Por Léa Austrelina Ferreira
Santos
A partir da
análise sobre o conteúdo ético-estético do conto “Porque Oxalá usa Ekodidê” de
Mestre Didi e das novas formas de recriação de um objeto símbolo da cultura
ocidental de origem greco-romana, o livro, proponho adicionarmos mais um
elemento para a concepção da Educação no nosso contexto: a necessidade de
compreender as formas de comunicação de origem africana no Brasil.
Atualmente,
uma série de políticas estruturam-se no nosso entorno: ensino sobre História e
Cultura dos afro-brasileiros, políticas afirmativas, programa de cotas para
ingresso em universidades, diretrizes curriculares para o ensino. A validade de
todas essas políticas deve ser questionada caso uma reflexão profunda sobre os
referenciais existenciais da população africano-brasileira não seja feita.
Proponho aos
professores e demais profissionais da Educação, saírem do continente
teórico-epistemológico ocidental e conhecerem outras formas de pensamento, de
elaboração do mundo e da vida.
Mestre Didi,
considerado um ícone da ancestralidade africano-brasileira, é um sacerdote e
artista. Sua vivência comunitária e liderança religiosa lhe conferem a
possibilidade de recriar diversos contos, frutos da sabedoria acumulada na
convivência com diversas comunidades-terreiro e do conhecimento do patrimônio
cultural e religioso africano-brasileiro. Ele também é alapini, sacerdote supremo do culto aos ancestrais masculinos,
culto Egungun.
A obra de
Mestre Didi é capaz de fazer mergulhar no universo cultural africano-brasileiro,
sejam suas esculturas, contos, livros ou artigos.
Imagem disponível na internet
Odara
é a linguagem de onde emerge a sua
obra e, como num jogo cíclico ininterrupto, amplia a sua dimensão.
Odara
significa o bom e o belo, o técnico e o estético, intercambiando a plasticidade
de imagens e o repertório de conhecimentos, rico em poesia, envolvendo condutas
éticas, institucionais, histórico-políticas, territoriais, sistema filosófico,
enfim, formas de transmissão do patrimônio simbólico milenar através do
emocional-lúcido.
Foto acervo M.A. Luz
Odara
é uma noção de origem nagô/iorubá das formas de comunicação
africano-brasileiras presentes nas suas dinâmicas de sociabilidade e nas formas
de transmissão de conhecimento de origem africana.
Foto Maurício Luz
Essas formas de transmissão e
expansão de conhecimento envolvem aspectos que vão além dos códigos
comunicativos. Estes processos são marcados por uma gama de valores
transmitidos de geração a geração, revividos constantemente pela população de
origem africana no Brasil.
Há, nesses processos de
comunicação, uma complexidade que abarca o universo simbólico e cosmogônico
recriado nas Américas. Coesão comunal, religião, ancestralidade, preservação
das memórias coletivas e individuais, elaboração da cosmogonia são
restabelecidas e alimentadas pelas formas de sociabilidade. Todos estes
aspectos são recriados, transmitidos, revividos, aprendidos.
Odara é o tecido que os interliga e dá
pulsão para que esta aprendizagem ocorra. É a forma como acontece. É o que
substancia os códigos de comunicação.
Conhecer a riqueza desse patrimônio
cultural, acreditar que é possível criar novas perspectivas educacionais que
dêem legitimidade à presença africano-brasileira no nosso contexto favorece a
coexistência e a diversidade, valores tão necessários à humanidade
contemporaneamente.
PORQUE OXALÁ USA EKODIDÊ: linguagem
ético-estética
Foto disponível na internet
Este conto de Mestre Didi, cuja simbologia é
riquíssima e também tem um significado muito especial, está publicado num livro
com o mesmo nome – mas que teve uma história diferente dos outros livros
publicados por Mestre Didi, sendo recriado para uma linguagem teatral.
A história do processo de elaboração desse livro ilustra como os
valores da vertente civilizatória africano-brasileira foram recompostos no
contexto da sociedade ocidental, criando verdadeiras estratégias para se
expandir e abrir novos diálogos, sem, no entanto, perder a sua originalidade.
