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PRODESE E ACRA



VIDA QUE SEGUE...Uma
das principais bases de inspiração do PRODESE foi a Associação Crianças Raízes
do Abaeté-Acra,espaço institucional onde concebemos composições de linguagens
lúdicas e estéticas criadas para manter seu cotidiano.A Acra foi uma iniciativa
institucional criada no bairro de Itapuã no município de Salvador na Bahia, e
referência nacional como “ponto de cultura” reconhecido pelo Ministério da
Cultura. Essa Associação durante oito anos,proporcionou a crianças e jovens
descendentes de africanos e africanas,espaços socioeducativos que legitimassem
o patrimônio civilizatório dos seus antepassados.
A Acra em parceria com o Prodese
fomentou várias iniciativas institucionais,a exemplo de publicações,eventos
nacionais e internacionais,participações exitosas em
editais,concursos,oficinas,festivais,etc vinculadas a presença africana em
Itapuã e sua expansão através das formas de sociabilidade criadas pelos
pescadores,lavadeiras e ganhadeiras,que mantiveram a riqueza do patrimônio
africano e seu contínuo na Bahia e Brasil.É através desses vínculos de
comunalidade africana, que a ACRA desenvolveu suas atividades abrindo
perspectivas de valores e linguagens para que as , crianças tenham orgulho de
ser e pertencer as suas comunalidades.
Gostaríamos de registrar o nosso
agradecimento profundo a Associação Crianças Raízes do Abaeté(Acra),na pessoa
do seu Diretor Presidente professor Narciso José do Patrocínio e toda a sua
equipe de educadores, pela oportunidade de vivenciarmos uma duradoura e valiosa
parceria durante o período de 2005 a 2012,culminando com premiações de destaque
nacional e a composição de várias iniciativas de linguagens, que influenciaram
sobremaneira a alegria de viver e ser, de crianças e jovens do bairro de
Itapuã em Salvador na Bahia,Brasil.


sábado, 19 de novembro de 2011

ITAPUÃ ÁFRICA VIVA!


Ilustração de Maurício Luz 1993

“Na convivência profunda que temos com os valores e linguagens que caracterizam a comunalidade de Itapuã fomos encorajados a tentar promover nas escolas e na Universidade espaços institucionais que provocassem novas reflexões no campo educacional, e que não se restringissem a denunciar o recalque, o preconceito empiricamente constatados, mas, sobretudo, apresentassem linguagens pedagógicas baseadas nos valores da alteridade civilizatória africano-brasileira.
Na Mini Comunidade Oba Biyi,primeira experiência de Educação Pluricultural no Brasil e com a qual aprendemos muito ao longo dos anos se entoava un canto nagô:
“Aiyó, aiyó, alegria alegria., omo nilê aiyó”, filhos da casa alegria. É essa alegria que envolve ou deve envolver o espaço, luzes e cores, tatilidade, sinergia, comunalidade, sociabilidade na educação desdobrada dos valores e linguagem da tradição africana. Na Mini, a alegria estava na vida cotidiana, no brincar, no elaborar, no aprender, jogando, representando, transformando, criando, fazendo arte conjuntamente num só corpo comunal. Enfim, a Mini propiciava um gostar de estar no mundo, se divertindo e sublimando a angústia existencial, substituindo-a pelo efeito estético da busca da beleza, odara, e pela busca do conhecimento que implica sobretudo em aceitar o mistério do existir.”
(LUZ,Marco Aurélio.O rei nasce aqui.(contra-capa).Salvador:Fala Nagô,2007).

Os caminhos que vamos trilhando indicam a possibilidade de uma educação em que nossas crianças e jovens aprendam a lidar com o repertório de códigos da sociedade urbano-industrial, mas utilizando-os como estratégia de legitimação da alteridade civilizatória africana; no caso, conquistando espaços institucionais, e neles fincar, recriar e expandir também, o repertório de valores da comunalidade.
A educação nesta ambiência singular africano-brasileira em Itapuã,terá como a linguagem pedagógica fundamental, o intercâmbio constante com o universo espaço-temporal mítico, predominantemente odara, que envolve o mistério do existir, o conhecimento vivido e concebido, conhecimentos e experiências aprendidos por toda a vida.
Resolvemos então propor esse auto-coreográfico “Itapuã quem te viu e quem te vê”,que será um núcleo irradiador de linguagens que naturalmente irão penetrar no cotidiano das escolas fincadas em Itapuã.


Espaço da capoeira na ACRA
Foto Narcimária Luz

Itapuã quem te viu e quem te vê,faz um apelo ao universo simbólico afro-brasileiro, dando forma as narrativas de mitos, provérbios,música polirrítmica de base percurssiva, danças, dramatizações, repertório culinário, conhecimento milenar sobre a complexidade de vida que atravessa as dunas,o mar,a lagoa, as hierarquias comunitárias e suas instituições, organização territorial, repertório de cantigas e histórias dos pescadores que acumulam narrativas valiosas sobre os princípios fundadores da territorialidade, o mistério do viver e as estratégias de continuidade da tradição herança dos antepassados.”

Trecho do livro ITAPUÃ QUEM TE VIU E QUEM TE VÊ autoria Narcimária Luz.
Salvador:EDUNEB,2009.

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