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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


domingo, 10 de julho de 2011

EM BUSCA DE UM BRASIL SEM ENERGIA NUCLEAR, ENTREVISTA COM WASHINGTON NOVAES

Por Anelise Zanoni





Imagem disponível em

Na visão do jornalista Washington Novaes, especialista em meio ambiente, o país poderia economizar 10% do que gasta com energia se investisse em programas de melhoramento de linhas de transmissão.
Questões financeiras e econômicas também permeiam o debate que envolve as consequências do acidente nas usinas nucleares do Japão. O momento, indicado pelo jornalista Washington Novaes, é de unir esforços para uma reflexão, em que é preciso reavaliar decisões.
Em entrevista concedida por telefone à IHU- On-Line (Instituto Humanitas Unisinos , da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS), o especialista em jornalismo ambiental afirma que “não precisamos desse tipo de energia, porque temos outros vários formatos, como a eólica (…), a energia solar, das marés e as biomassas (etanol e outras).” Além da posição dos governantes, ele critica também a imprensa quando diz que “os jornais estão fazendo uma cobertura muito ampla do caso” e afirma que o problema é “quando a fase passa e os jornalistas não discutem como resolver questões importantes.”


Atuando mais de 50 anos no jornalismo, Washington Novaes é especialista em temas de meio ambiente e povos indígenas. Atualmente, é colunista dos jornais O Estado de S. Paulo e O Popular, consultor de jornalismo da TV Cultura, documentarista e produtor independente de televisão.
Confira a entrevista.


IHU On-Line – Como o senhor classifica a situação que o Japão vive hoje, após o terremoto e o tsunami?

Washington Novaes – A União Europeia já considera a situação apocalíptica. O nível mais grave de alerta já está soando, mas ainda não sabemos qual será o desfecho real, não sabemos o que pode ser feito. Para piorar a situação extremamente grave, a questão da energia nuclear corresponde para o Japão até 30 % da energia total do país. Essas usinas que estão em perigo foram desligadas por precaução e ninguém sabe prever os prejuízos ou o futuro de todo o problema. O governo já colocou milhões de dólares para reparar problemas imediatos, mas ainda é cedo para ter ideia. De qualquer forma, os prejuízos serão grandes.

Imagem disponível em http://www.cheapway-energy.com/language/pt/energia-solar/wind-energy-and-solar-power-are-cheaper-and-safer-than-nuclear-energy/

IHU On-Line – Qual o impacto dessas mudanças ambientais para o resto do mundo?


Washington Novaes – Há muito tempo, os críticos em energia nuclear assinalam que ela é problemática, por várias razões. Qualquer incidente pode trazer danos altos, como ocorreu em Chernobyl. Em vários lugares onde são feitas auditorias foram encontradas falhas, inclusive no Japão. E primeiro lugar, é uma fonte de energia cara e muito perigosa. Depois, é raro encontrar um ambiente apropriado para guardar os resíduos radioativos. O Brasil, por exemplo, mantém esse lixo dentro das usinas de Angra I e II. No licenciamento de Angra III foi estabelecido como condição encontrar uma solução definitiva para esta questão. Isso não foi encontrado até agora. Até mesmo nos Estados Unidos não há solução para o problema. Eles têm 104 usinas em operação, mas várias ainda estão em construção. O governo americano inclusive começou a implantar um depósito final para estes resíduos, na região da Sierra Nevada. O espaço destinado é embaixo da montanha, a 300 metros de profundidade. Fui ao local, acompanhado por um diretor de energia e gravei um comentário. Especialistas em sismologia, geólogos e hidrólogos têm feito objeções sobre o projeto. Eles acreditam que tais depósitos não deveriam estar em regiões com possíveis abalos, como é o caso da Califórnia. Também não há comprovação sobre o que pode ocorrer com os recursos hídricos. Entretanto, o especialista disse que está tudo sendo analisado, inclusive que teriam feito uma simulação em caso de terremoto. Perguntei sobre um possível abalo mais forte. Ele deu como garantia Deus… Mesmo que esse depósito dê certo, como os Estados Unidos conseguirão transportar resíduos perigosos de 104 usinas?


IHU On-Line – É possível pensar no desenvolvimento de um país sem a energia nuclear?