Uma senhora foi escolhida por Oxalá
para tomar conta de seus pertences, seu nome era Omon Oxum, que quer dizer
filha ou descendente de Oxum. Este fato causou muita inveja entre outras
mulheres no terreiro e provocou muitas reações, muitas tramas para fazer com
que Oxalá se decepcionasse com Omon Oxum. Assim começa a história que explica
“Por que Oxalá usa ekodidê”.
Foto disponível na internet
As tramas
criadas pelas mulheres que ficaram com inveja de Omon Oxum não foram poucas,
pois elas não conseguiam lidar com o prestígio que aquele trabalho dava a Omon
Oxum. Porém nada que elas faziam funcionava e a relação de Omon Oxum com Oxalá
ficava cada vez melhor, e ela era muito dedicada ao cumprimento de suas tarefas
para com Oxalá. Porém, certa vez, as invejosas conseguiram sumir com a coroa de
Oxalá que, depois de lavada, estava secando na casa de Omon Oxum, pois no dia
seguinte era a festa das Águas de Oxalá. A invejosas tinham jogado a coroa no
fundo do mar. Omon Oxum ficou desesperada até que, com a ajuda de sua filha de
criação, consegue, já desiludida, encontrar a coroa na barriga de um peixe.
Foto disponível na internet
Encontrar a coroa foi motivo de muita comemoração, e o peixe serviu de pretexto
para que Omon Oxum convidasse todos para almoçar com ela, comemorando em
homenagem a Oxalá. Este fato deixou as invejosas furiosas e elas decidiram
fazer um ebó e colocar debaixo da cadeira onde Omo Oxum sentaria na hora da
festa. Durante a festa, Omon Oxum sentou-se ao lado de Oxalá, que lhe pediu sua
coroa. Omon Oxum tentou por várias vezes sair da cadeira, mas estava grudada
nela. Quando ela conseguiu, com muito esforço, se desprender, a cadeira estava
toda manchada de sangue, e todos sabiam que Oxalá não podia ter nada vermelho
por perto. Nenhum orixá, com exceção de Oxum, quis ajudá-la, fazendo com que o
sangue se transformasse em pena de papagaio, Ekodidê. Todas as noites Oxum,
muito bem ornamentada, fazia um xirê, uma festa, com Omon Oxum ao seu lado.
Dessa forma, elas recebiam todos os Orixás em sua casa, que queriam saber por
que Oxum estava fazendo aquilo todas as noites e, quando sabiam do
acontecimento, eles davam dodobale – uma saudação que demonstra respeito e
reconhecimento –, pegavam uma pena e deixavam uma certa quantia. Oxalá ficou
sabendo desse xirê, foi ao palácio de Oxum e acabou tomado conhecimento de todo
o acontecido a contragosto das invejosas, que fugiram com medo da punição que
ele poderia aplicar-lhes. Assim, Oxalá, no palácio de Oxum, também a saúda dando
dodobale, e Oxum pegou Omon Oxum pela mão e a entregou a Oxalá. Oxalá em
agradecimento a Oxum diz: “Oxum, em
agradecimento a tudo que fizeste de bem e para amenizar os sofrimentos de Omon
Oxum, eu, Oxalá, prometo levá-la de volta para o meu palácio e de hoje em
diante nunca hei de me separar desta pena vermelha que é o Ekodidê e que será o
único sinal desta cor que carregarei sobre o meu corpo. (SANTOS, D.,
1997. p. 45)
Papagaio de penas de ekodide
Foto disponível na internet
Oxalá, orixá que está ligado à cor branca e ao ar, é
descrito como a divindade responsável pela criação dos seres humanos e de todos
os seres deste mundo e do além. Também conhecido como Obatalá, seu emblema é o
Alá, um grande pano branco que, em um de seus rituais, cobre as cabeças de
todos os participantes simbolizando o fato de todos se colocarem sob a sua
proteção.
Òrìsàlá, Òrìsànlá, Òsàlá oo
Obàtálá, simboliza um elemento fundamental do começo dos começos, massa de ar e
massa de água; um dos elementos que deram origem a novas formas de existência –
à protoforma e à formação de todos os tipos de criaturas – no àiyé e no orun.
