Representação da rainha Ginga. Nzinga Ngola Nbandi Kiluanji, rainha do Ndongo, Angola , no século XVII. Manteve seu território independente frente aos escravistas portugueses através da tática dos Kilombos, acapamentos militares, guerra de movimento. Personagem das Congadas e tem seu nome na base da capoeira Angola.
Imagem disponível na internet
Dia do Preto Velho
Homenagem ao Tata Tancredo
“Reunidos numa grande praça cercada com palha de palmeira,
mais de 200 candongueiros soavam seus instrumentos para anunciar a presença do
Tata Tancredo que caminhava em direção ao trono sob um pálio comandando um
séquito de lideranças religiosas e diante de centenas de iniciados na Umbanda e
Omoloko. Após essa cerimônia cada terreiro se dirigia ao seu espaço onde a
curimba acontecia noite adentro em Inhoaíba.
Na praça estava um busto de Mãe Senhora, Iyalorixá do Ilê
Axé Opo Afonja lembrando a homenagem acontecida no Maracanã.”
Marco Aurélio Luz
Tata ti Inkice Folketu Olorofe, Tancredo da Silva Pinto
Tata Tancredo da
Silva Pinto: pequena biografia do incentivador da Umbanda Omolokô
por Mário Filho·
Esse texto foi
escrito em 2010 e reescrito agora, tendo por base os Estatutos da
"Sociedade Instituto Sanatório Espiritual do Brasil" e de várias
outras fontes.
Tancredo da Silva Pinto, escritor, compositor, sambista e
umbandista brasileiro, nasceu em 10 de agosto de 1905 no município de
Cantagalo, então Estado da Guanabara. Ainda na adolescência veio para o
município do Rio de Janeiro.
Tancredo da Silva Pinto, Tata Ti Inkice, é considerado o
organizador do culto Omoloko no Brasil e o responsável direto pela reunião dos
adeptos dos cultos afro-brasileiros em Federações Umbandistas para defender o
seu direito de ter e cultuar uma religião afro-brasileira. Seu nome religioso
(Sunna[1]) era Fọ̀lkétu Olóròfẹ̀. Foi chamado, muitas vezes, de o “Papa Negro
da Umbanda”.
Tancredo, apesar de ter ficado famoso pelo grau sacerdotal
“Tata” (pai), utilizado nos Candomblés Angola para designar o Sacerdote,
Tancredo da Silva Pinto, na hierarquia da Umbanda Omolokô, era tratado por
Babalaô (do Yorùbá, Babaláwo).
Era filho de Belmiro da Silva Pinto e de Edwirges de Miranda
Pinto, sendo seus avós maternos Manoel Luis de Miranda e Henriqueta Miranda. Sua
árvore genealógica remonta a grandes estudiosos e praticantes de Religiões
Tradicionais Africanas.
Seu avô foi fundador dos primeiros blocos carnavalescos,
tendo fundado os blocos "Avança" e "Treme-Terra", bem como
o "Cordão Místico", uma mistura de samba de caboclo com o ritual
africano, em que sua tia, Olga, saía vestida de "Rainha Jinga".
Seu pai, Belmiro, era considerado o melhor tocador de violão
de sua época e tinha em seu histórico o título de excelente ferrador, bem como
de exímio tratador de animais, sendo ainda criador de pássaros de diversas
qualidades.
Em 1950, devido a grandes perseguições aos umbandistas nos
mais diversos Estados da União, assim como no antigo Distrito Federal, fundou a
Federação Espírita de Umbanda, com a qual rompe em 1952. Viajou por quase todo
o país, fundando filiais da Federação com o objetivo de organizar e dar
personalidade à Umbanda. Fundou as Federações dos seguintes Estados: Rio de
Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco e outros.
Criou, para melhor mostrar seu culto de Umbanda ao povo em geral, as seguintes
Festas Religiosas: Festa de Yemanjá, no Rio de Janeiro; Yaloxá, na Pampulha -
Belo Horizonte; Cruzambê, em Betim - Minas Gerais; Festa de Preto Velho, em
Inhoaíba - Rio de Janeiro; Festa de Xangô, em Pernambuco; "Você sabe o que
é Umbanda" no Estádio do Maracanã, RJ, e finalmente a Festa da Fusão,
realizada no centro da Ponte Rio-Niterói.
