curtir a oficina

 Outro momento divertido foi o preparo das bolinhas de brigadeiro que de forma lúdica introduziu a abordagem do chocolate como muito importante na vida dos astecas



O encerramento do Mosaico aconteceu embalado com a apresentação belíssima da Companhia de Dança da Casa da Criança e Adolescente de Camaçari,dramatizando o descobrimento do Brasil no embalo da música “Um Índio” interpretação de Maria Betânia.


Gostaríamos de ressaltar também nessa cumplicidade do Mosaico no âmbito da Escola Municipal do Loteamento Santa Julia, sua equipe pedagógica e administrativa que contribuíram significativamente para o êxito da iniciativa, são elas: Francislene Celestino dos Reis, Rosa Meire Marques de Santana (ambas vice-diretora) e as professoras Rita Brandão,Josélia Bispo, Marilene Silvestre, Juciara e eu, Rosângela Accioly (professora da escola,pesquisadora do PRODESE e colaboradora da ACRA).
O evento foi prestigiado por representantes da Secretaria de Educação do município de Lauro de Freitas,contando ainda com a presença muito querida da professora Maria Helena Amorim coordenadora do curso de Pedagogia da UNEB em Lauro de Freitas, Professor Narciso José do Patrocínio Diretor Presidente da ACRA e Professora Januária Patrocínio também colaboradora da ACRA.
O Mosaico Redivivo de História(S) da Educação teve um desdobramento importante na Jornada Pedagógica do Departamento de Educação I em Salvador no dia 06 de outubro, através da composição de uma Mesa, coordenada pela professora Narcimária Luz e os/as graduandos/as representando as equipes responsáveis pelas oficinas temáticas desenvolvidas na Escola Municipal do Loteamento Santa Julia, são eles/as: Bárbara Santana, Mª de Fátima S. Costa, Diego Brandão, Evilásio Silva, Taíse Sá Santos, Indiara B. Mendonça, Ana Patrícia F. Silva, Nilza C. Amorim, Aline dos Santos, Wellington Borges Guedes, Carlos Alberto Júnior. Incluo aqui a minha participação na Mesa representando o corpo docente da Escola Municipal do Loteamento Santa Júlia relatando as impressões das crianças e professores sobre o Mosaico.
Lembram do poema "Negro"composição feita exclusivamente para o Mosaico Sankofa pela graduanda  Neuza Chagas ?Pois bem.Neuza foi convidada a declamar sua poesia no âmbito da Mesa,emocionando o público e recebendo muitos aplausos.
Não podíamos esquecer-nos de ressaltar a presença dos/as intérpretes do akpalô na abertura da Mesa, sob a condução de: Indiara Mendonça, Evilásio Silva e Renata Sousa.
A Mesa foi um espaço interessante por várias razões, dentre as quais destaco: o exercício acadêmico-científico dos/as graduandos/as, divulgação do processo de criação e aprendizado através de relatos, divulgação das vivências na escola junto às crianças considerando dificuldades e sucesso, e avaliação do conjunto do trabalho que caracterizou o semestre.
Dessa experiência vivida, portanto, buscou-se compreender melhor a teia das relações curriculares ainda existentes nos cursos de formação de educadores/as nas Universidades, assim gostaria de enfatizar que é imprescindível oportunizar aos futuros pedagogos/as a elaboração dos conhecimentos e legados civilizatórios de outros povos, além daqueles que ideologicamente tomam uma postura etnocêntrica utilizando alguns instrumentos de dominação e exclusão evidenciando a rejeição a outros patrimônios civilizatórios.
Acredito que esse tenha sido a reflexão da disciplina História da Educação,que abriu espaços para aprofundar e oportunizar reflexões com nossos/as futuros/as pedagogos/as do Campus I da Universidade do Estado da Bahia, em Lauro de Freitas.É indiscutível a necessidade de um mergulho em um novo continente teórico-epistemológico, além do reconhecimento da relevância de tantos legados civilizatórios que foram silenciados historicamente no currículo das escolas.Sankofa:Mosaico Redivivo de História(S) da Educação se constituiu numa belíssima iniciativa de vanguarda na área de Educação.

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 Rosângela Accioly Lins Correia possui graduação em Pedagogia com habilitação em Educação Infantil pela Universidade do Estado da Bahia (2009). Tem experiência na área de Educação desde 1995, é professora concursada no município de Lauro de Freitas, atuando principalmente nos seguintes temas: Comunalidades, Arkhé, Alteridade e Educação Pluricultural. Está inscrita como Pesquisadora do PRODESE que está vinculado a Universidade do Estado da Bahia-UNEB e ao diretório de grupos de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq.  Também elaborou o Projeto Nro Ojú Ònà: pensando caminhos em sua monitoria de extensão como sugestão metodológica visando o atendimento as necessidades da ACRA Associação Crianças raízes do Abaeté em salvador Bahia, ganhando o 2º lugar na Revista África e Africanidades com o blog sugerido neste projeto. Também exerceu monitoria de extensão no projeto Dayó: compartilhando a alegria socioxistencial em comunalidades africano-brasileiras, o projeto ficou em entre as melhores proposições no prêmio Itaú UNICEF de 2009.
Gilmara, Nilza, Ana Cristina, Bárbara,Manoela e Débora

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