Os funfun são entidades que manipulam e têm o domínio sobre a formação dos
seres deste mundo – os ara-àiyé e também a formação dos seres no além. Os vivos
e os mortos, os dois planos da existência são controlados pelo asé de Òrìsànlá.
(SANTOS, J., 1976, p. 75).
Oxalá possui vastos poderes, o que requer muito respeito e
cuidado para com ele.
Os poderes de Oxalá que envolvem a
existência exigem grande atenção e respeito a ele. Deve ser sempre acalmado e
agradado respeitosamente, posto que pode causar muitos danos, tal é seu
enorme poder (LUZ, M.A., 1995, p. 91).
Oxum é um princípio feminino ligado à cor amarelo-gema, ao
sangue circulante, à gestação e à capacidade de gerar filhos, a descendência.
Sua simbologia a liga ao rio que possui o mesmo nome na Nigéria. Há um texto em
ioruba citado por Juana Elbein dos Santos (1976, p. 85), que informa sobre a
importância de Oxum:
No tempo da criação, quando Òsun
estava vindo das profundezas do òrun, Olódùmare confiou-lhe o poder de zelar
por cada uma das crianças criadas por Òrisá que iriam nascer na terra. Òsun
seria a provedora de crianças. Ela deveria fazer com que as crianças
permanecessem no ventre de suas mães assegurando-lhe medicamentos e tratamentos
apropriados para evitar abortos e contratempos antes do nascimento; mesmo
depois de nascida a criança, até ela não estar dotada de razão e não estar
falando alguma língua, o desenvolvimento e a obtenção de sua inteligência
estariam sob o cuidado de Òsun. Ela não deveria encolerizar-se com ninguém a
fim de não recusar uma criança a um inimigo e dar gravidez a um amigo. A tarefa
atribuída a Òsun é como declaramos. Ela foi a primeira Iyá-mi encarregada de
ser a Olùtójú awon omo (aquela que vela por todas as crianças) e a Álàwòyè omo
(aquela que cura as crianças). Òsun não deve vir a ser inimigo de ninguém.
Oxum é, portanto, a patrona da gestação, e sua representação
emblemática a liga a grandes peixes cujas escamas simbolizam a descendência, os
filhos. Sua simbologia também a relaciona com as Iyá-mi Agbá, as mães
ancestrais.
Dourado
Imagem disponível na internet
No conto, Oxum realiza uma festa todas as noites, o xirê.
Cabe, aqui, expressar o significado de xirê.
O xirê é o seguinte: Xe irê, faz
felicidade, ao pé da letra, mas é um momento de regojizo, de comunicação completa
entre as entidades do orun e entre os seres viventes no aiyê, então se festejam
e este festejo de encontro traz felicidade. Os orixás estão fortalecidos porque
receberam oferenda, tem muitos filhos que cuidam deles, zelam por eles, e eles,
estando fortalecidos, poderão fortalecer os membros da comunidade. Os
integrantes da comunidade vão ter a proteção deles, o fortalecimento deles.
Eles vão se sentir fortes e felizes porque vão ter essa proteção, vão sentir as
coisas ruins da vida afastadas deles e as coisas boas virão, acontecerão e
estão acontecendo naquele momento ali que já estão alegres, já estão felizes,
já estão contentes por estarem usufruindo daquele momento de comunalidade,
religare, para as entidades com os seres humanos. Foi feita uma série de
preceitos e as tradições se realizaram e estão ali se realizando, é xirê, a
felicidade.[2]
O conto “Por que Oxalá usa ekodidê”, tangenciando o sagrado,
refere-se à simbologia de Oxum, ao seu poder de gerar e cuidar dos filhos.
Outro aspecto é a sua relação com Oxalá, revelando que até mesmo o grande orixá
do princípio masculino reverencia o poder de gestação, representado pelo
princípio feminino contido
em
Oxum. Oxalá, no conto, fica agradecido pelos cuidados de Oxum
com a zeladora de seus pertences e reverencia respeitosamente Oxum.