Oferenda à Iemanja´no Rio de Janeiro.
Imagem disponível na internet.
Segundo
Tancredo da Silva Pinto, a primeira sociedade umbandista criada para defender
os direitos dos umbandistas no Rio de Janeiro e
no Brasil foi a "União", fundada em 1941. Segundo ele, naquela época,
devido às perseguições policiais, os cultos eram acompanhados por bandolim,
cavaquinho e órgão, porque não era permitido tocar tambores (atabaques). No Rio
de Janeiro, os cultos afro-brasileiros foram professados dessa maneira até
1950.
O motivo que levou Tancredo a criar federações umbandistas
para defender os direitos dos cultos afro-brasileiros desenrolou-se na casa de
santo de sua tia, Olga da Mata, a qual foi narrada por ele:
Esse episódio passou-se na casa da minha tia Olga da Mata.
Lá arriou Xangô, no terreiro São Manuel da Luz, na Avenida Nilo Peçanha, 2.153,
em Duque de Caxias. Xangô falou: – Você deve fundar uma sociedade para proteger
os umbandistas, a exemplo da que você fundou para os sambistas, pois eu irei
auxiliá-lo nesta tarefa. Imediatamente tomei a iniciativa de fazer a
Confederação Umbandista do Brasil, sem dinheiro e sem coisa alguma. Tive uma
inspiração e compus o samba General da banda, gravado por Blecaute, que me deu
algum dinheiro para dar os primeiros passos em favor da Confederação Umbandista
do Brasil.[2]
Depois desse fato, Tancredo fundou a Confederação Umbandista
do Brasil, usando parte do pagamento recebido pelo direito autoral do samba
"General da Banda" (fazendo uma alusão ao Orixá Ogun), gravado por
Bleckaute, e ajudou a fundar, em outros Estados, novas federações umbandistas,
a fim de defender os direitos dos cultos afro-brasileiros. Ele afirmava que a
Confederação Umbandista do Brasil, fundada em 1952, foi criada “com a
finalidade de restabelecer a tradição antiga, em toda sua força e pureza
primitiva”[3], ou seja, a origem africana da Umbanda.
Foi significativa a posição de Tancredo da Silva Pinto
contra as propostas de desafricanização da Umbanda, divulgadas nas palestras do
1º Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda (1941). Tancredo dizia que
achava graça quando ouvia os “líderes da Umbanda Branca” dizendo que a religião
sofre influência das tradições africanas. Para ele “a Umbanda é africana (gn),
é um patrimônio da raça negra” (FREITAS e PINTO, 1957, p. 58). Esse viés
africanista da Umbanda pode ser visto em uma de suas afirmações: “Terreiro de
Umbanda que não usar tambores e outros instrumentos rituais, que não cantar
pontos em linguagem africana, que não oferecer sacrifício de preceito e nem
preparar comida de santo, pode ser tudo, menos Terreiro de Umbanda.”[4]
Vovó Rainha Maria Conga, terreiro de Umbanda de D. Maria Batuque no morro D. Marta em 1972.
Foto: Roberto Moura
Para afirmar a característica africana da
Umbanda e dar uma formação intelectual aos praticantes do Omolokô, organiza no
Rio de Janeiro o primeiro curso de língua e cultura Iorubá.
A pesquisadora Stefani Capone nos fala sobre essa dicotomia
Umbanda-Branca e Umbanda-Africana e o papel de Tata Tancredo:
A partir dos anos 1950, várias outras federaçôes de Umbanda
foram criadas no Rio de Janeiro. Três delas reuniam os centros que se
reconheciam na umbanda branca como o de Zélio de Moraes ou a Tenda Mirim de
Benjamim Figueiredo.
