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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

LIVRO-CATÁLOGO DESVENDA A “CULTURA VISUAL DE ITAPUÔ



Por Albenísio Fonseca

Cantado em verso e prosa, o mais emblemático bairro de Salvador ganha o primeiro levantamento sobre as manifestações culturais, arquitetônicas, sacras e artísticas do lugar com o lançamento do livro-catálogo “A Cultura Visual de Itapuã”. O evento acontece nesta sexta-feira, 22, das 18h30 às 21h, na Casa da Música, no Parque Metropolitano do Abaeté e contará com a participação especial do grupo As Ganhadeiras de Itapuã, entre outros artistas e convidados.

A abordagem, em texto e fotos da professora e doutora em Ciência da Educação, Mônica Lemos Bitencourt – docente da Universidade Estadual da Bahia/UNEB e do Instituto Federal de Educação Tecnológica da Bahia/IFBA – demonstra o quanto “Itapuã é um museu a céu aberto”. Na publicação, decorrente de tese de doutorado em “defesa da inserção da cultura local no desenho curricular das escolas públicas do bairro”, a pesquisadora proporciona à memória da cidade informações de caráter ‘quase arqueológico’ que, de todo modo, não se restringem ao local em si, mas para com toda a secular história da capital, a exemplo da capela de São Francisco, construída no século XVI no Alto da Boa Vista, na antiga vila de pescadores.

Em artigo publicado recentemente, ao defender o tombamento deste patrimônio, a autora obteve a adesão da vereadora Aladilce Souza, líder da oposição na Câmara Municipal, que já requereu o tombamento deste marco arquitetônico e religioso junto à Municipalidade e a organismos como o Ipac-Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia e o Iphan-Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

O livro-catálogo inaugura a Editora Boa Ideia com primorosa edição de luxo, bilíngue (português/espanhol), capa dura, 132 páginas e abrange o período de 2009 a 2014. O amplo trabalho de pesquisa contido na publicação privilegia as mais diversas manifestações culturais, artísticas, sacras (com ênfase, também, para os terreiros de candomblé), monumentos arquitetônicos, pinturas, grafites, esculturas, mosaicos, artesanatos e objetos do cotidiano. O compêndio reúne, ainda, produções criativas em espaço público de artistas como Carlos Bastos, Calazans Neto, Juarez Paraíso, Márcia Magno, Bel Borba, Menelaw Sete, Baldomiro, Adauto Barata, o italiano Giuliano Ottaviani, Manoel Araújo (Basqueteira), Ives Quaglia, entre outros, em abordagem inédita.

 

Da estética do sagrado a um complexo de linguagens

 

Manifestações culturais tradicionais de Itapuã, pouco conhecidas dos demais soteropolitanos, como o Bando Anunciador, Lavagem Nativa e a Lavagem com cortejo de baianas, que marcam a festa do lugar, compõem, também, o memorial de extrema relevância para história de Salvador como um todo e do bairro, em particular. Conforme a doutora em Educação Narcimária Correia do Patrocínio Luz, que faz a apresentação do livro-catálogo, “além do olhar atento sobre as singularidades de Itapuã transformadas em imagens, Mônica Bitencourt também não se rendeu ao silêncio sobre a pulsão criativa que emana, por exemplo, dos ritos africano-brasileiros que culminam com as oferendas à Yemanjá no mar de Itapuã”.

De acordo com Narcimária Luz, “essa pulsão criativa também se desdobra na estética do sagrado que estrutura as comunidades-terreiros nas colônias de pesca, nas ruas, na feira, nos blocos afros, festas de largo, Carnaval, grupos de samba, todo um complexo de linguagens e dinâmicas institucionais características de Itapuã, são cuidadosamente apresentadas pela autora”.

Mônica diz ter buscado contextualizar a cultura visual enquanto campo de estudo transdisciplinar, híbrido, que se alimenta, entre outros, dos estudos culturais, a um só tempo indagando como o universo de imagens, artefatos e manifestações culturais, em Itapuã, afeta o modo como vemos, como somos vistos e como somos capazes de ver, para além do bairro, a nós mesmos e ao mundo”. Mesmo ressaltando “não ter a pretensão de esgotar as abordagens possíveis sobre o amplo patrimônio ali existente”, ela acentua o “propósito de provocar e valorizar um olhar estético na educação e na ação pedagógica enquanto inserida na prática social, na medida em que o livro-catálogo visa contribuir como material a ser utilizado nas escolas”.

 

Projeção de uma memória coletiva

 

A doutora em Ciência da Educação pela Universidad de Cuyo, na Argentina, salienta o quanto “as representações simbólicas da produção cultural e artística são significativas e fundamentais na construção da identidade e do conhecimento dos indivíduos no universo dessa localidade”. Para ela, “a cultura e a arte produzidas localmente em espaços públicos, no geral, refletem, através do seu simbolismo, a ocupação de um território e a projeção de uma memória coletiva da sua gente”.

Ela enfatiza, além do mais, que “a presença de obras de arte nos espaços públicos (ruas e praças) democratiza o acesso da população a esses bens, antes restrito a exposições em museus e para públicos privilegiados”. Nesse sentido, Mônica destaca que “Itapuã distingue-se de outros bairros de Salvador por comportar, em sua cultura visual, produções de artistas acadêmicos e autodidatas que expressam vínculos históricos e culturais do lugar, revelando sentimentos e percepções incrustados na cena cotidiana da cidade”.

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 Roteiro

O que: Lançamento do livro-catálogo “A Cultura Visual de Itapuã”, da professora- doutora Mônica Lemos Bitencourt, pela Editora Boa Ideia.

Quando: Sexta-feira, dia 22 de janeiro, das 18h30 às 21h

Onde: Casa da Música, no Parque Metropolitano do Abaeté

Participação: As Ganhadeiras de Itapuã

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 Albenísio Fonseca é jornalista, poeta e compositor

 

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