Washington Novaes – O pesquisador James Lovelock , por exemplo, acredita que não dá tempo para encontrar outras soluções para o planeta, já que as mudanças climáticas são constantes. É preciso diminuir a emissão de poluentes que transformam o clima. Entretanto, ele fala que a energia nuclear poderia resolver rapidamente o problema. Então, um grande crítico como ele também passou a ser defensor da energia nuclear. No caso brasileiro, poderíamos perguntar se o país realmente precisa dessa energia. Na verdade, não precisamos, porque temos outros vários formatos, como a eólica, que está se impondo bastante, a energia solar, das marés e as biomassas (etanol e outras). O país não precisaria recorrer à energia nuclear. Além disso, um estudo da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, de 2006, sobre a matriz energética brasileira, afirmou que o país poderia viver tranquilamente com a metade da energia que vive hoje. Poderíamos economizar 30% em consumo, sem prejuízos. Além disso, o país poderia ganhar 10% com programas de melhoramento em linhas de transmissão e outros 10% com repotenciação de geradores antigos. Poderia fazer isso a custos bem menores do que é investido na construção de usinas. Entretanto, as autoridades brasileiras não comentam isso; preferem construir termelétricas altamente poluidoras.


IHU On-Line – O senhor acredita que, após o acidente com o Japão, o mundo vai passar a ver com outros olhos a instalação de usinas nucleares?


Washington Novaes –Neste momento há uma postura de muita cautela na área da Europa. A Alemanha mandou desativar algumas usinas e decidiu reexaminar alguns casos. A Áustria pediu à União Européia nova avaliação de reatores e a Inglaterra também pensa em revisões de programas. Mas há países europeus com medidas alternativas de energia, como Portugal e Espanha, que usam bastante energia solar. Nos Estados Unidos há uma reação forte em relação aos planos do presidente de implantar dezenas de usinas. Suponho que o mundo inteiro faça uma reavaliação, mas é difícil prever o que ocorrerá, porque há forças econômicas muito importantes envolvidas, assim como grandes empresas produtoras de energia.



IHU On-Line – O tsunami no Japão e as possibilidades de um grande acidente nuclear podem ser considerados os acidentes ambientais mais graves dos últimos tempos?

Washington Novaes – Certamente são. O nível de radiação das usinas está chegando a patamares elevados. Ainda não há a informação se será possível reverter de alguma forma a situação. É possível que o número de pessoas atingidas seja menor que em Chernobyl, porque houve a evacuação rápida, o que pode ter reduzido o número de vítimas. Este é um bom momento para pensar a respeito do uso da energia verde. É preciso considerar que a equação é complicada, pois há muitas questões financeiras e econômicas envolvidas. Quem decidir não usar mais a energia nuclear precisa pensar em qual utilizará. Por quanto tempo? Quanto custará? São questões que precisam ser analisadas antes de qualquer decisão, e só o tempo ajudará a respondê-las.

IHU On-Line – Como o senhor avalia a cobertura jornalística atual em relação à catástrofe do Japão?

Washington Novaes – Os jornais estão fazendo uma cobertura muito ampla e isso faz parte do panorama da comunicação quando há atenção a momentos de catástrofes e crises. O problema é que, quando a fase passa, os jornalistas não discutem como resolver questões importantes. De modo geral, há certa confusão em relação às informações sobre o que aconteceu nos reatores. Há mais de uma versão, o que confunde. Em alguns jornais foi publicado que os reatores resistiram bem ao terremoto, mas o tsunami desligou os sistemas de reação. Em outros casos, dizem que houve problema no próprio sistema de refrigeração, que independeu do tsunami. São pontos que ainda não estão completamente claros. O Japão tem a preocupação de fazer anúncios oficiais que trazem explicações sobre o fato, o que ajuda um pouco no esclarecimento.


IHU On-Line – No Brasil, o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear considerou precipitadas as decisões dos países que decidiram frear os programas de energia nuclear. O senhor tem o mesmo posicionamento?

Washington Novaes – O ministério de Minas e Energia tem posição excessivamente suficiente e quase arrogante, achando que o país não tem problemas relacionados à energia nuclear. Na verdade, o Brasil precisa repensar, principalmente porque as usinas estão à beira mar. O governo parece não fazer questão de tomar conhecimento sobre as questões. Já li em jornais que essas usinas do Japão têm defesas 10 vezes mais fortes que as de Angra. Então, essa é outra razão que deveria levar o governo a tomar atitudes de mais prudência. Outra questão que não deve deixar de ser debatida é: o Brasil não precisa de energia nuclear e, mesmo assim, ainda tem planos de fazer 40 usinas? É uma atitude autossuficiente demais e, eu diria, até arrogante.

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Entrevista realizada por Anelise Zanoni em 06/04/2011 e publicado pela IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.http://www.ecodebate.com.br

Jornalista Washington Novaes
  Imagem disponível em
http://www.incineradornao.net/?paged=3

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