Esses centros não
aceitavam o uso de atabaques, os sacrifícios de animais, nem qualquer mistura
com o Candomblé. As três outras federações defendiam uma forma de Umbanda de
orientação africana. A mais importante delas foi a Federação Espírita
Umbandista, fundada em 1952 por Tancredo da Silva Pinto, que logo se tornou o
porta voz dos praticantes da umbanda "africana", alcançando
rapidamente grande popularidade. Ele defendia uma umbanda "popular"
que reivindacasse suas origens nas tradições africanas. Tratava-se, pois, do
primeiro movimento de volta às origens no meio dos cultos do Rio de Janeiro.
Tata ti Inkice.
Imagem disponível na internet.
Tancredo da Silva Pinto publicou muitos livros em que
apresentou a Umbanda como parte da herança africana. A Umbanda, portanto,
começou a se organizar em torno de dois pólos opostos: um formado pela umbanda
"branca", influenciada pelo kardecisrno e pelo desejo de criar uma
imagem socialmente respeitável e, logo, não-africana; e o outro, pela Umbanda
“africana” que reinvindicava seus laços com os cultos afro-brasileiros, tendo
os terreiros de Umbanda se distribuído ao longo desse continuum, que ia de uma
forma branca a uma forma africana.[5]
Tata Tancredo sempre foi muito polêmico, como podemos ver
nessa afirmação:
Hoje, uma vasta onda de mistificação invadiu a Umbanda.
Criaram, os intrusos, uma Umbanda branca, uma Umbanda mista, modificaram o
ritual sagrado, e, pior, sob o ponto de vista espiritual, introduziram o
comercialismo na seita. Escritores improvisados publicaram livros cheios de
erros e fantasias, servindo a Umbanda de capa a atividades inteiramente
comerciais. Para completar a mistificação, pessoas que nada conhecem dos
mistérios de Umbanda, que nunca foram Sacerdotes, que nunca fizeram ‘cabeça’,
abriram centros e tendas, montaram consultórios luxuosos, onde os clientes são
atendidos mediante fichas numeradas.[6]
Tancredo instituiu as festividades à Iemanjá no Rio de
Janeiro - RJ, à exemplo das festividades que aconteciam em Salvador – BA. As
primeiras aconteceram na mesma data que na Bahia, 02 de fevereiro, mas com o
tempo elas passaram a ser feitas no dia 31 de dezembro.
Foi um dos fundadores da União de Escolas de Samba em 1935
que organizaria os desfiles sob o patrocínio de Pedro Ernesto. Em 1936 se torna
sócio-fundador da União Brasileira de Compositores. Torna-se, também, sócio da
Ordem dos Músicos do Brasil. Criou o samba de breque com Moreira da Silva e
ideou a lei que instituiu o enredo exclusivamente nacional. Ator de cinema na
antiga Cinédia e jornalista fundou a revista “Mironga”. Gravou muitos pontos
cantados de Umbanda, que ficaram famosos nacionalmente. Além do célebre samba
“General da Banda”, compôs vários outros, inclusive em parceria com Zé Kéti.
Tata Tancredo tinha uma coluna semanal no jornal “O Dia”, de
maior circulação no Rio de Janeiro, na qual desenvolvia um trabalho de
divulgação da Umbanda, recomendando que sua prática deveria sempre estar
atrelada às origens africanas. Escreveu durante 25 anos essa coluna.
A pesquisadora Diana Brown, que pesquisou a Umbanda no Rio
de Janeiro, surpreendeu-se com a fama e popularidade que possuía Tancredo nas
classes mais baixas das populações cariocas. Muitas pessoas, segundo a autora,
mencionavam o nome de Tata Tancredo e muitos Terreiros de Umbanda que existiam
nas periferias cariocas eram filiados à Confederação de Umbanda do Brasil.
Segundo a pesquisadora, ainda, Tancredo mantinha alianças com outros líderes
umbandistas, “com os quais articulava uma posição africanista para a Umbanda,
demonstrando forte antagonismo para com os líderes da chamada Umbanda
Branca.”[7]
Sempre contou com o
apoio e compreensão das autoridades civis, militares e eclesiásticas nos seus
empreendimentos. Dentre os seus contatos e estreitos relacionamentos políticos
destacam-se o Governador Chagas Freitas, Negrão de Lima, Deputado Átila Nunes,
o Chefe da Casa Civil Golbery do Couto e Silva, Deputado Marcelo Medeiros e
Deputado Miro Teixeira, etc. Mantinha proximidade muito grande com Mãe Senhora
(Ọ̀ṣun Mìwà), terceira Ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá (a segunda Casa de
Candomblé Ketu do Brasil).