Iya Ibeji, a Mãe dos Gêmeos, escultura de Marco Aurélio Luz
Foto: M. A. Luz
Esse agradecimento se mostra também em virtude da ação de
Oxalá em dar o dodobale. Este é uma saudação de muito respeito e de admiração
de Oxalá pelo poder e sabedoria de Oxum naquele momento. Marco Aurélio Luz
explica o significado do dodobale:
As pessoas se prostram assim no
chão, os homens... Que é ficar numa posição reta, demonstrando assim, de
bruços, demonstrando total incapacidade de realizar qualquer ato que possa
agredir o outro, uma vez que estão com as mãos para trás, deitado no chão, eu
estou, como se dizendo assim “Estou entregue, completamente entregue, pode
fazer de mim o que quiser, porque eu vejo que você tem um poder tão grande que
eu me coloco assim, e deve ser reverenciado”. A reverência se faz dessa forma,
para mostrar que você está completamente aceitando o poder e admirando o poder
do outro que vem em sua proteção.
[3]
O poder de Oxum de gerar e cuidar da descendência, de
multiplicar e expandir a existência e, conseqüentemente, os valores
civilizatórios reflete aqui um parâmetro para a compreensão de como os contos
foram veiculados, expandidos de diversas formas, para diversos espaços na
sociedade oficial, caracterizando a dinâmica
“da porteira para dentro, da porteira para fora” – expressão já
mencionada –, sendo as publicações dos livros e dramatizações mais um aspecto
que concretiza a expansão dos valores civilizatórios.
Awon Abebe, cetro de Oxun
Foto e acervo M.A. Luz
Entre 1966 e 1967, Mestre Didi teria a oportunidade de
realizar sua primeira viagem para a África, através de uma bolsa concedida pela
UNESCO, por intermédio do Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade
Federal da Bahia, para realizar uma pesquisa comparada sobre arte sacra na
África ocidental (Nigéria e Benim), mas a bolsa somente seria integralizada
após a apresentação, em Paris, de um trabalho escrito com os resultados de suas
pesquisas já realizadas.
Juntos, Mestre Didi e Juana Elbein dos Santos, procuraram
formas de obter dinheiro para a viagem, assim a própria Juana descreve a idéia
que tiveram junto com Lenio Braga, ilustrador, de fazer um livro que ao mesmo
tempo fosse um objeto de arte:
Assim, com o nosso inesquecível
Lenio Braga, artista polivalente, tomamos a decisão de fazermos um livro, um
objeto de arte, que reunisse a prodigiosa memória de Didi, sabedoria e arquivo
vivo, à criatividade de Lenio. Não seria um livro no sentido comum. Seria um
mito ilustrado, uma edição para bibliófilos, amantes de peças únicas. Foi
criado um “invólucro”, uma caixa de peças de madeira nobre, com títulos
pirografados em baixo-relevo e fecho de contas e búzios. O miolo, o mito, as 13
páginas em “pele de cabra” e as 10 ilustrações foram todas xilografadas. A
caligrafia especialmente criada para as ilustrações foi gravada diretamente em
chapas de zinco. (SANTOS, J., 1997, p. 10).
O empreendimento foi realizado, o livro foi escrito e quase
todo vendido no seu lançamento. Em 6 de janeiro de 1967, Mestre Didi realizaria
a sua primeira viagem à África.
Foto disponível na internet
Este fato torna o conto mais especial ainda, pois ele
concorreu, de uma forma ou de outra, para a expansão dos valores do patrimônio
civilizatório africano-brasileiro porque foi-se alimentando da sua
ancestralidade que Mestre Didi, juntamente com Lenio Braga, projetou e
consolidou a afirmação dos valores culturais africano-brasileiros em um espaço
consagrado da sociedade oficial, branca e ocidental, um espaço
acadêmico-científico de uma instituição de financiamento de pesquisas.
Mestre Didi conseguiu imprimir, num determinado contexto, a
alma da tradição africano-brasileira. O livro, símbolo da “cultura letrada” de
origem greco-romana, teve a sua função totalmente modificada. Em vez de servir
como um veículo com um conteúdo meramente informativo, que exige do leitor a
mobilização apenas da relação olho x cérebro, um corpo dócil, silente, estático,
essa recriação de Mestre Didi e Lenio Braga trouxe em si a própria noção de odara, o elemento estético
intercambiando o tempo inteiro com o ético. Ler esse livro não é apenas
decodificar os signos verbais, as letras, o sentido das palavras. É necessário
contemplá-lo, cada imagem que ele remete, desde a capa até as letras
especialmente desenhadas.
