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Melhor música brasileira de todos os tempos conforme enquete realizada em 2001 pelo jornal “Folha de S. Paulo” junto a 214 pessoas, entre personalidades do meio musical e cultural e jornalistas, “Águas de Março”, escrita em 1972 por Tom Jobim (1927-1994), teve sua preferência confirmada também em votação realizada na internet pelo jornal. O resultado foi publicado no caderno Ilustrada da “Folha de S. Paulo”, de 18 de maio, e a sondagem pela internet saiu na “Folha Online” de 25 de maio de 2001.
A primeira interpretação de “Águas de Março” veio a público graças a uma idéia de Sérgio Ricardo, músico de bossa nova e de protesto. Com o tablóide “Pasquim”, ele elaborou a série “Disco de Bolso”, em compacto simples, espécie de ancestral dos CDs do Lobão vendidos em banca. A proposta era que um dos lados contivesse música de um artista consagrado, e o outro, de um estreante. Assim foi que, em maio de 1972, surgiu o primeiro “Disco de Bolso”, com “Águas de Março” num lado, na interpretação do próprio Tom Jobim, e “Agnus Sei”, dos então calouros João Bosco e Aldir Blanc, no outro. O título do compacto ficou “O Tom e o Tal”. Esse “Tal” era João Bosco que, com Aldir Blanc, ganhou o lugar numa seleção feita entre músicos iniciantes. De acordo com o projeto, a música era mostrada ao padrinho, para ser aprovada. E o padrinho teria de gravar uma inédita sua.
A série “Disco de Bolso” prosseguiu com Caetano Veloso apresentando Fagner, mas parou por aí. “Águas de Março”, ao contrário, continua atual. Até hoje, foram gravadas mais de 50 interpretações, no Brasil e no exterior. Aqui, destacaram-se as gravações de João Gilberto, Leny Andrade, Miúcha, Nara Leão, Joyce, Danilo Caymmi, Sérgio Mendes e Os Cariocas.
Lá fora, “Waters of March”, em versão inglesa feita pelo próprio Tom, recebeu interpretação de Art Garfunkel, Ella Fitzgerald e Dionne Warwick, entre outros. A versão definitiva (não a primeira nem a última) ficou sendo mesmo a de 1974, da dupla Tom Jobim e Elis Regina, que está no álbum Elis & Tom.
Há quem diga que "Águas de Março" foi inspirada em folclore. Segundo alguns pesquisadores, a música de Tom não poderia ter conquistado o primeiro lugar como melhor música brasileira por não ser original. Seria “roubada” de canção folclórica anterior. Tom teria se baseado num disco de 1956 intitulado “Cinco Estrelas Apresentam Inara”. Pesquisadora, compositora e musicista, Inara a recolheu do folclore “Água do Céu”, que numa das faixas é interpretada por Leny Eversong (1920-1984). Nos versos religiosos, há semelhança de melodia e letra com “Águas de Março”: “é chuva de Deus, é chuva abençoada / é água divina, é alma lavada”.
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Para José Ramos Tinhorão, implacável crítico da bossa nova desde o começo, essa versão já era uma adaptação de um ponto de umbanda recolhido em 1933 por J. B. de Carvalho, que diz: “é pau, é pedra, é seixo miúdo / roda baiana por cima de tudo”. E agora? O crítico musical Luís Antônio Giron, que é admirador de Tom, também diz que “Águas de Março” não deveria figurar como a maior por ser cópia de folclore. “Villa-Lobos se apropriava de temas folclóricos, mas citava as fontes. Tom não citou nada, simplesmente assinou”, diz.
5artista copia mesmo”. Mas, em seguida, Donato atenua: “Tom está longe desses julgamentos, é o nosso melhor compositor. ‘Águas de Março’ é agradável de ouvir. Mereceu ganhar”.
Como surgiu a canção - Era março de 1972. No sítio de Poço Fundo, enquanto a casa definitiva que havia planejado não ficava pronta, Tom usava uma casinha de pau-a-pique. Trabalhava em “Matita Perê”. Ao ver uma agüinha passar pelo regato, Tom sentiu a coisa brotar e surgiu em sua cabeça um tema novo. Teresa, sua mulher na época, ouviu, meio dormindo, os acordes no violão. Ela disse que o tema era lindo. Ele pediu uma folha de papel. Nada achando de melhor naquela hora, ela lhe deu um papel de embrulho de pão. De madrugada, Helena, irmã de Tom, e Manoel, marido dela, que também estavam na casa, ouviram alguém bater à janela. Levantaram,abriram a porta. Era Tom. Trazia escrito a lápis, naquele papel cinzento, os primeiros versos: “É pau, é pedra, é o fim do caminho (…) É o projeto da casa (…) É peroba do campo (…) é o nó da madeira (…) É o tijolo chegando…”
Helena Jobim, irmã e biógrafa, em seu livro “Antonio Carlos Jobim - Um Homem Iluminado”, conta que o irmão ficou tão entusiasmado com o tema que voltou imediatamente para o Rio e lá terminou a música num só fôlego. Tom era amante da natureza num tempo em que pouco se falava de ecologia. Era um estudioso de tudo, um pesquisador que lia muito e conhecia profundamente os compositores eruditos e também os populares.
Em seu sítio, enquanto relaxava um pouco a cabeça de “Matita Perê”, obra em que trabalhava obsessivamente sem conseguir a perfeição que desejava, teve de súbito a idéia do tema principal de uma nova canção, cujo núcleo melódico, muito simples, de apenas três notas, apóia-se sobre acordes feitos no violão, pois não havia piano no sítio. Qual colcha de retalhos muito bem dispostos, a letra, que nasce quase simultaneamente com a melodia, tem tudo a ver com aqueles dias chuvosos de março, aquela paisagem do sítio, onde Tom Jobim planejara construir uma bela, sólida e confortável casa.
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Todas aquelas imagens fervilhando na mente do artista são por ele reunidas numa colagem que, não por acidente, muito menos por plágio, mas sim, por competência e sensibilidade, é escolhida, ao alvorecer do milênio, a melhor música brasileira de todos os tempos. É para esperar que, no aniversário dos 35 anos das “Águas de Março” do nosso maestro soberano, as águas deste nosso março, se vierem, não sejam causa de destruição e morte num planeta que tanto tem sofrido com as agressões sistemáticas de grupos poderosos ávidos por lucro a qualquer custo, com o que Tom tanto se entristecia.
Bem pelo contrário, que as águas de março venham para fechar o verão e como promessa de muita vida em nosso coração.
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Edgar Nascimento é músico nasceu em Blumenau, Santa Catarina.No seu repertório estão a bossa nova e a música internacional dos Beatles. Como se dedica exclusivamente à música, está constantemente incluindo novas canções no seu repertório, que conta com mais de 300 músicas.
Para saber mais visite a página http://www.edgarnascimento.mus.br/art70228.htm
essa música ...bem...é linda mas eu queria que todos que não conhecem essa música conhecessem ela.
ResponderExcluirELA VEIO DO FUNDO DA ALMA , EU DIRIA DE TOM JOBIM ELE A SENTIU E SE DEIXOU LEVAR PELA BOA VIBE DA NATUREZA.MUITO BOM!!!
ResponderExcluirMUITO BOM ELE SE DEIXOU LEVA PELA BOA VIBE DA NATUREZA E AI SURGIU ESTE GRANDE SUCESSO!!
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