O antropólogo Marco Aurélio Luz nos conta que Tata Tancredo
prestou homenagem a Mãe Senhora, em uma festividade no Maracanã, em 1965,
escolhendo-a como a “Mãe Preta do Brasil”, erigindo-lhe estátua numa Praça em
Campo Grande (Rio de Janeiro). Nessa praça, segundo o autor, Tata Tancredo
“realizava o encontro de centenas de terreiros em homenagem aos ancestrais,
conhecidos na Umbanda como Preto Velho”.[8]
Em vida ainda recebeu diversas comendas e homenagens pelos
serviços prestados às religiões afro-brasileiras. Especialmente como fiel
defensor da prática africanista no culto de Umbanda: o Omolokô. Recebeu em
Sessão solene da Câmara Estadual do antigo Estado da Guanabara, o título de
Cidadão Carioca, pelos serviços prestados em favor do povo. Teve publicada mais
de 30 obras literárias, divulgando a Umbanda e o Omolokô. Foi fundador e
colaborador de diversos jornais e revistas destinadas a esclarecer e orientar
os adeptos da religião afro-brasileira. O humilde e analfabeto estafeta dos
correios “escreveu” diversas obras de cunho umbandista e manteve colunas
diárias, algo impensável!
Protagonizou uma série de debates com outro intelectual
umbandista W.W. da Matta e Silva (o fundador da Umbanda Esotérica). Para
Tancredo a Umbanda tem raízes na África, que teria se desenvolvido, à exemplo
do Candomblé, nos quilombos e nas senzalas. Matta e Silva não concordava com
isso e preferia o embranquecimento da Umbanda, tirando, em grande parte, a
influência da África na Umbanda. A Umbanda Esotérica (ou Iniciática) propugna
as mesmas conclusões do 1º Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda, que
a Umbanda é um fenômeno que não possui ligações com a África, mas sim com
Lemúria, Atlântida, Índia, ou seja, com qualquer coisa menos com a África.
Percebe-se, assim, o grande preconceito que há contra a influência africana na
Umbanda. Uma análise melhor sobre isso pode ser visto em nosso texto no
endereço:
http://sites.google.com/site/caboclopanteranegra/textos-doutrinarios-e-informativos/importancia-do-estudo-da-mitologia-africana.
O que nos chama a atenção é que nas Umbandas que são
refratárias às influências africanas os Sacerdotes se utilizam de nomenclaturas
africanas para designarem seus cargos e postos, tais como Babalaô, Babalorixá,
Babá, Cambono, Ogã etc.
Tata Tancredo faleceu em 01 de Setembro de 1979, sendo
sepultado no dia seguinte às 15:00hs, na quadra 70, carneiro 3810 do Cemitério
de São Francisco Xavier, à Rua Pereira de Araújo, nº. 44, Rio de Janeiro. As
despedidas ao seu corpo foram realizadas no Ilê de Umbanda Babá Oxalufan,
situado a Avenida dos Italianos nº.1120, em Coelho Neto, onde seu corpo foi
velado. No livro de registro de filhos de santo estão registrados mais de 3.566
filhos de santos que foram iniciados por Tata Tancredo.
O Sirum (Axexê), cerimônia de encomenda do corpo de pessoa
falecida, foi realizado por José Catarino da Costa, conhecido como Zé Crioulo,
filho de Xapanam[9] e confirmado como Ogã no Terreiro de Tio Paulino da Mata e
Tia Olga da Mata.