Infelizmente, a versão que o público geral pode ter acesso é
uma versão publicada em 1997, pela editora Pallas, que conserva apenas a forma
das letras e as ilustrações. Mas tive a oportunidade de conhecer uma das
versões originais do livro-objeto-de-arte.
A impressão que se tem, primeiro, é que se trata de um
objeto muito especial, porque essa edição é única de fato, mas, depois que
acontece a familiarização com o material, é que se consegue perceber e refletir
sobre a simbologia daquele “objeto”.
A capa de madeira, com as inscrições gravadas, tem uma forma
de fechar completamente diferente de um livro convencional; as folhas soltas, a
grafia e as ilustrações reelaboram a concepção de livro e do ato de ler que se
materializou no mundo ocidental, ligada ao exercício de silêncio, concentração,
corpo parado. Ler uma das versões originais do livro Por que Oxalá usa
ekodidê exige um certo movimento, pois abrir a capa não é muito fácil para
mãos acostumadas a apenas folhear livros; exigem também um esforço de
compreensão das letras que não são no formato convencional do mercado
editorial, também algo difícil para olhos acostumados a buscar nas palavras as
idéias do autor e dissecá-las até a última idéia.
As páginas de Por que Oxalá usa ekodidê são bonitas,
no sentido mais amplo do termo, no sentido que se pode associar à linguagem odara: é agradável não somente aos
olhos, mas também tem um valor, uma função, agrada ao espírito, possui
princípios éticos, influencia nas formas de pensar a própria função do livro.
As formas de comunicação africano-brasileiras não podem ser
aprisionadas pelas formas de transmissão de conhecimento das sociedades
ocidentais, os contos de Mestre Didi ultrapassam as fronteiras das publicações
de livros em massa. A
publicação surge, a meu ver, como conseqüência de suas atividades. Antes mesmo,
este conhecimento foi acumulado pela sua convivência com pessoas cuja sabedoria
e experiência proporcionaram um aprendizado.
Dentre
esses desdobramentos, houve a apresentação do texto Por que Oxalá usa ekodidê,
de Mestre Didi, coreografado por Clyde Morgan, assessorado por membros do Ilê
Axé Opô Afonjá, dentre esses Sinsinha, que fez uma apresentação das danças
rituais à parte, acompanhada por um grupo de alabês componentes também do Grupo
Bahiafro. Neste grupo destacavam-se Vadinho e Dudu de saudosa memória. (LUZ,
1995, p. 649)
CONCLUSÕES
Em “Por que Oxalá
usa ekodidê” Oxalá reverencia os poderes femininos da gestação representados
por Oxum, aquela que é patrona da gestação e assim responsável pela
continuidade da existência e dos valores civilizatórios africano-brasileiros. A
representação simbólica de Oxum, o grande peixe mítico, com suas escamas que
representam a descendência, é um parâmetro para a compreensão das elaborações
existenciais africano-brasileiras.
A forma como os
contos de Mestre Didi se expandem, recriando espaços e formas estéticas
inovadoras, tem a ver com a dinâmica de continuidade, de preservação e de
ampliação do patrimônio cultural africano-brasileiro especialmente através das
novas gerações.
Léa Austrelina é Pedagoga e Mestre em Educação pela UNEB - Universidade do Estado da Bahia,
pesquisadora do PRODESE Programa Descolonização e Educação.Foi coordenadora pedagógica da rede municipal de ensino de Salvador,
professora da Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC Ead), sub-coordenadora do
projeto Diversidade e Dinâmica Cultural: SECNEB Patrimônio Material e
Imaterial, da SECNEB – Sociedade de Estudos das Culturas e da Cultura Negra no
Brasil. Iniciou seus estudos de Doutorado em Educação em Genebra na Suíça e atualmente é professora na rede de educação na Suíça.
[2] Entrevista realizada em março/2004.
[3] Entrevista realizada em março/2004.
[4] O principal colaborador que forneceu importantes
informações sobre essa dramatização foi o coreógrafo norte-americano Clyde
Morgan que não soube precisar exatamente a data das apresentações, em
entrevista realizada em junho/2005.
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