Uma das curiosidades de Tancredo, segundo o pesquisador,
escritor, músico e compositor Nei Lopes é que ele teria sido Pai de Santo do
“bispo” Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus.[10] Nei Lopes
publica um artigo, que aborda a biografia de Tata Tancredo e seu envolvimento
com o samba. Em seguido eu o coloco na íntegra:
TANCREDO, O GENERAL DA BANDA
No carnaval de 1950, um samba diferente ganhava as ruas, na
voz do saudoso cantor Blecaute. Constava quase que só de um refrão (Chegou
general da banda ê ê! Chegou general da banda ê á!) tirado talvez de uma
cantiga de umbanda ou do repertório das batucadas que animavam o antigo jogo da
pernada carioca, primo-irmão da capoeira. Levava as assinaturas de Sátiro de
Melo, Tancredo Silva e José Alcides. E fez tanto sucesso que seu intérprete
passou, a partir daí, a apresentar-se, nos shows carnavalescos, envergando uma
vistosa fantasia de talhe militar. Mas “general” mesmo foi o co-autor Tancredo.
General do samba, da umbanda e das causas populares.
Blackout intérprete do famoso samba de autoria de Tancredo "General da Banda" que fez sucesso nas festas de carnaval.
Imagem disponível na internet
Arte e Música
Tancredo da Silva Pinto nasceu em Cantagalo, RJ, em 1904.
“Tata de inquice”, ou seja, pai-de-santo, da linha do Congo e do rito omolocô,
em 1949 fundou a Confederação Umbandista do Brasil e durante sua existência
publicou vários livros sobre a doutrina umbandista. Em música, Tancredo é
também co-autor, com Davi Silva e Ribeiro Cunha, de outro clássico: o samba
Jogo Proibido, gravado em 1937 por Moreira da Silva e tido, quase unanimemente,
como o primeiro samba de breque. Dez anos depois, destacando-se como líder,
ajudava a fundar a Federação Brasileira das Escolas de Samba.
Em janeiro de 1950, o jornal Quilombo, dirigido por Abdias
do Nascimento e voltado para a comunidade negra, publicava matéria intitulada
‘Os compositores populares defendem os seus interesses’. E nela dava conta da
fundação da ‘Escola de Samba Arte e Música’, por iniciativa de Tancredo e seu
parceiro José Alcides.
A ‘Arte e Música’, segundo seus fundadores, era uma
sociedade de âmbito nacional e suas realizações deveriam repercutir até no
estrangeiro. Seu objetivo era divulgar a música popular tipicamente brasileira.
E, para tanto, ela pretendia criar departamentos autônomos e especializados
para cada setor, nomeando representantes estaduais, e estabelecendo núcleos de
‘arte e música’ pelas principais cidades brasileiras, com vistas a intenso
intercâmbio de experiências artísticas.
A escola de Tancredo pretendia também divulgar, a partir do
Rio e através do rádio, do disco, do teatro musicado e de partituras impressas,
as criações de autores desconhecidos do interior do Brasil. E se dispunha a,
mediante contrato, colaborar com as firmas produtoras de ‘películas
cinematográficas, fornecendo-lhes artistas, extras e compondo música popular’ –
conforme declaração de Tancredo Silva.
Tancredo compositor de samba e autor de inúmeros livros
Imagem disponível na internet.
Firme em seus objetivos, a instituição pretendia tão somente
atuar no mercado de trabalho e não fazer benemerência: ‘É preciso não esquecer
que constituímos uma entidade de arte e cultura e não de assistência social.’ –
afirmava um de seus dirigentes ao jornal Quilombo. ‘Contudo não podemos fechar
os olhos aos problemas de caráter grave e urgente. Mantemos um socorro social
com a finalidade de atender às necessidades básicas e às situações aflitivas
dos nossos associados’.
Tancredo Silva Pinto faleceu no Rio em 1979. Três anos antes
recebia honrarias da câmara de vereadores do município de Itaguaí. E, em 1974,
realizava na ponte Rio-Niterói, na condição de sacerdote da umbanda e com
respaldo governamental, ritual propiciatório da fusão entre os antigos estados
da Guanabara e do Rio de Janeiro. E dois anos antes da passagem do líder para a
Outra Dimensão, era fundada, no bairro da Abolição, na antiga Avenida
Suburbana, numa loja onde antes funcionava uma funerária, a chamada ‘Igreja
Universal do Reino de Deus’, criada, segundo consta, por um dos filhos-de-santo
do respeitado tata (e bamba).
Líder do samba, dos cultos afro e de parte do segmento
autoral musical, foi de fato um comandante. Sobre sua inusitada escola de
samba, pouco se sabe. Mas seu ideário, antecipando muita coisa boa que
efetivamente veio, anos depois – como o Projeto Pixinguinha, as gravadoras
independentes e até mesmo alguns princípios defendidos pela SOMBRÁS e pela
nossa AMAR – fez dele um legítimo estrategista.
Saravá sua banda![11]
ALGUNS LIVROS DE TANCREDO DA SILVA PINTO
- Negro e Branco na Cultura Religiosa Afro Brasileira – Os
Egbás – Editora Espiritualista – em parceria com Gerson Ignes de Souza
- Tecnologia Ocultista da Umbanda no Brasil – Editora
Espiritualista
- A Volta dos Orixás – Editora Espiritualista
- Doutrina e Ritual de Umbanda – Editora Espiritualista
- Primado de Umbanda – Editora Espiritualista
- Guia e Ritual para Organização dos Terreiros de Umbanda –
Editora Eco – em parceria e Byron Torres de Freitas
- Doutrina e Ritual de Umbanda – Tancredo da Silva Pinto e
Byron Torres de Freitas
- As Mirongas de Umbanda – Tancredo da Silva Pinto e Byron
Torres de Freitas
- Tecnologia Ocultista da Umbanda Brasil
- Origens da Umbanda
- O Eró
- Cabala Umbandista
- Iaô
- Camba de Umbanda
- Impressionantes Cerimônias da Umbanda
- Fundamentos da Umbanda
· Sacerdote afro-religioso. É dirigente do Templo Espiritual
Caboclo Pantera Negra (Terreiro de Umbanda Omolokô) e do Ilé Ifá Ajàgùnmàlè
Olóòtọ́ Aiyé. É Erìnmì Awo da cidade de Ìjágbó, Estado de Kwárà, Nigéria e o
Líder (Olórí Ẹbí) da família de Ifá do Àràbà Olúsọjí Oyékàlẹ̀ para o Brasil.
Especialista e Mestre em Ciência da Religião (ambas pela PUC/SP), Especialista
em História da África e do Negro no Brasil pela UCAM/RJ; Bacharel e Mestre em
Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, pelo Centro de Altos Estudos de Segurança;
Especialista em Políticas Públicas de Gestão em Segurança Pública (PUC/SP).
Endereço eletrônico: ezezide@gmail.com
[1] Termo que vem do árabe e quer dizer tradição. A
utilização de termos árabes na Umbanda Omolokô demonstra a influência que os
costumes malês (negros muçulmanos) tiveram na implementação dos cultos
afro-brasileiros. Sunna é um étimo utilizado com a mesma significação de Orúkọ
(nome iniciático) para o Candomblé Ketu.
[2] LOPES, Nei. A presença africana na música popular
brasileira. Disponível em: http://www.espacoacademico.com.br/050/50clopes.htm.
Acesso em 10/08/2010.
[3] KLOPPENBURG, Boaventura. Espiritismo: orientação para os
católicos. São Paulo: Loyola, 2005, p. 40.
[4] KLOPPENBURG. Op. Cit., p. 41.
[5] CAPONE, Stefania. A busca da África no Candomblé:
Tradição e Poder no Brasil. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria/Pallas, 2004,
p. 134.
[6] FREITAS, Byron Torres de & PINTO, Tancredo da
Silva. Fundamentos da Umbanda. Rio de Janeiro: Editora Souza, 1956, p. 19,
[7] BROWN, Diana. Uma historia da Umbanda no Rio. In: Umbanda
e Política. Cadernos do ISER, n. 18, Rio de Janeiro, Marco Zero-ISER, 1985, p.
9-42.
[8] LUZ, Marco Aurélio. Cultura negra em tempos
pós-modernos. Salvador: EDUFBA, 2008, p. 126.
[9] Nome de um das divindades do panteão Jeje, que se
assemelha a Omolu.
[10] LOPES, Nei. A república “evangélica” do Brasil.
Disponível em: http://www.neilopes.blogger.com.br/2008_09_01_archive.html.
Acesso em 19/08/2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário